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sábado, março 05, 2022

Últimas notícias: Rússia restringe Facebook e Twitter

 




Órgão regulador de mídia russo também bloqueou o acesso no país aos sites de notícias da Deutsche Welle (DW) e de outros meios de comunicação independentes, como a BBC, do Reino Unido. Acompanhe as últimas notícias.

    CNN, CBC e Bloomberg suspendem operações na Rússia
    Equipe de TV britânica baleada perto de Kiev
    Zelenski critica Otan por não impor zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia
    Pentágono confirma que não houve vazamento em usina nuclear de Zaporíjia
    Rússia restringe acesso ao Twitter
    Jornal russo remove conteúdo sobre Ucrânia para não sofrer sanções
    Mariupol: 40 horas de bombardeios contínuos 
    Órgão regulador bloqueia Facebook na Rússia
    Em conversa com Scholz, Putin nega ataques a alvos civis
    ONU aprova comissão para investigar violações aos direitos humanos na Ucrânia
    Pela primeira vez, maioria dos suecos apoia adesão à Otan
    Japão envia equipamentos de defesa à Ucrânia
    Kremlin pede a russos "união em torno de Putin"
    Rússia bloqueia sites da DW e da BBC
    Guerra entra em seu nono dia
    Incêndio atinge maior usina nuclear da Europa
    Ucrânia pede tanques e navios de guerra à Alemanha

As atualizações estão no horário de Brasília 

20:40 – Alemães aprovam mudança radical em política externa e defesa

A invasão russa da Ucrânia levou o governo alemão a mudar radicalmente algumas de suas políticas. O chanceler federal Olaf Scholz recentemente a exportação de armas para Kiev, um aumento drástico nos gastos com defesa e o apoio de seu país a sanções severas contra a Rússia, principal fornecedor de gás e carvão da Alemanha.

O instituto de pesquisa infratest realizou uma pesquisa, por telefone e internet, com 1.320 adultos que podem votar em toda a Alemanha, de 28 de fevereiro a 2 de março, e descobriu que 53% dos entrevistados consideram a nova resposta do governo alemão, mais dura, como apropriada. Para 27%, ela ainda é branda demais, e para 14% é mais severa do que deveria.

20:20 – CNN, CBC e Bloomberg suspendem operações na Rússia

Várias organizações internacionais de notícias suspenderam suas operações na Rússia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, assinou uma controversa lei que prevê penas de até 15 anos de prisão para pessoas que publicarem o que o governo considerar como "notícias falsas".

"A CNN vai parar de transmitir na Rússia enquanto continuamos a avaliar a situação e nossos próximos passos", disse um porta-voz.

Enquanto isso, a Canadian Broadcasting Corp suspendeu temporariamente suas reportagens do país.

"A CBC está muito preocupada com a nova legislação aprovada na Rússia, que parece criminalizar reportagens independentes sobre a situação atual na Ucrânia e na Rússia", afirmou em comunicado.

A Bloomberg News disse que também estava "suspendendo temporariamente o trabalho de seus jornalistas"

"A mudança no código penal, que parece destinada a transformar qualquer repórter independente em um criminoso puramente por associação, torna impossível continuar qualquer exercício normal do jornalismo no país", disse o editor-chefe da Bloomberg, John Micklethwait.

19:50 –  Equipe de TV britânica baleada perto de Kiev

Uma equipe de TV da emissora britânica Sky News foi atacada perto de Kiev. O correspondente relatou ao site da Sky News que, enquanto dirigia a noroeste de Kiev, perto de um posto de controle ucraniano, sua equipe ficou sob fogo pesado de armas automáticas.

Tanto o repórter quanto o cinegrafista foram atingidos, mas, graças aos coletes a prova de balas, escaparam sem ferimentos graves. Mais tarde, eles foram informados por soldados ucranianos que haviam sido alvejados por um esquadrão russo. (ots)

19:41 – Vídeo de dois aviões abatidos na guerra da Ucrânia é fake

Um vídeo que circula na internet mostra dois caças abatidos em rua, e um deles pegando fogo. Árvores e neve compõem ainda o suposto cenário de guerra, que é filmado através do para-brisa de um carro em movimento.

Em 28 de fevereiro, a emissora de televisão israelense Channel 13 News usou esse vídeo parecido com uma cena de guerra em sua cobertura sobre o conflito na Ucrânia, de acordo com vários usuários de redes sociais.

Um dia antes, as mesmas imagens já haviam aparecido no aplicativo de mensagens Telegram. Mas as cenas não são da guerra da Ucrânia, como alguns meios de comunicação israelenses já descobriram. O vídeo foi criado pela Sky para fins de marketing.

19:36 – Zelenski critica Otan por não impor zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, criticou a Otan nesta sexta-feira por se recusar a impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, uma medida que Kiev vem solicitando há dias para impedir o avanço da Rússia no país.

"Sabendo que novos ataques e baixas são inevitáveis, a Otan tomou a decisão de não fechar o céu sobre a Ucrânia", lamentou Zelenski em uma nova mensagem de vídeo postada nas redes sociais.

Segundo o presidente ucraniano, a inteligência dos países da Aliança Atlântica "conhece muito bem os planos do inimigo".

"Acreditamos que os países da Otan criaram a narrativa de que o fechamento do céu sobre a Ucrânia provocará um confronto direto" entre a Rússia e o bloco euro-atlântico, acrescentou.

No final de seu discurso, Zelenski, no entanto, admitiu que também existem países amigos na Otan, que ajudam a Ucrânia "apesar de tudo". (EFE)

19:11 – Brasil expande atuação do Itamaraty no Leste Europeu

O Ministério das Relações Exteriores divulgou na noite desta sexta-feira que devido à "deterioração das condições de segurança na Ucrânia, decidiu reorganizar temporariamente os trabalhos da Embaixada em Kiev". O objetivo é expandir a atuação do posto nas rotas mais utilizadas pelos brasileiros ao deixar o território ucraniano.

O embaixador do Brasil na Ucrânia, Norton de Andrade Mello Rapesta, que acumula a função de embaixador da Moldávia, passará a gerir a embaixada e ocupar-se dos trabalhos de análise política a partir de Chisinau, capital daquele país. Na Moldávia, já está em operação um posto de atendimento consular a cidadãos brasileiros evacuados do território ucraniano.

Já o posto aberto na cidade ucraniana de Lviv, perto da fronteira com a Ucrânia, e a força-tarefa do Ministério das Relações Exteriores para apoio a cidadãos brasileiros na zona de conflito na Ucrânia serão coordenados pelo embaixador do Brasil em Sarajevo, Lineu Pupo de Paula, temporariamente deslocado para Lviv.

