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segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Caso do Tenente Bandeira volta a Supremo, que decidirá sobre o “direito ao esquecimento”


Crime do Sacopã: autoria do assassinato de bancário na Lagoa ainda é um  mistério - Jornal O Globo

No banco dos réus, Bandeira ouviu a sentença condenatória

Pedro do Coutto

No dia 6 de abril de 1952, um domingo, o bancário Afranio Arsenio  de Lemos encostou seu Citroen negro, carro comum na época, ao lado do Clube Caiçaras, Av. Epitácio Pessoa. Eram 10 horas da noite. Foi a última coisa que fez na vida porque lhe desfecharam quatro tiros e 29 coronhadas.

Em 1958 a jovem Aida Cury foi convidada para uma festa num edifício em Copacabana. Dois homens a esperavam. Ao recusar um relacionamento sexual, foi espancada por um jovem com a participação de outro trágico personagem. Desmaiou ou morreu, não se sabe.

FORAM CONDENADOS – Seus assassinos se empenharam para retirar seu corpo do apartamento, e para isso recorreram ao porteiro. Diante a impossibilidade da remoção pelo elevador os criminosos a jogaram da janela para disfarçar o que aconteceu. Não conseguiram. Foram condenados pelo Tribunal do Júri.

A repercussão na imprensa foi enorme. O caso Bandeira também dividiu as opiniões dos jornais. E agora a repórter Renata Galf publicou na Folha de domingo uma reportagem sobre o debate que envolve o direito ao esquecimento.

Me surpreendi com uma informação que ela colocou na matéria revelando que na próxima quarta-feira o Supremo julgará recurso apresentado por alguém da família de um dos personagens trágicos para estabelecer o que chamou de direito ao esquecimento.

A razão de minha surpresa decorre da decisão unânime da Corte Suprema que eliminou a censura a qualquer tipo de manifestação jornalística ou artística. A campanha contra a censura foi liderada pelo jornalista Ruy Castro a partir de uma questão envolvendo biografia do cantor Roberto Carlos. Acentuo que a impossibilidade de censura não exime o autor de qualquer responsabilidade civil ou penal. Esta é outra questão.

CASO BANDEIRA – Falei no domingo, 6 de abril de 1952. O corpo de Afrânio foi colocado no banco traseiro e alguém levou o carro ao alto da Ladeira do Sacopã, na Lagora. O motivo da noite de abril, especulou-se, teria sido uma chantagem contra a filha de um político da época.

Havia fotografias de momentos reservados e teria sido paga certa quantia para comprar o silêncio. Mas o chantagista voltou à carga e um conselho da família pressionada decidiu pela eliminação do autor da chantagem.

O Globo fez forte carga em torno da acusação desfechada contra o tenente Jorge Franco Bandeira, enquanto a revista O Cruzeiro e os Diários Associados tomaram posição sustentando a inocência do oficial da aeronáutica.

MUDOU DE NOME –  A jovem Marina, apontada como pivô do caso, conseguiu na Justiça, anos depois, mudar de nome. Mas isso nada tem a ver com direito ao esquecimento.

Há um detalhe importante; os autores da ação referente ao caso Aida Cury estão empenhados em cobrar da TV Globo indenização por ter colocado no ar reportagem sobre a tragédia muitos anos depois de 1958.

Na minha opinião, a questão do direito ao esquecimento deslocou-se para uma espécie de pagamento pelo uso do fato e de imagens relativas ao julgamento. Os juristas Paulo Rená da Silva Santarém, Isabela Zaleherg, Luiz Fernando Moncau e Anderson Schreiber opinam sobre o assunto. O motivo foi a inclusão da vítima no programa “Linha Direta”, há alguns anos. 

GRANDE REPERCUSSSÃO – O caso Bandeira também teve grande repercussão e diversos fatos complicaram as suspeitas sobre ele. Uma delas o depoimento do arquiteto Nogueira Bastos, que na noite de domingo recebeu o aceno de duas mulheres na Praia de Botafogo, pedindo que as levasse à Av. Epitácio Pessoa porque seu atual namorada (à epoca) era oficial e andava armado. Queriam evitar o encontro entre o atual e o ex-namorado.

