Carlos Newton
Foi um espanto saber que o presidente Jair Bolsonaro teve febre (38ºC) na noite de quarta-feira e, após ser submetido a exames, apresentou quadro compatível com pneumonia . A informação foi confirmada através do boletim médico do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ele está internado desde a semana passada, e também pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.
O mais espantoso é que essa informação significa que o presidente da República não está desempenhando suas funções, o escritório montado no Hospital Albert Einstein jamais foi usado, não há previsão de que Bolsonaro reassuma nos próximos dias, e mesmo assim o vice-presidente Hamilton Mourão continua impedido de exercer as atribuições para as quais foi eleito.
VOLTA FORÇADA – Desde o dia 27 de janeiro, um domingo, o presidente viajou para São Paulo para os preparativos da operação a que se submeteria na segunda-feira, dia 28, uma cirurgia muito complicada, com anestesia geral e que durou nove horas. Mesmo assim, o Planalto manteve a farsa de fazê-lo reassumir o cargo na manhã de quarta-feira, embora estivesse proibido de receber visitas e até de falar, para evitar a formação de gases no aparelho gastrointestinal.
No hospital, foi montado um escritório para Bolsonaro despachar, mas desde então o único ato administrativo que teve foi assumir um documento ainda deitado na cama. Depois, piorou, teve febre, continuou com restrição a visitas e a conversas, mas mesmo assim o vice-presidente Mourão não assumiu.
A farsa é tamanha que foi o ministro Sérgio Moro quem assinou o decreto de nomeação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, cujo nome verdadeiro é diferente, mas usa esse pseudônimo em sua atividade política.
ATO NULO – O decreto de nomeação do ministro codinome tem o valor semelhante ao de uma nota de três dólares. Apesar dessa nulidade do ato, que para ser válido precisa ser assinado pelo presidente da República, o surpreendente ministro de nome variável já reassumiu ilegalmente o cargo, vejam a que ponto de esculhambação administrativa este país chegou.
Agora, o presidente Bolsonaro pegou uma pneumonia, cuja tradução simultânea significa, na melhor das hipóteses, pelo menos mais dez dias no estaleiro, para dizermos o mínimo. Mesmo assim, o vice-presidente Mourão não é chamado a assumir a função constitucional que lhe cabe.
Alguém poderia informar o motivo desse flagrante boicote ao vice-presidente da República? O povo quer saber. Aliás, o governo tem até porta-voz, mas o general de plantão no cargo nada informa a respeito.
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P.S. 1 – Pessoalmente, não me preocupo com isso, porque em 2010/2011 a Bélgica ficou 511 dias sem governo, não houve problemas e o país continuou a crescer.
P.S. 1 – Pessoalmente, não me preocupo com isso, porque em 2010/2011 a Bélgica ficou 511 dias sem governo, não houve problemas e o país continuou a crescer.
P.S. 2 – No caso do Brasil, nem interessa se existe governo ou não, porque o país parece ser ingovernável. Aqui, mudamos os presidentes, mas quem continuam comandando tudo são os banqueiros, que no filme “Casablanca” seriam considerados “os suspeitos de sempre”. (C.N.)