Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

domingo, junho 18, 2006

Educação Ambiental e currículo escolar

Por: MARA REJANE OSÓRIO DUTRA
Mestre em Educação UFPEL; Professora da FURG e Educadora e coordenadora do Centro de Estudos Ambientais de Pelotas/ RS


Este texto[1] tem por objetivo discutir a relação entre Educação Ambiental e os currículos escolares, a partir de contribuições dos estudos pós-estruturalistas que, nos últimos, anos vêm problematizando a questão do currículo e suas implicações produtivas.
Parto, neste trabalho, da concepção de que os professores, a partir de diferentes discursos que os interpelam, produzem um currículo específico de EA.
Para desenvolver minhas reflexões, organizarei o texto da seguinte forma: inicialmente, apresentarei minhas escolhas teóricas, visto que toda pesquisa está ancorada numa perspectiva que oferece instrumentos e significados compreendidos como importantes para olhar um determinado objeto de estudo. Logo após, apresento algumas considerações baseadas num estudo realizado por mim entre 2002 e 2004. Neste estudo, tratei dos discursos sobre práticas pedagógicas de EA mobilizadas por onze professores de cinco escolas municipais de Pelotas/RS.
Estudos sobre o currículo: conceitos centrais
Os estudos sobre o currículo que seguem a corrente pós-estruturalista trouxeram contribuições que proporcionaram compreender os currículos escolares em suas ações produtivas. Ou seja, passaram a salientar que os currículos produzem “coisas” e que os currículos representam muito mais do que uma simples e desinteressada organização de conhecimento (Silva, 1999, Corraza, 2001, Garcia s/d). Currículo passou a ser compreendido como política cultural, como política de representação e como prática discursiva. Esses estudos, assim, demonstraram que os currículos são importantes mecanismos de produção e fabricação de culturas, de comportamentos, de identidades, e de valores que interpelam os sujeitos a quem se dirigem.
Como política cultural, o currículo é entendido como um artefato disputado. Grupos, sujeitos e instituições que participam dessa disputa desejam materializar, nos currículos, certos aspectos da cultura considerados, por eles, mais importantes, mais corretos, e mais normais, que outros. Como política de representação, o currículo é luta por definir e representar certas concepções de conhecimento e de cultura que têm como intenção produzir sujeitos e condutas específicas. E, como prática discursiva, o currículo define papéis, autoriza e desautoriza determinadas representações do mundo, hierarquiza conhecimentos, valoriza certos sujeitos, temas, grupos sociais e suas formas de vida e exclui outros tantos. Portanto, o currículo é um espaço de lutas e de conflitos que se acionam em torno dos diferentes significados sobre o social e o político. Nesse espaço, grupos expressam, através dos saberes e dos discursos, sua visão de mundo, seu projeto social e sua verdade sobre as coisas, instituindo os objetos de que falam e os sujeitos que interpelam (Silva, 1999).
Essas categorias rompem com idéias conservadoras sobre o currículo, quais sejam, concepções de currículo como grade, lista ou repertório de conhecimentos fixos, naturais e desinteressados que devem ser transmitidos aos alunos. Também, essas categorias nos chamam à atenção para o fato de que não há neutralidade nem desinteresse na seleção e materialização de saberes e conhecimentos que são organizados na escola; tampouco o currículo é um conjunto de conhecimentos que, simplesmente, aparece nos textos curriculares. O currículo é, antes de tudo, uma fabricação social caracterizada por um processo social de concorrência entre diferentes interesses que objetivam produzir e fortalecer aqueles conhecimentos sociais e culturais que entendem serem os mais válidos, os mais importantes a serem oferecidos aos estudantes (Silva, 2003).
Um currículo turístico
Atualmente é possível observar que uma série de grupos disputa os currículos escolares com objetivo de materializar certas concepções de EA (empresas, ONGs, mídia, governos, etc.). São diversas propostas de recursos para projetos, materiais pedagógicos, atividades, experiências, prêmios, panfletos e manuais que são constantemente apresentados como propostas às escolas e a seus professores. Alguns destes materiais tornaram-se subsídios importantes para as práticas educativas dos professores.
Os professores ao entrarem em contato com esses discursos produziram um tipo de Educação Ambiental que caracterizei como “currículo turístico”. Um tipo de currículo que, segundo Santomé (1995), teria as seguintes características principais: a trivialização; a superficialidade e a banalidade dos temas; a tendência a ter um estilo que se aproxima de algo como suvenires.
Nesse tipo de currículo, as experiências escolares de EA acontecem esporadicamente: são trabalhos ocasionais, restritos a dias especiais e comemorativos nos quais, os alunos fazem exposições e gincanas em que, geralmente, competem e ganham prêmios por recolherem garrafas PET, embalagens, papel, vidros, apresentam painéis com definições de flora e fauna ou sobre poluição da água, do solo e outras. Fazem, ainda, os mutirões de recolhimento de lixo com o objetivo de mostrar problemas como aumento e o desleixo, em termos do destino final do lixo e, também, realizam visitas a áreas de preservação (geralmente munidos de uma parafernália de enlatados, chips, refrigerantes...), atividades que se parecem muito com uma atividade meramente recreativa, num local diferente da sala de aulas. Essas atividades não envolvem leituras de textos, explicações e discussões; a atividade é realizada diante da concepção da auto-reflexão, da auto-informação, do esclarecimento pela apreciação da realidade que ali se mostra.
Na impossibilidade de organizarem estas atividades, algumas escolas procuram entidades ambientalistas ou órgãos governamentais que tratem da questão ambiental e que promovam atividades de EA nas escolas. Os trabalhos que mais se destacam nestas ações são trabalhos como oficinas de sucatas (onde os alunos aprendem a fazer brinquedos, jogos, enfeites com papel e garrafas plásticas), teatros, danças (que se orientam, geralmente, por sons e letras que falam da natureza) e recolhimento de resíduos sólidos em alguns locais. Passados os dias comemorativos, a escola volta às suas tarefas cotidianas e, quando muito, continua com o processo de separação de resíduo sólido e a sua venda por parte das escolas.
Nestas atividades os conhecimentos ambientais são fragmentados, limitados, e as relações históricas e políticas da construção e produção dos problemas ambientais permanecem intocadas. Ao não se discutirem os conceitos, os valores e os sentidos das relações sociais, econômicas e políticas e as implicações destas com os temas ambientais, os professores, quando muito, conseguem orientar para certos procedimentos descontextualizados.
Um fato significativo destas ações desenvolvidas nas escolas é a separação e venda de lixo limpo. As escolas, diante de suas dificuldades, vêm sendo seduzidas por ofertas de seletividade de resíduos e se tem observado, em alguns momentos, que os recursos provenientes das vendas desses resíduos têm-se sobreposto ao ato educativo. Não se trata de educar sobre o lixo e sobre os problemas sociais e ambientais, de que o tema poderia tratar, mas de recolher muito lixo, trazer para a escola, vender e produzir recursos extras. Além disso, as escolas acabam fortalecendo o consumismo e, consequëntemente, mais geração de resíduos, algumas trocam os resíduos por nota ou prêmios. Desta forma, os alunos procuram e, as vezes, pressionam os pais para comprar certos produtos que, em outras situações, não seriam consumidos por suas famílias.
No entanto, isso não acontece por má vontade ou desinteresse dos professores. Algumas questões devem ser observadas uma de ordem interna a organização escolar e outra de ordem externa. Internamente, a EA ocupa posição desprestigiada nos currículos, existe uma forte tradição disciplinar e pouca oferta de formação de professores para tratar dos temas ambientais. Fora da escola, outros fatores também ajudam a fortalecer o currículo turístico. Entre eles, é possível citar as atividades desenvolvidas por secretarias de meio ambiente, ONGs e empresas que buscam, nas escolas, meios de fortalecerem suas iniciativas e interesses. Ao fazerem isso, colocam, para a escola, uma série de representações e sentidos sobre as questões ambientais e sobre a EA, as quais acabam atravessando os modos de pensar e agir dos professores e, por conseqüência, as atividades que eles produzem.
Nesta relação o que acaba acontecendo é que nas escolas, a EA acaba existindo graças à boa vontade e disposição de alguns professores e como objeto de áreas de conhecimento ou disciplinas que são consideradas mais próximas da natureza. Neste caso, e levando-se em consideração as escolas estudadas, os professores falam em EA com dois sentidos diferentes. De um lado, é relacionada com as disciplinas de Ciências, Geografia e áreas a fins, embora, em termos de conhecimentos científicos, os professores dessas escolas entendem que existe uma relação mais estreita da EA com os conteúdos definidos, principalmente, para a área de Ciências. De outro lado, a EA se resume especificamente a procedimentos e ações (projetos de seletividade de lixo, plantios de árvores...) pouco vinculadas a essas disciplinas ou áreas.
Essa afinidade entre EA e ciências é também característica das políticas públicas educacionais, os próprios Temas Transversais reafirmam essa concepção quando admitem que as disciplinas que mais se “identificam como o tema ambiental seriam as ciências naturais, geografia e história; às demais disciplinas, cabe a condição de contribuintes eventuais ao desenvolvimento da EA na escola”. (Dutra, 2005). Em vários momentos, nos textos deste guia curricular, a disciplina de Ciências é colocada como um campo fértil de entendimento dos temas ambientais.
Como as definições acerca dos saberes específicos de EA ainda não vêm sendo muito discutidas e problematizadas nos espaços escolares, prevalece à força da tradição curricular que se caracteriza por uma concepção biologicista e cientificista da natureza que vem se pautando, por exemplo, na classificação, hierarquização e observação das espécies da flora e da fauna e do corpo humano.
Esses fatores conjugados fortalecem cada vez mais o desenvolvimento do currículo turístico, um tipo de currículo que é mobilizado no espaço escolar de diferentes maneiras. Os discursos e as práticas que produz são ofertados aos alunos, pais e comunidade escolar em geral. Portanto, são processo de fabricação de significados e representações que apresentam um único caminho a seguir; ao fazer isso, impede outros.
Creio que a luta para dar conta da transformação deste tipo de currículo (tanto na escola como na universidade) envolve entendê-lo como um arranjo, como uma produção humana que se configurou a partir de certos pensamentos, de certas necessidades sociais. Assim, se o currículo é uma produção, precisamos entender que ele pode ser novamente produzido e transformado. No entanto, essa transformação exige, no mínimo, a transformação dos modos como se compreendem os currículos. Envolve tratar o currículo como envolto em relações de poder (Foucault, 2004), como um artefato de produção de significados e representações culturais, como um artefato discursivo de produção de identidades, e como instituidor de condutas e comportamentos específicos. Transformar um currículo escolar seja ele na universidade ou nas escolas, exige, entre outras coisas, questionar qual política cultural queremos implantar, quais vozes que queremos privilegiar, sempre admitindo que o currículo é lugar de produção e de fabricação de discursos representações e significados (Garcia, mimeo, s/d). Isto porque o currículo cria e produz identidades, significados e modos de agir que interpelam uma série de sujeitos. Portanto, discutir, repensar, questionar, desestabilizar o currículo turístico e a EA que desenvolve é politicamente e culturalmente questão urgente e necessária.
Concluindo, gostaria de reiterar, neste texto, o que venho afirmando constantemente:
Meu desejo é que este texto possa ser considerado como um bom motivo para reflexão sobre o poder docente, sobre os currículos e, principalmente, sobre a EA, que mesmo estando nas escolas em condição menos nobre do que outros temas considerados mais importantes, vem produzindo significados e representações, as quais marcam e atravessam os modos de pensar e agir de alunos e da comunidade escolar. Espero que essa problematização seja produtiva no sentido de que possa, no mínimo, ser um bom pretexto para desencadear boas perguntas e outros olhares sobre o que acontece nas escolas (DUTRA, 2005:130).
Não existem receitas, mas a discussão é necessária. Se quisermos realmente uma EA com condições efetivas de transformação de uma realidade atual há que se fazer escolhas e as escolhas, acredito, exigem reflexões, discussões e trocas.
__________
[1] Este texto é parte adaptada de minha dissertação de mestrado com o título “Professores e educação ambiental: uma relação produtiva”.

http://www.espacoacademico.com.br -

O VELHO ESTILO MALVADEZA

Por: Leandro Fortes (Carta Capital)

