Lupi disse que o governo vai abrir um centro para dar apoio aos brasileiros em Madri
GENEBRA - A Espanha vai começar a pagar para que os brasileiros e outros imigrantes deixem o país. A partir do dia 1 de julho, os brasileiros que estejam desempregados poderão pedir incentivos financeiros para retornar ao Brasil. A medida tem como objetivo gerar o retorno de 1 milhão de imigrantes a seus países de origem, como forma de reduzir a tensão na busca por trabalho no país.
O Palácio do Planalto abrirá ainda neste ano um centro para atender os trabalhadores brasileiros que vivem na Espanha. Segundo o jornal "El País", um acordo com 19 países vai permitir que os espanhóis paguem o seguro desemprego, fundos de garantia e outros benefícios aos imigrantes que optem por deixar o país. Em troca, porém, o estrangeiro abdica de seu visto de residência e ainda não pode voltar à Espanha por pelo menos três anos.
A medida será válida apenas para os imigrantes legais, o que reduz de forma considerável o número de estrangeiros que poderão se beneficiar dos incentivos financeiros. Mesmo assim, os cálculos das autoridades espanholas indicam que a medida poderá retirar do país quase metade dos estrangeiros legalizados. Pelas contas do governo, existem cerca de 170 mil imigrantes que vivem de forma legal no país, mas que estão desempregados.
Na avaliação do governo, se cada um deles levar de volta sua família e a política for mantida por pelo menos dois anos, o resultado esperado seria o desaparecimento de quase metade dos 2,2 milhões de estrangeiros vivendo de forma legal na Espanha. Os que mais se beneficiariam seriam os marroquinos, com 37 mil desempregados vivendo na Espanha. 22 mil equatorianos também poderiam optar por deixar o país.
No caso do Brasil, seriam 72 mil trabalhadores vivendo com visto na Espanha. Cerca de 1,6 mil deles estão desempregados e poderiam retornar ao País com uma "bolada". O governo brasileiro já foi informado da iniciativa e o Itamaraty vem insistindo que os governos europeus precisam garantir o respeito aos direitos humanos desses Imigrantes.
Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o Brasil abrirá um centro para dar apoio aos emigrantes em Madri. "Não vamos questionar se são ou não legais. Não somos a polícia. Vamos informar os brasileiros quais são seus direitos", afirmou.
Com a desaceleração da economia espanhola, um dos temores do governo é de que o desemprego comece a subir nos próximos meses. A retirada do contingente de estrangeiros, portanto, seria parte de uma estratégia de reduzir a pressão sobre o mercado de trabalho. Um dos problemas, porém, é que a medida não atacará um dos principais problemas, que é a imigração ilegal e os milhares de estrangeiros que trabalham ou tentam sobreviver sem documentos, sem conta bancária ou casa alugada em seus nomes.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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segunda-feira, junho 16, 2008
domingo, junho 15, 2008
Outras fotos da alvorada de Jeremoabo
Alvorada em Jeremoabo
Por: J. Montalvão
A alvorada abriu os festejos juninos em Jeremoabo/Bahia, com uma multidão estimada em mais de quinze mil pessoas, e com muita animação.
Os entusiasmos já peculiares e contagiantes da população se emocionaram quando viu o Prefeito também acompanhando o Trio Elétrico; onde o povo não se conteve carregando o mesmo nos braços através aplausos.
Quando o povo quer é assim, não adianta picaretagem, boatos ou mentiras,
O povo de Jeremoabo/Bahia tem como tradição paz, progresso, muita animação, receber os visitantes de braços abertos e tranqüilidade.
O resto, fica com o resto...
Abertura oficial do São João em Jeremoabo/Bahia
Por: J. Montalvão
Agora são precisamente 09:00 horas, ainda não teve início a ALVORADA que abre oficialmente os festejos juninos em Jeremoabo, todavia, a movimentação é muito grande e dessa vez vai ser recorde em tudo, tanto o número de pessoas, quanto às bandas que são ótimas.
Só o grupo ou bloco TILLA já vendeu mais de 5.000 (cinco mil) camisetas.
CNBB propõe veto a candidatos com ficha suja
Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
Faltando menos de quatro meses para as eleições municipais, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e mais 40 entidades da sociedade civil querem evitar que políticos com antecedentes criminais concorram em outubro. Em busca de apoio a um projeto de lei de iniciativa popular, o presidente da conferência, dom Geraldo Lyrio Rocha, e representantes de organizações não-governamentais vão apelar ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, na próxima segunda-feira (16). “O objetivo é coibir o abuso. O que nós visamos é que candidatos condenados em primeira instância se tornem inelegíveis”, afirmou dom Lyrio Rocha. “O princípio é purificar o processo eleitoral.” A iniciativa da CNBB e das demais entidades ocorre três dias depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) autorizar que os políticos que são réus em processos criminais, ação de improbidade administrativa ou ação civil pública, sem condenação definitiva, possam se candidatar nas eleições 2008. Mas os bispos têm esperanças que seja possível interferir no processo eleitoral por meio da divulgação da iniciativa. Eles querem reunir 1,5 milhão de assinaturas em apoio ao projeto que veta a participação de políticos já condenados em eleições. Em abril, foi lançada a idéia e agora após a reunião do Conselho Permanente da CNBB, os bispos retomaram a proposta. Pelo texto, fica proibida também a candidatura de quem renunciou ao mandato para escapar de punições legais. Segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a proposta pretende afastar mesmo aqueles candidatos cuja sentença definitiva ainda não tenha sido proferida. Durante a reunião do conselho, a CNBB reiterou a proibição de padres na disputa eleitoral. Segundo dom Lyrio Rocha, a missão religiosa é incompatível com as ações político-partidárias. Para o bispo, a palavra “partidária” não permite a “comunhão” que orienta as ações de um religioso. “Nós achamos que o engajamento político-eleitoral [de um religioso] condiciona o debate [de uma forma incompatível] com a missão religiosa”, afirmou o presidente da CNBB. “Os padres não devem se envolver na política partidária”.
