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sexta-feira, junho 01, 2007

Gautama enviava dinheiro ‘vivo’ para Brasília

Em depoimento à Justiça, funcionários da Construtora Gautama – acusada de fraudar licitações e desviar recursos de obras públicas – revelaram ter recebido ordens para enviar ao menos 640 000 reais em dinheiro para Brasília somente este ano. As remessas foram determinadas pelo dono da empreiteira, Zuleido Veras, apontado pela Operação Navalha da Polícia Federal como o chefe do esquema de fraudes.
"À vista do diálogo do dia 20/3/2007, esclarece o depoente que reconhece tal diálogo, que conversava com doutor Zuleido e recebeu dele ordens de mandar no dia seguinte 200 000 reais para Brasília e que esta remessa foi feita em dinheiro em espécie", relatou a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após colher depoimento de Gil Jacó de Carvalho Santos, assistente administrativo e financeiro da Gautama, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Os funcionários da construtora não informaram, porém, o motivo das remessas, nem os destinatários.
No dia seguinte, 21 de março, o mesmo Gil Jacó falou em remeter 440 000 para Brasília. "Esclarece o depoente que agora reconhece como tendo sido remetido para Brasília o dinheiro; que não sabe quem foi a pessoa a que se referiu doutor Zuleido quando disse que a pessoa já tinha estado lá três vezes", completou, segundo os autos da investigação. O funcionário fala ainda em outras três remessas, de 100 000, outra de 300 000 e 600 000 reais.
Outro funcionário da Gautama, Florêncio Vieira, complementou o depoimento de Jacó. Disse que no dia 21 de março deste ano foi a Brasília "para entregar a encomenda no escritório da empresa". "Que essa encomenda era um pagamento em espécie que lhe foi entregue por Gil Jacó; que efetuou o saque em cheque da empresa; que não se lembra do valor desta encomenda", relatou a ministra do STJ. Segundo ele, os saques eram feitos sob a rubrica de adiantamento de obra, mas sem nota fiscal ou "recibo de pronta entrega".
Vieira contou que, no dia 2 de março, levou uma mala para Zuleido, contendo documentos e dinheiro, no aeroporto de Salvador. "O depoente comprou passagem para Maceió, encontrou-se com o doutor Zuleido na sala de embarque, entregou a ele a pasta [...], porque o doutor Zuleido estava indo para lá."
Humberto Rios de Oliveira, também da Gautama, disse que costumava fazer saques de 30 000, 50 000 e 60 000 reais, entregando os recursos a Gil Jacó. Afirmou ainda que levava dinheiro, "em mãos", a pessoas em outras cidades, como Brasília. Numa delas, alugou um carro para transportar 650 000 reais de Salvador (BA) para Aracaju (SE).
Fonte: Veja.online

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