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segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Pesquisa mostra que “cota” de mulheres propicia corrupção e candidatas laranjas


Kadija Foto: Reprodução/Facebook
Candidata Kadija “pagou” a cabos eleitorais que nem a conhecem
Natália Portinari e Daniel GullinoO Globo
Levantamento feito por O Globo revela que, na última eleição, partidos se valeram de candidaturas de mulheres com desempenho eleitoral inexpressivo para cumprir a cota de 30% do uso do fundo eleitoral. Muitas nem sequer chegaram a fazer campanha. Dos 79 candidatos que registram gastos de mais de R$ 1.000 para cada voto obtido, 76 são do sexo feminino. São R$ 13,8 milhões em fundo partidário e fundo eleitoral, verbas públicas, gastos com essas candidaturas. Nenhuma dessas mulheres foi eleita.
Para efeito de comparação, o gasto médio dos candidatos que disputaram a última eleição pelo país foi de R$ 41 por voto.
EM 21 PARTIDOS – Os casos de candidaturas de mulheres com votação inexpressiva e altos custos envolvem 21 partidos. A sigla que mais se valeu do expediente é do PRB, com 12 mulheres que receberam R$ 4,3 milhões em dinheiro público e, juntas, tiveram pouco menos de 3 mil votos.
As histórias se repetem em todo o país. Tamires Vasconcelos, candidata a deputada estadual do PR do Piauí, declarou um gasto de R$ 370 mil e acabou com 41 votos. No PRB do Maranhão, Maria Regina Duarte Teixeira declarou gastos de R$ 585 mil de verba pública, apesar de ter obtido só 161 votos para deputada estadual. As campanhas não deixaram rastros nas redes sociais e as mulheres não foram encontradas para comentar.
DESMENTIDO – A candidata a deputada distrital Kadija (MDB-DF) declarou gastos de R$ 454,5 mil, mas obteve só 403 votos. Sua principal despesa foi com militantes de rua (93%), mas três pessoas contratadas como cabos eleitorais relataram ao Globo que não fizeram campanha para ela.
Ilka Quinhões Azevedo diz que trabalhou apenas na campanha do candidato do MDB ao governo, Ibaneis, que foi eleito, e que nunca ouviu falar em Kadija. Ela ainda perguntou se o nome do seu genro, Anderson Ferreira de Souza, estava na prestação de contas, o que foi confirmado pela reportagem, e disse que ele também não trabalhou para a deputada.
— Meu nome está na prestação de contas de uma deputada que eu nunca ouvi falar? Eu não trabalhei para ela. Vou atrás dela pedir meu dinheiro
CONFUSÃO – Thiago Neves Braz está em situação semelhante. Ele foi contratado pelo MDB, e ressalta que avisado que o trabalho poderia envolver outros candidatos, mas afirma que não conhece Kadija e não sabia que seu nome estava na prestação de contas dela. Felipe Souza Lopes também conta que não conhece a candidata, mas preferiu não revelar para qual candidato trabalhou.
Outro cabo eleitoral foi Henrique Nelson da Cunha Mesquita. Ele conta que foi um dos coordenadores da campanha de Kadija e que chefiou um grupo de 50 pessoas, grupo em que deu prioridade a Ibaneis. O nome de Henrique, porém, está somente na prestação de contas de Kadija, e não na de Ibaneis. “Eu tinha uma equipe de 50 pessoas. Coloquei 20 para trabalhar para ela e para o Ibaneis e 30 somente para o Ibaneis”.
ESTRANHEZA – Kadija se disse surpresa com a informação e afirmou que todos os seus gastos foram devidamente apresentados à Justiça Eleitoral. Ela afirma não saber qual foi o critério do partido na distribuição do dinheiro, mas admite que a cota de 30% dos recursos para mulheres pode ter influenciado.
— Me causa estranheza quem falou isso. São pessoas que receberam cheques nominais. Não posso dizer que conhecia todas as pessoas, os coordenadores da campanha tinham liberdade para arregimentar. É uma questão que eu tenho que ver na próxima gestão de campanha. Não sei quais foram os critérios do partido. Deve ter tido algo relacionado aos 30%, acho que o partido deve ter feito seus critérios. Mas foi bem tranquilo, me senti até privilegiada.
APENAS UM  VOTO – Teresa Cavalcante Queiroz, candidata a deputada estadual no Ceará, recebeu um voto. Ela disse ao GLOBO que desistiu de fazer campanha porque é funcionária pública e temeu haver incompatibilidade. Na sua prestação de contas, porém, aparece um gasto de R$ 5 mil. Deste valor, R$ 3 mil foi gasto com uma gráfica, no Ceará, no nome de Gustavo Silveira Alves.
— Não sei quem é. Com certeza é com eles (o partido), porque não recebi nada e não gastei nada. Tive um único voto, de uma professora que não estava sabendo que eu desisti — contou.
Por sua assessoria, o partido Democracia Cristã (DC) disse que distribuiu R$ 50 mil do fundo eleitoral para mulheres no Ceará e que coube ao diretório estadual decidir como distribuir o dinheiro. Ely Aguiar, presidente do diretório do Ceará, negou que conheça a candidata a deputada que desistiu de concorrer. “Tem que ver se as contas delas estão pendentes ou não. Que tipo de gasto foi feito. Existe pendência. Não conheço a candidata e nem sei de que forma ela fez a prestação. Ela que tem que responder o tipo de despesa. Ao partido compete liberar o que a justiça manda. Isso foi feito” — afirmou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O levantamento de O Globo mostra que o problema é a cota de candidatas mulheres. Isso está gerando aberração e corrupção. Mas a matéria comprova que Gustavo Bebianno nada tina a ver com candidatas laranjas, esse problema é de cada diretório estadual.(C.N.)

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