Além disso, o Itamaraty informou que os brasileiros na Ucrânia "continuam a contar com apoio de funcionários locais da embaixada em Kiev, bem como das embaixadas do Brasil na Polônia, Romênia, Hungria e Eslováquia, que seguem operando núcleos de apoio a brasileiros que estejam deixando a Ucrânia". (ots)

18:10 – Otan diz que "pior ainda está por vir" na Ucrânia

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou nesta sexta-feira que a aliança militar do Atlântico Norte não imporá uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, após os pedidos do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

"O único jeito de implementar uma zona de exclusão aérea é enviar caças da Otan para o espaço aéreo ucraniano, e impor a medida por meio da derrubada de aviões russos", explicou, após uma reunião de emergência com os ministros do Exterior dos Estados-membros.

Kiev havia pedido a medida para ajudar a impedir os bombardeios a várias cidades ucranianas. "Se fizéssemos isso, acabaríamos com algo que poderia levar a uma guerra total na Europa, com o envolvimento de mais países e com muito mais sofrimento humano. Esta é a razão pela qual tomamos essa dolorosa decisão".

Stoltenberg alertou que "os próximos dias serão provavelmente piores, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, enquanto as Forças Armadas russas trazem armamentos ainda mais pesados e continuam os ataques em todo o país".

17:52 – Pentágono confirma que não houve vazamento em usina nuclear de Zaporíjia

O Pentágono confirmou nesta sexta-feira que não ocorreu nenhum vazamento radioativo na usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, durante o ataque russo.

O porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, John Kirby, disse em entrevista coletiva que "claramente" o ataque russo à usina foi violento. Segundo ele, o Pentágono não pode contestar relatos de que a Rússia tenha assumido o controle de Zaporíjia.

"No que diz respeito às condições existentes, o nosso conhecimento é imperfeito, mas o nosso entendimento é que não houve vazamento de material radioativo", disse Kirby.

As observações do porta-voz chegam após a agência nuclear da ONU ter relatado que o ataque à instalação não resultou em vazamentos radioativos, embora um edifício tenha pegado fogo como resultado dos ataques.

Kirby disse que se a situação tivesse evoluído de forma diferente, poderia ter havido "muito mais danos e destruição para o povo da Ucrânia, e talvez para os países vizinhos".

Em entrevista coletiva separada, a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki disse que o ataque russo à usina era "o cúmulo da irresponsabilidade" e instou o Kremlin a "cessar as suas operações em torno das infraestruturas nucleares" na Ucrânia.

Na ONU, os Estados Unidos acusaram nesta sexta-feira a Rússia de colocar a Europa em perigo com o ataque "imprudente" à usina nuclear na Ucrânia e exigiram garantias de Moscou de que um episódio semelhante não voltará a acontecer.

"Pela graça de Deus, o mundo evitou por pouco uma catástrofe nuclear ontem à noite", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para discutir o incidente. (EFE)

17:28 – Rússia restringe acesso ao Twitter

O regulador de mídia da Rússia, Roskomnadzor, "restringiu o acesso" à rede social Twitter nesta sexta-feira, depois de bloquear o Facebook no país, informaram agências de notícias russas. Um jornalista da AFP informou que o Twitter já não estava mais atualizando seu feed na Rússia. (AFP)

17:07 – Guia Michelin deixa de recomendar restaurantes na Rússia

O guia Michelin, considerado a principal publicação internacional da gastronomia, anunciou nesta sexta-feira a decisão de suspender as recomendações de restaurantes na Rússia "dada a gravidade da crise atual".

"Decidimos não promover Moscou como destino. Não haverá atualização da seleção em Moscou este ano e os projetos de desenvolvimento do guia Michelin na Rússia estão, por enquanto, congelados", disse a empresa em comunicado.

A Michelin lançou seu primeiro guia dedicado a Moscou em outubro de 2021 e entre os 69 restaurantes selecionados nessa data havia nove com estrela.

O comunicado especificou ainda que as publicações relacionadas a essa seleção em suas redes sociais, seu site e sua inscrição também estão suspensas.

"Essas decisões não questionam em nada o talento dos chefs e das equipes dos 69 restaurantes destacados em outubro passado", acrescentou a empresa. (EFE)

16:40 – Jornal russo remove conteúdo sobre Ucrânia para não sofrer sanções

O jornal independente russo Novaïa Gazeta, cujo editor recebeu no ano passado o prêmio Nobel da Paz, anunciou nesta sexta-feira a remoção de conteúdos sobre a Ucrânia para evitar sanções. 

"A lei que sanciona as 'notícias falsas' sobre ações das forças armadas russas entrou em vigor (...), somos obrigados a remover muito conteúdo, mas decidimos continuar trabalhando", indicou o jornal no seu site. 

"O gabinete do procurador-geral e o Roskomnadzor [órgão regulador] exigem que a Novaïa Gazeta e outros meios independentes removam o conteúdo que descreve as operações militares no território ucraniano como guerra, agressão ou invasão", explicou o jornal, alertando que "caso contrário, haverá multas enormes e a perspetiva de liquidação das mídias". 

Para tomar a decisão, a Novaïa Gazeta fez uma enquete com seus assinantes. Das cerca de 6.500 pessoas que responderam, 94% votaram para "continuar trabalhando sob censura militar, atendendo às exigências das autoridades", enquanto apenas 6% se manifestaram a favor de uma "suspensão do trabalho da redação até o final da operação especial". 

A Duma (câmara baixa do Parlamento) aprovou, por unanimidade, emendas ao código penal com fortes multas e penas de prisão, entre 10 a 15 anos, para a "difusão" de "informação falsa" sobre as ações das forças armadas.  

Penas de prisão de até cinco anos estão previstas para "ações públicas" que procurem desprestigiar o emprego das forças armadas russas na "defesa dos interesses da Rússia e seus cidadãos, na preservação da segurança e paz internacional". Os apelos a outros países para estabelecer sanções contra a Rússia passarão a ser punidos com até três anos de prisão. (Lusa)

16:10 – Mariupol: 40 horas de bombardeios contínuos 

A cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia, está sem comida, água e eletricidade no meio do inverno, disseram nesta sexta-feira autoridades locais.

O prefeito, Vadym Boychenko, fez um apelo televisionado por ajuda militar e disse que um corredor humanitário deve ser criado para evacuar os civis. "Estamos simplesmente sendo destruídos", disse ele.

