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sábado, fevereiro 10, 2007

Caso Neylton

Subsecretária presa, suspeita de ordenar o crime
A polícia prendeu ontem a subsecretária de saúde do município Aglaé Souza e a coordenadora do Sistema Municipal de Saúde, SMS, Tânia Maria Pedrosa, acusadas de serem as mandantes do assassinato do funcionário da secretaria, Neylton Souto da Silveira. As duas tiveram a prisão decretada em caráter provisório, pelo juiz Cássio da Primeira Vara do Júri. Fontes não oficiais informaram que a detenção da subsecretária e da coordenadora ocorreu no final da tarde de ontem, mas não se sabe onde elas estão alojadas. Há notícias de que já teriam prestados os primeiros depoimentos que trariam revelações de grande impacto, envolvendo setores importantes da Secretaria da Saúde. Ao tomar conhecimento do fato, o prefeito João Henrique agiu de imediato e determinou a exoneração da subsecretária Aglaé e o afastamento de Tânia. Hoje o Diário Oficial do Município traz o ato do prefeito, que ontem se reuniu com os seus principais assessores para tratar do caso. Ele declarou que o secretário Luiz Eugênio continua no cargo, merecedor de toda confiança, até que se prove ao contrário. A morte de Neylton estava envolta em muitas especulações sobre o real motivo do crime, e uma das hipóteses era de que se tratava de queima de arquivo. Ele teria sido morto porque descobrira irregularidades nas contas e contratos com prestadores de serviço. Segundo o prefeito, toda a documentação relativa às atividades de Neylton foram colocadas à disposição da polícia, “o que ajudou de sobremaneira às investigações em direção ao esclarecimento do crime” No dia 16 de janeiro, a pedido do prefeito João Henrique, foi aberta uma auditoria técnica fiscal, no setor da secretaria onde Neylton era lotado, com a participação de peritos contábeis da Polícia Civil. A partir desse momento, o caso começou a ganhar contornos que indicavam fortemente tratar-se de crime de mando. Os trabalhos da auditoria mostraram que havia muitos interesses envolvidos na questão. A princípio, a polícia esperava pelo depoimento de Tânia Maria Pedrosa, coordenadora da SMS que acompanhava os trabalhos feitos pelo servidor público. Tida como peça-chave das investigações, Tânia foi ouvida pela delegada Dilma Nunes no dia anterior ao que foi marcado com a imprensa e parece não ter esclarecido muita coisa. O objetivo da polícia em ouvir Pedrosa era estar a par das atividades recentes do funcionário, que consistiam em analisar pagamentos do SUS à conveniadas da prefeitura, que envolvem rios de dinheiro. Feito esse e mais outros interrogatórios, as investigações continuam a ver navios. Até o dia em que o inquérito passou a correr em sigilo, mais de 25 pessoas já haviam sido ouvidas. A subsecretária Aglaé Souza, a assessora do secretário de saúde Denice Vitória de Brito, os seguranças do prédio, os funcionários, dentre outros, também foram interrogados. Conforme o delegado-chefe Antônio Laranjeira, a falta de controle no acesso ao edifício prejudicou o andamento das investigações. Todos que entram no prédio precisariam ter seus nomes anotados, mas isso não ocorreu no sábado, quando o servidor chegou ao edifício por volta de 8h da manhã para uma suposta reunião. Por conta da importante atividade exercida por Neylton, o procurador-geral do município, Pedro Guerra, instaurou auditoria para apurar irregularidades nas contas da Secretaria Municipal de Saúde. A investigação gira em torno do repasse de verbas feitas pelo Governo Federal ao município. A auditoria não tem prazo para terminar e contará com o acompanhamento de um perito-técnico da Polícia Civil tanto nos resultados, como no processo de realização. Além disso, o Ministério Público também foi acionado e a promotora criminal Isabel Adelaide está acompanhando as investigações. Perícias - Desde o começo das investigações, o Departamento de Polícia Técnica apreendeu dois computadores usados por Neylton: o residencial e o do departamento. A perícia está sendo feita também no pen-driver dele, além dos sapatos e calça encontrados dias após o assassinato.
Servidor sofria pressões
