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terça-feira, dezembro 01, 2020

A maldade me revolta, mas já não me surpreende porque não me iludo quanto à Humanidade

 

Morte da única tigresa do zoológico de Teresina deixa tratador de 'luto' | Piauí | G1

Jaula vazia é habitada pela memória da maioria silenciosa

José Eduardo Agualusa
O Globo

Muitas vezes, cruzando-me com um vizinho, sou assaltado por este tipo de pensamento: ‘será que este me entregaria aos leões?’ Não é o tipo de pensamento que me ajude a estabelecer boas relações com a vizinhança

Nunca gostei de ver animais enjaulados. Fiquei a gostar ainda menos depois que, em fevereiro de 2013, visitei Brazzaville, a pequena capital da República do Congo, para participar num festival literário. Num intervalo entre as palestras fui com o meu tradutor, um simpático artista plástico, fluente em 13 idiomas, visitar o jardim zoológico.

O meu tradutor queria mostrar-me um painel que pintara à entrada do complexo, mostrando todos os animais que os visitantes poderiam encontrar. Percebi que aquilo era importante para ele, e aceitei.

FANTASMAS TRISTES – Os animais vagueavam por entre as ruínas como fantasmas tristes. Fotografei os macacos, estendendo os dedos aflitos por entre a ferrugem das grades. Um boi-cavalo arquejante, só pele e ossos, escavava o duro chão com as unhas gastas, à procura de algum talo de capim verde. Tinha um dos chifres rachados, preso com fita adesiva.

Guardei a câmara, agoniado. O meu tradutor deteve-se diante da jaula do leão. Lá dentro não parecia haver nada, exceto uma noite escura e um cheiro antigo e pesado, que nunca mais esqueci.

— O que aconteceu ao leão? — perguntei.

O meu tradutor falou-me da guerra civil. A maioria dos animais morreu de inanição nesses meses cruéis, ou devorados pelas pessoas. O leão, contudo, não morrera de fome. Fora o contrário: morrera de indigestão.

DENTRO DA JAULA – Um oficial das forças governamentais lembrou-se de colocar soldados inimigos dentro da jaula para os humilhar e assustar e, assim, lhes extrair informações. Um dia, o leão, esfomeado, matou um deles. A partir dessa altura passaram a alimentar o animal com carne humana.

Volta e meia lembro-me daquela jaula, e de que não há verdadeiramente espaços vazios. Não alimento ilusões quanto à humanidade da Humanidade. A maldade continua a revoltar-me, mas já não me surpreende.

Vivemos cercados de pessoas comuns que, em situações de colapso moral, como uma guerra, seriam capazes de entregar uma criança para ser devorada por um leão. Muitas vezes, cruzando-me com um vizinho, sou assaltado por este tipo de pensamento: “será que este me entregaria aos leões?” Não é o tipo de pensamento que me ajude a estabelecer boas relações com a vizinhança.

EXISTEM HERÓIS – Há também aqueles que dão a própria vida para salvar o garoto que foi atirado para a jaula dos leões. São poucos. Muito poucos. No final da história, os poucos que nos resgatam.

A maioria das pessoas não seria capaz de lançar ninguém aos leões. Ficaria calada. Esse é o tipo de silêncio que enche aquela jaula, lá, no decrépito jardim zoológico de Brazzaville.

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P.S.. – 
Ouço Donald Trump proclamando aos gritos que ganhou umas eleições nas quais foi amplamente derrotado e ocorre-me que talvez toda a minha realidade seja, afinal, uma intrincada ficção. Um sonho alheio. Depois leio algures apenas 3% dos norte-americanos acreditam verdadeiramente que Trump triunfou (embora milhões finjam acreditar) e fico um pouco mais sossegado. É mais fácil conviver com uma multidão de trapaceiros, flibusteiros e aldrabões, do que com a própria loucura(J.E.A.)