O vice-prefeito de Mariupol, Sergei Orlov, disse à rádio BBC que a situação na cidade é "terrível", após 40 horas de bombardeios contínuos, com escolas e hospitais também sendo atingidos. 

"Hoje o estilo de guerra de Putin é como Aleppo. Então, Mariupol vai virar Aleppo", disse Orlov, em inglês. "Acredito que ele queira destruir a Ucrânia como nação, e Mariupol está nesse caminho". 

Em uma atualização de inteligência, o Reino Unido confirmou que Mariupol foi cercada e bombardeada, alertando para uma emergência humanitária que se desenrola na cidade. 

15:25 – Órgão regulador bloqueia Facebook na Rússia

O regulador de comunicações da Rússia afirmou que bloqueou o Facebook no país em resposta ao que chamou de restrições de acesso à mídia russa na rede social.

"Em 4 de março, foi decidido por bloquear o acesso à rede social Facebook, controlada pela Meta, no território da Federação Russa", indicou o órgão regulador, por meio de comunicado, segundo a agência de notícias local "Interfax".

O Rozkomnadzor disse que houve 26 casos de discriminação contra a mídia russa pelo Facebook desde outubro de 2020, com o acesso restrito a canais apoiados pelo estado, como a RT (antiga Russia Today) e a agência de notícias RIA. 

O Roskomnadzor já havia restringido parcialmente, no fim de fevereiro, o acesso à plataforma, depois do início da chamada pelo governo da Rússia de "operação especial militar" na Ucrânia.

O Escritório da Procuradoria-Geral da Rússia indicou que o Facebook "ilegalmente restringiu a difusão através de usuários da internet de informação socialmente importante no território da Federação Russa, incluindo mensagens e materiais de veículos registrados, em conexão com a imposição de sanções políticas e econômicas por parte de países estrangeiros".

As autoridades da antiga república soviética consideram que as medidas violam o direito dos cidadãos contido no artigo 29 da Constituição da Rússia, sobre "ter acesso livre, receber, transmitir, produzir e difundir informação de maneira legal".

O Roskomnadzor anunciou que pediu à Meta que retire as restrições e as explique, mas que a companhia americana ignorou a solicitação.

Também nesta sexta-feira, foram bloqueados no país o acesso a veículos de comunicação estrangeiros, como a DW.  (AFP, Reuters, EFE)

15:00 – Agência da ONU alerta para fome global devido à guerra na Ucrânia  

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas alertou sobre uma crise alimentar iminente nas áreas de conflito na Ucrânia, enquanto as interrupções na produção e nas exportações podem levar à insegurança alimentar em todo o mundo.

"Em um ano em que o mundo já enfrenta um nível de fome sem precedentes, é trágico ver a fome aumentar no que há muito tempo tem sido o celeiro da Europa", disse o chefe da agência da ONU, David Beasley.

"As balas e bombas na Ucrânia podem levar a crise global da fome a níveis além de tudo o que já vimos até agora", comentou Beasley.

A agência, que tem sede em Roma, está montando centros em países que fazem fronteira com a Ucrânia para ajudar na entrega de assistência alimentar no país, enquanto ajuda refugiados que fogem para os vizinhos ocidentais.

Como a Rússia e Ucrânia representam cerca de 29% do comércio global de trigo, sérias interrupções na produção e nas exportações podem elevar ainda mais os preços dos alimentos – que atualmente são as maiores em dez anos –, disse Beasley.

"Isso irá corroer a segurança alimentar de milhões de pessoas, especialmente aquelas que já estão sob estresse por causa dos altos níveis de inflação de alimentos em seus países", afirmou o Programa Mundial de Alimentos. (AFP)

14:49 – Embaixador russo nega ataque a usina nuclear ucraniana

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, negou que as forças russas tenham bombardeado a usina nuclear de Zaporíjia, no sul da Ucrânia.

"Essas declarações são simplesmente falsas", afirmou Nebenzia ao Conselho de Segurança da ONU. "Tudo isso faz parte de uma campanha sem precedentes de mentiras e desinformação contra a Rússia."

Ele disse que as tropas russas trocaram tiros de armas leves com as forças ucranianas na maior usina atômica da Europa em Zaporíjia, mas não bombardearam a instalação. (AFP)

13:45 – Em conversa com Scholz, Putin nega ataques a alvos civis

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou em conversa por telefone com o chanceler alemão, Olaf Scholz, que as forças russas tenham bombardeado cidades ucranianas. 

Scholz expressou preocupação com os vários relatos de vítimas civis em razão dos bombardeios russos, mas Putin negou categoricamente que isso tenha ocorrido, apesar de existirem inúmeros testemunhos, registros e imagens que indiquem o contrário.

"Os supostos ataques aéreos a Kiev e outras grandes cidades são grotescas propagandas falsas", afirmou o Kremlin, ao relatar a conversa entre os dois líderes.

Segundo Moscou, Putin disse que seu país está aberto ao diálogo com Kiev, "assim como todos os que desejam a paz na Ucrânia. Mas, sob a condição de que todas as exigências russas sejam aceitas".

Entre as condições impostas por Moscou, estão a classificação do status da Ucrânia como "não nuclear", a "desnazificação" do país, o reconhecimento da Península da Crimeia como território russo e da soberania dos territórios separatistas no leste ucraniano.

Segundo o Kremlin, Putin "expressou sua esperança de que os representantes da Ucrânia adotem uma posição razoável e construtiva na terceira rodada de conversações". O próximo encontro entre as delegações de ambos os lados deve ocorrer neste fim de semana, segundo os negociadores de Kiev.

Entretanto, as esperanças de avanços reais são bastante reduzidas, uma vez que a exigências de Moscou são consideradas inaceitáveis pelo governo ucraniano. (AFP, AP, Reuters)

12:38 – ONU aprova comissão para investigar violações aos direitos humanos na Ucrânia

O Conselho de Direitos Humanos da ONU, o principal órgão jurídico da entidade, aprovou por ampla maioria a criação de um painel de três especialistas que vão supervisionar a possíveis violações aos direitos humanos na Ucrânia, em meio à invasão russa de seu território.

A resolução, proposta por diversas nações ocidentais e outras que criticaram a intervenção militar de Moscou, foi aprovada por 32 votos a 2, com 13 abstenções. Votaram contra somente a Rússia e a Eritreia. O Brasil apoiou a resolução, e a China foi um dos países que se abstiveram. 