Bandeira foi condenado a 8 anos de prisão pelo Tribunal do Júri em 1954. Mas o julgamento foi anulado em 1959 porque uma jurada que se “desquitara”, alterando seu nome, assinou com o nome de casada. Bandeira foi reintegrado à Aeronáutica no posto de capitão.


Movimento dos caminhoneiros não bloqueia rodovias do Rio, diz PRF

 

Manifestação ainda não conta com grande mobilização e teve focos desmobilizados por equipes da Polícia Rodoviária Federal


Entre as pautas que a classe reivindica, estão o piso mínimo de frete, aposentadoria especial para o setor e uma fiscalização mais atuante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)Valter Campanato/Agência Brasil
POR O DIA
Marcada para começar nesta segunda-feira (1), a greve dos caminhoneiros ainda não causa grandes bloqueios nas rodovias, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Rio (PRF-RJ). A manifestação ainda não conta com grande mobilização, com pequenos focos ainda dispersos.

Entre as pautas que a classe reivindica, estão o piso mínimo de frete, modificação da redação do projeto 4199/2020, o BR do Mar, sobre cabotagem, aposentadoria especial para o setor e a redução de cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, além de protestos contra o preço do combustível e uma fiscalização mais atuante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

A PRF-RJ informa que não há bloqueio de caminhões no estado do Rio, neste momento. Em Seropédica, equipes contiveram o início de uma manifestação com queima de pneus e não há grande acúmulo de veículos relacionados ao movimento. No Km75 da Br101, em Campos Campos dos Goytacazes, o início de uma organização entre caminhoneiros foi desmobilizada por volta das 0h30 desta segunda-feira. Em seguida, os veículos se deslocaram em direção a uma rodovia estadual próxima.

Já para o Km274 da Br116, em Barra Mansa, uma carreata que estava prevista para às 5h ainda não foi iniciada. Cerca de 15 a 30 caminhoneiros estavam presentes, segundo o porta-voz da PRF-RJ, José Hélio.

Informações do Sindicato dos Petroleiros-RJ indicam que houve atividade em duas unidades da Petrobras, para, na sequência, seguir para os pontos de encontro nas rodovias.
https://odia.ig.com.br/

ACM Neto é hostilizado por bolsonaristas em aeroporto: 'Bandido comunista'; veja vídeo


ACM Neto é hostilizado por bolsonaristas em aeroporto: 'Bandido comunista'; veja vídeo
Foto: Reprodução/ Twitter

O ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, foi hostilizado por militantes bolsonaristas na tarde deste domingo (31), no aeroporto de Brasília. Ele esteve na capital federal para discutir qual seria o posicionamento do partido nas eleições para presidência da Câmara dos Deputados, que acontecem nesta segunda (1º).

 

O partido decidiu não apoiar a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), nome lançado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e declarou neutralidade na disputa, deixando os deputados da sigla votarem conforme suas preferências. 

 

Em vídeo publicado nas redes sociais, ACM Neto é perseguido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro enquanto circulava no aeroporto com assessores. Os militantes gritavam palavras de ordem contra o ex-prefeito. 

 

“Fora ACM! Bandido comunista!” e “Vai pra Cuba, ACM. Fora, bandido! Capacho socialista. Sanguessuga do dinheiro público” foram insultos ouvidos por Neto enquanto se dirigia para o seu carro. Veja abaixo vídeo do momento:

 

 

O DEM, que inicialmente sinalizava que seguiria em apoio à candidatura de Baleia Rossi, apoiado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acabou por ver parte de sua base pular para o outro lado, passando a apoiar Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro.

 

Por causa do vídeo em que é insultado e da decisão do partido de não apoiar Baleia, o nome de ACM Neto foi parar, na manhã desta segunda, no 13º lugar dos Trending Topics, os assuntos mais comentados do Twitter no Brasil.

Bahia Notícias

Fiocruz, Ministério e Anvisa investigam morte idoso após tomar vacina de Oxford


Fiocruz, Ministério e Anvisa investigam morte idoso após tomar vacina de Oxford
Foto: Fernando Vivas/GOVBA

Foi aberta uma investigação conjunta entre Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o caso de um idoso de 83 anos que recebeu uma dose da vacina contra a Covid-19 da Oxford /AstraZeneca e faleceu.