(José Eduardo Agualusa é angolano, considerado um dos mais escritores da atualidade)

Professores reagem a congelamento do piso imposto por governo Bolsonaro

 

Professores reagem a congelamento do piso imposto por governo Bolsonaro

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) reagiu ao congelamento do piso salarial imposto pelo governo de Jair Bolsonaro. Através de uma portaria, o Executivo impossibilitou o reajuste salarial da categoria no ano de 2021.

A entidade, através de nota, explica que a portaria promove a “redução de 8,7% no custo aluno/ano do Fundeb”. Em outras palavras, a modificação promovida pelo Executivo federal reduziu de R$ 3.643,16 para R$ 3.349,56 o valor anual investido na educação de cada aluno, o que inclui o salário dos docentes.

Com as modificações, que incluem uma redução dos aportes federais a entes estaduais e municipais, o Planalto impôs que governadores e prefeitos tenham de devolver partes dos recursos recebidos, comprometendo até mesmo “os compromissos salariais com seus servidores públicos”.

Com a modificação, “o piso salarial do magistério, que tinha atualização prevista na ordem de 5,9% para 2021, agora terá reajuste zero no ano que vem”, critica a entidade. Com a expectativa de que haja juros positivos na economia brasileira no próximo ano, a categoria terá perdas reais.

A Confederação destaca que “será a primeira vez na história do Fundeb que os docentes da educação básica pública ficarão sem acréscimos em seus vencimentos, historicamente defasados sobretudo em comparação a outras profissões ou mesmo a docentes de outros países”.

https://recontaai.com.br/

José Mário varjão galga mais uma degrau na tarefa do conhecimento e do aperfeiçoamento


 " O provérbio popular "Santo de casa não faz milagre" é bem conhecido do público e tem sua origem na Bíblia ao proferido por Jesus quando disse que "o profeta não é reconhecido em sua própria terra”. E, ao longo do tempo, se comprova, realmente, que as pessoas custam a ser reconhecidas na sua própria terra e são muito mais valorizadas fora do local, da região onde moram ou trabalham".

Com todos seus conhecimentos e vontade de servir a terra onde nasceu e reside; nesse atual governo, forças ocultas abastecidas de improbidades o consideram como um " estranho no ninho".

Jeremoabo mesmo enfrentando essa fase negra e passageira, é superior a tudo isso.

Os invejosos odeiam o sucesso alheio; porém essa sabedoria que Deus te premiou José Mário, a corrupção e os improbos não conseguirão eliminar.

Para a prefeitura de Jeremoabo jogar fora R$ 77.188.60 para beneficiar um loteamento particular no mínimo foi omissa.

 É elementar a administração municipal ter conhecimento dos Requisitos básicos de todos os loteamentos, se não cumpre o que determina a Lei -6.766/1979, simplesmente pratica uma emissão.

1 - As dimensões dos lotes e o do o empreendimento devem estar de acordo com o exigido na lei municipal;

2 - O loteamento deve ser aprovado pela Prefeitura e registrado no Registro de Imóveis; Deve dispor de infraestrutura básica: redes de esgoto, de abastecimento de água e de energia elétrica, bem como de equipamentos para escoamento de águas pluviais e iluminação pública;

3 - Deve reservar área de uso comum não inferior a 35% da área total, construindo-se áreas destinadas ao sistema de circulação, áreas verdes e de uso comunitário as quais deverão ser doadas ao município.

4 - Não é permitido lotear áreas com restrições ambientais. No caso de construção a Justiça pode determinar a reparação do dano causado ao meio ambiente e a demolição das edificações existentes na área de preservação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da clareza do entendimento jurisprudencial atual e da legislação aplicável, conclui-se que é obrigação do loteador, e não do Município, realizar e executar as obras de infraestrutura mínima do loteamento, constantes dos projetos aprovados pelos órgãos competentes.