Acusado de usar um amigo como testa-de-ferro, ACM parte para a ofensa

O reinado carlista na Bahia, quase sempre sob controle, vive momentos de grande alvoroço às vésperas do período eleitoral. À decisão do PSDB local de não se aliar ao PFL dominado pelo senador Antonio Carlos Magalhães juntou-se mais uma saraivada de denúncias que envolvem o clã de ACM. No olho do furacão está o publicitário preferido do senador, Fernando Barros, dono da Propeg e das principais contas publicitárias do governo da Bahia e dos fiéis seguidores do carlismo. Acusado pelo deputado estadual Emiliano José, do PT, de usar Barros como testa-de-ferro em negócios escusos, ACM reagiu com a virulência de costume: chamou o adversário de "canalha" e, é claro, botou a mãe no meio. Iniciou-se, então, uma troca de insultos, via fax, com papéis timbrados da Assembléia Legislativa da Bahia e do Senado Federal.
Farpas.No diálogo de alto nível que se seguiu à denúncia, sobrou até para a mãe do deputado EmilianoEmiliano também levantou, junto à Secretaria de Fazenda da Bahia, que Antonio Carlos Magalhães Júnior, filho e suplente de ACM no Senado, era sócio de pelo menos duas empresas ligadas a Fernando Barros. ACM Júnior, aliás, segundo cadastro da mesma secretaria, aparece como sendo ou tendo sido sócio de 54 empresas no estado. Apesar da documentação apresentada pelo deputado petista, o senador Antonio Carlos, de Brasília, vociferou por meio de um fax. Negou ter sociedade com Fernando Barros, assim como o filho, Júnior. E mandou ver: “Inclusive, se o sr. encontrar alguma cota, passo-as para a senhora sua mãe, a fim de que lhe sirva como herança no seu triste fim de vida”. A resposta de Emiliano veio no mesmo tom. “Não me ameace porque, se não tive medo de quando Vossa Excelência era um rastejante bajulador que se escondia por trás da ditadura militar, quanto mais agora, que não é mais que um ex-coronel fracassado, que saiu pela porta dos fundos para não ser cassado”, escreveu o deputado petista. “Não cite minha mãe em sua boca suja, nem minta sobre a presença do nome de seu filho Antonio Carlos Peixoto Magalhães Júnior.” O que primeiro despertou a ira de ACM foi um pronunciamento de Emiliano, na quarta-feira 26, no plenário da Assembléia, contando a história de uma suposta negociata. De posse de diversos documentos, o parlamentar relatou que, em 1999, uma empresa de Fernando Barros tornou-se dona de uma área de 230 mil metros quadrados no litoral da Bahia, na região da Base Naval de Aratu, próximo a Salvador. A empresa dele envolvida no negócio, conhecida como Grupo TPC (Terminal Portuário Cotegipe), tomou posse do lugar, após incorporar uma outra companhia, a Creso Amorim, esta, sim, vencedora da licitação anterior da área. Os terrenos envolvidos estão situados em pontos geográficos de nomes emblemáticos: “Ponta do Fernandinho” e “Ponta do Criminoso”. No ano seguinte, em outubro de 2000, a TPC começou a negociar com a empresa Moinhos Dias Branco uma sociedade para implantação e exploração do terminal portuário. Para tal, prometeu vender o terreno concessionado à Creso Amorim. A promessa de venda feria o contrato de concessão firmado com a Marinha, mas isso não foi levado em conta. Para tal, chegou-se a uma solução mirabolante: o estado da Bahia resolveu comprar a área da TPC por intermédio da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic). Trata-se de uma negociação estranha com terras públicas da União. A compra foi feita em três fases, a partir de 14 de agosto de 2000, e resultou na transferência, sem qualquer licitação ou concorrência pública, de áreas adquiridas pelo governo baiano para a iniciativa privada. A primeira fase englobou uma área de 81.885,34 metros quadrados, adquirida pelo estado da Bahia por 663 mil reais. Em 7 de maio de 2001, a Sudic revendeu o mesmo terreno para a Moinhos Dias Branco – em sociedade com a TPC de Fernando Barros – por 22,6 mil reais. Apenas nessa operação, os cofres baianos tiveram um prejuízo estimado de 640,3 mil reais.
Digitais.O deputado Emiliano José exibiu documentos que apontam vínculos da família de ACM com empresas de Fernando BarrosOutras duas transações, firmadas nos dias 5 e 15 de abril de 2002, resultaram numa transferência de terras para a dupla TPC - Moinhos Dias Branco de 395 mil metros quadrados – ou seja, 165 mil metros quadrados ou 72% acima da área inicialmente concedida para o terminal portuário. Um tipo peculiar de negociação de terras públicas que não passou incólume aos olhos da Gerência de Patrimônio da União, onde um processo foi aberto para se argüir a nulidade da alienação do terreno, ocorrida em área de domínio pleno da Marinha. O grupo de Fernando Barros também passou a atuar na exploração do terminal portuário vizinho ao de Aratu, conhecido como Porto de Ponta da Laje. O terminal foi um empreendimento construído, por 24 milhões de reais, pelo governo da Bahia para garantir a presença da multinacional Ford no estado. É por lá que a montadora exporta os veículos produzidos na fábrica de Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador. Lá, a TPC opera como provedora logística da Ford. Nos últimos cinco anos, o Grupo TPC ramificou-se em uma grande quantidade de empresas. Entre elas: C. Port Porto Cotegipe, Terminal Portuário Cotegipe, TPC Operador Logístico, Pronto Logística, Pronto Express, Pronto Express Logística, Porto Cotegipe Logística, Cosmo Express e Modal Serviços Retroportuários, todas sócias entre si. Esse expediente pode ser usado para dificultar o rastreamento contábil e fiscal de grupos empresariais. Mas é justamente na análise dessas companhias que se acha uma ligação ainda mais explícita entre Fernando Barros e o clã dos Magalhães. Até 2003, um dos filhos do senador ACM, o professor Antonio Carlos Magalhães Júnior (pai do deputado ACM Neto, do PFL), era sócio de duas das empresas englobadas pelo Grupo TPC: a Cosmo Express e a Pronto Express. Compradas por Fernando Barros, as empresas deixaram, imediatamente, de ter o nome de ACM Júnior no quadro societário. Suplente do pai no Senado Federal, Júnior chegou a ser titular do mandato quando, em 2001, ACM renunciou para não ser cassado por envolvimento na quebra ilegal de sigilo do painel eletrônico da Casa. A última investida do Grupo TPC foi também em 2003, quando tentou levar para o Terminal Portuário de Cotegipe todo o escoamento de grãos, sobretudo soja, produzidos na Bahia. O grupo de Fernando Barros tentou derrotar, na Justiça, a empresa multinacional Bunge Alimentos, vencedora da concorrência pública realizada pela Companhia de Docas da Bahia (Codeba). Pelos termos do contrato, a Bunge ganhou o direito de exportar os grãos baianos pelo Porto de Aratu. A TPC perdeu, mas o senador César Borges (PFL-BA), governador do estado na época de todas as transações do Grupo TPC, garante que tudo não passa de “tramóia do PT”. O discurso de Borges é afinado com o de ACM, de resto, chefe político dele, do atual governador da Bahia, Paulo Souto, e de todo o PFL baiano. No segundo fax enviado ao deputado Emiliano José, além de nova referência à mãe do parlamentar, Antonio Carlos foi direto ao cerne da questão. Destilou fel ao referir-se à Bunge, segundo ele, “multinacional que deseja o monopólio da produção de grãos, a fim de prejudicar os verdadeiros produtores baianos”. Segundo o senador, o PT baiano teria se valido do contrato com a Bunge para se locupletar. O troco de Emiliano, chamado outra vez de “canalha”, veio de bate-pronto. “Canalhice é a sua triste história política que envergonha a Bahia”, escreveu o deputado. “Lambe-botas dos militares, enriqueceu à custa de recursos públicos”, disparou. O grupo carlista tem outro desafio, além do de responder às acusações de irregularidade na administração pública estadual. Capitaneado pelo deputado Jutahy Magalhães Júnior, o PSDB baiano decidiu se aliar ao PDT, partido do prefeito João Henrique, filho do candidato da sigla ao governo, o ex-governador e ex-aliado de ACM, João Durval. Paulo Souto declarou que, caso seja hostilizado pelos tucanos da Bahia, poderá, isoladamente, não apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência. Mas, como tudo no PFL baiano, a reação de Souto vai depender mesmo da vontade do senador Antonio Carlos. Além disso, outro fato recente serviu para aumentar o embaraço do clã dos Magalhães. O Correio da Bahia, jornal da família de ACM usado, sem camuflagem, para detonar desafetos políticos e pessoais do senador, foi condenado a pagar 3 mil salários mínimos (mais de 1 milhão de reais) ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral baiano, desembargador Carlos Alberto Cintra. Acusado de “dono do Judiciário prostituído” por ACM, Cintra tornou-se alvo do senador ao interromper, há duas eleições, a influência do pefelista dentro do Tribunal de Justiça da Bahia. No último pleito, o desembargador Benício Figueiredo foi eleito com o apoio de Carlos Alberto Cintra, após vencer, com larga diferença, o desembargador Eduardo Jorge Magalhães, irmão de ACM. Na sentença que condenou o Correio da Bahia, o juiz Clésio Carrilho Rosa assinalou: “Por motivos estranhos, ocultos e alheios aos autos, o periódico (Correio da Bahia) demonstra pretender atacar, abertamente, a figura, a imagem e a honra de integrantes do Poder Judiciário baiano”.

O sistema político está podre

Por: Nelson Breve (Carta Maior)

