Da Redação
Ao escolher o fim da reeleição como tema inaugural do debate da reforma política, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) sabia que causaria polêmica. O parlamentar, contudo, aposta na maioria da base governista para aprovar seu relatório e acelerar a tramitação das medidas que alteram as regras atuais.
No parecer que apresenta amanhã, Cunha não define um prazo de vigência para o fim da reeleição. A discussão se dará em uma comissão especial a ser criada exclusivamente para tratar da reforma.
Ontem, o deputado falou a Zero Hora sobre o texto que apresentará amanhã à Comissão de Constituição e Justiça:
Zero Hora - O senhor acredita na aprovação da reforma política com vigência já para 2010?
João Paulo Cunha - Sim. Só não sei quais serão as dimensões das mudanças. O meu parecer é o primeiro passo. Ele se limita ao fim da reeleição, mas se a gente conseguir admiti-lo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e formar uma comissão especial, podemos avançar em outros assuntos e começar a partir daí toda uma reforma política.
ZH - O senhor acredita em votação da reforma política pelo Congresso já no ano que vem?
Cunha - Estou otimista. Está se criando uma maioria favorável a isso na Câmara, que retira o corte entre situação e oposição. Várias propostas que estou relatando são subscritas por deputados de PSDB, DEM e PPS, por exemplo.
ZH - A oposição tem manifestado posição contrária ao fim da reeleição. O senhor acredita que essa proposta passa na CCJ?
Cunha - Eu vou apresentar. Se eles acham que não podem votar e têm número suficiente para isso, não tem problema nenhum. Nós temos mais de 50 propostas tratando do fim da reeleição, então há um número grande de parlamentares incomodados. Vou me esforçar bastante para aprovar.
ZH - Como ficam os outros temas da reforma, como financiamento público de campanha e voto em lista?
Cunha - Esses assuntos ainda não estão incluídos. A reforma tem de ser fatiada. A gente pode discutir o todo, mas remete a voto aquilo que for conformando maioria. É difícil obter consenso nesses temas polêmicos. Voto em lista e financiamento público, por exemplo, não exigem mudanças na Constituição. É mais fácil alterar isso.
Fonte: Zero Hora (RS)
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