Três seguranças mataram servidor por R$ 20 mil
Por Karina Baracho e Hieros Vasconcelos
Os vigilantes Josemar dos Santos, 27; Jair Barbosa da Conceição, 40; e Anderson Cleiton das Neves, 30, foram detidos em suas residências durante operação realizada na tarde e noite de quarta-feira. Em depoimento, eles confessaram o crime em troca de um pagamento de R$ 20 mil reais. Os supostos mandantes e pagantes, entretanto, não foram revelados. O trio fazia a vigilância da SMS dia 6 do mês passado, quando o funcionário entrou no edifício por volta de 8h da manhã. Eles tiveram a prisão provisória decretada pelo juiz da 1ª Vara Crime, Cássio Miranda, e deverão ficar custodiados em celas diferentes da 1ª DP por cinco dias, quando será pedido prorrogação da prisão temporária. Ainda na tarde de ontem, os acusados foram ouvidos pela delegada à frente do caso, Dilma Nunes, e em seguida encaminhados ao IML para realização de exames de lesões corporais. O objetivo dos exames visa descobrir se os vigilantes sofreram algum tipo de pressão para confessar a autoria do assassinato. O delegado Arthur Gallas afirmou que a reconstituição do crime deverá ocorrer ainda essa semana. Ele ressaltou ainda que as acareações e declarações dos acusados foram gravadas em vídeos. Apesar da polícia ter revelado as identidades dos homicidas, eles não foram apresentados à imprensa e não tiveram direito de se defender das acusações. O delegado do DCCP, Arthur Gallas, – o único a falar com os jornalistas, explicou que a medida é por conta do inquérito correr em segredo de Justiça. “Não poderemos disponibilizar as imagens dele porque o caso corre em segredo de Justiça. Mas, se por ventura vocês conseguirem...”, disse, se referindo aos fotógrafos. Ainda conforme Gallas, Josemar teria isentado Anderson da participação na execução. Em seu depoimento, ele alegou que o colega teria colaborado no esquema, mas não espancou o servidor público. “Anderson está envolvido na cena do crime, mas não há indícios da participação dele na execução”, declarou. O delegado disse ainda acreditar que o crime tenha sido premeditado. Terceirizados - Os autores confessos do crime são funcionários da empresa de segurança Protector, que presta serviços à prefeitura. Eles haviam sido afastados de suas funções desde o dia do crime. Josemar, que morava em Mussurunga, trabalhava para a Protector há três anos, mas somente no mês de novembro passou a vigiar a Secretaria Municipal de Saúde. Enquanto Jair, morador do Uruguai, estaria trabalhando no órgão há seis meses. O delegado não soube informar com precisão onde fica a residência de Anderson.
Suspeitos ouvidos em sigilo
; Na tarde de ontem os três acusados foram ouvidos pela delegada titular da 1ª Delegacia de polícia (Barris), Dilma Nunes, mesmo assumindo a culpa da morte do servidor público a polícia não permitiu que a imprensa falasse, nem se aproximasse dos acusados. De acordo com Nunes, o inquérito corre em sigilo da justiça. “Não vamos divulgar nada além do que já foi dito”, disse a delegada, se referindo a coletiva que aconteceu na manhã de ontem. Questionada sobre alguma possível novidade do caso ela foi taxativa com a imprensa. “Já falei. Não vamos divulgar mais nada”, exclamou. Enquanto os três eram levados à sala da delegada para prestar depoimentos, individualmente, o delegado do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (DCCP), João Ricardo, pediu abertamente a um dos agentes, que encapuzasse um dos acusados, fato estranhado até pelos agentes responsáveis por levar os três, da carceragem para a sala da delegada. De acordo com informações o motivo seria o parentesco de um dos envolvidos com um policiai civil. Outro fato estranho é o carro de um dos acusados estar sendo requerido pelo seu advogado como uma forma de pagamento dos custos dos autos do processo. Um deles foi preso com um carro, que inicialmente deveria ter ido para a delegacia, mas foi levado por familiares e agora está sendo requerido pelo seu advogado. Segundo a confissão, eles receberam R$ 20 mil pelo assassinato do servidor. “Meu filho é um rapaz tranqüilo. Não estou entendendo o que aconteceu”, explicou o pai de Josemar dos Santos, 27 anos, um dos acusados. Ele afirmou que o filho não tem passagem pela polícia e “sempre teve uma conduta exemplar”. Pai de cinco filhos, ele disse para a imprensa que o filho comentou o que aconteceu, mas não falou do suposto envolvimento com o crime. O que foi confirmado pela irmã do acusado, que preferiu não se identificar. De acordo com ela, o irmão não tem históricos de brigas nem rixas com ninguém. “Não tenho muito contato com ele, por causa dos nossos trabalhos, mas sei que ele é uma pessoa íntegra”, destacou ela. Acrescentou que o irmão mora com uma companheira e tem dois filhos pequenos. O funcionário, que era sub-coordenador de contabilidade do departamento há três meses, analisava os relatórios de pagamentos feitos à conveniadas. O dinheiro é cedido pelo Ministério da Saúde, do Governo Federal, para a SMS, que realiza o repasse para 360 prestadores de serviços. Depois do crime, os auditores do estado estão analisando todos os contratos realizados pela gestão plena do sistema municipal. Já uma fonte que preferiu não se identificar, relatou que não só os auditores do estado precisam analisar os contratos, mas também os auditores do Ministério de Saúde, tidos como Conselheiros de Saúde, precisam enviar relatórios de prestação de contas.
Fonte: Tribuna da Bahia
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