A corrupção tem muita semelhança com as doenças contagiosas. Pode estar presente em qualquer lugar. Seus agentes estão sempre rondando organismos saudáveis e impregnando ambientes desprotegidos. Ela testa as resistências, procura vulnerabilidades e, quando a guarda baixa, captura sua vítima sem piedade. O desejo e a ambição proporcionam o clima ideal para sua propagação. Sexo, poder e dinheiro são sua base de alimentação.O sistema de representação político-partidária do Brasil está podre. Não adianta trocar as frutas, porque o foco de contaminação está no cesto. Historicamente, as campanhas eleitorais são financiadas por quem tem interesse em negócios que os governos municipais, estaduais ou federal podem prejudicar ou favorecer. Portanto, quem manda no Erário, nas licitações, nas regulamentações, nas decisões estratégicas e na fiscalização da sociedade tem mais facilidade para arrecadar recursos de campanha e arregimentar apoios.As contrapartidas desses apoios podem ser legítimas ou ilegítimas. Legais ou ilegais. Morais ou imorais. Éticas ou antiéticas. Explicáveis ou inexplicáveis. Mas é sempre bom ter em mente que não existe almoço grátis. Alguém está fazendo um investimento a fundo perdido na expectativa de ter o retorno em algum momento futuro – ou recompensando algum favor obtido no passado. E os ciclos eleitorais fazem todos perderem de vista o ponto de partida: o apoio financeiro na campanha é para agradecer alguma ajuda ou adiantamento por algum favor a ser prestado?A partir daí, são construídas redes de solidariedade, que se transformam em forças de apoio, que montam grupos operacionais, que organizam estruturas, com vistas a disputar e acumular mais e mais poder. Dentro de uma organização partidária, no Estado ou na sociedade. Isso é assim desde o início da civilização. Em alguns períodos prevalece a força física, em outros a intelectual, em outros a potência bélica, em outros a potência de difusão e em outros o poder econômico.Quando se olha para o quadro de doadores de campanha, verifica-se que as empreiteiras de obras públicas (grandes, médias e pequenas) são as principais doadoras junto com os bancos. O que elas querem? Ganhar licitações de obras novas ou receber pela construção de antigas, tendo o maior lucro possível para disputar obras mais rentáveis. O que os bancos querem? Não ser surpreendidos com decisões que diminuam seu patrimônio e lucrar o máximo com a intermediação financeira.O que querem os fornecedores de programas de informática, serviços terceirizados, equipamentos diversos, combustíveis, automóveis, papel, café e sabe-se lá mais o quê? Querem vender para o Estado, que quase sempre é um ótimo cliente, tendo o maior lucro possível. O que querem as empresas capitalizadas por fundos de pensão de estatais? Continuidade ou aumento do apoio financeiro para investimentos ou exibição de robustez, que resulte na expansão dos negócios, gerando mais lucros.A partir da redemocratização do país, com o passar do tempo, as campanhas eleitorais foram ficando cada vez mais caras. Pesquisas, analistas, marqueteiros, logística, material gráfico, comunicação, brindes, bandeiras, camisetas, combustível, transporte, alimentação, cabos-eleitorais, propaganda etc. E o sistema de voto uninominal (quando o voto no candidato organiza a ordem de eleitos) nas eleições para deputados e vereadores, complica mais a situação, pois coloca os candidatos de um mesmo partido ou coligação disputando uns contra os outros, em uma campanha antropofágica.O ciclo que aproxima poder e corrupção não tem fim. Recursos públicos e privados abastecem as tesourarias dos grupos políticos, que, estando no poder, ajudam seus patrocinadores a abrir passagem no caminho de acesso aos recursos públicos e privados. Ajustando o ciclo, pode-se dizer que os grupos políticos recorrem aos recursos dos financiadores de campanha para permanecer ou alcançar o poder, o que lhes permite abrir passagem para que os patrocinadores sejam recompensados com o acesso aos recursos públicos e privados.Para exercer o poder no Estado Republicano é preciso compor maiorias legislativas. Desde que foi restabelecida a democracia no país, nenhum agrupamento político conseguiu formar maioria parlamentar sem o auxilio de coalizões. Hoje, nenhum partido consegue eleger mais do que 20% dos representantes do povo no Congresso Nacional.A formação das maiorias exige a partilha do poder entre grupos distintos. Às vezes, antagônicos. Em governos anteriores tal partilha tinha como base as estruturas de ministérios, com suas respectivas empresas estatais e fundos de pensão. Loteava-se o governo em áreas, e cada partido ou agrupamento político operava seus esquemas de financiamento no interior dos respectivos feudos.A operação dos esquemas passa pelo preenchimento dos cargos locais, que atuam no varejo dos municípios e estados. Estabelecendo a ligação de clientelismo com prefeitos, vereadores, deputados estaduais, organizações sociais e o empresariado local. E passa, também, pelo preenchimento de cargos estratégicos da administração federal, que atuam no atacado. Comando de órgãos repassadores de recursos, diretorias financeiras de estatais, áreas responsáveis por contratações de grande porte e áreas de fiscalização.A relação de clientelismo no atacado transforma grandes fornecedores em potenciais financiadores das estruturas partidárias nacionais – dirigentes e bancadas no Congresso. A coleta e o repasse são feitos por tesoureiros invisíveis, que, muitas vezes, estão enraizados na própria estrutura do Estado. E é difícil substituí-los, pois eles têm extrema mobilidade para obter apoios suprapartidários. Essa suposta configuração imaginária de nível nacional se reproduz na mesma proporção nos estados e municípios. A partir de um relatório apresentado por especialistas em administração pública ligados ao PT, logo após a vitória de Lula na eleição de 2002, a cúpula do novo governo decidiu romper com essa lógica. A ordem era manter os cargos estratégicos nas mãos de pessoas de confiança do partido e dividir com os aliados os menos relevantes. Era a partilha horizontal da administração, que pode ter sido o movimento que desencadeou o processo de desestruturação das máquinas arrecadadoras dos agrupamentos políticos que estavam na coalizão do governo anterior e decidiram permanecer após a troca de comando federal.Ao separar os grupos políticos de seus financiadores, o governo colocou em risco a formação da maioria parlamentar. O escândalo do mensalão pode ter sido o subterfúgio para compensar as perdas, que reduziriam a competitividade dos aliados de ocasião nas disputas eleitorais nos municípios, em 2004. A tentativa de substituição de um tesoureiro invisível, enraizado desde o governo anterior, que vinha escorado em dirigentes do PT, do PP, do PL, do PMDB e até em ilustres tucanos e pefelistas, pode ter sido a gota que transbordou o balde, revelando como as coisas funcionam há muito tempo na política e na administração pública. Esse sistema podre vai permanecer qualquer que seja o resultado da eleição deste ano. No mínimo, será restabelecida a partilha vertical, que é mais eficaz para acobertar os esquemas. O presidente eleito ou reeleito precisa ter em mente que só uma reforma política ampla e séria pode remover a nódoa que impregnou a sociedade com o cheio infecto da corrupção. Essa reforma começa, no mínimo, com o financiamento público exclusivo de campanhas e o voto em lista partidária fechada. Mas deve incluir, também, uma reforma do Estado para torná-lo mais transparente e permeável à participação democrática da sociedade organizada

Empresa do artista Ara Ketu é condenada a pagar R$ 250 mil de indenização

Akaketu Produções Artísticas, empresa proprietária do Bloco Ara Ketu, foi condenada a pagar indenização no valor de R$ 250 mil por danos morais e materiais a um folião agredido durante o evento Beach Folia, realizado em 2002, em Lauro de Freitas, a 30 kms.de Salvador (BA). A decisão é da juíza Maria de Fátima Silva Carvalho, da 16ª Vara Cível de Salvador. A reportagem do site A Tarde On Line informou que entrou em contato com a diretoria do bloco, que ainda não havia sido informada sobre o assunto, mas adiantou que vai recorrer da decisão. O folião entrou com ação contra a empresa, alegando ter sido agredido por seguranças do bloco durante a festa. Foi colhida prova oral. A juíza entendeu que houve dano moral e material, já que o folião passou por situação vexatória diante de terceiros, teve a moral violada, além de sofrer agressão física. A vítima precisou de tratamento médico e odontológico, além de ter ficado impossibilitada de exercer atividades habituais e trabalhar por mais de 90 dias, por causa das agressões. O autor da ação alegou que foi agredido pelos seguranças ao tentar atravessar o bloco para chegar ao outro lado da rua. As agressões causaram fratura da mandíbula e outras lesões graves, corrigidas através de cirurgia. As agressões teriam sido ordenadas por um conselheiro do bloco.
Fonte: Site Espaço Vital

Jeremoabo

Por: Correio de Sergipe (o7.05.2005)

Jeremoabo
O presidente do PMN, Nelson Araújo, ficou impressionado com o tamanho de uma fila na cidade de Jeremoabo (BA). Havia pessoas pobres, mas a maioria sorridente e bem vestida.
Nelson parou e perguntou a uma jovem loira a razão da fila: “é o Bolsa Família”, respondeu. Nelson acha que o governo federal tem que rever a quem o programa está atendendo.

Cafu se iguala a Dunga e Taffarel como recordista de jogos em Copas

Por: Folha Online


O lateral-direito Cafu, 36, se igualou neste domingo, na vitória contra a Austrália por 2 a 0, em Munique, pelo Grupo F da Copa do Mundo, aos ex-jogadores Dunga e Taffarel como recordista de partidas pela seleção brasileira em Mundiais --todos com 18.Único jogador a participar de três finais de Copas (1994, 1998 e 2002), Cafu disputou seu primeiro jogo pela competição contra os EUA, nas oitavas-de-final do Mundial-1994, quando entrou no lugar do meia Zinho.Em 1994, o lateral também participou da partida contra a Holanda, nas quartas-de-final, e da final, contra a Itália. Em 1998, quando o Brasil foi vice-campeão, Cafu participou de seis dos sete jogos --não atuou na semifinais contra a Holanda.O grande momento do lateral foi em 2002, quando foi o capitão do time de Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato. Ele esteve em campo nas sete partidas da seleção no Mundial da Coréia do Sul e Japão.

Brasil volta a jogar mal, mas vence e se classifica na Copa do Mundo

Por: EDUARDO VIEIRA DA COSTAEditor de Esporte da Folha Online, em Munique

O Brasil novamente venceu sem convencer na Alemanha. Após 90 minutos de um futebol pouco inspirado, a seleção fez 2 a 0 na Austrália, com gols de Adriano e Fred, e, mesmo sem a criatividade imaginada antes do início do Mundial, garantiu por antecipação sua passagem à segunda etapa do torneio.Tendo atingido seis pontos na classificação do Grupo F, o Brasil pode ser alcançado apenas pela própria Austrália na última rodada da primeira fase e por isso já está garantido entre os 16 melhores times do Mundial. Para confirmar o primeiro lugar da chave, precisa de um empate contra o Japão, na próxima quinta-feira.No jogo de hoje, o Brasil começou ameaçando ter uma atuação melhor do que na estréia, quando Kaká fez boa jogada com Ronaldo e quase abriu o placar aos 3min. Porém, depois disso, o time se perdeu em campo e não conseguiu criar boas jogadas durante todo o restante do primeiro tempo.Enquanto isso, a Austrália, com um eficiente sistema defensivo, anulava os principais jogadores brasileiros, mas não tinha sucesso nas tentativas de chegar ao gol de Dida por meio de chutes de fora da área.Na volta à segunda etapa, aos 4min, o Brasil conseguiu fazer o seu gol. Ronaldo recebeu pela esquerda do ataque e passou para Adriano, que ajeitou e chutou de esquerda, sem chances para o goleiro australiano.Depois disso, porém, voltou a jogar mal, sem criar qualquer problema à defesa australiana e chegando a ser vaiado pela torcida. Enquanto isso, quem criava chances para o empate era a Austrália, beneficiada por falhas no setor defensivo brasileiro.Até o final da partida, o que se viu foi uma Austrália partindo para o ataque, mas esbarrando na falta de opções ofensivas. No final do jogo, porém, foi o Brasil que ampliou o placar. Num contra-ataque aos 45min, Fred, que acabara de entrar, tocou para Robinho na direita e partiu para dentro da área. Após Robinho acertar a trave, a bola sobrou para o mesmo Fred, que apenas completou para o gol, fechando o placar.O jogoO Brasil partiu para o ataque no início e, aos 3min, numa boa troca de passes entre Kaká e Ronaldo, o meia do Milan chutou forte com o pé direito, de fora da área, e a bola passou perto da trave direita do goleiro Schwarzer.Aos 10min, depois de uma falta violenta em Ronaldo pela direita, Roberto Carlos disparou forte, mas a bola foi longe do gol australiano. Apesar do maior tempo com a posse de bola, o Brasil não conseguia se impor e a Austrália, marcando bem, equilibrava a partida e chutava mais ao gol.O Brasil repetia a fraca atuação da estréia, contra a Croácia. Os jogadores eram mal-sucedidos na tarefa de se livrarem da marcação adversária e não criavam perigo ao goleiro Schwarzer.Num lance emblemático do desempenho brasileiro na primeira etapa, Ronaldinho passou para Kaká e este tocou, pelo alto, para Ronaldo. O atacante preparou o chute e nem sequer conseguiu acertar a bola, facilitando o trabalho da defesa australiana. Antes do final dos primeiros 45 minutos, ainda houve tempo para Bresciano assustar Dida, num tiro de fora da área.Logo no começo do segundo tempo, aos 4min, o Brasil conseguiu abrir o placar. Ronaldo recebeu pela esquerda do ataque e tocou para Adriano. O atacante ajeitou e mandou rasteiro, no canto esquerdo, sem chances para Schwarzer. Na comemoração, Adriano e seus companheiros dedicaram o tento ao filho recém-nascido do atleta da Inter de Milão, Adriano Jr.Depois disso, no entanto, a seleção brasileira voltou a jogar mal e permitiu ao adversário algumas chances. Aos 11min, após um cruzamento despretensioso, Dida saiu muito mal do gol e a bola sobrou livre para Kewell, que chutou para fora.Apenas aos 25min, em uma jogada individual de Kaká, o Brasil voltou a ameaçar. O meia partiu do meio-de-campo, driblou um defensor e, já dentro da área, chutou cruzado, para defesa de Schwarzer.Aos 27min, Parreira fez as duas primeiras alterações no time, colocando Gilberto Silva e Robinho nos lugares de Emerson e Ronaldo, respectivamente. O time melhorou e, aos 32min, Robinho quase fez o segundo, em duas oportunidades seguidas, a primeira em uma jogada com Adriano e a segunda após cobrança de escanteio realizada na seqüência.Aos 34min, Dida impediu o empate, defendendo bem um chute de Bresciano, pela direita da grande área. Três minutos depois, Kaká acertou o travessão australiano, completando escanteio batido por Ronaldinho.A Austrália voltou a criar chances, mas num contra-ataque aos 45min, Fred, que acabara de entrar no lugar de Adriano, tocou para Robinho na direita e partiu para dentro da área. Robinho chutou, a bola desviou no goleiro australiano e acertou a trave. Na sobra, Fred apenas completou, fazendo 2 a 0 e fechando o placar.

Medicamento sintético de maconha volta ao mercado nos EUA

Por: Estadao

O tetrahidrocanabinol, ou THC, ajuda a controlar o vômito e a náusea que acompanham a quimioterapia
AP
WASHINGTON - Dezessete anos depois de ter sido retirada do mercado americano, uma versão sintética do ingrediente ativo da maconha está voltando às prateleiras como tratamento, sob receita, para o vômito e a náusea que acompanham com freqüência a quimioterapia, divulgou seu fabricante nesta terça-feira.
A Valeant Pharmaceuticals International espera começar a vender o Cesamet nas próximas duas ou três semanas, disse o presidente da empresa, Wes Wheeler.
A empresa recebeu a aprovação da Administração de Medicamentos e Alimentos (FDA) na segunda-feira para recomeçar as vendas do produto, que ela comprou da Eli Lilly and Co. em 2004. A Valeant vende atualmente o medicamento, também chamado de nabilona, no Canadá.
A Lilly recebeu originalmente a aprovação da FDA para a nabilona em 1985, mas a retirou do mercado em 1989, disse Wheeler. A Valeant, já que comprou o medicamento, revisou seu rótulo e atualizou o processo de fabricação, adicionou ele.
O medicamento vai competir com o Marinol, produzido pela empresa belga Solvay SA. O Marinol, outra versão sintética do tetrahidrocanabinol, o ingrediente ativo na maconha, que é mais conhecido como THC. Ele também recebeu a aprovação da FDA em 1985.
O THC sintético age no cérebro como o THC fumado na maconha, mas elimina a parte de ter que inalar a fumaça nociva contida na droga ilegal, divulgou a Valeant.
A FDA disse no mês passado que não apóia o uso da maconha com propósitos medicinais.