 

O caso será apurado por uma equipe do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie), órgão vinculado à Secretaria de Saúde do Amazonas. O objetivo é identificar se há relação entre a morte e a aplicação da vacina. Até o fim da apuração, não é possível afirmar que a morte aconteceu em decorrência da aplicação do imunizante, destaca reportagem do portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.

 

A Anvisa informou à reportagem que a investigação segue o protocolo de vigilância epidemiológica e sanitária de eventos adversos pós-vacinação. “A Anvisa acompanha e aguarda os resultados, que poderão apontar ou descartar a relação de causalidade entre a aplicação do imunizante e o evento em Manaus”, afirmou a agência.

 

Ainda de acordo com a Anvisa, diante do cenário de pandemia enfrentado pelo país, foi determinada “toda a urgência possível” para a conclusão da investigação.

 

Segundo a reportagem, o Ministério da Saúde confirmou no último sábado (30) que recebeu a comunicação da vigilância em saúde do Amazonas sobre a morte do idoso. A Fundação Oswaldo Cruz, responsável no Brasil pela fórmula Oxford/AstraZeneca, também afirmou ter sido avisada. A expectativa é que a conclusão preliminar do Crie seja divulgada em 7 dias.

 

Em investigações deste tipo, vários fatores são analisados, entre eles, o histórico de saúde do paciente e as condições de conservação e aplicação da vacina. Também é coletado material biológico para exames. De acordo com informações repassadas por familiares, o idoso tinha pressão alta controlada e apresentava leves sintomas de gripe quando foi vacinado na última sexta (29). A morte aconteceu no dia seguinte à aplicação do imunizante.

Bahia Notícias

Após 'traição' no DEM, Maia ameaça abrir processo de impeachment contra Bolsonaro


Após 'traição' no DEM, Maia ameaça abrir processo de impeachment contra Bolsonaro
Foto: Reprodução/ iG

As horas finais da disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados são de tensão em Brasília. A decisão oficial do Democratas, de liberar seus parlamentares para votarem livremente (veja aqui), foi vista como uma "traição" ao atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e aliados dele acreditam que isso pode fazê-lo deixar o partido e aceitar algum dos pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

 

Segundo o Blog de Natuza Nery, no G1, Maia ameaçou adotar essa postura em reunião com o presidente nacional do DEM e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e com representantes da esquerda, realizada nesse domingo (31). Partiu de Neto a proposta para que os democratas fiquem livres para votar em quem quiser no pleito, uma vez que parte considerável dos deputados da sigla já havia declarado voto a Arthur Lira (PP-AL), e não a Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Maia (saiba mais aqui).

 

Em meio a essas insinuações, segundo o Blog da Andréia Sadi, também no G1, a avaliação no Palácio do Planalto é de que a abertura de um processo no último dia da gestão seria "casuísmo" e já contam com o arquivamento por Lira, se ele foi eleito. De acordo com a publicação, integrantes do governo dizem ter recebido recados de que Maia não tomará essa atitude, apesar de ter ameaçado isso no domingo (31).

Bahia Notícias

“Quem pensa e entende, tem a obrigação de assumir a frente!” – eis uma reflexão que todos devem fazer


Brasil-Corrupção-2016-Charge-Crise-Charge de Alexandre de Oliveira em 07.09.2016 | Brasil corrupção, Corrupção brasileira, Corrupção

Charge do Oliveira (Arquivo Google)

Antônio Fallavena

Nos tempos mais necessários de trocar opiniões, ideias, informações e sugestões, cada vez mais a sociedade brasileira se distancia da solução de seus problemas. 

Educação virou caso de estado, de justiça e de polícia! Tanto deixaram de fazer e tanto permitiram que, a mistura educação/ensino se consolidou e apresenta os resultados e as contas para nós pagamos: ambas de péssima qualidade!

BAGUNÇA INSTITUCIONAL – O país vive, nos últimos anos, uma de suas maiores bagunças institucionais e sociais.  Todo mundo manda, todo mundo decide, todo mundo tem razão, mas ninguém assume nada, muito menos a responsabilidade por seus atos e pelos resultados!

Partida e repartida, nossa sociedade acumula a cada dia mais e mais problemas. E a culpa sempre está com o outro! 

