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segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Estratégia “brilhante” de Trump pode abalar a hegemonia mundial do dóla


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Europa já criou seu próprio sistema de compensação financeira
Michael HudsonHudson Website
O fim da dominação econômica norte-americana não contestada chegou antes do esperado, graças aos mesmos neoconservadores que deram ao mundo a guerra do Iraque, da Síria e as sujas guerras na América Latina. Assim como a Guerra do Vietnã arrancou os EUA do padrão ouro em 1971, o patrocínio e o financiamento que estão garantindo as violentas guerras para mudança de regime contra a Venezuela e a Síria – e as ameaças de sanções contra outros países que não se unam na mesma cruzada – estão hoje levando países europeus e outros a ter de criar suas próprias instituições financeiras alternativas, para desmantelar a hegemonia do EUA-dólar, do FMI ao sistema SWIFT de compensações.
O país que os diplomatas norte-americanos mais odeiam é o Irã. O fim decidido pelo presidente Trump dos acordos nucleares de 2015 negociados por europeus e o governo Obama escalou a ponto de Alemanha e outros países europeus já estarem ameaçados de sanções se não se retirarem dos acordos que assinaram.
AUTOPRESERVAÇÃO – Como se não bastasse a oposição a que Alemanha e outros países europeus importem gás russo, as ameaças dos EUA sobre o Irã acabaram por empurrar a Europa a buscar algum modo de se autopreservar.
As ameaças imperiais já não são militares. Nenhum país (nem Rússia ou China) tem meios para montar invasão militar a outro grande país. Desde os dias do Vietnã, o único tipo de guerra possível para países ainda democráticos é a guerra atômica, ou pelo menos guerra de bombardeios pesados como os que EUA infligiram ao Iraque, Líbia e Síria. Mas agora a ciberguerra tornou-se meio eficaz para quebrar as conexões de qualquer economia. E as principais ciberconexões hoje são ordens financeiras de transferência de dinheiro – compensações bancárias mundiais –, coordenadas pela SWIFT, sigla em inglês da Sociedade Mundial para Telecomunicações Financeiras Interbancárias, que tem sede na Bélgica.
MOVIMENTAÇÃO – Rússia e China já se movimentaram para criar um sistema alternativo de compensações bancárias, para o caso de os EUA desconectarem os dois países, tirando-os do sistema SWIFT. Mas agora países europeus já entenderam que as ameaças feitas pelo governo Trump podem gerar multas pesadas e confisco de patrimônio, se tentarem insistir em manter o comércio com o Irã, como determinado nos acordos que todos firmaram.
Dia 31 de janeiro, o bloqueio ao Irã foi rompido, com o anúncio de que a Europa criou seu próprio sistema de compensação de pagamentos para usar com o Irã e outros países que sejam alvo dos ataques ‘diplomáticos’ dos norte-americanos.
Alemanha, França e até a Grã-Bretanha, poodle dos EUA, uniram-se para criar o INSTEX — Instrumento para Apoio de Compensações Interbancárias [em inglês, Instrument in Support of Trade Exchanges].
AJUDA HUMANITÁRIA? – A promessa é que será usado só para ajuda “humanitária” para salvar o Irã de uma devastação provocada pelos EUA semelhante à que a Venezuela sofreu. Mas, é considerada também a crescente e cada dia mais furiosa oposição que os EUA fazem à ideia de que o gasoduto Ramo Norte transporte gás russo, essa via alternativa para compensações bancárias está pronta e capacitada para se tornar plenamente operante, caso os EUA tentem um ataque com sanções contra a Europa.
Acabo de voltar da Alemanha e vi impressionante divisão entre empresários e industriais e o governo político. Durante anos, as grandes empresas viram a Rússia como mercado natural, como economia complementar que precisava modernizar a própria base manufatureira e capaz de abastecer a Europa com gás natural e outras matérias-primas. A posição dos EUA nessa Nova Guerra Fria tenta bloquear essa complementaridade comercial.
GÁS RUSSO – EUA alertaram a Europa contra o risco de se tornar ‘dependente’ do gás russo de baixo preço, para vender o gás natural liquefeito caríssimo que os EUA oferecem (prometendo instalações portuárias que ainda não existem em lugar algum, sequer próximas do volume exigido). O presidente Trump também tem insistido em que membros da OTAN gastem na compra de armas no mínimo 2% dos respectivos PIB – e armas a serem compradas, claro, dos mercadores de morte norte-americanos, não franceses nem alemães.
O modo como os EUA fazem pesar a mão está levando a aproximar Rússia e China. A diplomacia norte-americana está ‘unindo’ a Europa ao “pivô geográfico” bem conhecido dos norte-americanos, operando contra, até, o mesmo tal estado de dependência, para cuja criação a diplomacia norte-americana trabalha desde 1945.
FÚRIA DOS EUA – A Europa já se deu conta de que seu próprio sistema monetário de trocas internacionais e suas conexões financeiras podem a qualquer momento atrair a fúria dos EUA. Foi o que ficou muito claro no outono passado, nos funerais de George H. W. Bush, quando o diplomata representante da União Europeia foi deixado para o fim da lista de autoridades chamadas para assumir seu lugar na cerimônia. Foi informado de que os EUA já não consideram a União Europeia entidade muito importante.
Em dezembro, o secretário de Estado Mike Pompeo fez um discurso em Bruxelas sobre a Europa – seu primeiro discurso, ansiosamente aguardado – no qual exortou as virtudes do nacionalismo, criticou o multilateralismo e a União Europeia e disse que “corpos internacionais” que limitam a soberania nacional “devem ser reformados ou eliminados.”
A maior parte desses eventos apareceram na mídia num só dia, 31/1/2019. A conjunção de tantos movimentos dos EUA em tantos fronts, contra Venezuela, Irã e Europa (para nem falar da China e das ameaças de retaliação comercial e ações contra a Huawei, que também emergiram hoje) faz crer que esse será um ano de tensões e rupturas no mundo.

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