Carlos Newton
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro se ilude na tentativa de “comprar” o apoio das Forças Armadas com novo reajuste salarial, o vice-presidente Hamilton Mourão vai se livrando da mordaça a que estava submetido desde o ano passado, quando o chefe do governo determinou que o vice não desse entrevistas nem se intrometesse em assuntos do governo, aprisionando-o dentro de um freezer político, digamos assim.
Aos poucos. Bolsonaro começou a se perder dentro de si mesmo, ao ser movido pela exacerbada vaidade e pela ambição de garantir sua reeleição ainda no primeiro ano de governo, um sonho que nem Freud conseguiria explicar, mesmo se tivesse ajuda de Jung, Lacan e Pinel.
IMAGEM DESGASTADA – O fato concreto é que Bolsonaro conseguiu se autodestruir de forma definitiva, e seu governo terraplanista rapidamente liquidava a imagem positiva do país no exterior, especialmente depois que ele e os filhos passaram a defender abertamente um golpe militar para criar nova ditadura, uma pretensão inteiramente fora de moda na política mundial, ainda mais quando se trata de um país importantíssimo, quinto maior em extensão territorial e sexto em população, e que está na nona posição entre as economias (PIB) do mundo.
Enquanto Bolsonaro apequenava o Brasil, transformando-o no anão diplomático já identificado pela Chancelaria de Israel no governo Dilma Rousseff, o vice Mourão se consolidava como interlocutor das embaixadas mais importantes e agora voltou a dar seguidas entrevistas, sempre demonstrando elevada maturidade política e administrativa.
EM LADOS DIFERENTES – Torna-se cada vez mais que claro que Bolsonaro e Mourão estão em lados diferentes do ringue presidencial, pois o atual presidente não se dedica ao governo, prefere permanecer quixotescamente em eterna campanha eleitoral, a enfrentar inimigos imaginários.
Esta semana, houve um fato altamente significativo – boa parte dos maiores empresários do país se reuniu em grupo e desprezou publicamente o presidente da República, ao enviar diretamente ao vice-presidente uma mensagem de importantíssimo teor político e administrativo, sobre a Amazônia.
Foi uma demonstração clara de que já não confiam em Jair Bolsonaro, mas ainda mantêm esperanças de que o vice Hamilton Mourão venha a resolver os graves problemas nacionais.
É HORA DE MUDAR – É comovente essa desesperada iniciativa do Alto-Comando do Exército, que tenta fazer com que o general Braga Netto assuma as ações do governo, deixando Bolsonaro numa função apenas representativa, mas isso não vai dar certo. É preciso refazer a imagem do país no exterior, para reequilibrá-lo novamente na corda bamba entre EUA e China, ao mesmo tempo refazendo os laços com a União Europeia e os países árabes, por motivos óbvios.
Mas isso será impossível com Bolsonaro e seus intelectuais terraplanistas à frente do governo. Ele atuam justamente no caminho contrário aos interesses nacionais. Os empresários já constataram essa realidade. Eles precisam que o país se reerga, para que possam expandir seus negócios. Por isso, procuraram diretamente o vice Mourão. Sabem que Bolsonaro já teve sua chance, mas a jogou no lixo.
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P.S – Ontem, explicamos aqui como o Gabinete do Ódio invade os espaços independentes da internet, como a TI. Logo em seguir surgiu a notícia de que o Facebook desativou uma rede mantida pelo Gabinete do Ódio que atingia 2 milhões de pessoas, num esquema comandado diretamente por assessores do Planalto e dos gabinetes dos três filhos de Bolsonaro. Aqui na TI estamos tranquilos, porque os ciberpatas petistas não conseguiram se criar e os bolsonaristas vão pelo mesmo caminho. Na Tribuna a porta da rua é a serventia da casa, como se dizia antigamente. (C.N.)
P.S – Ontem, explicamos aqui como o Gabinete do Ódio invade os espaços independentes da internet, como a TI. Logo em seguir surgiu a notícia de que o Facebook desativou uma rede mantida pelo Gabinete do Ódio que atingia 2 milhões de pessoas, num esquema comandado diretamente por assessores do Planalto e dos gabinetes dos três filhos de Bolsonaro. Aqui na TI estamos tranquilos, porque os ciberpatas petistas não conseguiram se criar e os bolsonaristas vão pelo mesmo caminho. Na Tribuna a porta da rua é a serventia da casa, como se dizia antigamente. (C.N.)