Conhecimentos gerais e/ou específicos sobre o país, o estado, os governos, são quase inexistentes. Pequenas ilhas detém elevado conhecimento e as decisões. Já o imenso mar acumula cansaço mental, ignorância, desinteresse e muita irresponsabilidade. 

SEM RUMO E DESTINO – O Brasil navega sem rumo e sem destino; sem comando e sem tripulação, lotado de brasileiros sem noção!

Hoje pela manhã, ao acordar, pensei ter sonhado com isto. Na leitura das primeiras matérias e notícias do dia, me vi na mesma realidade de ontem. Conclusão: se fosse sonho, teria se tornado realidade. Nossos líderes já se foram. Nas últimas décadas, nossas escolhas fracassaram e nós com elas. O quadro atual, está muito mais perto do “Inferno de Dante” do que do pior “dos céus de brigadeiro”! 

OBRIGAÇÃO DE IR EM FRENTE – Ontem, enquanto trabalhava em textos, recebi algo que me alertou. Espero conseguir alertá-los também! “Quem pensa e entende, tem a obrigação de assumir a frente!”. Quem espera por milagre, nunca alcança seus objetivos. Quem deixa suas responsabilidades para outros cumprir, perde a vez e a razão!

Uma sociedade é composta de pessoas. Depois dela é que vem leis e instituições! Está tudo invertido! Autoridades, representantes, nós mesmos, somos temporários. Cada um a seu tempo e quantidade de tempo. Já o país e a sociedade devem ser, necessitam ser, duradouros!  

A hora é agora! O Brasil e os pequenos brasileiros são nossa responsabilidade, dependem do que cada um de nós e de todos nós, organizadamente, fizermos a partir de agora, de hoje!

Com as vitórias na Câmara e no Senado, Bolsonaro pensa (?) que escapou do impeachment


Charge do Márcio Baraldi (Arquivo Google)

Carlos Newton

Parece uma vitória espetacular o governo eleger para presidir Câmara e Senado dois parlamentares contra o impeachment. Mas na política as aparências sempre enganam. Quando um presidente da República entra em viés de queda e tenta se socorrer comprando apoio parlamentar por 30 dinheiros, já é o prenúncio de um final desastroso.

Quinta-feira, dia 28, ao discursar em Sergipe, o presidente comemorava antecipadamente a vitória. “Se Deus quiser, segunda-feira teremos o segundo homem do Executivo, o segundo homem na linha hierárquica do Brasil, eleito aqui no Nordeste pela Câmara dos Deputados, o deputado Arthur Lira”, disse ele, demonstrando sua ignorância abissal, porque Lira não estará na linha sucessória, por ser réu em ação penal.

HÁ CONTRAINDICAÇÕES – Bolsonaro também erra grosseiramente ao julgar que ficará livre do impeachment com essa manobra de comprar o apoio de deputados do baixo clero. Como diria o escritor Dias Gomes, é claro que um “rachadista juramentado” como Arthur Lira jamais colocará em pauta algum pedido de impeachment. Mas a novela não termina aí.

A eleição de Lira é como a cloroquina e tem graves contraindicações. A principal é o dano à imagem do presidente, pois a oficialização da velha política demonstra a falta de caráter de Jair Bolsonaro, depõe contra a idoneidade dos generais que o cercam e atinge também as próprias Forças Armadas.

É claro que Bolsonaro não perderá a popularidade e a aprovação dos brasileiros que o idolatram por ter livrado o país do PT. Mas essa idolatria provém de casos patológicos de radicalismo, com traços de obsessão ou mesmo de obsediação.

LIVRE DO IMPEACHMENT? – Na sua ignorância ciclópica, Bolsonaro acha que se livrou do impeachment, mas isso não é verdade. Ele pode ser afastado pelo Supremo, caso algum dos quatro inquéritos contra ele resulte em processo.

As investigações sobre “fake news” e atos antidemocráticos se interligam e se completam, porque ambos os caminhos conduzem ao gabinete do ódio, que funciona no terceiro andar do Planalto, sob comando de Carlos Bolsonaro e do hacker Tércio Arnaud, assessor especial da Presidência da República.