PF: assinatura de Dimas é autêntica

Por: O Globo (RJ)

Laudo do Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, confirmou a autenticidade da lista atribuída ao ex-diretor de Furnas Dimas Toledo apontando supostas doações de campanha a políticos do PSDB e aliados.
A lista tem nomes de 156 políticos que teriam recebido, em 2002, dinheiro de caixa dois arrecadado por Dimas. De acordo com a lista, o valor total foi de R$ 40 milhões. A PF informou que a lista entregue pelo lobista Nilton Monteiro é autêntica e traz a assinatura do ex-diretor da estatal. Segundo a PF, não foi detectada montagem no documento, mas não se pode afirmar se as informações contidas na lista são verdadeiras.
A PF suspeita que o documento pode ter sido elaborado para chantagear políticos. Por isso a investigação se concentrará nos contratos de Furnas, da qual Dimas era diretor. A PF quer saber se houve superfaturamento e identificar os beneficiados.
O advogado de Dimas Toledo, Rogério Marcolini, ressaltou que o documento apresentado agora pelo lobista Nilton Monteiro é diferente da primeira cópia, que não teve a autenticidade comprovada pela Polícia Federal.
- Trata-se de outro documento, que cuida de corrigir todos os defeitos apontados no laudo anterior. Tudo leva a crer tratar-se de documento feito depois com a reprodução da assinatura de Dimas Toledo. Peritos que examinaram o documento anterior já apontavam a existência de um falsário com habilidade na reprodução de assinatura - disse Marcolini.
Na lista, aparecem entre os beneficiários políticos do PSDB. A avaliação no partido é de que a nova lista tem como objetivo intimidar os tucanos no momento em que a oposição aumentou o tom do discurso contra o presidente Lula.
O governo reagiu:
- Essa é uma atitude recorrente no PSDB. Quando a Polícia Federal confirma a lista de Furnas, eles contestam a veracidade. O melhor caminho neste caso seria prestar contas e esclarecer os fatos - rebateu o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Novo laudo da Polícia Federal confirma que de “lista de Furnas” é autêntica

Por: RUBENS VALENTE (Correio da Paraiba)

A Polícia Federal confirmou a autenticidade da chamada "lista de Furnas", documento de cinco páginas que registra supostas contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos durante a disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido R$ 40 milhões.
Segundo a assessoria da direção geral da PF, em Brasília, perícia do INC (Instituto Nacional de Criminalística) concluiu que a lista não foi montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, empresa estatal de energia elétrica. A PF informou, contudo, que não tem como atestar a veracidade do conteúdo da lista. Os papéis citam empresas que teriam colaborado para um caixa dois administrado por Dimas Toledo.
Entre as campanhas eleitorais supostamente abastecidas pelo esquema estão as do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje candidato à Presidência pelo PSDB, do ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), atual pré-candidato ao governo paulista, e do atual governador mineiro, Aécio Neves (PSDB). As campanhas em 2002 teriam recebido, respectivamente, R$ 9,3 milhões, R$ 7 milhões e R$ 5,5 milhões. Tucanos negam.
Perícia em papéis originais
A perícia foi feita em papéis originais entregues à PF pelo lobista mineiro Nilton Monteiro, 49, que diz tê-los recebido das mãos de Dimas, no início de 2005, quando o então diretor de Furnas tentava convencer políticos de vários partidos a mantê-lo no cargo.
Acusado de calúnia por 11 deputados estaduais de Minas Gerais, Nilton Monteiro decidiu entregar em 5 de maio os originais aos delegados da PF de Brasília Luiz Flávio Zampronha, Pedro Alves Ribeiro e Praxíteles Praxedes, que conduzem as investigações.
Até então, a PF tinha em seu poder apenas uma cópia autenticada. A perícia na cópia, também feita pelo INC, apontou indícios de montagem e fraude.
Dimas Toledo, que exerceu a diretoria entre 1995 e 2005, até a denúncia de caixa dois feita à Folha pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), sempre negou ter assinado os papéis.
"Ele assinou (a lista) na minha frente. Ele me usou até um determinado momento, depois me abandonou", disse ontem Monteiro. O lobista afirma ter se aproximado de Dimas em 2004 por ser, à época, procurador da empreiteira JP Engenharia. A empresa estava interessada em assinar um contrato com Furnas em torno de um projeto de infra-estrutura que havia sido suspenso pela diretoria de engenharia.
Segundo o lobista, Dimas contou que havia uma ação nos bastidores para tirá-lo do cargo e, por isso, pediu-lhe ajuda para fazer um trabalho de lobby com políticos de vários partidos.
O lobista afirmou que, no início de 2005, Dimas fez quatro cópias da lista. Os supostos destinatários das cópias, sempre segundo Monteiro, seriam Aécio Neves, Roberto Jefferson, o presidente do PMDB, Michel Temer, e o então presidente do PSDB, Eduardo Azeredo.
Mas as cópias não chegaram a ser entregues, segundo Monteiro. Ele diz que o original ficou com uma pessoa ligada a um escritório de advocacia do Rio. "Ela ficou como guardiã dos documentos até agora."

CONSTITUIÇÃO É RASGADA NO MARANHÃO - Liminar de Nelma Sarney restitui os direitos políticos de Paulo Marinho

Por: Jornal Pequeno (MA)

CONSTITUIÇÃO É RASGADA NO MARANHÃO - Liminar de Nelma Sarney restitui os direitos políticos de Paulo Marinho
Da Redação
Os deputados Aderson Lago e Domingos Dutra condenaram duramente a decisão tomada pela desembargadora Nelma Sarney, que concedeu liminar, ontem, restabelecendo os direitos políticos do ex-deputado Paulo Marinho. Lago recebeu a notícia com indignação: "Isso é zombar e abusar da paciência do eleitor maranhense", declarou o parlamentar tucano. Ele frisou que Paulo Marinho foi excluído da vida pública pelo Supremo Tribunal Federal (STF) exatamente pelas irregularidades que praticou no exercício do mandato de prefeito de Caxias e teve seus direitos políticos suspensos, de modo que agora não pode, sem cumprir a sua pena, decidida pela Justiça, retornar, por ato desta mesma Justiça, a uma situação de legalidade.
O presidente do PT-MA, deputado Domingos Dutra, também reagiu indignado, dizendo que esta manobra é uma tentativa de manter Paulo Marinho em silêncio, porque "se ele abrir a boca, e revelar os segredos que ele deve carregar consigo, aí então o império cai". Dutra referiu-se a Paulo Marinho como exemplo das "companhias que Sarney sempre teve no submundo".
Na tentativa de voltar ao cenário político, Paulo Marinho ingressou, em Caxias, com uma Ação Declaratória de Ineficácia de Relação Jurídica Processual, com pedido de antecipação de tutela. Ao apreciar a ação, o juiz da Comarca de Caxias, Sidarta Maranhão, negou provimento ao pedido.
Paulo Marinho recorreu ao Tribunal de Justiça do Estado, com um Agravo de Instrumento, distribuído, inicialmente, para o desembargador Jamil Gedeon Neto, que se deu por suspeito, alegando razão de foro íntimo. O recurso teria de ser apreciado, então, por Stélio Muniz, mas este encontrava-se viajando.Conforme o JP informou na edição de ontem, o senador José Sarney entrou no circuito, tendo uma conversa com a desembargadora Nelma Sarney, que chamou o processo para si, concedendo então a liminar que restitui, por enquanto, os direitos políticos do ex-deputado e ex-prefeito de Caxias.
Para Aderson Lago, uma decisão como essa é um contra-senso. "Não se pode acreditar que a Justiça faça isso", ressaltou Lago. Paulo Marinho fora condenado à perda do mandato e a ficar seis anos inelegível. A condenação se deveu ao fato de que ele, quando prefeito de Caxias, vendeu ações da Cemar (Companhia Energética do Maranhão). Por isso, foi condenado ainda a devolver R$ 3 milhões, referentes à venda das ações.
Paulo Marinho também quase chegou a ser condenado a quatro anos de cadeia por receptação de uma carreta roubada. Ele foi arrolado em processo, que trata do crime de receptação, cujo inquérito foi realizado pela Polícia Civil no município de Colinas. De acordo com a polícia, Paulo Marinho foi indiciado por mandar esconder e atear fogo à carreta roubada. Com a conclusão das investigações, o juiz de Colinas, tendo em vistas que o então deputado possuía foro privilegiado, encaminhou o inquérito ao Supremo Tribunal Federal. Depois que o Ministério Público Federal denunciou Paulo Marinho pela receptação da carreta roubada, o relator do processo, Carlos Britto, submeteu o caso ao plenário do Supremo que, por unanimidade, decidiu acatar a denúncia por receptação e falso testemunho.
Paulo Marinho já foi condenado também por ato de improbidade administrativa, com suspensão dos direitos políticos por seis anos. Em 1999, ele foi condenado pela 1ª Vara da Fazenda de Caxias, acusado de venda ilegal de ações da Cemar. O deputado recorreu a todas as instâncias até a decisão final tomada pelo ministro Eros Grau, que confirmou a sentença condenatória.

Salvem o Tribunal de Justiça

Por: Jornal Pequeno (MA)

Nós cantamos a pedra. A liminar foi dada. A desembargadora Nelma Sarney quer Paulo Marinho de volta à cena política brasileira. Ele e toda a sua coletânea de atos de corrupção, pendurado que está num varal de improbidades administrativas, metido como sempre esteve num rolo quilométrico de processos e acusações na Justiça.
Como dissemos, há dias eles vêm tramando, nos subterrâneos do Judiciário, aqui e em Brasília, com o objetivo de restituir os direitos políticos do senhor Paulo Marinho, cassado pela Justiça, caçado pela polícia, tamanhas são as operações fraudulentas em que se envolveu; tantos são os golpes por ele aplicados na praça.
A Justiça, assim, na pessoa de Nelma Sarney, descredencia-se como Justiça, apequena-se, iguala-se aos mesmos níveis da politicalha rasteira, da bandalha que se alimenta dos cofres públicos e de indicações subreptícias para cargos leiloados nos cotovelos dos governos.
Um corrupto contumaz há de permanecer na vida pública porque a justiça maranhense, a justiça de Nelma Sarney, assim o quer e ordena.Não há mais, ao que parece, a mínima fixação nos princípios que devem nortear o Poder Judiciário. Porque é ao Judiciário que cabe, em parte, nos livrar de assaltantes. O ato da desembargadora Sarney equivale a esvaziar cadeias públicas, a conceder hábeas corpus a um grupo inteiro de mafiosos da cosa nostra.
É preciso que essa gente saiba que o mundo inteiro não está dormindo. A Justiça não pode ser manipulada, manietada, render-se aos escarros políticos de grupos com influência nos alicerces e no topo da pirâmide social.
É o ato que ninguém esperava. É o cúmulo de toda sandice da história da magistratura maranhense. E tudo porque Sarney precisa de mais um aliado, não importando que isso signifique ridicularizar até a memória póstuma do Tribunal de Justiça do Maranhão.
Os demais senhores desembargadores precisam fazer alguma coisa. Estão em jogo alianças suspeitas, favores de lei, maquinações viciadas. E isso é público. Como pública e notória é a imagem do senhor Paulo Marinho. Em defesa de tal personagem, não vale a pena expor este Tribunal às correições merecidas do Conselho Nacional de Justiça.
É um escândalo cuja circulação no pátio do Congresso, nos corredores do STJ, nas ante-salas do Supremo Tribunal Federal (STF) pode arrastar o Tribunal de Justiça do Maranhão ao estágio da pilhéria. Está além da compreensão de qualquer brasileiro inteligente que o senhor Paulo Marinho volte a ser um parlamentar. Imaginar que ele volte a representar o povo maranhense - e ainda mais por decisão da Justiça! - é demais para o fígado de qualquer cristão.
A decisão pode ser revista, através do julgamento do seu mérito. Mas aí, certamente, entrará em cena, em Brasília, outro "magistrado" da "estirpe" de Nelma Sarney, um "ministro amigo" de nível federal, para engavetar o processo até que os objetivos do "Esquema Sarney" sejam alcançados.
O Maranhão corre perigo. O perigo de ver Paulo Marinho outra vez apoiado nas traves do Poder. O perigo de ter seu Tribunal de Justiça circunscrito às histórias pensas de submissão e venalidade.
Senhores desembargadores, se assim o puderem, salvem o Tribunal de Justiça do Maranhão dessa vergonha!

