Carlos Newton
A melhor decisão tomada pelo presidente Jair Bolsonaro foi o convite ao então juiz federal Sérgio Moro para que integrasse o governo, como ministro da Justiça. Realmente, foi um tiro certo, não havia como errar. Mas surgiram denúncias e envolvimentos, Agora, a situação é muito diferente, mas Moro está sabendo se adaptar e já aprendeu a se livrar das armadilhas que a cada momento surgem à sua frente.
É claro que sempre haverá algumas discrepâncias entre o juiz federal de ontem e o ministro de hoje, como no caso do caixa 2, que Moro já apreendeu a relativizar, porque o jogo político num país como o Brasil opera na faixa do que é possível e ainda não pode sonhar com o que é ideal.
Na política, Moro é como “O Jovem Audaz no Trapézio Volante”, do conto de William Sorayan, não pode se descuidar um minuto, porque a imprensa não lhe dá trégua e tenta flagrar algum erro do ministro. Mas ele segue a vida, como dizia João Saldanha.
PACTO COM BOLSONARO – O mais importante é que Moro tem um pacto com Bolsonaro, que continua de pé. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira, o ministro da Justiça foi questionado sobre o desconforto de integrar um governo cujo partido é acusado de criar “candidatas laranjas”. Sua resposta foi direta, as destacar que todas as denúncias “têm que ser devidamente apuradas”. E acrescentou:
“Quando fui convidado (por Bolsonaro), o que conversamos: ninguém seria poupado. Se surgissem casos de crime no âmbito do governo, isso seria apurado e não seria poupado ninguém. E isso foi passado para a Polícia Federal. Órgãos de investigação têm independência. O próprio presidente solicitou que esses episódios fossem devidamente apurados. O trabalho que tem que ser feito em relação a esse fato está sendo feito” — disse.
Realmente, é preciso reconhecer que partiu do próprio Bolsonaro a iniciativa de mandar a Polícia Federal investigar o caso das “candidatas laranjas”, uma questão que a princípio se encontrava no âmbito da Justiça Eleitoral. Foi uma decisão que significa uma mudança de costumes políticos, é preciso reconhecer.
FORA DO FOCO – Até agora, esse caso do PSL foi o único a exigir a participação direta do ministro Moro. As demais acusações que têm sido feitas, inclusive envolvendo Flávio Bolsonaro e o ministro Onyx Lorenzoni, por exemplo, estão em fase de investigação, nada têm a ver com as atribuições do ministro da Justiça, ainda estão fora do foco federal.
Portanto, a entrevista de Moro à rádio Jovem Pan foi muito significativa e indica que Bolsonaro vai cumprir o acordo entre os dois, levando o país a progredir bastante no combate à criminalidade e também à impunidade, que é outro departamento.
A parte claudicante do governo é a economia, porque a reforma da Previdência ainda não convenceu ninguém e o ministro Paulo Guedes se recusa a discutir a dívida pública, que em 2018 envolveu quase R$ 1,1 trilhão, em juros, amortização e rolagem, vejam a que ponto chega a espoliação deste país.
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P.S. – Quanto à reforma da Previdência é complicadíssima e desde a semana passada está sob análise da equipe da auditora Maria Lucia Fattorelli, que só vai se pronunciar após exame completo do projeto. Portanto, vamos aguardar. (C.N.)
P.S. – Quanto à reforma da Previdência é complicadíssima e desde a semana passada está sob análise da equipe da auditora Maria Lucia Fattorelli, que só vai se pronunciar após exame completo do projeto. Portanto, vamos aguardar. (C.N.)