; O funcionário, que era sub-coordenador de contabilidade do departamento há três meses, analisava os relatórios de pagamentos feitos à conveniadas. O dinheiro é cedido pelo Ministério da Saúde, do Governo Federal, para a SMS, que realiza o repasse para 360 prestadores de serviços. Depois do crime, os auditores do estado estão analisando todos os contratos realizados pela gestão plena do sistema municipal. Já uma fonte que preferiu não se identificar, relatou que não só os auditores do estado precisam analisar os contratos, mas também os auditores do Ministério de Saúde, tidos como Conselheiros de Saúde, precisam enviar relatórios de prestação de contas. Desde setembro do ano passado que os conselheiros não analisam se o repasse da verba cedida ao município está sendo utilizada corretamente. Informações confidenciais dizem que Neylton teria sido obrigado, por Tânia Maria Pedrosa, uma de suas superioras, a assinar uma planilha contendo dados que não seriam reais. Depois do crime, familiares do servidor informaram que estavam sofrendo ameaças. “Recebemos telefonemas que a pessoa não responde. Quase que diariamente carros estranhos estavam parados na frente da casa do meu tio”, disse uma das familiares que preferiu não se identificar com medo de represálias. Eles afirmaram que a polícia não informou o andamento das investigações. “Viemos aqui falar com a delegada para saber informações sobre o caso. Sabemos o que a mídia nos passa. Queremos que esta situação se esclareça o mais rápido possível, para termos um pouco mais de tranqüilidade, com a justiça sendo feita”. Os familiares agradeceram a perseverança e apoio da imprensa no caso Neylton. Parentes de Neylton lembram que, quando o corpo do servidor foi encontrado, a subsecretária Aglaé Souza, não fez questão de chamar a polícia. “Quem chamou a polícia foram nós, os parentes dele. Nem a subsecretária nem os parentes chamaram ninguém”, disse. Eles acrescentaram que a “imprensa foi de fundamental importância para a apuração e rapidez do caso”. O servidor público Neylton Souto da Silveira foi vítima de espancamento em um dos andares do edifício da Secretaria de Saúde do Município e em seguida jogado pela janela, por volta de 10h da manhã de 6 de janeiro, um sábado. Os acusados de serem os autores do assassinato, os vigilantes Josemar dos Santos, Jair Barbosa da Conceição e Anderson Cleiton das Neves disseram que receberiam R$20 mil para “fazer o trabalho”. Eles foram presos pela polícia, e disseram que espancaram a vítima e depois a jogaram por uma janela de um dos andares do edifício, que dá na marquise onde ele foi encontrado.
Familiares o procuraram
; Neylton Souto da Silveira foi encontrado morto em um domingo, dia 7 de janeiro, pelo filho, Nelson Augusto da Silva Neto, 23. O servidor estava desaparecido desde sábado de manhã, quando saiu de casa afirmando que iria para uma reunião extraordinária com seus superiores, incluindo Tânia Maria Pedrosa. O filho do servidor chegou a ir no prédio da SMS ainda no sábado, sendo impedido de entrar pelos vigilantes. Ao voltar no dia seguinte, por volta de 10h, contou com a ajuda de um segurança para realizar a busca pelos departamentos do edifício. O segurança encontrou a janela do nono andar aberta e avistou o corpo de Neylton estendido na marquise do prédio. Neylton trabalhava no sétimo andar, ao lado do gabinete do secretário de saúde. O funcionário público vestia apenas uma camisa e uma cueca. Todos os pertences dele haviam desaparecidos, com exceção de suas meias: uma estava no terraço do edifício e outra ao lado do corpo. As roupas, no entanto, foram vistas próximo ao duto de ventilação do edifício cinco dias depois. Antes, a perícia foi realizada no edifício por duas vezes. A polícia não deu explicações sobre o ocorrido. Na ocasião, familiares descartaram a hipótese de suicídio ou crime passional, como dava a entender à primeira vista. Eles informaram ainda que Neylton vinha sofrendo fortes pressões no trabalho, por conta de suas últimas atividades e deduziram que o crime se tratava de queima-de-arquivo. O levantamento cadavérico foi presidido pela plantonista da 1ª DP, Idalina Moreira, uma vez que as titulares não trabalham nos finais de semana. Anteontem, quando questionado onde estariam os pertences da vítima, o delegado disse não ter entrado nesses detalhes com os vigilantes. Os pertences – celular, óculos e chaves – estão desaparecidos até hoje.
Fonte: Tribuna da Bahia

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