O que sabe o nosso Lula?

Por: Narciso Mendes (O Rio Branco)

Quem exerce as elevadíssimas funções de presidente da República torna-se diretamente responsável por todos os crimes acontecidos no âmbito do seu governo, mormente aqueles praticados por seus ministros, seus mais destacados e visíveis assessores. O "não sabia de nada", a justificativa que vem sendo sistematicamente apresentada pelo presidente Lula a cada vez que seus ministros são alcançados com a mão no alheio, ou melhor, roubando o erário, em nada diminui sua responsabilidade criminosa. Dizer-se omisso não diminui a responsabilidade do gestor público. A omissão configura o chamado crime de responsabilidade. Quem tem a prerrogativa de nomear e demitir, na hora que lhe convier, não pode alegar que desconhece as gatunagens feitas pelos seus principais assessores.
José Dirceu, aquele a quem chamava de capitão, quer no âmbito do PT quer no âmbito do seu governo, jamais tomaria qualquer decisão sem antes falar com Lula. Senão, por questão de hierarquia, sim, pela mais absoluta intimidade entre ambos. José Dirceu arquitetou e operou o mensalão com prévio e pleno conhecimento do presidente Lula. Esta é a conclusão a que facilmente chegará qualquer ser humano com o mínimo de racionalidade.
José Genoíno, ao meu ver, o que viria logo a seguir na escala de intimidade, jamais teria avalizado os milionários empréstimos do valerioduto sem antes falar com o presidente Lula. Nenhum cidadão minimamente prevenido iria se responsabilizar por tão vultosos empréstimos sem determinadas garantias. Isto sem se levar em consideração a natureza das operações bancárias, flagrantemente ilegais e imorais. Qual o banco que emprestaria mais de R$ 50 milhões a um cliente que não tinha garantia para financiar um carrinho de pipocas? O avalista dos empréstimos que financiou o mensalão era o próprio presidente Lula.
Delúbio Soares, aquele que tem cara de ladrão, conversa de ladrão e que quando instado a prestar depoimentos às CPIs, ao Ministério Público e à Polícia Federal se comporta como ladrão, era exatamente o tesoureiro nacional do PT e foi tesoureiro da campanha vitoriosa do presidente Lula, porém, pasmem, a esquizofrenia do nosso presidente não lhe permitiu saber de nada. Pode um partido ser minimamente ético se seu tesoureiro nacional é atualmente o símbolo máximo da roubalheira nacional?
Sílvio Pereira, aquele que recebeu um Land Hover de propina por haver intermediado uma negociata junto à Petrobrás, favorecendo uma de suas empreiteiras, era exatamente o secretário nacional do PT e no governo Lula era quem escalava os elementos de sua base aliada para ocupar os mais destacados cargos da República. Novamente o presidente Lula de nada sabia.
O filho do presidente Lula - o Lulinha - recebeu um aporte de recursos para sua microempresa, de exatos R$ 15.000.000,00 oriundos de uma empresa que é concessionária de serviços públicos no governo federal, enquanto isto o nosso presidente sequer se preocupou em procurar saber de onde veio tanta dinheirama. Dá pena e dó e traz muitas preocupações quando um país com as dimensões do Brasil é governado por alguém com tão pouco ou nenhum sentimento de autocrítica.
Vavá, o irmão mais velho do presidente Lula, montou um escritório de lobby para agenciar interesses de diversas prefeituras junto à máquina pública federal e o nosso presidente nunca procurou saber de nada. Afinal de contas, de que sabe o nosso presidente?
Enquanto o presidente Lula insiste em não saber de nada, mormente daquilo que deveria saber, o povo brasileiro vai se inteirando da triste realidade que estamos vivendo. A coisa chegou a um nível tal que o presidente Lula faz campanha pela sua reeleição todo dia e o dia todo e sequer ainda sabe que é candidato. Lula chama o PMDB e oferece a vaga de vice em sua chapa e ainda diz que não sabe se é candidato. Lula faz mais de um comício por dia usando a linguagem de candidato e na maior cara-de-pau ainda diz que não sabe que é candidato.
Recentemente o seu velho companheiro e amigo Bruno Maranhão desmoralizou o Congresso Nacional e o presidente Lula disse que de nada sabia. Enquanto isso, este sujeito é fundador do PT, membro de sua executiva nacional e era o chefe de mobilização dos movimentos sociais em favor da campanha de reeleição do presidente Lula. Chega de hipocrisia!
Eu, particularmente, sem medo de errar, acredito que o presidente Lula está por trás e no comando de todas essas operações. Mais a mais, que ele é o comandante em chefe de tudo que acontece no seu partido e no seu governo. Quanto a sua reeleição, se ela vier, é outra história. Só espero que a campanha eleitoral que se aproxima faça com que o povo brasileiro acabe sabendo aquilo que o presidente Lula, em sabendo, sempre fingiu não saber.

Apocalipse já

Por: Revista Veja

Já começou a catástrofe causada peloaquecimento global, que se esperavapara daqui a trinta ou quarenta anos.A ciência não sabe como reverter seusefeitos. A saída para a geração quequase destruiu a espaçonave Terraé adaptar-se a furacões, secas,inundações e incêndios florestais


URSOS CANIBAISO aquecimento global fez diminuir em 20% a calota polar ártica nas últimas três décadas, reduzindo o território de caça dos ursos-polares. Muitos deles ficaram sem alimento. A mudança radical de seu habitat provocada pelo homem está custando caro aos ursos. Recentemente, no Mar de Beaufort, no Alasca, pesquisadores americanos que há 24 anos estudam a região identificaram um caso inédito de canibalismo na espécie: duas fêmeas, um macho jovem e um filhote foram atacados e comidos por um grupo de machos. Estimativas apontam que os ursos-polares podem desaparecer em vinte anos.
NESTA REPORTAGEM
Quadro: O efeito do calor
Quadro: O calor produz mais calor
EXCLUSIVO ON-LINE
Outras imagens
A história do relacionamento entre o homem e a natureza é marcada pelo livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), de 1962. Nessa obra seminal, a bióloga americana Rachel Carson alertou pela primeira vez para os perigos do uso indiscriminado de pesticidas, até então encarados pela maioria das pessoas como uma bênção da ciência para solucionar o problema da fome. A descrição dramática feita por ela das primaveras "sem cantos de pássaros" sacudiu a consciência das pessoas em escala mundial e serviu de ponto de partida para o moderno movimento ambientalista. A nova consciência ecológica abriu caminho para leis de controle dos pesticidas e para acordos internacionais sobre o meio ambiente, como o que baniu a produção de químicos responsáveis pela destruição da camada de ozônio. Quase cinqüenta anos depois, o entendimento sobre o fato de que "somos parte do equilíbrio natural" – como definiu a bióloga – pode nos ser útil diante de uma catástrofe global iminente provocada pelo aquecimento global. Como uma praga apocalíptica, as mudanças climáticas já semeiam furacões, incêndios florestais, enchentes e secas com tal intensidade que ninguém mais pode se considerar a salvo de ser diretamente atingido por suas conseqüências.

Bobby Haas/National Geographic
SOLO QUE ARDE Nas últimas três décadas, o total de terras atingidas por secas severas dobrou em decorrência do aquecimento global. Na China, segundo o mais recente estudo da ONU, todos os anos 10 000 quilômetros quadrados em média – o equivalente a metade do estado de Sergipe – se transformam em deserto. Na Etiópia (foto), secas anuais condenam 6 milhões de pessoas à fome. Na Turquia, 160 000 quilômetros quadrados de terras cultiváveis sofrem com a desertificação gradativa e a conseqüente erosão do solo.
O primeiro estudo rigoroso sobre o aquecimento global foi realizado por cientistas da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em 1979. De lá para cá, ambientalistas e governos debateram, quase sempre aos berros, questões que lhes pareciam básicas. Primeiro, o grau de responsabilidade da ação humana. Segundo, se os efeitos das mudanças no clima da Terra são iminentes. A terceira questão é o que pode ser feito para impedir que o problema se agrave. O debate, nos termos descritos acima, está morto e enterrado. As pesquisas convergiram, além do benefício da dúvida, para a constatação de que nenhuma influência da natureza poderia explicar aumento tão repentino da temperatura planetária. Até os mais céticos comungam agora da idéia apavorante de que a crise ambiental é real e seus efeitos, imediatos. O que divide os especialistas não é mais se o aquecimento global se abaterá sobre a natureza daqui a vinte ou trinta anos, mas como se pode escapar da armadilha que criamos para nós mesmos nesta esfera azul, pálida e frágil, que ocupa a terceira órbita em torno do Sol – a única, em todo o sistema, que fornece luz e calor nas proporções corretas para a manutenção da vida baseada no carbono, ou seja, nós, os bichos e as plantas.

Daniel Betra/Greenpeace/Reuters
A BAIXA DO RIO No Oceano Atlântico, a temperatura da água está meio grau mais alta do que há vinte anos. Esse calor a mais altera o padrão de circulação dos ventos, provocando deslocamento de massas de ar seco para a região amazônica. A mudança impede a formação de nuvens, causando a escassez de chuvas. Em 2005, o fenômeno provocou a maior seca dos últimos quarenta anos na Amazônia. O Rio Amazonas baixou 2 metros (foto). Mais de 35 municípios do Amazonas e do Acre ficaram isolados, sem comida, água, luz ou transporte. A grande seca pode se repetir a qualquer momento.

A VIDA EM UMA TERRA MAIS QUENTE
O que fazer para sair dessa crise é bem mais controverso, apesar de ninguém ignorar que, para evitar que a situação piore, é preciso parar de bombear na atmosfera dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Esses gases resultantes da atividade humana formam uma espécie de cobertor em torno do planeta, impedindo que a radiação solar, refletida pela superfície em forma de calor, retorne ao espaço. É o chamado efeito estufa, e a ele se atribui a responsabilidade pelo aumento da temperatura global. Há um acordo internacional que estabelece metas de redução, o Tratado de Kioto, assinado por 163 países e rejeitado pelos Estados Unidos, precisamente o país que emite 25% de todo o gás carbônico. É mais uma razão para não esperar grande coisa de documento. "Kioto tem um grande significado simbólico, mas suas metas são muito modestas", pondera o americano Jonathan Overpeck, da Universidade do Arizona. No protocolo, que entrou em vigor no ano passado, os países se comprometeram a reduzir em 5% as emissões de CO2 em relação aos níveis de 1990. "Mesmo que todos os países interrompessem imediatamente a liberação de gases do efeito estufa", disse a VEJA o americano John Reilly, diretor do programa de mudanças climáticas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), "a atmosfera já está de tal forma impregnada que a temperatura média do globo ainda subiria por mais 1 000 anos e o nível do mar continuaria a se elevar por mais 2.000."
Na realidade, as emissões de gases estão subindo e as previsões são de mais calor. Como o aquecimento global já é inevitável, cientistas e ambientalistas têm colocado uma nova questão na linha de frente da batalha das mudanças climáticas: como se preparar e se adaptar à vida em um planeta bem mais quente. O tema central desta reportagem não é a previsão de mau tempo no futuro, ainda que este seja um de seus destaques. O que se lerá aqui diz respeito, sobretudo, ao impacto do aquecimento global que já se faz sentir no mundo atual e como teremos de aprender a viver com isso. A primeira coisa que precisa ser aprendida é como conviver com a fúria da natureza injuriada. De acordo com um levantamento da Organização das Nações Unidas, em 2005 ocorreram 360 desastres naturais, dos quais 259 diretamente relacionados ao aquecimento global. O aumento foi de 20% em relação ao ano anterior. No início do século XIX, de acordo com alguns historiadores, dificilmente havia mais de meia dúzia de eventos de grandes dimensões em um ano. No total, foram 168 inundações, 69 tornados e furacões e 22 secas que transformaram a vida de 154 milhões de pessoas.

Fotos Image.net
O SUMIÇO DO GELO O norte dos Andes é a região de maior concentração de glaciares nos trópicos. Só no Peru existem 3 044 deles. Até a década de 80, essas geleiras incrustadas no interior das cordilheiras, remanescentes da era glacial, permaneciam praticamente inalteradas. Um estudo recente da ONU concluiu que houve uma drástica redução das áreas dos glaciares peruanos nos últimos quinze anos por causa das mudanças climáticas. Nas fotos, tiradas no mesmo mês de anos diferentes, a redução de um glaciar da Cordilheira Branca.