O resultado serve como evidência da ampliação do isolamento internacional da Rússia. As decisões do Conselho não têm efeito jurídico vinculativo, mas enviam mensagens políticas importantes e podem resultar na abertura de inquéritos, como o que será realizado pela comissão criada nesta sexta-feira em Genebra.

Não foi esclarecido de início como a comissão atuará juntamente com a equipe de direitos humanos da ONU na Ucrânia. Uma delegação do Tribunal Penal Internacional (TPI) já está em solo ucraniano para analisar possíveis crimes de guerra cometidos por todas as partes envolvidas no conflito. (AP, Reuters)

10:45 – Pela primeira vez, maioria dos suecos apoia adesão à Otan

Pela primeira vez, a maioria dos suecos é a favor da adesão à Otan, uma mudança de opinião que parece ser provocada pela invasão russa da Ucrânia, de acordo com uma sondagem divulgada nesta sexta-feira (04/03)

No período de um mês, o número de adeptos da adesão à aliança subiu nove pontos percentuais, atingindo um máximo histórico de 51%, enquanto os que se opõem diminuíram para 27%, uma queda de dez pontos, segundo a pesquisa do instituto Demoskop. 

Na Suécia, a opinião pública sempre foi desfavorável à adesão à Otan até a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014. Desde então, havia empate entre os que defendem e os que se opõem à entrada na Otan.

Num futuro imediato, Suécia e Finlândia descartaram a ideia de uma candidatura à aliança militar, mas o debate foi relançado, mesmo entre forças políticas ideologicamente diferentes. 

Há anos que a Rússia avisa que a adesão de qualquer um destes países nórdicos à Otan teria "sérias consequências políticas e militares", um alerta reiterado na sexta-feira passada pelo Ministério do Exterior russo. 

10:27 – Líderes europeus condenam ataque russo a usina nuclear ucraniana

O ataque de tropas russas contra a usina nuclear de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, gerou uma onda de indignação entre líderes europeus.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, classificou o ocorrido como "um ataque contra todos". 

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, disse que "atacar instalações nucleares é um ato criminoso para aterrorizar o público.''

O ministro do Exterior da Letônia, Edgars Rinkevics, chamou a bombardeio de "insano". 

A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, acusou o Kremlin de atacar sua vizinha Ucrânia "com brutalidade, provocando destruição arbitrária, sitiando cidades inteiras e tentando esmagar a população civil". 

10:05 – Japão envia equipamentos de defesa à Ucrânia

O Japão está enviando coletes à prova de balas, capacetes e outros suprimentos de defesa para a Ucrânia para ajudar o país a combater a invasão russa. A medida é rara, já que o país tem como princípio não enviar suprimentos de defesa para países em conflito.

O secretário-chefe do gabinete do governo japonês, Hirokazu Matsuno, disse a repórteres nesta sexta-feira (04/03) que o envio e outros detalhes logísticos estão sendo finalizados após decisão do Conselho de Segurança Nacional.

"A mudança unilateral (da Rússia) do status quo pela força, que é absolutamente inadmissível, é um ato que abala os fundamentos da ordem internacional'', disse Matsuno. "A sociedade internacional está unida e tomando medidas sem precedentes para apoiar a Ucrânia.''

9:23 – Kremlin pede a russos "união em torno de Putin"

O Kremlin apelou para que os russos apoiem o presidente Vladimir Putin, mais de uma semana depois que Moscou lançou uma invasão contra a Ucrânia.

"Agora não é a hora de estar dividido", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, durante uma entrevista coletiva, ao responder uma pergunta sobre pedidos de figuras públicas pelo fim da guerra. "Agora é o momento de nos unirmos, de nos unirmos em torno de nosso presidente", afirmou.

9:15 – Tropas russas avançam sobre Mykolaiv, no sul da Ucrânia

Forças russas entraram em Mykolaiv, na costa do Mar Negro. O prefeito da cidade portuária de cerca de 500 mil habitantes afirmou que soldados russos estão atuando no centro urbano.

Mais tarde, um assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que o avanço das tropas invasoras em Mykolaiv foi repelido por defensores ucranianos.

8:41 – Rússia aprova até 15 anos de prisão para "fake news" sobre militares

O Parlamento russo aprovou uma lei impondo penas que vão de multa a até 15 anos de prisão para quem disseminar intencionalmente "informações falsas" sobre militares do país. 

Emendas também foram aprovadas para multar ou prender qualquer pessoa que reivindique sanções contra a Rússia.

Abrindo a sessão, o presidente do Parlamento, Vyacheslav Volodin, criticou as mídias sociais estrangeiras, depois que o Facebook ficou brevemente inacessível na Rússia nesta sexta-feira. 

"Todas essas empresas de TI, começando com o Instagram e terminando com as outras, estão sediadas nos Estados Unidos da América. É claro que são usadas como armas. Elas carregam ódio e mentiras. Precisamos nos opor a isso", disse.

8: 24 – Rússia bloqueia sites da DW e da BBC

O regulador de mídia da Rússia bloqueou o acesso no país aos sites da alemã Deutsche Welle (DW) e de outros meios de comunicação independentes.

Sites da DW, da BBC, do portal de notícias Meduza e o site em russo da Radio Free Europe/Radio Liberty, financiada pelos EUA, foram "restritos" a pedido do Ministério Público, segundo a agência estatal.

A organização não governamental GlobalCheck também relatou problemas de acesso no Facebook na Rússia.

O Ministério do Exterior russo disse na quinta-feira que a BBC estava sendo usada para infiltrações na política interna e na segurança da Rússia.

06:57 – AIEA afirma que não houve liberação de radiação em Zaporíjia

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, afirmou que não houve liberação de radiação após o incêndio na usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa.

O órgão da ONU entrou em contato com autoridades ucranianas após um prédio no local ter sido atingindo após uma série de bombardeios russos. O ataque teria causado o incêndio que deixou dois feridos.

Grossi afirmou ainda que a situação no local "continua extremamente tensa e desafiadora". Porém, destacou que os reatores não foram atingidos e acrescentou que funcionários ucranianos continuam trabalhando na usina.

06:49 – Zelenski pede que russos protestem contra ocupação de usina nuclear

Em pronunciamento, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pediu aos russos que protestem contra a ocupação da usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa. Segundo autoridades locais, forças russas assumiram o controle da usina nesta sexta-feira. Um incêndio atingiu um dos reatores após uma série de bombardeios russos no local ao longo da noite.

"Povo russo, eu apelo a vocês, como isso é possível? Afinal, lutamos juntos em 1986 contra a catástrofe de Chernobyl", destacou Zelenski.

