Posted on by Tribuna da Internet
Sara Resende e Gustavo Garcia
G1
G1
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das fake news, senador Angelo Coronel (PSD-BA), afirmou nesta quinta-feira, dia 9, que vai marcar, após o retorno dos trabalhos presenciais do colegiado, o depoimento de Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro.
Uma investigação sobre contas falsas apontou Tercio como administrador de perfis que divulgavam fake news. Nesta quarta-feira, dia 8, o Facebook removeu contas inautênticas relacionadas ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro, inclusive, páginas ligadas a Tercio Tomaz. A apuração foi feita pelo Laboratório Forense Digital DFR – que mantém uma parceria com a rede social – a partir de mensagens e posts divulgados nas páginas removidas.
BOLSONARO NEWS – Uma das páginas derrubadas pela rede social foi o perfil Bolsonaro News. A página funcionava no anonimato e não informava quem era o responsável pelas publicações. Mas a investigação descobriu que o e-mail usado para registrar o perfil era o de Tercio Tomaz. Ele já foi assessor de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.
Atualmente, Tercio Tomaz é assessor especial de Jair Bolsonaro, possui um gabinete no Palácio do Planalto, apartamento funcional em Brasília e seu salário chega a quase R$ 14 mil por mês. Nesta quinta-feira, dia 9, Angelo Coronel apresentou um pedido para obter dados do Facebook sobre as contas que foram removidas. Esse requerimento ainda terá de ser votado pela comissão mista.
TRABALHOS SUSPENSOS – Segundo o senador Angelo Coronel, o depoimento de Tercio será marcado assim que a CPMI retomar os trabalhos presencialmente. Devido à pandemia, a maioria das comissões do Congresso foi suspensa. Apenas os plenários de Câmara e Senado e os colegiados que tratam da crise da Covid-19 estão funcionando, mas de forma virtual.
Além do depoimento de Tercio Tomaz, devem ser agendados, segundo Angelo Coronel, os comparecimentos de José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz. Os três seriam integrantes do chamado “gabinete do ódio” composto por apoiadores de Jair Bolsonaro. “Será marcado o depoimento de cada um após o retorno presencial das atividades da CPMI”, disse Angelo Coronel à TV Globo.
CONVOCAÇÃO – A convocação de Tercio Tomaz, José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz foi aprovada, pela CPMI das fake news, em outubro do ano passado. Na ocasião, os parlamentares que integram o colegiado aprovaram também a convocação de Allan dos Santos, fundador do blog bolsonarista Terça Livre, que depôs à comissão em novembro de 2019.
O autor do requerimento de convocação foi o deputado federal Rui Falcão (PT-SP). Ele argumentou à época que, de acordo matérias divulgadas pela imprensa, Tomaz, Gomes e Diniz, “atuam no chamado ‘gabinete do ódio’, estão instalados próximo ao Presidente, em sintonia com seus assessores diretos, com objetivo de executar estratégias de confronto ideológico e de radicalização dos ataques nas redes sociais contra adversários”.
Angelo Coronel e sua assessoria informaram que os depoimentos de Tercio, José Matheus Salles e Mateus Matos Diniz não aconteceram porque o senador está seguindo a ordem cronológica dos requerimentos de convite e convocação aprovados pela CPMI. Segundo Angelo Coronel, em razão da pandemia, a agenda da comissão – criada para apurar a disseminação de conteúdos falsos – está atrasada.