AS SEIS PRAGAS DO AQUECIMENTO
Seis mudanças de grandes proporções causadas pelo aquecimento global estão relacionadas a seguir. Todas estão ocorrendo agora, afetam não apenas o clima mas perturbam a vida das pessoas e têm como única previsão futura o agravamento da situação. É assustador observar que eventos assim, de dimensões ciclônicas, sejam o resultado do aumento de apenas 1 grau na temperatura média da Terra, uma fração do calor previsto para as próximas décadas.
• O Ártico está derretendo – A cobertura de gelo da região no verão diminui ao ritmo constante de 8% ao ano há três décadas. No ano passado, a camada de gelo foi 20% menor em relação à de 1979, uma redução de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, o equivalente à soma dos territórios da França, da Alemanha e do Reino Unido.
• Os furacões estão mais fortes – Devido ao aquecimento das águas, a ocorrência de furacões das categorias 4 e 5 – os mais intensos da escala – dobrou nos últimos 35 anos. O furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans, é uma amostra dessa nova realidade.
• O Brasil na rota dos ciclones – Até então a salvo desse tipo de tormenta, o litoral sul do Brasil foi varrido por um forte ciclone em 2004. De lá para cá, a chegada à costa de outras tempestades similares, ainda que de menor intensidade, mostra que o problema veio para ficar.
• O nível do mar subiu – A elevação desde o início do século passado está entre 8 e 20 centímetros. Em certas áreas litorâneas, como algumas ilhas do Pacífico, isso significou um avanço de 100 metros na maré alta. Um estudo da ONU estima que o nível das águas subirá 1 metro até o fim deste século. Cidades à beira-mar, como o Recife, precisarão ser protegidas por diques.
• Os desertos avançam – O total de áreas atingidas por secas dobrou em trinta anos. Uma quarto da superfície do planeta é agora de desertos. Só na China, as áreas desérticas avançam 10.000 quilômetros quadrados por ano, o equivalente ao território do Líbano.
• Já se contam os mortos – A Organização das Nações Unidas estima que 150.000 pessoas morrem anualmente por causa de secas, inundações e outros fatores relacionados diretamente ao aquecimento global. Em 2030, o número dobrará.

Fotos National Snow And Ice Data Center (NSIDC)
DESASTRE NO ALASCANo Alasca, onde as temperaturas médias do inverno aumentaram 4 graus nos últimos cinqüenta anos, a paisagem se modificou por completo. A camada de gelo que cobre o mar desapareceu em algumas regiões (nas fotos, o glaciar Muir com a diferença de 63 anos). No passado, 10 milhões de quilômetros quadrados do Oceano Ártico permaneciam congelados durante o verão. Hoje, segundo estudos do Arctic Climate Impact Assessment, a área congelada é pelo menos 30% menor.

HOJE

O PLANETA É GIGANTE, O EQUILÍBRIO É FRÁGIL
Em escala geológica, a temperatura da Terra sempre funcionou como um relógio pontual. A cada 100.000 anos, mudanças sutis na órbita do planeta e na sua inclinação em relação ao Sol provocam uma queda na temperatura e fazem com que as massas de gelo dos pólos aumentem de tamanho e se aproximem da linha do Equador. São as glaciações. A última terminou há 10.000 anos. Foi nessa pequena janela geológica entre o fim da última era glacial e hoje, marcada por temperaturas amenas, que a humanidade desenvolveu a agricultura, construiu as cidades e viajou à Lua. Nos últimos 120 anos, com o relógio fora de ordem devido à atividade humana, a temperatura média do planeta aumentou 1 grau. Pode parecer pouco, mas mudanças climáticas dessa magnitude têm conseqüências drásticas. Há 12.000 anos, quando a temperatura média era apenas 3 graus mais baixa que a atual, uma camada de gelo cobria a Europa até a França. Uma vez alterado, o mecanismo natural do clima, dizem os cientistas, não é fácil de ser reajustado. "Ao quebrar o equilíbrio climático, a humanidade mexeu com processos que não conhece por completo e que estão fora do alcance e da capacidade da mais avançada tecnologia", analisa o geofísico Paulo Eduardo Artaxo, da Universidade de São Paulo.
Os gases responsáveis pelo aquecimento excessivo são produzidos pelos combustíveis fósseis usados nos carros, nas indústrias e nas termelétricas e pelas queimadas nas florestas. Processos naturais, como a decomposição da matéria orgânica e as erupções vulcânicas, produzem dez vezes mais gases que o homem. Por eras, garantiram sozinhos a manutenção do efeito estufa, sem o qual a vida não seria possível na Terra. Para se manter em equilíbrio climático, o planeta precisa receber a mesma quantidade de energia que envia de volta para o espaço. Se ocorrer desequilíbrio por algum motivo, o globo esquenta ou esfria até a temperatura atingir, mais uma vez, a medida exata para a troca correta de calor. O equilíbrio natural foi rompido pela revolução industrial. Desde o século XIX, as concentrações de dióxido de carbono no ar aumentaram 30%, as de metano dobraram e as de óxido nitroso subiram 15%. A última vez em que os níveis de gases do efeito estufa estiveram tão altos quanto agora foi há 3,5 milhões de anos. O ano passado foi o mais quente desde que as temperaturas começaram a ser registradas, em 1866. Pelo que se sabe, o planeta está mais quente do que já foi em qualquer momento dos últimos dois milênios. Se mantiver o ritmo atual, no fim do século a temperatura média será a mais elevada dos últimos 2 milhões de anos.

EFEITO IRREVERSÍVEL?
Sabe-se que o próximo relatório do Painel Internacional de Mudança Climática (IPCC,) das Nações Unidas, a mais respeitada autoridade em aquecimento global, a ser divulgado em 2007, depois de revisto pelos cientistas e pelos órgãos governamentais, deve estimar um aumento na temperatura média do planeta entre 2 e 4,5 graus até 2050. "Dois graus é uma barreira psicológica para os cientistas", diz Marc Lucotte, diretor do Instituto de Ciências do Ambiente da Universidade de Quebec, no Canadá. Acima desse patamar, a probabilidade de ocorrerem tragédias muito maiores que as observadas em anos recentes, como inundações, secas, ondas de calor, furacões e epidemias, aumenta muito. "Aí será tarde demais para tentar uma volta atrás", afirma o ambientalista Carlos Rittl, coordenador da campanha de clima do Greenpeace no Brasil. Na pior das hipóteses, um aumento de 4 graus iria igualar as temperaturas do Ártico aos patamares registrados há 130.000 anos, segundo um estudo feito com base em análises geológicas por cientistas da Universidade do Arizona e do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos. Nesse passado distante, o nível dos oceanos era 6 metros mais alto e a camada de gelo do Ártico praticamente havia desaparecido. "Isso não significa que o nível do oceano subirá imediatamente a 6 metros quando o termômetro registrar um aumento de 4 graus na temperatura", disse a VEJA Jonathan Overpeck, um dos coordenadores do estudo. "Mas a partir de então o processo de derretimento dos glaciares será rápido e irreversível."
Irreversível? Muitos cientistas começam a acreditar que as mudanças climáticas chegaram a um ponto de não-retorno. Esse fenômeno leva agora o nome de tipping point, termo em inglês popularizado como título de livro por Malcolm Gladwell, escritor badalado de Nova York. Em ciência, significa o momento em que a dinâmica interna passa a encarregar-se de uma mudança iniciada previamente por forças externas. Em vários aspectos já cruzamos o limite sem volta. A limpeza da atmosfera é tarefa para gerações. O degelo nas regiões polares está além do tipping point. Obviamente, como conseqüência do volume de água do degelo, os oceanos continuarão a subir. O aquecimento dos mares alimentará novos furacões, aumentando a capacidade destrutiva desses fenômenos meteorológicos. "A violência desses desastres naturais só pode ser atenuada se houver uma redução na temperatura da água, o que parece improvável", afirma o biólogo americano Thomas Lovejoy, presidente do Centro Heinz para a Ciência, em Washington. Recentemente, Lovejoy constatou um novo efeito desastroso do excesso de gás carbônico: os mares estão ficando mais ácidos. As alterações no PH marítimo levam à redução do número de moluscos e plânctons, que estão na base da alimentação dos ecossistemas marítimos, e ameaçam aniquilar os recifes de corais. Obviamente, não há muito que se possa fazer para salvar a vida marinha.

Tom Ondway/AP
AGONIA SUBMARINA O excesso de gás carbônico na atmosfera está tornando os oceanos mais ácidos. Isso enfraquece os corais, viveiros do mar, e os plânctons, base da cadeia alimentar subaquática.

UM PACTO GLOBAL PELA SALVAÇÃO
O derretimento dos glaciares, concordam os especialistas, já atingiu dinâmica própria, impossível de ser freada. O impacto do aquecimento global pode ser percebido em toda parte, mas não há nada mais explícito que a redução das geleiras e do Ártico. Praticamente todos os glaciares da Terra estão encolhendo. Dos 150 que existiam no Glacier National Park, nos Estados Unidos, em 1880, restam cinqüenta, e a estimativa é que o último desaparecerá até 2030. O mesmo se vê nos Andes, na Patagônia e nos Alpes. Blocos de gelo do tamanho de pequenos países têm se desprendido da Antártica e boiado no Atlântico Sul até se dissolver no mar. Nos últimos cinqüenta anos, o volume de gelo no Ártico caiu quase à metade e, nessa velocidade, terá desaparecido totalmente no verão de 2080. Segundo um estudo do meteorologista americano Eric Rignot, da Nasa, o ritmo do derretimento da cobertura de gelo da Groenlândia dobrou nos últimos dez anos. Segundo o IPCC, o nível dos mares subiu entre 10 e 20 centímetros no último século. O aumento decorre da combinação do aquecimento das águas – e sua conseqüente expansão – com o derretimento do gelo nos pólos e nas montanhas. A estimativa é que suba mais 1 metro até o fim do século. Caso a camada de gelo da Groenlândia, que chega a 3,2 quilômetros de espessura em alguns pontos, derreta por completo, o nível do mar atingirá 7 metros. Cidades como Recife e Parati precisariam de diques de 8 metros de altura para sobreviver.
O cenário é adverso, mas não justifica a inércia. Os recursos para reduzir os efeitos colaterais do aquecimento são conhecidos. Basicamente, é necessário encontrar um uso mais eficiente de energia e diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Cerca de 75% desses gases vêm do combustível fóssil utilizado na produção de energia, nas indústrias e nos automóveis. Outros 25% são provenientes das queimadas – talvez o item mais fácil de consertar. Há preocupação real entre os governos. Vários países estão reconsiderando a energia nuclear, que hoje provê 16% do total. Só a China quer construir 32 usinas até 2020. Os Estados Unidos estão interessados em produzir combustível para carros usando milho, da mesma maneira que o Brasil faz com a cana. Mas nenhum país vai muito longe porque as alternativas custam caro e os riscos para a economia são altos. Campanhas de ONGs e ambientalistas propõem que cada pessoa faça sua parte, como deixar o carro na garagem alguns dias por semana. São atitudes louváveis, mas de pouco efeito prático. "São necessárias grandes estratégias e investimentos pesados para transformar o modo como o mundo viveu nos últimos vinte anos", define o americano John Reilly, do MIT. Por isso, frear o ritmo do aquecimento global exige o envolvimento de governos. Não é o caso de pôr todos eles a negociar, como ocorreu em Kioto, e convencê-los de que é hora de ajudar o planeta. Haveria tantos interesses divergentes que um consenso seria praticamente impossível. "Na realidade, para resolver o problema do efeito estufa bastaria um acordo entre as dez ou vinte maiores economias", diz David Keith, presidente do Conselho de Energia e Meio Ambiente do Canadá. Trata-se dos maiores poluidores e também são países que têm tecnologia e dinheiro para mudar o padrão energético.