Os dois outros inquéritos também se interligam e se completam, porque investigam a autoconfessada tentativa de Bolsonaro interferir na Polícia Federal e a atuação da Abin na tentativa de anular inquéritos e processos contra Flávio Bolsonaro. As provas são abundantes e irrefutáveis.

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P.S. –
  Para afastar Bolsonaro, basta um dos relatores (Alexandre de Moraes ou Cármen Lúcia) pedir a abertura de processo contra o presidente. O procurador-geral não poderá contestar a ordem, sob risco de ser acusado de crime comum – prevaricação. O Supremo então pede à Câmara a abertura do processo, que precisa da aprovação de 342 deputados. Esse fato causa a completa desmoralização do presidente. Diante das provas exibidas pelo Supremo, os deputados não terão coragem de votar contra, para também não se desmoralizarem. Com Bolsonaro fora do Planalto, afastado por 180 dias, o Centrão logo transfere apoio ao presidente interino, e vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)

Está claro que não se deve contar com um governo que não existe, se é que algum dia existiu


J. Bosco

Charge do João Bosco (O Liberal)

Deu no Estadão

A palavra do presidente Jair Bolsonaro não vale nada. Diz algo num dia para desmentir suas próprias declarações no dia seguinte, desmoralizando-se como chefe de governo. Bolsonaro tornou-se sinônimo de caos – sua especialidade desde que aprontava como militar indisciplinado.

A rigor, sua gestão nem pode mais ser chamada de “governo”, pois um governo presume alguma direção, projetos claros e liderança política razoavelmente sólida. Bolsonaro não inspira nada disso: é, ao contrário, fonte de permanente inquietação e desorganização.

DILAPIDAÇÃO INSTITUCIONAL – Para o País que trabalha e produz, está claro que não se deve contar com um governo que não existe mais, se é que algum dia existiu. Pior: é preciso encontrar maneiras de defender a vida e o patrimônio da dilapidação institucional e administrativa promovida pelo bolsonarismo.

Raros são os ministros de Bolsonaro que se salvam. A mediocridade é tamanha que o País aplaude quando um ministro não faz mais que sua obrigação e não atrapalha seu setor. Em áreas estratégicas, como Educação, Saúde, Meio Ambiente e Relações Exteriores, há mais do que simples incapacidade: Bolsonaro colocou ali ministros cuja missão parece ser a de ajudá-lo a vandalizar o Brasil.

De vez em quando, alguém lembra do dever de chamar esses sabotadores à responsabilidade.

ENQUADRANDO PAZUELLO – Atendendo a uma representação do partido Cidadania, que acusa o almoxarife que comanda a Saúde, Eduardo Pazuello, de omissão diante da crise de desabastecimento de oxigênio para doentes de covid-19 em Manaus, a Procuradoria-Geral da República requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instauração de inquérito.

Não deve ter sido fácil para o procurador-geral da República, Augusto Aras, fazer o requerimento, mas, premido pela indignação nacional, decidiu afinal tomar alguma providência, e o ministro do STF Ricardo Lewandowski rapidamente atendeu ao pedido de inquérito.

A insanidade no Ministério da Saúde, que agora se tornou caso de polícia, retrata com fidelidade a essência do governo Bolsonaro – mas, em defesa do intendente, enfatize-se que a responsabilidade final e soberana é de quem o colocou lá.

CULPA DO PRESIDENTE – Foi Bolsonaro quem passou os últimos meses a fazer campanha contra a vacina, contra o distanciamento social e contra as autoridades que trabalhavam para conter a pandemia. Promoveu aglomerações, receitou remédios inúteis e perigosos e escarneceu de mortos e doentes.

Pazuello, portanto, não é causa, mas consequência de um catastrófico desgoverno – cujo presidente ninguém de bom senso leva mais a sério e cujo principal fiador, o outrora superpoderoso ministro da Economia, Paulo Guedes, sai de férias e ninguém dá pela falta.

Aos brasileiros aflitos com as sombrias perspectivas econômicas após o fim do auxílio emergencial, Bolsonaro reserva o mais absoluto desdém: “Lamento muita gente passando necessidade, mas nossa capacidade de endividamento está no limite”.

