Presidente do Senado não tem comprovantes de que pagamentos de pensão para uma filha, de março de 2004 a novembro de 2005, eram de recursos próprios
Guilherme Scarance e Isabela Salgueiro
BRASÍLIA - Em março de 2004, Renan Calheiros, à época líder do PMDB, ganhou prestígio no governo, ajudando a enterrar dois pedidos de CPI. Já presidente do Senado, em novembro 2005, apoiou manobra do Planalto para frear a CPI dos Correios. Foi nesse período conturbado, de março de 2004 a novembro de 2005, que Renan pagou R$ 8 mil de pensão para uma filha e R$ 4 mil de aluguel para a jornalista Mônica Veloso - e é justamente sobre esses pagamentos que se assistiu nos últimos dias a um ziguezague de justificativas.
Na segunda-feira, o senador, bacharel em direito, se defendeu no Senado e afirmou que tinha prova de todos os pagamentos. Mas só comprovou os gastos após o reconhecimento da paternidade, em dezembro de 2005. “Todos os recursos foram pagos por mim, são recursos meus”, garantiu.
Na terça-feira, o cacique apresentou uma versão divergente - admitiu que não tinha provas dos pagamentos feitos antes de oficializar a paternidade. “Por que ia haver depósitos se a relação não era oficial? Só houve depósito quando eu assumi a paternidade.”
Pela denúncia, os R$ 12 mil eram entregues em dinheiro vivo, em envelope timbrado que Mônica retiraria todos os meses no escritório da empreiteira Mendes Júnior em Brasília. Ela confirma.
A versão de Renan mudou de novo quarta-feira, quando o advogado Eduardo Ferrão entregou uma série de documentos para o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP). De acordo com Ferrão, extratos comprovam que os pagamentos anteriores a dezembro de 2005 saíram das contas do senador. Renan se contradisse, segundo Ferrão, porque não havia visto todos os extratos.
O advogado não quis mostrar as provas, alegando segredo de Justiça. Tuma se disse satisfeito com as explicações - “ele não precisava pedir recibo, o importante é provar que tinha recursos para os pagamentos” - e na quinta-feira amenizou ainda mais o tom. Para o PSOL e alguns parlamentares, porém, o caso ainda não foi totalmente esclarecido.
Fonte: estadao.com
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