OS MAUS TRIPULANTES
Os seres humanos se adaptaram aos novos ambientes – essa é a chave do sucesso evolutivo da espécie. Mas um mundo mais quente pode ser cheio de surpresas – a maioria delas desagradável. Há quatro anos, os canadenses precisaram se acostumar com a visão de urubus no verão, um fenômeno inédito. Esses pássaros preferem as regiões mais quentes e nunca eram vistos em latitudes tão altas. No Brasil, uma elevação de apenas 1 grau reduziria a área propícia para o cultivo do café em 32%. Se o aumento do calor for de 3 graus, a redução será de 58%. "Em dias com mais de 34 graus, as flores do café abortam os grãos e a produtividade cai drasticamente", diz Hilton Silveira Pinto, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Eu não ficaria surpreso se tivéssemos de importar café da Argentina." Com um aumento de 3 graus, haverá uma redução de 20% na produção de arroz; na de feijão, de 11%; e na de milho, de 7%. A temperatura mais alta pode tornar o Sul e o Sudeste atrativos para mosquitos que transmitem doenças hoje típicas da Amazônia e do Centro-Oeste. Centros de saúde terão de se preparar para atender casos de malária e de dengue. Em vinte anos, o mar estará 8 centímetros mais alto na costa brasileira. Essa pequena diferença poderá fazer com que, quando a maré estiver alta, as ondas invadam o litoral. "Será preciso construir diques em Parati e no Recife", afirma Afrânio Mesquita, oceanógrafo da Universidade de São Paulo. "Teremos de aprender com a Holanda, que tem vastas áreas abaixo do nível do mar." Adaptar-se ao clima mais quente parece ser viável para a humanidade. Se é o que nos resta fazer, teremos de fazê-lo. Isso não nos livrará, porém, da condenação das gerações futuras. Seremos sempre estigmatizados como os tripulantes que por pouco não destruíram o único, pálido, frágil e azul oásis de vida na imensidão do universo.

OS VERDES CHEGAM A WALL STREET
Image.Net
O GURU DA TURMAGore: palestras para convencer empresários de que investir em energia limpa é bom negócio
Há décadas os ambientalistas alertam para os riscos da escalada do aquecimento global, mas seus argumentos raramente foram ouvidos. Pudera. As soluções apresentadas para acabar com o efeito estufa passavam por fechar indústrias, prejudicar economias e sacrificar parte do bem-estar conquistado pela humanidade ao longo do século XX. Agora que as conseqüências do aquecimento se abatem sobre várias regiões do globo e os governos se mobilizam em torno da questão por meio do Tratado de Kioto, o ambientalismo começa a conquistar seus mais céticos opositores: os grandes empresários e investidores. Parte deles acredita que a produção de energia limpa pode se transformar num excelente negócio, sem que para isso seja preciso abrir mão das premissas sagradas do capitalismo. Esses empresários avaliam que, como diz John Doerr, um dos grandes investidores do Vale do Silício, "a revolução verde pode se tornar a grande oportunidade empresarial do século XXI".
À frente desse movimento, que vem sendo chamado de nova revolução verde, está o ex-vice-presidente americano Al Gore. Afastado dos cargos públicos desde que perdeu a disputa pela Casa Branca para George W. Bush, em 2000, Gore se transformou num pregador incansável em favor da salvação do planeta por meio de investimentos em novas tecnologias e modelos de negócios. Nos últimos anos, ele já fez mais de 1 000 palestras em empresas e universidades, discursando sobre as conseqüências das mudanças climáticas e o que pode ser feito para combatê-las. Há três semanas, estreou nos cinemas americanos o documentário Aquecimento Global, uma Verdade Inconveniente, que tem Gore como protagonista e é amplamente baseado em suas palestras. A fita tem ajudado a imprimir a Gore uma certa aura de astro e guru. Ao comparecer à apresentação do filme em Cannes, no mês passado, ele atraiu mais atenção do que celebridades como Penélope Cruz e Tom Hanks.
Para provar que investir no verde pode ser um bom negócio, há dois anos Gore abriu com outros sócios a empresa Generation Investment Management, um fundo que administra 200 milhões de dólares aplicados em produção de energia sustentável. Também em sociedade com investidores, comprou por 70 milhões de dólares um canal de TV a cabo destinado a divulgar causas ecológicas. Negócios como esses seriam impensáveis até poucos anos atrás, quando a imagem que Wall Street tinha dos ambientalistas era a de um bando de chatos usando sandálias e rabo-de-cavalo.
Okky de Souza

Brasileira acusada de dirigir rede de prostitutas é presa nos EUA

Por: Agência Estado

A polícia norte-americana anunciou a prisão da capixaba Andréa Schwartz, de 31 anos, acusada de venda de drogas lavagem de dinheiro e de comandar uma rede de prostituição de luxo em Nova York. Na cadeia de Rikers Island, ela aguarda a audiência na Suprema Corte, na quarta-feira. Foram presas ainda as brasileiras Marta Nogrega, de 37, e Cláudia de Castro, de 27, acusadas de trabalhar para Andréia. Casada com um financista americano, ela disse a policiais disfarçados, antes do flagrante que lucrou US$ 1,5 milhão desde 2001 Segundo a polícia, Andrea Schwartz agenciava garotas de programa a maioria brasileiras. Os investigadores da polícia de Nova York apuraram que Andrea estaria negociando, com o apoio de investidores italianos, a compra de um andar inteiro do Plaza, um dos hotéis mais famosos de Nova York, em fase de transformação em condomínio. Por causa das acusações, todos os seus bens foram congelados Vivendo, há seis anos, nos EUA, Andrea comprou um apartamento em NY e se casou com um cidadão americano, o que lhe dá direito ao green card, o documento de residência permanente. Mas o marido foi transferido para Hong Kong, há um ano, e ela continuou no país. O flagrante foi realizado por policiais à paisana que se apresentaram como clientes. Andrea Schwartz pode ser condenada a até 25 anos de prisão. Para seu advogado, Andrew Hoffman, ela é inocente e vítima de preconceito. Ele garante ter provas de que os policiais estão mentindo e que isso já ocorreu outras vezes.

Brecha pode deixar impune quem violar a Lei Eleitoral

Por: ANA PAULA BONIda Folha de S.Paulo
A minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso em abril passado não prevê punição para candidatos e partidos que violarem algumas das regras que vão vigorar a partir das próximas eleições. Não há, por exemplo, penas previstas para quem desrespeitar a proibição da distribuição de brindes e da realização de showmícios durante a campanha eleitoral.Inicialmente desinformado sobre o assunto, o próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reconhece que a lei é falha. Questionamento feito pela Folha na última quarta-feira causou surpresa a ministros do tribunal, que ainda não sabem o que fazer, a menos de 20 dias do início oficial da campanha eleitoral -que vai de 6 de julho a 30 de setembro.A proibição de brindes e de showmícios foi aprovada pelo Congresso com o intuito declarado de reduzir os custos das campanhas. Sem uma punição específica, a regra pode ficar inócua, a menos que o tribunal emita uma instrução que contorne o problema.Uma das instruções do TSE que tratam da minirreforma -a que versa sobre propaganda eleitoral- teve seu julgamento adiado, na noite de quarta, após o ministro Cesar Asfor Rocha informar os colegas sobre a brecha na lei. A instrução deverá ser apreciada na próxima sessão do tribunal, na terça.A minirreforma veio para complementar e aprimorar a chamada Lei Eleitoral, de 1997. A Folha apurou que, ainda que a nova lei não contemple punição específica para quem distribuir brindes e fizer showmícios durante a campanha, o TSE pode buscar em outro artigo uma penalidade genérica para a propaganda irregular.O ex-presidente do TSE Carlos Velloso exemplifica que uma das alternativas seria o uso do artigo 30-A da nova lei, que diz que qualquer partido poderá representar à Justiça Eleitoral e pedir abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com a lei relativas à arrecadação e gastos de recursos."O artigo pode ser aplicado, já que o gasto [com os brindes] é ilícito porque a lei proíbe a fabricação do material", afirma Velloso. O parágrafo 6º do artigo 39 da nova lei diz que "é vedada a confecção, utilização e distribuição, por candidato ou com a sua autorização", de brindes ou outros bens que possam proporcionar vantagem ao eleitor.No julgamento de terça-feira, o TSE pode determinar que as infrações detalhadas nos parágrafos 6º e 7º do artigo 39 sejam punidas com o disposto no artigo 30-A -atenuando, dessa forma, a omissão da lei.Outras puniçõesAlém desse mecanismo, especialistas apontam outras punições que podem ser aplicadas. O ministro do TSE Gerardo Grossi, relator da minirreforma, aponta para o uso do poder de polícia para prevenir ou remediar a infração. O TSE ou os TREs mandariam, assim, recolher o material distribuído indevidamente."Se não há previsão de sanção, não há sanção. A única coisa que se pode fazer é usar o poder de polícia", afirma Grossi, que foi contra a proibição de distribuição de brindes. Mas ele admite: "Quando não há sanção, é claro que fica muito mais fácil burlar a lei".O ex-ministro do TSE Torquato Jardim aponta para uma punição prevista no Código Eleitoral. "O infrator será advertido a corrigir e não repetir o ato. Se não corrigir e/ou repetir o ato, haverá crime de desobediência." O artigo 347 da lei prevê prisão de três meses a um ano e pagamento de multa.O advogado Roberto Litman lembra que o Ministério Público, como fiscal da lei, vai fazer valer a proibição. "O Ministério Público vai tentar, através de uma ação por improbidade administrativa ou abuso do poder econômico, de alguma maneira punir quem estiver fazendo essa propaganda proibida."

Parada gay bate novo recorde e reúne 2,5 milhões de pessoas em SP

Por: DIÓGENES MUNIZda Folha Online

O público da Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) de São Paulo bateu novo recorde neste sábado. Segundo a PM (Polícia Militar), o evento --em sua décima edição-- reuniu 2,5 milhões de pessoas. Para os organizadores, o número foi ainda maior: 3 milhões.Poucas pessoas ainda se reuniam na região da avenida Paulista (centro de São Paulo), às 20h. Grande parte dos trios elétricos havia ido embora.O evento começou no final da manhã, em frente ao Masp. O prefeito Gilberto Kassab (PFL) acompanhou o lançamento da parada e declarou que "acha difícil" que o evento seja na mesma região, no ano que vem.Kassab deixou a parada por volta das 14h30, quando a drag queen Silvetty Montilla, ícone da cultura GLS paulistana, ainda discursava no trio elétrico que abriu a festa. Devido à ameaça de mudança, Silvetty, trajada com um vestido de arco-íris, puxou gritos de "a Paulista é nossa".O encontro de um novo endereço é defendido não apenas pela Prefeitura de São Paulo mas também pelo Ministério Público Estadual.Neste ano, as cores do arco-íris que identifica o movimento GLBT dividem espaço com verde e amarelo da seleção brasileira.Os participantes da parada também enfrentaram dificuldades para encontrar banheiros químicos e longas filas se formaram nos poucos estabelecimentos comerciais que permaneceram abertos.

Na Justiça, os novos problemas

Por: Carlos Chagas (Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - Apesar da Copa do Mundo, acirra-se a luta política. O Superior Tribunal Eleitoral mandou pedir ao presidente Lula informações sobre os gastos do governo com publicidade, considerados abusivos pelas oposições. O prazo de resposta foi de cinco dias e termina segunda-feira. Também corre na Justiça Eleitoral pedido de providências do PSDB a respeito de estar o presidente fazendo campanha com a ajuda da máquina administrativa, coisa que contraria a lei e, na teoria, pode levar à cassação do futuro registro de sua candidatura.
Claro que só por milagre o TSE chegaria a uma decisão dessas, mas a simples existência do processo eleva a temperatura. Dá a medida das batalhas que serão travadas até outubro. Dificilmente o candidato da oposição colherá benefícios imediatos dessa tertúlia judicial, mas a campanha de Lula poderá sofrer percalços. O programa do PFL, quinta-feira, demonstrou como será a propaganda gratuita, nos sessenta dias anteriores à eleição. Vai valer tudo, a começar pela exibição de cenas externas e imagens ligadas à corrupção atribuída ao PT e ao próprio governo. A recíproca será verdadeira. O governo reagirá à altura. O melhor, para a candidatura Lula seria, por enquanto, a Seleção ir vencendo.
Por quem os foguetes explodem
Ontem não foi feriado. Na teoria, dia de trabalho normal. Na prática, uma sexta-feira comprimida entre as celebrações de Corpus Christi e o fim de semana. Em Brasília, um dia sem maiores atividades no Congresso, no Judiciário e até no Executivo, apesar de o presidente Lula não ter descansado.
Pelo menos de manhã e de tarde, porque, de noite, ninguém é de ferro. A festa de São João, na Granja do Torto, reuniu familiares, amigos, alguns ministros e líderes partidários aliados ao governo. Não terá sido uma festa de arromba, mas uma ocasião para se comemorar as pesquisas e a evidência de que o presidente sairá vitorioso na eleição. Na terça-feira a corte já se reuniu para assistir, no Palácio da Alvorada, à primeira partida do Brasil na Copa. Amanhã, com certeza, acontecerá o mesmo.
Para as oposições e seu candidato, Geraldo Alckmin, o prolongado feriado terá servido para uma análise mais profunda do quadro eleitoral. Do jeito que as coisas andam, não vai dar. É preciso mudar, antes mesmo que comece o período de propaganda eleitoral gratuita, em agosto, quando a munição mais pesada começará a explodir. Preencher essa segunda quinzena de junho e todo o mês de julho, porém, representa um problema. O "alto tucanato" e os "cardeais liberais" continuam pensando...
Resistência
Depois de dias de hesitação, o ex-governador de Brasília, Joaquim Roriz, decidiu-se pela candidatura do ex-ministro Maurício Correia ao governo local, pelo PMDB. Roriz é, inequivocamente, a maior liderança política do Distrito Federal, mas foi surpreendido pelo lançamento de seu antigo parceiro do PFL, deputado José Roberto Arruda, que até apresentou uma chapa fechada, com o senador Paulo Octávio de vice. Arruda lidera as pesquisas, mas tem um flanco exposto.
Anos atrás precisou renunciar ao mandato de senador para não ser cassado, junto com Antônio Carlos Magalhães, envolvidos na violação do painel de votações secretas do Senado. Ficou pior porque, de início, Arruda discursou negando tudo. Até chorou, na tribuna. Essas imagens não deixarão de ganhar as telinhas, quando começar a propaganda eleitoral gratuita.
Correia começa do zero. É respeitado como antigo presidente do Supremo Tribunal Federal, ex-ministro da Justiça no governo Itamar Franco, senador e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Não pode ser subestimado, em especial contando com apoio de Roriz, que se candidata ao Senado.
O PT lançou a deputada distrital Arlete Sampaio, e o PC do B o ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz. A campanha promete, na corte, apesar da decisão do presidente Lula de não se intrometer e nem subir nos palanques locais. Afinal, é hóspede da cidade, qualquer que venha a ser seu governador.