Autoridades nucleares informaram que nenhum vazamento de radiação foi detectado após o incêndio.

06:10 – Venezuela anuncia o aumento do número de voos para Moscou

Após o bloqueio aéreo imposto pelos Estados Unidos e Europa contra a Rússia, a Venezuela anunciou que pretende aumentar o número de voos para Moscou operados pela companhia aérea estatal do país.

"A Venezuela está pronta para continuar recebendo turistas russos", disse o ministro venezuelano do Turismo, Ali Padron, anunciando o aumento do número de voos operados pela Conviasa.

O turismo russo para a Venezuela disparou a partir de maio de 2021, quando os dois países abriram uma rota direta entre Moscou e Caracas e depois para a ilha venezuelana de Margarita. Essas rotas são operadas também pelas companhias russas Pegas Fly e Pegas Touristik.

A Rússia tem sido uma aliada fundamental da Venezuela desde o governo de Hugo Chávez (1999-2003). O governo venezuelano é um dos poucos que manifestou apoio a Moscou após a invasão da Ucrânia.

04:20 – Ucrânia diz que forças russas tomaram controle de usina nuclear

Autoridades ucranianas afirmaram que forças russas assumiram o controle da usina nuclear de Zaporíjia, no sudoeste do país. Um incêndio atingiu um dos reatores da usina após uma série de bombardeios russos no local ao longo da noite.

"Funcionários operacionais estão monitorando a condição das unidades de energia", afirmaram autoridades regionais nas redes sociais, acrescentando que se procura garantir que as operações estão de acordo com os requisitos de segurança.

Autoridades nucleares ucranianas informaram ainda que nenhum vazamento de radiação foi detectado após as chamas. "Alterações na situação da radiação não foram registradas." A usina nuclear de Zaporíjia é a maior da Europa.

03:50 – Banco do Brics e AIIB suspendem novas operações com a Rússia

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, banco do Brics) e o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) anunciaram a suspensão de novas operações com a Rússia.

"No melhor interesse do banco, a administração decidiu que todas as atividades relacionadas à Rússia e a Belarus estão suspensas e sob revisão'', disse o AIIB em comunicado.

O banco asiático é uma instituição multilateral lançada em 2016 por iniciativa do presidente chinês, Xi Jinping, para equilibrar o domínio ocidental do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A Rússia é um dos membros fundadores do AIIB, detém 6% dos votos nas operações e tem assento no conselho do banco. O Banco da China é o maior acionista, com participação de 27%.

Já o NDB tem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – os Brics – como membros. "À luz do desdobramento de incertezas e restrições, o NDB suspendeu novas transações na Rússia", disse o banco em comunicado.

03:32 – Google suspende vendas de anúncios na Rússia

A Google anunciou que vai suspender toda a publicidade online na Rússia, numa proibição que abrange buscas, YouTube e parceiros de publicação externos. Anteriormente, a empresa já havia impedido a mídia estatal russa de comprar ou vender anúncios em suas plataformas.

"À luz das circunstâncias extraordinárias, estamos pausando os anúncios da Google na Rússia. A situação está evoluindo rapidamente e continuaremos a compartilhar atualizações quando apropriado", disse a empresa em comunicado.

03:20 – Airbnb suspende operações na Rússia

Brian Chesky, CEO do Airbnb, anunciou no Twitter que a plataforma internacional de aluguéis de curto prazo está suspendendo "todas as suas operações na Rússia e em Belarus" devido à guerra na Ucrânia.

Mais cedo nesta semana, Chesky já havia afirmado que a companhia estava negociando com anfitriões da plataforma o fornecimento de hospedagens gratuitas para até 100.000 refugiados ucranianos que fogem da invasão russa.

03:00 – Especialista fala em "situação sem precedentes"

A DW conversou com o especialista em segurança nuclear Charles Castro sobre o incêndio na usina de Zaporizhzhia. "Um incêndio é muito preocupante em qualquer usina nuclear. As usinas nucleares são projetadas para incêndios severos e têm contramedidas, e os operadores são treinados para combater uma situação de incêndio. Usinas são extremamente robustas a fim de conter qualquer radiação dentro dela", explicou. Mas "obviamente esta é uma situação sem precedentes".

A ONU pediu às forças russas que cessem os ataques à maior usina nuclear da Europa. Castro reforçou os apelos. "Todos os ataques precisam ser interrompidos, e os operadores precisam ter permissão para fazer seu trabalho para recuperar os reatores e desligá-los com segurança para que a radiação possa ser contida", declarou.

02:35 – Incêndio em usina nuclear é extinto

O serviço de emergências ucraniano divulgou que o incêndio que atingiu a área da usina nuclear de Zaporizhzhia já foi extinto. Não houve vítimas.

As autoridades do país europeu haviam informado nas primeiras horas desta sexta-feira que forças russas atacaram a usina e que um prédio de cinco andares ao lado dela estava em chamas em decorrência dos bombardeios.

02:03 – Ucrânia pede tanques e navios de guerra à Alemanha

A embaixada da Ucrânia em Berlim solicitou ao governo alemão o fornecimento de tanques e navios de guerra para Kiev enfrentar a invasão russa.

Itens adicionais na lista de pedidos da Ucrânia incluem veículos de combate de infantaria, sistemas de artilharia, como obuses autopropulsados, sistemas de defesa aérea, helicópteros, drones de reconhecimento e combate, e aeronaves de transporte.

O pedido formal da Ucrânia à Chancelaria alemã, ao Ministério do Exterior e ao Ministério da Defesa dizia: "Em vista da situação de segurança extremamente tensa por causa da agressão russa em andamento, o governo ucraniano está buscando que este pedido seja processado e revisto favoravelmente o mais rápido possível".

A nota acrescenta que o presidente russo, Vladimir Putin, iniciou uma "guerra de aniquilação" contra a Ucrânia.

Em meio às hostilidades russas na Ucrânia, Berlim reverteu sua política de longa data em relação à defesa e à Rússia ao fornecer a Kiev 1.000 armas antitanque e 500 mísseis terra-ar, após inicialmente prometer apenas 5.000 capacetes. 

01:50 – Zelenski: "A Europa precisa acordar"

"A Europa precisa acordar", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em um vídeo publicado no Telegram após tropas russas atacarem a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior do continente. 

"Estou me dirigindo a todos os ucranianos, a todos os europeus e a todos que conhecem a palavra Chernobyl", disse o líder ucraniano. "Dezenas de milhares tiveram que ser retirados do local, e a Rússia quer repetir isso – e já está repetindo –, mas seis vezes maior."

