Folha de S.Paulo
Após pressão do Palácio do Planalto sobre ministros e partidos que disputam os cargos do segundo escalão federal, a presidente Dilma Rousseff obteve ontem a primeira vitória legislativa ao conseguir aprovar na Câmara dos Deputados o valor de R$ 545 para o salário mínimo em 2011.
A proposta para elevar o valor a R$ 600 --promessa de campanha do PSDB-- foi derrubada por larga margem: 376 votos a 106, com sete abstenções. Também foi negado o valor de R$ 560, proposto pelo DEM , com 361 votos contra. A sessão durou mais de dez horas. O projeto vai agora para o Senado.
O novo valor só entrará em vigor no primeiro do dia do mês seguinte à sua conversão em lei. Na mais otimista das hipóteses, será em 1º de março. Se isso ocorrer, o mínimo de R$ 545 continuará insuficiente para repor a inflação acumulada desde o reajuste anterior. Se confirmadas as recentes projeções para o INPC do primeiro bimestre, o novo mínimo terá em março um poder de compra 1,3% inferior ao de janeiro de 2010.
A Câmara também aprovou a fórmula de reajuste do mínimo que considera a inflação do ano anterior, mais o índice de crescimento da economia de dois anos antes até 2015. O reajuste seria dado por decreto presidencial. O PPS apresentou emenda para que essa regra fosse aplicada em forma de lei, mas essa proposta também foi rejeitada ontem.
Segundo o governo, um total de 47,7 milhões de pessoas recebem um mínimo, entre trabalhadores e beneficiários da Previdência.
Principais defensores de um valor maior, os representantes das centrais sindicais se uniram ontem a rivais, como o DEM. Petistas que saíram em defesa do governo foram vaiados. Entre eles o ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) Vicentinho (PT-SP), relator do projeto, chamado de "traidor". "Tenho certeza que as vaias de hoje vão se transformar em aplausos em janeiro [de 2012]", disse Vicentinho.
Fonte: Agora