Amigos do presidente são criminosos, rebate Jorge

Por: Tribuna da Imprensa

BRASÍLIA - O candidato a vice-presidente na chapa do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), José Jorge (PFL), voltou a atacar ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à reeleição. Jorge havia dito quinta-feira que Lula "não trabalha, viaja e bebe muito."
Em nota, o candidato do PFL a vice-presidente na chapa de Alckmin acrescenta que, além disso, "aqueles que Lula trata como companheiros são qualificados pelo procurador-geral da República (Antonio Fernando de Souza) como uma organização criminosa."
O candidato do PFL a vice-presidente disse que o comportamento dele é "mercurial" e acompanha o movimento solar: "Quando o tempo esquenta, ele abandona o 'Lulinha paz e amor' para encarnar o presidente soberbo." Jorge ironizou também a afirmação de Lula de que quer "é mostrar mais trabalho." Segundo ele, "o presidente gosta mesmo é de voar no Aerolula e discursar sobre as melhores coisas do planeta que aconteceram ou acontecem, todas, em sua gestão."

Tucano sugere que caráter falta a Lula

Por: Tribuna da Imprensa

BRASÍLIA - O pré-candidato a governador do Amazonas Arthur Virgílio (PSDB) devolveu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a acusação que este fez à oposição, de não ter caráter. Em nota de oito tópicos, Virgílio sugere que caráter falta a Lula, o qual, segundo ele, "compactua com o esquema de corrupção que mereceu contundente denúncia por parte do procurador-geral da República (Antonio Fernando de Souza)".
"Caráter falta a quem..." é a frase que abre cada ponto do comunicado de Virgílio, que a complementa com críticas habitualmente feitas pelo partido ao presidente: "...a quem finge desconhecer o mensalão, apesar da denúncia envolver muita gente da mais estreita confiança do presidente da República, no governo e no seu partido"; "a quem proclama que vai mandar apurar tudo, e tudo faz para impedir a apuração"; "a quem, vendo o governo e o partido envolvidos em valerioduto, silvioduto e desvio de dinheiro público, procura justificar-se dizendo que todo mundo faz assim"; "a quem aprova ou finge não saber da quebra ilegal do sigilo bancário de um caseiro (Francenildo dos Santos Costa, o Nildo) pelo simples fato de ter ousado contradizer um ministro de Estado"; "a quem não soube defender os interesses do Brasil agredidos pelo governo boliviano de Morales (Evo Morales, presidente da Bolívia)"; "a quem finge não ter ainda decidido se lançar à reeleição e, numa afronta à moral e à lei, percorre o País, diariamente, em ostensiva campanha eleitoral à custa do dinheiro público", e "a quem não aceita as regras do regime democrático e não reconhece o direito e o dever que a oposição tem de criticar o governo e o presidente da República".

Lula faz proselitismo

Por: Tribuna da Imprensa

OLINDA (PE) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou ontem de "sem caráter" os políticos que têm feito críticas a ele e ao governo. Quinta-feira, o candidato a vice-presidente na chapa do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), José Jorge (PFL), disse que Lula "é preguiçoso, viaja e bebe muito".
O mesmo partido usou a publicidade gratuita de quinta-feira à noite para insinuar que ele integrava o esquema de corrupção denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, como uma "quadrilha que visava manter o PT no poder".
"Todo dia, aparece alguém para me agredir, possivelmente, porque estas pessoas estão pensando assim: 'Poxa vida, nós estamos governando o Brasil desde que Cabral pôs os pés aqui e nós não conseguimos fazer (nada). Por que este metalúrgico está fazendo?'", disse, durante o anúncio de liberação de R$ 74,9 milhões para a erradicação de palafitas e melhorias urbanas de favelas de seis cidades de Pernambuco.
A cerimônia foi realizada num palanque improvisado, às margens do Canal da Malária, em Olinda, onde se levantaram as favelas V8 e V9, um conjunto de estacarias onde famílias inteiras convivem com ratos, fezes e doenças num ambiente fétido.
"Este metalúrgico está fazendo porque tem uma coisa que eles (os políticos que o atacam) não têm", disse, para uma platéia que, vez por outra, gritava "olê, olê, olá, Lula lá" e "está reeleito". "Este metalúrgico tem caráter. Este metalúrgico só é o que é não pela quantidade de diplomas que eu tenho ou pelo apoio da elite política brasileira, mas pelo sentimento e pela alma do povo deste País", afirmou.
Emendou, em seguida, que não perderia tempo com respostas aos detratores. "A eles, que vivem transmitindo ódio todo dia, a eles, que vivem transmitindo inveja e preconceito todo dia, não quero dedicar um minuto, mas, certamente, quero dedicar a vida inteira para ajudar o povo pobre deste País a viver com dignidade e a viver com decência."
Depois, numa resposta direta aos que dizem que ele não trabalha e viaja muito, Lula desafiou-os. "Onde eles estão? Eu estou aqui, no meio de vocês." O presidente disse que a oposição vive torcendo para que ele fique nervoso e entre no jogo rasteiro. Para Lula, sempre que for atacado, a resposta será trabalhar mais e dar carinho para a população. "É a gente mostrar mais amor com o povo deste País." O presidente acrescentou que não fará jogo baixo "porque o povo não merece isso, o povo merece respeito, merece ser tratado com dignidade".
Lula repetiu o que tem dito sempre nos últimos dias, que a administração federal está cada dia melhor. O presidente disse que as manchetes dos jornais lembravam que, pela primeira vez, os recursos destinados aos pobres é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês. "Pela primeira vez, este povo está comendo, os pobres estão tomando café da manhã, almoçando e jantando. Pela primeira vez, as pessoas estão percebendo que as coisas nos supermercados estão mais baratas, as pessoas estão percebendo que até o material de construção está mais barato."
Logo pela manhã, Lula inaugurou, no Centro do Recife, uma central de teleatendimentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que empregará cerca de 1.300 funcionários de uma empresa terceirizada. O prédio foi inaugurado antes mesmo das reformas. Só o primeiro andar tinha recebido tintura nova. Os empregados começaram a trabalhar ontem. O posto atenderá, inicialmente, pelo número 135, a chamadas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O presidente estava de cara amarrada. De acordo com assessores do Poder Executivo, ficara irado ao saber do conteúdo da fala de Jorge e da publicidade partidária gratuita do PFL. Nem quis fazer discurso, o que é raro. Quando o governador Mendonça Filho (PFL) encerrou o breve discurso, Lula deu um tapa na perna direita, mostrando toda a impaciência.
Parlamentares aliados do presidente corriam para o defender. O prefeito da capital pernambucana, João Paulo (PT), disse que o candidato do PFL a vice-presidente na chapa de Alckmin tinha sido "garoto de recados do PSDB"; o deputado Fernando Ferro (PT-PE) afirmou que Jorge é um político de segunda categoria, que "só é capaz de organizar festas de São João, assim mesmo, em Brasília", e o deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE) afirmou que o PFL e o pefelista estão "nervosos". "Quanto mais eles falam, mais perdem votos. A campanha de Geraldo Alckmin é igual rabo de cavalo, só cresce para baixo", disse.

Informe da Bahia

Por: Correio da Bahia

Lula faz proselitismo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarga amanhã em Salvador, no início da tarde, para, novamente, fazer campanha com programas que foram criados no governo do antecessor e por lideranças do PFL do estado. Em Santo Estevão, o presidente participa da inauguração de cem mil novas ligações do programa Luz para Todos, que nasceu com base no Luz no Campo idealizado por Rodolpho Tourinho (PFL) quando ministro de Minas e Energia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na última visita à Bahia, Lula visitou o Complexo da Ford, em Camaçari - uma conquista do PFL e que o PT foi contrário -, e participou da inauguração da primeira fábrica de pneus da multinacional alemã Continental no país, resultado da política do estado de atrair investimentos externos. Somente este ano, quando está em plena campanha à reeleição, o presidente já esteve na Bahia em quatro oportunidades, mas, em nenhuma delas, explicou porque o seu governo discrimina o estado deixando-o de fora dos principais investimentos na área de infra-estrutura da União.
Reeleição
A Câmara dos Deputados analisa a PEC que determina a simultaneidade das eleições em todos os níveis e proíbe a reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos, bem como de quem os houver sucedido ou substituído nos seis meses anteriores ao processo eleitoral. Também fixa em cinco anos a duração dos mandatos de cargos eletivos nos poderes Executivo e Legislativo, em todos os níveis, com exceção dos senadores, que passaria a ser de dez anos.
Indignação
A população de Salvador já começa a demonstrar sinais de indignação com o prefeito João Henrique Carneiro (PDT). No afã de levantar recursos, o gestor da cidade autorizou a Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) a cobrar R$2 pela permanência dos carros por seis horas na orla marítima da capital. No trecho compreendido entre a Barra e Itapuã, soteropolitanos e turistas terão que se render aos desmandos praticados, agora com respaldo oficial, pelos tão conhecidos guardadores de carros.
Pesar
O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Clóvis Ferraz (PFL), apresentou moção de pesar pela morte de Edvaldo de Oliveira Flores, ex-vice-governador da Bahia, entre 1982 e 1985. Ele disse que o falecimento "traz consternação a toda sociedade baiana", destacando que o político "marcou a sua trajetória política pela probidade e honestidade no trato da coisa pública".
Saneamento
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), concessionária pública da prefeitura de Juazeiro (BA), iniciou a obra de saneamento do bairro Itaberaba, uma das principais reivindicações da comunidade. O prefeito Misael Aguilar (PFL) visitou canteiro de obras e destacou que este é mais um compromisso constante do seu programa de governo, colocado em prática. O investimento total da obra é de R$2,4 milhões, sendo R$240 mil de contrapartida da prefeitura.
Educação
O prefeito de Itabuna, Fernando Gomes (PFL), comemorou o recorde baiano de investimentos em educação: mais de 31% do Orçamento no setor, enquanto os demais municípios gastam os 25% previstos pela Constituição. Gomes disse que, só com salários dos professores, o município gasta mais de 20% da receita. Desde o início da gestão, o prefeito tem buscado recursos e parcerias em outras esferas para melhorar a educação municipal.
Obstáculos
O vereador Emmerson José (PFL) é autor de requerimento em que solicita da Superintendência de Engenharia de Tráfego de Salvador (SET) o número de quebra-molas espalhados na cidade, de semáforos e de quem faz a aferição dos radares. "O que a SET faz é indecente. Há quebra-molas até em pista de cooper, isto é motivo de piada. Na Avenida Paralela, alguns radares ficam escondidos, o que demonstra o intuito da SET em extorquir os cidadãos", destacou o vereador.

Em destaque

Jeremoabo: Traição, Corrupção e as Enchentes: Um Reflexo da Má Gestão?

. A incansável batalha dos opositores de Tista de Deda para torná-lo inelegível, reflete a certeza de que serão vencidos em uma disputa que ...

Mais visitadas