Caso o loteador não cumpra com sua obrigação de realizar e executar as obras de infraestrutura, o Município terá a faculdade, isto é, o Administrador Municipal terá poder discricionário para optar pela realização das obras, sem prejuízo de seu permanente dever de fiscalizar os loteamentos em seu território.

É de se destacar que, caso o Administrador Municipal, após avaliação discricionária, opte por realizar as referidas obras de infraestrutura não executadas pelo loteador, deverá fazê-lo com fulcro nos parágrafos do art. 40, da Lei Federal 6.766/79, que conferem ao Município a possibilidade de levantar da garantia prestada pelo loteador para a execução das obras, buscar o restante junto ao loteador ou, ainda, receber os valores diretamente dos promitentes compradores, a título de ressarcimento das importâncias despendidas com equipamentos urbanos ou expropriações necessárias para regularizar o loteamento.

Caso o poder público municipal, após avaliação discricionária, decida por regularizar o loteamento, sua atuação deve ser restrita às obras essenciais a serem implantadas, em conformidade com a legislação urbanística local (art. 40, § 5º, da Lei 6.799/1979), visando a atender os moradores eventualmente já instalados. (Davi Valdetaro Gomes Cavalieri -Procurador Federal da Advocacia Geral da União em Brasília/DF, Bacharel em Direito pela Faculdade de Direi-to de Vitória (FDV) e Especialista em Direito Público).  https://ambitojuridico.com.br/

Nota da redação deste Blog - Caso o proprietário do Loteamento não conclua o que está estabelecido no Licenciamento Fornecido pelo Município, e em obediência a Lei-Lei -6.766/1979, a Constituição e demais Leis concernente ao assunto, a prefeitura poderá arcar com a conclusão das obras de infra- estrutura, porém, fica na obrigação de ressarcir todas as despesas com correção, do responsável elo loteamento.

Os R$ 77.188,00 que a prefeitura irá bancar com o dinheiro do povo, dinheiro que não pertence ao prefeito, deverá ser ressarcido da caução, dos lotes ou de execução judiciária contra o proprietário.

Assim mesmo tinha por dever e por justiça, seguir a ordem de prioridade dos demais bairros necessitados de infraestrutura e saneamento básico

Ex-vereador do Guarujá é preso suspeito de transportar arsenal na Bahia

 


por Alfredo Henrique | Folhapress

Ex-vereador do Guarujá é preso suspeito de transportar arsenal na Bahia
Foto: PRF-BA

Um ex-vereador do Guarujá (86 km de SP) foi preso após a PRF (Polícia Rodoviária Federal) encontrar um arsenal escondido no painel do carro conduzido pelo suspeito, quarta-feira (25), em Salvador (BA). Ele postou em uma rede social fotos de trechos em que passou durante sua viagem, inclusive no dia de sua prisão.

A reportagem procurou pela defesa dele por toda a segunda-feira, sem sucesso.

Segundo a PRF, Jaime Ferreira de Lima Filho, o Jaiminho, foi preso quando estava perto de uma balsa, em Salvador, que faz o traslado fluvial para o município de Itaparica, em um trecho de cerca de 20 quilômetros.

Antes do flagrante, a polícia foi informada que um Citroën C3 transportava armamento e munição, em um trecho perto de Santo Antônio de Jesus, a cerca de 110 km de Salvador. Essa distância é mais curta entre os municípios, mas exige o uso de uma balsa, que faz a travessia entre Itaparica e a capital baiana.

A polícia, porém, não localizou o suspeito no ponto indicado pelas denúncias. Desconfiados de que ele poderia seguir sentido Salvador, usando a travessia por água, policiais rodoviários federais pediram apoio à polícia de Salvador.

Já na capital baiana, agentes flagraram o suspeito desembarcando da balsa com o veículo. Neste momento, um policial começou a gravar um vídeo da abordagem, com um celular.

