Fernanda Chagas
A criação de uma nova sigla, leia-se PDB (Partido da Democracia Brasileira), sob o comando do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), com lançamento previsto para maio, não tem tirado o sono apenas dos líderes partidários de São Paulo e Brasília, onde a movimentação corre solta, mas também dos baianos.
Informações dão conta de que, na Bahia, a expectativa em torno do PDB é extremamente grande e já teria até mesmo nome forte para comandá-lo em nível regional. Ninguém menos que o vice-governador e secretário de Infraestrutura Otto Alencar, atualmente filiado ao PP, mas que não esconde o tratamento diferenciado que recebe dos seus “companheiros” progressistas.
Como Otto, a legenda acomodaria um bom número de insatisfeitos com seus atuais abrigos. Nesse caso, a especulação é que o DEM bata recorde de dissidentes. A Tribuna contabilizou pelo menos 12 descontentes que veem a possibilidade como a “salvação”, já que quem se filiar a uma legenda que não existia na eleição anterior estará livre de ser punido pela lei de Fidelidade Partidária temida por todos.
Destes, oito são democratas. Entre os da lista estariam: Rogério Andrade e Gildásio Penedo, que possui ligação forte com Otto, além dos federais Paulo Magalhães e Félix Mendonça Jr., Nenhum deles foi encontrado pela reportagem.
Mas, não para por aí. Filiados do PR que durante as eleições se viram obrigadas a virar oposição também confirmaram o desejo de migrar para os braços do governo novamente. Afinal, o PDB será mais um partido governista, o 18º a apoiar a presidente Dilma Rousseff e, consequentemente, o governador Jaques Wagner. A confirmação da debandada em massa prevista, inevitavelmente, minguaria ainda mais a oposição baiana Para se ter ideia, até mesmo integrantes do PMDB e do PSDB podem surpreender.
Em contato com o jornal, o vice-governador, diga-se de passagem, braço direito de Wagner, não hesitou em afirmar que não há nada oficial ainda, mas que está acompanhando a movimentação do meio político, sobretudo, de Kassab, que é filiado ao DEM.
Segundo Otto, a posição dele diante de uma nova legenda “depende muito do governador, já que estou alinhado politicamente a ele”. Contudo, declarou que se essa sigla vier a surgir, não terá problema para se integrar, já que possui uma relação boa com Kassab, se conhecem desde 1989. "Sem falar que o novo partido está de acordo com o projeto de Dilma".
Questionado, o ex-deputado Gilberto Brito (PR), que nunca escondeu a admiração que nutre por Wagner, afirmou que não tinha conhecimento do novo partido. “Mas, se por ventura, vier, de fato, a ser criado, é bem possível”, disparou..
Expectativa é de debandada
Em nível nacional, a nova sigla já conta como certa a saída com cerca de 20 congressistas em Brasília e com um governador, Raimundo Colombo, de Santa Catarina e hoje também filiado ao DEM. Ainda, Kassab procura interlocutores do PT com plano para ‘varrer’ tucanos. Interlocutores próximos ao prefeito já adiantaram, inclusive, que essa possibilidade está sendo tratada de maneira objetiva para se materializar ainda no primeiro semestre.
O PDB será um rito de passagem para buscar a associação com outro já existente. PMDB e PSB são considerados por Kassab. O prefeito paulistano considera necessário fundir alguns partidos para produzir uma novidade na política brasileira: uma grande legenda que tenha expressão nacional e seja ideologicamente de centro.