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quarta-feira, maio 22, 2019

E eu fui parar na Vila Mimosa (zona do baixo meretrício), a serviço de Deus…


Imagem relacionadaAntonio Rocha
Para quem não mora na “Mui Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro” (este era o antigo e oficial nome da Cidade Maravilhosa), a Vila Mimosa é a “Zona de Baixo Meretrício”. Coloquei entre aspas porque imagino deve haver uma “Zona de Alto Meretrício”, mas confesso não saber onde fica…
A questão é a seguinte. Belo dia percebi que eu era um estudioso das questões ligadas ao Budismo, Orientalismo e suas diversas vertentes e nada conhecia do Cristianismo. Melhor dizendo, só conhecia o pouquíssimo, em função de ter nascido aqui no Brasil, uma país majoritariamente cristão.
ENTREI NO SEMINÁRIO – Decidi então estudar no Seminário Presbiteriano, pois sendo casado e com filha, não poderia ir para um seminário católico, se bem que hoje os católicos realizam cursos teológicos para leigos. A decisão pelos presbiterianos é que tenho amigos protestantes.
Então, lá fui eu … não me ordenei pastor, desde os dezesseis anos, sou budista e queria apenas estudar Teologia, paralelamente fazia o Mestrado na Faculdade de Letras da UFRJ.
Belo dia recebi no Seminário a tarefa de conduzir um “culto no lar”, em Vila Mimosa… Explico: é uma rua ali perto da Praça da Bandeira, por trás de um antigo quartel do Corpo de Bombeiros. Metade da rua funciona a tal Vila Mimosa, no meio tem uma cerca de arame e na outra metade da rua são residências familiares, mas a rua que dá acesso é uma só, pelo menos era, não voltei mais lá. E cada um ou uma, vai para um lado ou para o outro…
PULAR A CERCA… – Então lá fui eu para o outro lado, pós cerca. Talvez venha daí a expressão “pular a cerca”, não sei, não posso garantir…
Havia uma família humilde que morava no citado lado pós cerca e que pertencia à Igreja Presbiteriana. Nessa época eu tinha uma pequena Bíblia de bolso (depois passei adiante, pois as letras eram muito pequenas), que cabia perfeitamente dentro da minha pochete. Guardei a referida na cintura e, no Centro da Cidade fiz sinal para um táxi.
O veículo parou, entrei no banco de trás e disse o meu destino, uma rua tal que esqueci o nome… só sabia que era Vila Mimosa. O taxista me olhou pelo retrovisor, esboçou um sorriso e falou:
– Por que você não diz logo que vai na Zona ?
– De fato – respondi. – Mas duvido você adivinhar o que eu vou fazer lá?
– Ué ! … vai fazer o que todo mundo faz.
Foi a minha vez de sorrir. Abri a pochete e mostrei a Bíblia: – Vou fazer um culto lá! – declarei sorrindo.
– É a primeira vez que eu vejo uma coisa dessas, nunca vi isso.
– E olha, você está convidado para assistir, depois as fiéis preparam um lanchinho com sucos, refrescos, salgadinhos, docinhos – expliquei.
– Bem que eu gostaria, mas se o táxi parar, minha diária fica prejudicada.
– Fique tranquilo, me diga seu nome, que durante as orações farei referência a você, pedindo bênçãos para o seu trabalho.
– Amém ! – exclamou o taxista. – E as meninas do batente aparecem lá? – perguntou:
– É a primeira vez que vou, mas a informação que obtive é que algumas sempre aparecem. A cerca não isola toda a rua e, afinal de contas, a Constituição nos recomenda “o direito de ir e vir”.
– Isso é que é democracia, até na Zona somos livres!
CULTO NORMAL – Na verdade, não aconteceu nada, o culto foi normal, eu fiz uma pregação do Evangelho, nem lembro o tema. Depois as fiéis serviram um saboroso lanche, com conversas agradáveis e pronto. Não consegui distinguir se havia alguma profissional da Vila Mimosa, eram apenas mulheres unidas em nome de Deus. E voltei para casa com o estágio cumprido no Seminário .
Data? Estávamos no comecinho do século XXI.

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