Zelenski acrescentou que a Ucrânia tem 15 reatores nucleares e que "se houver uma explosão é o fim para todo mundo". "Não deixem a Europa morrer em uma catástrofe nuclear", concluiu.

01:30 – Reino Unido pede reunião do Conselho de Segurança

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para tratar da guerra na Ucrânia. Johnson afirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pode "ameaçar a segurança de toda a Europa".

01:00 – Biden e Zelenski falam sobre incêndio em usina

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, sobre o incêndio que atingiu a maior usina nuclear da Europa após bombardeios russos. A conversa foi informada pela Casa Branca em uma série de tuítes.

Segundo as postagens, Biden "se uniu ao presidente Zelenski para pedir à Rússia que cesse suas atividades militares no local e permita que bombeiros e equipes de emergência acessem a área".

A secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, disse que conversou com seu homólogo ucraniano e que os reatores da usina de Zaporizhzhia estão protegidos por "estruturas robustas de contenção" e "estão sendo desligados com segurança".

00:20 – Incêndio na maior usina nuclear da Europa

A maior usina nuclear da Europa, Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, foi atingida por um incêndio após ser alvo de bombardeios russos. 

"O Exército russo está atirando de todos os lados contra a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa. O fogo já começou", escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, no Twitter. "Se explodir, será dez vezes maior que Chernobyl! Os russos devem imediatamente cessar o fogo, permitir os bombeiros, estabelecer uma zona de segurança."

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que não houve mudança nos níveis de radiação reportados.

O Ministério da Energia ucraniano afirmou à agência de notícias russa RIA que os bombeiros não conseguem ter acesso ao fogo, pois as tropas russas continuam atirando contra o local. A usina de Zaporizhzhia gera 25% da eletricidade da Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, declarou que Moscou apelou para "terrorismo nuclear" ao bombardear a maior usina nuclear europeia.

Resumo do oitavo dia de guerra na Ucrânia

Em meio a contínuos bombardeios, tropas russas avançam no sul da Ucrânia. Zelenski pede encontro com Putin, e representantes dos dois países concordam em criar corredores humanitários. Macron e Scholz reforçam pressão.

Deutsche Welle

O preço é inimaginável: Putin está conseguindo o que quer na guerra




A batalha da paz já está perdida; não existe saída negociada com forças que chegam a atacar usina nuclear, colocando Europa inteira em risco.

Por Vilma Gryzinski

Não é preciso ser especialista em estratégia militar para ver o que as forças armadas russas estão fazendo: criando um cordão que vai do sul ao oeste do território fronteiriço da Ucrânia e, a partir daí preparando o avanço que irá engolindo as principais cidades até chegar a Kiev.

O Plano A era a decapitação, a tática de desfechar um ataque tão superior que a cúpula do governo seria derrubada por dentro, para evitar a destruição total do país e instalar uma liderança mais flexível às exigências do invasor.

Deu formidavelmente errado. Em vez de derrubar o governo, os russos criaram um herói na pessoa de Volodimir Zelenski e uniram o mundo civilizado de uma forma que nenhum de nós testemunhou em nossas vidas.

Os generais russos voltaram então para o Plano B, o que eles sabem fazer melhor e estão mais equipados: o arrasa-quarteirão ou destruição em massa de cidades, até não restar sombra de resistência.

O ataque ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhia mostrou que nenhuma consideração por riscos absurdos segura os invasores. Na dinâmica da guerra, tradicionalmente acontecem desdobramentos não planejados, mas a perspectiva de que a Europa inteira poderia estar sob uma nuvem radiativa nesse momento dá uma dimensão sem precedentes da mentalidade dos atacantes,

A queda da cidade de Kherson ilustrou a eficácia brutal dos russos, que têm o domínio do espaço aéreo e a superioridade em material bélico.

“Não temos mais forças armadas ucranianas na cidade, só civis e pessoas que querem viver”, postou o prefeito Igor Kolikhaiev, contando que “visitantes armados” impuseram suas condições numa reunião na prefeitura e ele não teve alternativa a não ser aceitar.

É só olhar os mapas da Ucrânia que estão em todas as telas e ver os próximos alvos, que já estão sendo “amaciados” com bombardeios esporádicos, como acontece em Kiev.

As bombas que antecipam a destruição em massa que ainda virá pela frente criaram cenas arrepiantes. Num abrigo improvisado, entre as bandeiras da Ucrânia e de Israel, sobreviventes idosas do genocídio na II Guerra Mundial mandaram mensagens para Putin.

“Eu vivi debaixo de bombas em Kiev em 1941. Em 2022, estou em Kiev debaixo de bombas de novo”, disse Valentina Isoifovna.

“Dessa vez, estou com medo. Putin, quero que você morra”, amaldiçoou outra idosa judia, Tamara Alexeieva.

Kiev é uma das cidades que viveu um dos maiores massacres de judeus durante a II Guerra. Em Babi Yar, uma área de barrancos, forças especiais nazistas fuzilaram 33 mil judeus em apenas dois dias fatídicos, 29 e 30 de setembro de 1941.

As camadas de mortos foram posteriormente se sobrepondo: prisioneiros soviéticos, ciganos, integrantes da resistência ucraniana e, por fim, ucranianos que colaboraram e participaram dos massacres inomináveis.

Na quarta-feira, a bomba que explodiu a torre de televisão de Kiev atingiu áreas anexas ao monumento aos mortos de Babi Yar.

Num post em hebraico, Zelenski fez um pedido dramático: “Eu apelo a todos os judeus do mundo. Vocês não veem o que está acontecendo? É muito importante que milhões de judeus ao redor do mundo não fiquem em silêncio nesse momento”.

“O nazismo nasce no silêncio”.

Zelenski, que é judeu não praticante, já tinha se referido ao horror da II Guerra quando postou um apelo aos russos.

Falando em russo, que é sua língua materna, como a de 10 milhões de ucranianos, ele disse que a propaganda russa estava qualificando o governo de Kiev de nazista, uma blasfêmia evocada ontem de novo por Putin.

Em vez de apontar o absurdo que seria chamar um judeu como ele de nazista, Zelenski apelou, habilmente, para uma experiência com a qual os russos se identificam mais: “Digam isso para meu avô, que combateu a guerra inteira no Exército Vermelho”.

A identidade judia de Zelenski provoca uma complicação adicional para Israel. O primeiro-ministro Naftali Bennett procura deliberadamente manter distância das críticas mundiais à Rússia.