Segundo as imagens, o ex-vereador, algemado com as mãos para trás, é levado até o veículo, onde há um policial sentado no bando do motorista. O agente abre um fundo falso, no painel do carro, de onde começa a retirar armas e munições.

Ao todo, segundo a PRF, foram apreendidas 13 pistolas, 26 carregadores deste tipo de arma e mais de mil munições.

Após ser preso em flagrante, o ex-vereador foi encaminhado ao Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado), onde foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. "Ele está à disposição da Justiça", diz trecho de nota da Polícia Civil baiana.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Jaiminho foi eleito vereador de Guarujá pelo primeira vez em 2008, pelo PP, com 3.019 votos. Ele foi reeleito na eleição seguinte, com 1.937 votos. Em 2016 ele tentou manter o cargo no legislativo, mas perdeu.

Bahia Notícias

ACM Neto e Wagner dão largada ao ciclo eleitoral de 2022 na Bahia


por Fernando Duarte

ACM Neto e Wagner dão largada ao ciclo eleitoral de 2022 na Bahia
Foto: Max Haack/ Ag. Haack

A ressaca das eleições de 2020 começou com o início do próximo ciclo, que se encerra daqui a dois anos. Após o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), falar pela primeira vez sobre a “possibilidade grande” de ser candidato a governador em 2022, o ex-governador Jaques Wagner (PT) voltou a reiterar que o nome dele está disponível caso isso garanta a unidade do grupo político que hoje comanda o Palácio de Ondina. É, até aqui, o rascunho mais preciso do embate eleitoral da próxima disputa na Bahia.

 

ACM Neto é candidato a governador e nem precisava ser tão explícito para saber. Após toda a pressão em 2018, ele deixou claro que estaria apenas adiando o projeto. Com as vitórias expressivas em colégios eleitorais importantes, a musculatura do gestor soteropolitano aumentou e o cacife dele para negociar apoios também. Caso consiga costurar um arco de alianças similar ao feito na sucessão em Salvador, o presidente nacional do DEM se consolida como o principal nome na corrida pelo governo em 2022. Afinal, é o único posto, ainda que extraoficialmente.

 

Isso não significa a inexistência de outros postulantes nessa disputa. É apenas a constatação de que, depois de permanecer no DEM enquanto tudo parecia naufragar, o partido não apenas ganhou sobrevida como se tornou um protagonista no processo eleitoral. Nacionalmente, o DEM é a namoradinha do “centrão” - alcunha eufemista do fisiologismo de muitas legendas. Na Bahia, é praticamente a sigla responsável por dar as cartas na oposição, apesar de fingir bem dividir as atenções com os aliados.

 

Wagner é um dos melhores quadros da base aliada de Rui. Foi governador por dois mandatos e é responsável direto pela construção das alianças que garantiram a eleição, a reeleição e a sustentação de Rui Costa no governo. No meio de um mandato de senador, o petista é também o que menos tem a perder. A favor dele, a boa avaliação do período em que esteve em Ondina, ainda que alguns percalços, a exemplo das greves de policiais e professores, possam retornar dos mortos.

 

Contra ele, pesa um fato que se repete no PT em diversos planos: a dificuldade em formar novos quadros, ainda que tenha havido esse esforço com a candidatura de Major Denice em Salvador. Mesmo que nomes como Éden Valadares, presidente estadual do PT, despontem no plano da articulação, os petistas têm problemas históricos em lançar novas figuras a tempo de torná-las competitivas para o pleito. Esse desgaste é natural e independe do próprio Wagner. Até aqui, não houve sinal de que há um sucessor para Rui sendo construído paulatinamente e o perfil centralizador do governador inclusive mostra um caminho diferente.

 

Com esse novo ciclo iniciado, as peças do tabuleiro político local começam a ser mexidas. É cedo para cravar se teremos esse embate entre ACM Neto e Wagner daqui a dois anos. Porém essa disputa parece a mais provável com o retrato do atual momento.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (1º) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: SpotifyDeezerApple PodcastsGoogle Podcasts e TuneIn.

