Carlos Newton
Para brasileiros e brasileiras de idade mais avançada, o título Zona Franca sempre foi motivo de duplo sentido. Hoje em dia, quase não existem mais zonas nas grandes cidades, quem geralmente zoneia tudo são as chamadas autoridades, ao insistirem em confundir o interesse público com o interesse pessoal.
Agora, uma medida liminar da Justiça Federal do Amazonas, motivada por atos de corrupção, bloqueou um veículo e dinheiro em conta-corrente da superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Flávia Grosso, e de mais quatro acusados. O total dos bens bloqueados soma R$ 3,7 milhões, e a Justiça tomou essa precaução com o objetivo de viabilizar o pagamento ou devolução de parte dos recursos desviados, em caso de condenação dos réus.
Com formação de quadrilha, os cinco acusados respondem a duas ações de improbidade administrativa, movidas pelo Ministério Público Federal, acusados de lesar o patrimônio público e de enriquecimento ilícito. Segundo as ações, o Tribunal de Contas da União (TCU) constatou irregularidades na aplicação de R$ 70 milhões em um convênio assinado por Flávia Grosso e o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas, Maurício Loureiro
Segundo o TCU, esses R$ 70 milhões seriam investidos na revitalização do sistema viário do Distrito Industrial, extensa área que abriga a maior parte das 400 indústrias de Manaus. Mas não houve comprovação de realização efetiva dos serviços.
Para as feministas que ainda vibram com a presença de uma mulher na Presidência da República, o exemplo da Zona Franca é desalentador. Flávia Grosso foi a primeira mulher a assumir a superintendência, em 2003. E a decisão da Justiça federal foi tomada justamente no momento em que o governo Dilma Rousseff discutia a mudança no cargo.
Em Manaus, Flavia Grosso está fugindo dos jornalistas, alegando que se justificará apenas à Justiça Federal. E o empresário Mauricio Loureiro também se recusa a dar declarações.
A Suframa é uma autarquia federal, subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que coordena a concessão de incentivos fiscais às indústrias da Zona Franca, que são fundamentais para a economia do Amazonas e no ano passado faturaram US$ 35,1 bilhões. É muito importante sua administração precisa ser moralizada, não pode continuar uma zona.
Fonte: Tribuna da Imprensa