NÃO ESTÁ NEM AÍ… – Ou seja, Bolsonaro não perde o sono diante do sofrimento de milhões de brasileiros a quem lhe coube governar e não toma nenhuma medida para cortar gastos e viabilizar o imprescindível auxílio emergencial.

Tampouco se empenha pelas reformas e pelas privatizações. A recente renúncia do presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, está diretamente relacionada à dificuldade de tocar adiante a privatização da estatal, em razão da falta de envolvimento de Bolsonaro. Não foi o primeiro a abandonar o barco por frustração das expectativas criadas pelo discurso supostamente liberal de Bolsonaro – no qual só acreditou quem quis.

BLINDAR A FILHARADA – O objetivo de Bolsonaro na política sempre foi o de salvaguardar os interesses de seu clã. Não é por outro motivo que entrou de cabeça no processo sucessório das Mesas Diretoras do Congresso. Quer ali políticos que lhe sejam fiéis o bastante para livrá-lo do impeachment, blindar a filharada e, de quebra, aprovar meia dúzia de projetos para agradar a sua base de fanáticos.

Os mortos, os doentes, os desempregados e os famintos só lhe interessam na exata medida de seu projeto de reeleição. Foi a isso que Bolsonaro reduziu a Presidência da República.

TRF1 julga ilegal relatório do Coaf que apontou movimentações suspeitas de Frederick Wassef


Decisão pode provocar paralisações em série de investigações

Camila Mattoso
Folha

Uma decisão do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) deve colocar de novo o Coaf na berlinda e pode provocar paralisações em série de investigações no país. A terceira turma do tribunal considerou ilegal o Relatório de Inteligência Financeira produzido pelo órgão sobre transações suspeitas de Frederick Wassef, advogado ligado ao clã Bolsonaro.

A discussão agora é sobre a metodologia de elaboração dos chamados RIFs. Como consequência, o relator do caso, o juiz federal Ney Bello, trancou a investigação em andamento sobre Wassef.

PARALISAÇÃO – O inquérito da Polícia Federal foi paralisado porque foi aberto com base no relatório. Apurações que têm Wassef como alvo, mas começaram de outras formas, vão continuar –o RIF, porém, não poderá ser usado, segundo a decisão.

A turma do TRF-1 entendeu que não havia hipótese legal para expedição do documento no caso de Wassef e que se tratou de “geração espontânea”. O Coaf disse ao tribunal que seguiu padrão e se baseou em 34 comunicações de origens distintas. Se o entendimento tiver guarida em outras cortes, inquéritos que usaram relatórios de forma similar podem ser afetados.

Basicamente, os pontos que serão discutidos são o critério da escolha de quem será alvo e se o relatório pode ser produzido por iniciativa do órgão ou somente por provocação.

LIMINAR – Em 2019, o Coaf ficou meses paralisado por causa de uma liminar do ministro Dias Toffoli em favor de Flávio Bolsonaro –centenas de investigações também foram afetadas. A discussão na época era se havia necessidade de decisão judicial para o envio dos relatórios. O STF entendeu depois que não precisava do aval da Justiça e o Coaf voltou a funcionar. Dessa vez, a discussão é sobre metodologia.

Ney Bello, Maria do Carmo Cardoso e José Alexandre Franco foram os juízes que consideraram o relatório de Wassef ilegal. O julgamento foi em dezembro. Bello está na disputa para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça. Ele está entre os cotados para a vaga de Napoleão Nunes Maia, que se aposentou no fim de 2020. Nos bastidores, tem o apoio do ministro Gilmar Mendes. A indicação será feita por Jair Bolsonaro.

Como mostrou a Folha, Maria do Carmo, amiga de Flávio Bolsonaro, é considerada madrinha da sugestão de Kássio Nunes Marques para o STF. Na família presidencial é chamada de “tia Carminha”.

ALA GARANTISTA – Juiz substituto, Franco participou do julgamento na ausência de Mônica Sifuentes, titular da turma. Ele chegou a pedir vista e depois acompanhou o relator. Os dois primeiros, Bello e Maria do Carmo, são considerados como parte da ala chamada de garantista.

Na prática, o termo é usado como referência aos magistrados que decidem na maioria dos casos de forma favorável aos investigados, pela justificativa de observância aos princípios da dignidade humana e dos direitos fundamentais presentes na Constituição.

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