Jacques Wagner comemora surgimento de novos nomes da política e cita João Campos e Marília Arraes como exemplos: "A gente não pode ficar refém do Lula", declarou


Posted: 01 Dec 2020 12:36 AM PST





Do Bahia Notícias

Mesmo o PT não elegendo prefeito em nenhuma das capitais do Brasil nas eleições deste ano, o senador Jaques Wagner (@jaqueswagner) avaliou como positivo o aparecimento de novos nomes no campo da esquerda. 

O parlamentar também sugeriu nesta segunda-feira (30), em entrevista ao apresentador a Mário Kertész hoje, na Rádio Metrópole, que “não vai ficar refém” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "a vida inteira". 

"Parabéns à democracia. Quem ganhou, parabéns. Quem perdeu, que se prepare para a próxima. Só para fechar, não acho, de longe, que teve algum enterro. É evidente que o tempo vai passando e vai se sentindo. O surgimento do Boulos é altamente alvissareira, ou da Manuela ou da Marília, além do João em Pernambuco. São pessoas jovens que estão começando a ter reconhecimento público. Acho ótimo, a gente não pode ficar refém. Sou amigo irmão do Lula, mas vou ficar refém dele a vida inteira? Não tem sentido. É minha opinião sincera, parabéns aos jovens que participaram e ganharam", disse Wagner.

Blog da Noelia Brito

Aliados reprovam declarações de Bolsonaro avalizando denúncias de fraude na eleição dos EUA


Charge do Zé Dassilva (Arquivo do Google)

Valdo Cruz
G1

O presidente Jair Bolsonaro desagradou aliados ao endossar publicamente as denúncias sem provas feitas por Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. As declarações de Bolsonaro foram vistas, inclusive por seus interlocutores, como uma tentativa de desviar o foco dos resultados das eleições municipais, que representaram uma derrota para o presidente brasileiro.

Neste domingo, dia 30, depois de votar, Bolsonaro disse que tinha informações, cujas fontes não iria revelar, de que houve, sim, fraudes na eleição norte-americana. O presidente dos Estados Unidos não apresentou provas de suas denúncias e suas alegações estão sendo derrubadas pela Justiça dos EUA.

VITÓRIA DE BIDEN – Os comentários de Bolsonaro preocupam aliados e também a parte mais pragmática do governo, que defendia, desde o início, que o Planalto reconhecesse a vitória do democrata Joe Biden. Na primeira vez em que falou publicamente sobre o tema, o presidente brasileiro disse ainda não ser o momento de reconhecer a vitória até que sejam esclarecidas as denúncias de fraudes no pleito norte-americano.

“O presidente, ao tentar desviar o foco do resultado da eleição municipal, na qual saiu derrotado, toma uma atitude na qual deixa prevalecer suas relações pessoais em detrimento dos interesses do país, subindo o tom que só vai prejudicar nossas relações com os Estados Unidos de Joe Biden”, disse ao blog um interlocutor do presidente brasileiro.

A ala mais pragmática do governo foi até surpreendida com as declarações de Bolsonaro neste domingo, porque esperava que, pelo menos, ele ficasse em silêncio sobre a eleição nos Estados Unidos até reconhecer a vitória de Biden.

DE OLHO – Na avaliação de assessores, a equipe de Biden está, com certeza, anotando em relatórios o comportamento de Bolsonaro e isso vai pesar nas negociações bilaterais. Para aliados de Bolsonaro, ele perdeu as eleições neste domingo, mas vai entoar o discurso contrário, na busca de amenizar o desgaste gerado pela disputa municipal.

Segundo esses aliados, o fato é que os partidos da base de apoio do governo é que ganharam, enquanto o grupo ligado diretamente ao presidente da República saiu derrotado. No Palácio do Planalto, o discurso oficial é que o resultado mais importante das eleições municipais foi a derrota da esquerda, principalmente do PT.