O país sempre cultivou boas relações com Putin e tem um interesse extra: precisa coordenar com a Rússia os ataques regulares que faz contra posições iranianas e do Hezbollah na Síria. Os russos controlam o espaço aéreo sírio e, sem a coordenação, poderia acontecer um incidente grave.

Zelenski fez uma crítica cortante a essa posição ambígua.

“Vi uma bela foto de judeus envoltos na bandeira ucraniana rezando no Muro das Lamentações. Agradeço pelas preces. Mas é na hora do perigo que as coisas são postas à prova. Eu não achei que o primeiro-ministro de Israel estivesse envolto na nossa bandeira”.

“As coisas estão ruins agora, mas é importante entender que se os líderes mundiais não agirem rapidamente, vão ficar muito piores”, disse Bennett ontem. “Estou falando em perda incalculável de vidas, na destruição total da Ucrânia. Milhões de refugiados”.

Bennett não disse especificamente o que mais os líderes mundiais poderiam fazer. O presidente Emmanuel Macron, um dos últimos a manter uma linha de contato com Putin, relatou o resultado de sua última conversa com ele.

Putin informou que vai manter “a luta sem compromissos contra militantes de grupos nacionalistas armados”.

Todo mundo já tinha percebido que parece não existir alternativa negociada que freie o ataque russo, mas ouvir tão claramente que os ucranianos estão condenados à destruição em massa causa uma terrível sensação de impotência diante de um horror que não conseguimos evitar.

“O fim do mundo chegou”, disse Zelenski, que crescentemente só tem as palavras como instrumento de reação.

As dele são incrivelmente poderosas e inspiradoras. Mas pouco podem fazer diante da força avassaladora desfechada por Putin com a missão de “ir até o fim”.

Revista Veja

O preço é inimaginável: Putin está conseguindo o que quer na guerra

 




A batalha da paz já está perdida; não existe saída negociada com forças que chegam a atacar usina nuclear, colocando Europa inteira em risco.

Por Vilma Gryzinski

Não é preciso ser especialista em estratégia militar para ver o que as forças armadas russas estão fazendo: criando um cordão que vai do sul ao oeste do território fronteiriço da Ucrânia e, a partir daí preparando o avanço que irá engolindo as principais cidades até chegar a Kiev.

O Plano A era a decapitação, a tática de desfechar um ataque tão superior que a cúpula do governo seria derrubada por dentro, para evitar a destruição total do país e instalar uma liderança mais flexível às exigências do invasor.

Deu formidavelmente errado. Em vez de derrubar o governo, os russos criaram um herói na pessoa de Volodimir Zelenski e uniram o mundo civilizado de uma forma que nenhum de nós testemunhou em nossas vidas.

Os generais russos voltaram então para o Plano B, o que eles sabem fazer melhor e estão mais equipados: o arrasa-quarteirão ou destruição em massa de cidades, até não restar sombra de resistência.

O ataque ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhia mostrou que nenhuma consideração por riscos absurdos segura os invasores. Na dinâmica da guerra, tradicionalmente acontecem desdobramentos não planejados, mas a perspectiva de que a Europa inteira poderia estar sob uma nuvem radiativa nesse momento dá uma dimensão sem precedentes da mentalidade dos atacantes,

A queda da cidade de Kherson ilustrou a eficácia brutal dos russos, que têm o domínio do espaço aéreo e a superioridade em material bélico.

“Não temos mais forças armadas ucranianas na cidade, só civis e pessoas que querem viver”, postou o prefeito Igor Kolikhaiev, contando que “visitantes armados” impuseram suas condições numa reunião na prefeitura e ele não teve alternativa a não ser aceitar.

É só olhar os mapas da Ucrânia que estão em todas as telas e ver os próximos alvos, que já estão sendo “amaciados” com bombardeios esporádicos, como acontece em Kiev.

As bombas que antecipam a destruição em massa que ainda virá pela frente criaram cenas arrepiantes. Num abrigo improvisado, entre as bandeiras da Ucrânia e de Israel, sobreviventes idosas do genocídio na II Guerra Mundial mandaram mensagens para Putin.

“Eu vivi debaixo de bombas em Kiev em 1941. Em 2022, estou em Kiev debaixo de bombas de novo”, disse Valentina Isoifovna.

“Dessa vez, estou com medo. Putin, quero que você morra”, amaldiçoou outra idosa judia, Tamara Alexeieva.

Kiev é uma das cidades que viveu um dos maiores massacres de judeus durante a II Guerra. Em Babi Yar, uma área de barrancos, forças especiais nazistas fuzilaram 33 mil judeus em apenas dois dias fatídicos, 29 e 30 de setembro de 1941.

As camadas de mortos foram posteriormente se sobrepondo: prisioneiros soviéticos, ciganos, integrantes da resistência ucraniana e, por fim, ucranianos que colaboraram e participaram dos massacres inomináveis.

Na quarta-feira, a bomba que explodiu a torre de televisão de Kiev atingiu áreas anexas ao monumento aos mortos de Babi Yar.

Num post em hebraico, Zelenski fez um pedido dramático: “Eu apelo a todos os judeus do mundo. Vocês não veem o que está acontecendo? É muito importante que milhões de judeus ao redor do mundo não fiquem em silêncio nesse momento”.

“O nazismo nasce no silêncio”.

Zelenski, que é judeu não praticante, já tinha se referido ao horror da II Guerra quando postou um apelo aos russos.

Falando em russo, que é sua língua materna, como a de 10 milhões de ucranianos, ele disse que a propaganda russa estava qualificando o governo de Kiev de nazista, uma blasfêmia evocada ontem de novo por Putin.

Em vez de apontar o absurdo que seria chamar um judeu como ele de nazista, Zelenski apelou, habilmente, para uma experiência com a qual os russos se identificam mais: “Digam isso para meu avô, que combateu a guerra inteira no Exército Vermelho”.

A identidade judia de Zelenski provoca uma complicação adicional para Israel. O primeiro-ministro Naftali Bennett procura deliberadamente manter distância das críticas mundiais à Rússia.

O país sempre cultivou boas relações com Putin e tem um interesse extra: precisa coordenar com a Rússia os ataques regulares que faz contra posições iranianas e do Hezbollah na Síria. Os russos controlam o espaço aéreo sírio e, sem a coordenação, poderia acontecer um incidente grave.

Zelenski fez uma crítica cortante a essa posição ambígua.

“Vi uma bela foto de judeus envoltos na bandeira ucraniana rezando no Muro das Lamentações. Agradeço pelas preces. Mas é na hora do perigo que as coisas são postas à prova. Eu não achei que o primeiro-ministro de Israel estivesse envolto na nossa bandeira”.

