OSVALDO LYRA
O deputado estadual Marcelo Nilo (PDT) foi reeleito ontem para seu terceiro mandato à frente da Assembleia Legislativa. Com 61 dos 63 votos da Casa (dois deputados se abstiveram de votar), Nilo fez história (ao ir para o terceiro mandato consecutivo), além, é claro, de sua vitória representar uma demonstração de força e apego ao Poder (Legislativo).
Desde que a Assembleia passou a funcionar no Centro Administrativo da Bahia, nenhum outro presidente foi eleito com o aval de 61 parlamentares. Na década de 60, quando a Assembleia funcionava ainda no prédio da Associação Baiana de Imprensa (ABI), na Praça da Sé, o então deputado Wilson Lins conseguiu ser eleito pela unanimidade dos seus pares. De lá pra cá, nenhum outro conseguiu repetir o feito.
O que chama a atenção também é o fato de que a chapa encabeçada por Nilo ter sido eleita sem ameaças de bate-chapa, salvo na vaga destinada ao PT, em que o primeiro secretário J. Carlos (PT) obrigou o correligionário Yulo Oiticica, indicado pelo partido para o posto, a abandonar a candidatura em prol do consenso. Outro detalhe que chama a atenção é que além de Nilo, apenas Leur Lomanto Jr. teve 61 votos para ocupar o cargo de 1º secretário.
O segundo vice Aderbal Caldas (PP) teve 60 votos. O terceiro Carlos Ubaldino (PSC) recebeu 58. J. Carlos (o do PT) recebeu 53. Elmar Nascimento (PR), na segunda secretaria, teve 58 votos. Álvaro Gomes, na terceira, teve 56, enquanto a quarta secretária Maria Luíza Laudano (PTdoB) teve 57.
Números à parte e voltando à vitória de Marcelo Nilo, se engana quem pensa que a eleição dele foi tão tranquila. O pedetista teve que construir o consenso em torno dele. E o maior desafio para isso foi o próprio aliado PT.
A expectativa dos apoiadores de Nilo era que os petistas fossem os primeiros a declarar apoio à sua candidatura para, em seguida, conseguir formalizar o apoio das oposições. No entanto, aconteceu o inverso. O PT foi o último partido a apoiá-lo na disputa e os oposicionistas os primeiros. Questionado sobre o assunto, o presidente da Assembleia atribui essa mudança de comportamento “ao regime democrático”, já que o PT possui 14 deputados.
Outro fato que chamou a atenção foi a não demonstração de apoio explícito do governador Jaques Wagner. Nilo diz que nunca esperou que o governador se posicionasse publicamente, como fez na sua primeira disputa.
No entanto, em campanha, sempre que falava sobre o assunto dizia ter certeza que era o candidato do coração do petista. E deve ter sido. Até porque, independentemente das demonstrações de apoio público, ficou evidenciado nos últimos quatro anos a lealdade e o desprendimento de Nilo.
Questionado sobre o fim da reeleição dentro da mesma legislatura, Marcelo Nilo disse que continuava se posicionando favorável à recondução sucessiva ao posto. No entanto, se os deputados apresentassem algum projeto para acabar com esse mecanismo, bastava que 38 parlamentares apresentassem um projeto com esse sentido para ser colocado em votação. Ele garante que colocaria.
Ontem, após reassumir o posto, Nilo fez questão ainda de fazer um balanço dos seus primeiros quatro anos à frente do Legislativo. Emocionado, ele disse que não seria o exame do qualitativo nem do quantitativo que o teria garantido o terceiro mandato.
Não era isso que iria expressar a importância de sua passagem pelo comando da Casa. Para chegar à sua re-reeleição, o presidente disse que se respaldou em quatro pilares: “ter coragem, paciência, ter palavra e ser leal”. Marcelo Nilo disse também que, nos últimos quatro anos, os deputados conseguiram assumir integralmente suas prerrogativas, deveres e responsabilidades.
Como prioridade para o período que se inicia, ele destaca a votação de projetos de autoria dos próprios deputados, o início do projeto Assembleia Itinerante e a ida da TV Assembleia para a tevê aberta.
Fonte: Tribuna da Bahia
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