A equipe direta do presidente segue na linha de tentar manter acesa a disputa direta entre Bolsonaro e o PT, não escondendo que, numa campanha de reeleição, prefere enfrentar novamente os petistas num segundo turno.

Bolsonaro faz papel grotesco ao alardear que as eleições norte-americanas foram fraudadas

 

Bolsonaro barra Folha e outros jornais em primeira entrevista coletiva como  presidente eleito - 01/11/2018 - Poder - Folha

Jair Bolsonaro age sempre de maneira pouco diplomática

Pedro do Coutto

Na tarde de domingo, logo após votar na eleição do Rio, o presidente Jair Bolsonaro. ao responder a uma pergunta de um dos repórteres, afirmou não ter dúvida de que as eleições norte-americanas foram fraudadas, razão pela qual ele aguarda a decisão final da Justiça dos EUA. Com isso ele bateu seu próprio recorde em matéria de equívocos e de investidas excêntricas para dizer o mínimo. A curta entrevista colocada no ar pela TV Globo foi motivada por uma resposta inclusive comentada por William Bonner.

O apresentador da TV Globo dez questão de esclarecer que o presidente da Republica fez esta afirmação sem qualquer prova concreta.

CONSTRANGIMENTO – A observação de Jair Bolsonaro sem dúvida causou mal estar nos EUA, porque sustentar que as eleições foram fraudadas significa que o país não teve capacidade de realizá-las de forma limpa e de punir os fraudadores.

Bolsonaro esqueceu que todos os recursos até o momento acionados pelo residente Trump foram rejeitados pela Justiça. No caso de Michigan, Georgia e Pensilvânia, as recontagens confirmaram a vitória de Joe Biden.

Em consequência, o presidente Donald Trump assumiu um papel incapaz de ser levado a sério e causou perplexidade, não só nos EUA como também nos países cujos presidentes e primeiro-ministros pensam o contrário do que pensam Bolsonaro e Trump.

RIDÍCULO E GROTESCO – Trump  expõe os EUA a uma situação entre o ridículo e o grotesco. Nunca na história americana aconteceu esse tipo de revolta pelos presidentes que não conseguiram se reeleger. Casos de Nixon, em 1960, quando perdeu para Kennedy, tampouco George Bush, que foi derrotado por Bill Clinton, assim como  Jimmy Carter, que perdeu para Ronald Reagan. Portanto, a investida de Trump vai de encontro ao regime democrático e à tradição das campanhas eleitorais para presidente da República.

Joe Biden  inclusive já formou praticamente seu governo, convocando pessoas de sua confiança para postos-chaves da administração. Indicou também a nova representante do país na ONU. A equipe do presidente que assume a 20 de janeiro já se encontra em atividade para traçar o projeto básico para os próximos quatro anos, em transição autorizada por Trump na segunda-feira da semana passada.

CASO DIPLOMÁTICO – Ao afirmar que as eleições pela Casa Branca foram fraudadas o presidente Bolsonaro projetou um quadro anárquico na legislação dos EUA. Sua investida pode criar um grave caso diplomático porque no fundo contém uma desconfiança na capacidade americana de cumprir a lei e a ética.

Na mesma entrevista, o presidente Bolsonaro acentuou que tem desconfiança no sistema brasileiro, no qual as urnas eletrônicas têm um papel decisivo. Mas o ministro Luis Roberto Barroso, presidente do TSE, rebateu indiretamente a desconfiança de Bolsonaro. E acrescentou um toque irônico, ao dizer que Trump envereda por um estranho caminho, que expõe o país a uma reação mundial.

É preciso saber que os freios à política externa de Bolsonaro vêm da iniciativa privada

Posted on 

William Waack
Estadão

É preciso um pouco de paciência, mas a força dos interesses privados brasileiros está conseguindo impor severos limites aos rompantes de política externa do governo Jair Bolsonaro. A “linha” externa foi basicamente subordinar-se a Donald Trump, um erro grotesco do ponto de vista “técnico” de diplomacia e um exemplo já clássico de como a cegueira ideológica conduz a decisões que são pura estupidez.