“As coisas estão ruins agora, mas é importante entender que se os líderes mundiais não agirem rapidamente, vão ficar muito piores”, disse Bennett ontem. “Estou falando em perda incalculável de vidas, na destruição total da Ucrânia. Milhões de refugiados”.

Bennett não disse especificamente o que mais os líderes mundiais poderiam fazer. O presidente Emmanuel Macron, um dos últimos a manter uma linha de contato com Putin, relatou o resultado de sua última conversa com ele.

Putin informou que vai manter “a luta sem compromissos contra militantes de grupos nacionalistas armados”.

Todo mundo já tinha percebido que parece não existir alternativa negociada que freie o ataque russo, mas ouvir tão claramente que os ucranianos estão condenados à destruição em massa causa uma terrível sensação de impotência diante de um horror que não conseguimos evitar.

“O fim do mundo chegou”, disse Zelenski, que crescentemente só tem as palavras como instrumento de reação.

As dele são incrivelmente poderosas e inspiradoras. Mas pouco podem fazer diante da força avassaladora desfechada por Putin com a missão de “ir até o fim”.

Revista Veja

Os riscos do ataque russo à usina nuclear na Ucrânia




A usina nuclear de Zaporizhzhia foi atingida nas primeiras horas da sexta-feira (4/3)

Por Esme Stallard e Victoria Gill

Prédios da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia - a maior da Europa - foram danificados após serem atingidos por bombardeios.

O ataque levou líderes mundiais a acusar a Rússia de agir de forma imprudente.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que isso pode "ameaçar diretamente a segurança de toda a Europa".

Entenda o que se sabe sobre o ataque à maior usina nuclear da Europa:

O que aconteceu com a usina?

A Rússia atacou Zaporizhzhia com bombardeios e depois assumiu o controle da usina.

Edifícios em torno de uma de suas seis unidades de energia foram danificados, de acordo com a inspeção nuclear da Ucrânia.

A agência nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, na sigla em inglês), diz que nenhum dos sistemas de segurança da usina foi afetado e que não houve liberação de material radioativo.

Quão perigoso foi o ataque?

Especialistas dizem que o ataque criou uma situação muito arriscada.

Se um reator - o dispositivo que gera energia em uma usina nuclear - e o prédio que o abriga forem danificados, isso poderia causar o superaquecimento do reator e um derretimento do núcleo. A radiação poderia então vazar para o ambiente circundante.

Se as pessoas fossem expostas a essa radiação, isso poderia causar graves impactos à saúde imediatos e de longo prazo, incluindo câncer.

Isso foi visto em 1986 na Usina de Chernobyl, na Ucrânia - o local do pior incidente nuclear da história.

O ataque poderia ter sido 'outro Chernobyl'?

Especialistas dizem que, embora o ataque tenha sido perigoso, existem diferenças importantes entre as usinas de Chernobyl e Zaporizhzhia.

Zaporizhzhia é um local muito mais seguro, de acordo com o Dr. Mark Wenman, do Imperial College London. Ele diz que o reator está em um edifício de concreto reforçado com aço que pode "suportar eventos externos extremos, tanto naturais quanto causados ​​pelo homem, como um acidente de avião ou explosões".

A usina de Zaporizhzhia também não contém grafite em seu reator.

Em Chernobyl, o grafite causou um incêndio significativo e foi a fonte da nuvem de radiação que percorreu a Europa.

O que acontece se a usina nuclear perder energia?

"Você não precisa atingir diretamente uma planta para ter um problema", diz Olexi Pasiuk, vice-diretor da Ecoaction, um grupo de pressão ambientalista na Ucrânia. Uma interrupção no fornecimento de energia da usina também poderia causar sérios problemas.

Os ucranianos estavam em processo de desligar os reatores para protegê-los. Acredita-se que apenas um dos seis reatores em operação na usina esteja funcionando.

No entanto, os reatores não podem simplesmente ser desligados como fontes de energia convencionais. Eles devem ser resfriados lentamente, ao longo de 30 horas - o que exige um fornecimento constante de eletricidade para a planta.

Uma interrupção neste fornecimento de energia - e, portanto, no processo de resfriamento - também pode levar a vazamentos de radiação.

Isso poderia acontecer se o combustível nuclear excedesse seu ponto de fusão e materiais radioativos atravessassem as instalações de contenção.

A professora Claire Corkhill, especialista em materiais nucleares da Universidade de Sheffield, diz que o pior cenário seria uma perda de resfriamento semelhante à da usina japonesa de Fukushima após o tsunami de 2011.

Nesse caso, uma perda de energia levou a uma perda de resfriamento, o que causou um colapso em três de seus reatores nucleares.

'Cidades perto de Chernobyl foram abandonadas após o incidente nuclear naquele momento'

Quantas usinas nucleares existem na Ucrânia?

A invasão da Ucrânia é incomum porque é um conflito em um país com grande potência nuclear. Existem quatro grandes usinas nucleares na Ucrânia, e a agora aposentada Chernobyl.

A Rússia tem o controle de Zaporizhzhia e Chernobyl e está se aproximando de um terceiro local - a usina nuclear do Sul da Ucrânia.

Há também usinas menores e locais de descarte radioativo que armazenam resíduos de operações de energia nuclear em toda a Ucrânia.

Em 27 de fevereiro, mísseis russos também atingiram o local de uma instalação de descarte de resíduos radioativos em Kiev.

A inspetoria nuclear da Ucrânia disse que nenhum vazamento de radiação foi relatado e que a planta não foi diretamente danificada.

O que acontece agora?

Por enquanto, as forças russas permitiram que a equipe ucraniana permanecesse na sala de controle de Zaporizhzhia para executar as operações.

Mas o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, disse: "Estou extremamente preocupado que não saibamos como isso aconteceu - poderia ter sido dramático. Não devemos esperar que algo assim aconteça (de novo)".

Ele planeja viajar para a Ucrânia para negociar com as forças russas a operação segura de todas as usinas na Ucrânia.

Por que a Ucrânia precisa de energia nuclear?

A energia nuclear tornou-se cada vez mais importante para o abastecimento de energia da Ucrânia.

Em 2014, grupos separatistas apoiados pela Rússia assumiram o controle da grande região produtora de carvão de Donbas, no leste.

Antes disso, o carvão fornecia 41% da energia do país e o país procurou a energia nuclear e renovável para compensar essa escassez.

BBC Brasil

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