O agronegócio foi o primeiro a gritar contra a gratuita hostilização de parceiros comerciais no Oriente Médio e na Ásia, seguido de perto por setores modernos industriais e do mundo financeiro em relação a políticas ambientais.

DAR UMA SEGURADA – Os mais novos grupos a entrar no “vamos dar uma segurada” são de setores tecnológicos ligados a telecomunicações e infraestrutura, preocupados com o dano que a hostilidade à China possa trazer a investimentos no 5G.

Especialmente no agro “tecnológico” – aquele que colocou o Brasil como uma superpotência na produção de grãos e proteínas – a postura externa do governo Bolsonaro é vista com consternação e abertamente criticada.

O racha já chegou à relação entre entidades que representam os variados grupos desse setor. Aqueles apelidados de “ruralistas”, e identificados com a soja e a pecuária “primitiva”, continuam apegados à noção de que, sendo o Brasil um campeão na produção de alimentos, não importa o que aconteça ou o que se diga, o mundo continuará comprando aqui.

OUTROS AGENTES – Mas coligação de peso é a que passa pelos bancos, grandes indústrias (química, por exemplo), instituições financeiras (plataformas de investimentos), empresas de ponta no setor digital (aplicação de inovação digital na agricultura, por exemplo), serviços e varejo de massa (por suas ligações com o exterior). Elas se entendem como parte de grandes cadeias internacionais, o que significa levar em grande consideração o que vai pela cabeça de massas de consumidores – e as preocupações de acionistas idem.

Estabeleceram com o presidente do Conselho da Amazônia, o general Hamilton Mourão, uma espécie de interlocução que se faz notar, por exemplo, na maneira como o vice-presidente reagiu ao anúncio de Biden de que retornaria aos acordos do clima de Paris – mais uma vez, a voz de Mourão é abertamente dissonante em relação à de Bolsonaro.

Aliás, na cabeça dos executivos desses grupos a vitória de Joe Biden é vista como uma excelente oportunidade de, pelo menos, restaurar parte das cadeias produtivas globais. E fala-se da China com bem menos hostilidade política.

SEM ISOLAMENTO – Nenhum desses dirigentes admite em conversas particulares enxergar qualquer vantagem no isolamento internacional a que as posturas de política externa de Bolsonaro levaram o País, e simplesmente ignoram o que diz o governo. Olham para os acordos de comércio recentemente assinados na Ásia (abrangendo 30% do PIB mundial e alguns países “ocidentais” como a Austrália, por exemplo) e examinam em grupos nutridos de análise da situação internacional como não perder o bonde (mais um).

Nesse sentido, a anunciada adesão do Brasil à iniciativa americana de “rede limpa” (clean network), que exclui a chinesa Huawei do 5G brasileiro, foi considerada prematura e desnecessária também por militares envolvidos em programas de Defesa – e que não viram na dedicação de Bolsonaro a Trump qualquer vantagem prática em termos de acesso a tecnologias sensitivas (notadamente nos setores nucleares e de mísseis) tradicionalmente bloqueadas por governos americanos, democratas ou republicanos.

FALANDO SOZINHOS – Qual o resultado de tudo isso: será o retorno às deliberações multilaterais (incluindo o acordo de Paris), a moderação na resposta às críticas à política ambiental, mais cuidado no trato com parceiros comerciais importantes na Ásia e Oriente Médio e a reiteração (bem antiga, já) aos que controlam tecnologias de Defesa de que somos internacionalmente “adultos e responsáveis”.

Em outras palavras, é deixar a área externa do governo, incluindo filhos, assessores e alguns ministros de Bolsonaro, falando sozinhos.

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