Vídeo mostra prefeito recebendo dinheiro de empresário em MG
Um vídeo divulgado no site da revista “Época” ontem mostra o prefeito de Juiz de Fora (MG), Carlos Alberto Bejani (PTB), recebendo dinheiro do empresário Francisco José Carapinha, o Bolão. Segundo a revista, a gravação teria sido feita em 10 de maio de 2006, no escritório do empresário e teria sido divulgada pela Polícia Federal. No vídeo, Bejani estaria cobrando comissão do empresário sobre o aumento das passagens de ônibus no município. No início do vídeo, o empresário dá ao prefeito um pacote onde dentro teria R$ 100 mil que ele diz que devia ao prefeito. O delegado Alessandro Moretti, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, negou que a Polícia Federal tenha divulgado o vídeo. “Esse vídeo não foi divulgado pela PF”, afirmou. Bejani foi preso ontem pela Polícia Federal durante operação contra desvio de dinheiro público. Foi a segunda vez que o prefeito foi preso pela PF pelo mesmo motivo. Além de Bejani, outros 13 foram presos na Operação De volta para Pasargada, desdobramento da Pasargada 1, deflagrada em abril. Em um outro momento do vídeo, o prefeito pergunta ao empresário sobre um outro pacote. “E aqui o restante do... fechando o dinheiro. Aqui tem quatro e quinhentos e aqui três e quinhentos. Tá certo”, teria dito o empresário, segundo transcrição mostrada no vídeo. “Mas eu posso ir assim... Arruma um saco para eu sair”, teria respondido o prefeito. “Eu só tirei pra você contar”, conclui o empresário. O prefeito também fala no vídeo sobre uma suposta reunião com o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) em Belo Horizonte onde tratariam de um empréstimo de R$ 70 milhões do governo federal para obras de saneamento em Juiz de Fora. Desse valor, o prefeito receberia uma comissão de 10%: R$ 7 milhões. “Eu tenho uma reunião com o José Dirceu três horas em Belo Horizonte. Tô liberando 70 milhões”, teria dito Bejani. Em seu blog, Dirceu critica a divulgação do vídeo e afirma que o encontro com Bejani não aconteceu. “Quero repelir e repudiar a acusação infame e vil de que possa ter participado de qualquer trato para liberar recursos em troca de propina”, diz o ex-ministro. Dirceu afirma ainda no blog que não teme investigações e que está à disposição da Justiça e da Polícia Federal. “Aliás, já fui investigado outras vezes, e sempre que tentam ligar meu nome a escândalos [...] minha inocência tem sido provada. As denúncias infundadas e feitas de má-fé têm um custo pessoal alto, mas os resultados das investigações atestam minha inocência.
Lula sanciona projeto que institui a guarda compartilhada dos filhos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem o projeto de lei que institui a guarda compartilhada dos filhos de pais separados. Pelo texto, esse tipo de tutela pode ser concedida quando não há acordo ou de forma negociada entre os pais. Segundo os defensores da proposta, a guarda compartilhada leva ao equilíbrio de papéis entre pai e mãe, favorecendo o bem-estar dos filhos. Na guarda compartilhada, tanto o pai como a mãe assumem direitos e deveres em relação aos filhos com responsabilização conjunta. As atribuições de cada um e os períodos de convivência sob guarda compartilhada são definidos pelo juiz. Pelo projeto, tanto a guarda unilateral como a compartilhada podem ser temporárias (por período específico). Segundo o texto, o juiz decreta uma das formas (de guarda) em decorrência das necessidades do filho e também considerando a distribuição do tempo de convívio necessário com o pai ou com a mãe. Se for descumprido o acordo firmado, quem tem a guarda poderá ter seus direitos reduzidos, inclusive em relação ao número de horas de convivência com o filho. Em relação à guarda unilateral, o texto determina que ela seja atribuída ao pai ou à mãe que tiver melhores condições de exercê-la. Na cerimônia realizada ontem no Palácio do Planalto estiveram presentes pais e mães que já vivem a realidade da guarda compartilhada. Um dos responsáveis pelo esforço de mudança no Código Civil, instituindo a guarda compartilhada, Rodrigo Dias criou a ONG (Organização Não-governamental) Pais para Sempre. “O que une um pai e mãe é o amor do filho”, afirmou Dias, que estava ao lado do filho José Lucas Dias, 12, que disse comemorar a forma como convive com os pais. “Foi muito bom passar a conviver com os dois [pai e mãe]. Acho que essa lei vai ajudar a outras crianças”, afirmou Lucas.
Operação da PF prende filho de governadora do RN
A Polícia Federal (PF) prendeu, ontem, 13 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que fazia desvio de verbas públicas, por meio de fraude a processos licitatórios. Entre os detidos está o filho da governadora do Rio Grande do Norte, Vilma de Faria, o assessor parlamentar Lauro Maia. As investigações que levaram à suposta quadrilha que teria fraudado contratos públicos no Rio Grande do Norte mostram que a residência oficial do governo estadual teria sido usada para pelo menos um pagamento de propina do esquema. Ao todo, agentes da Polícia Federal prenderam 13 pessoas na operação desencadeada ontem e chamada Hígia (deusa da saúde e de limpeza na mitologia grega). Doze prisões ocorreram no Rio Grande do Norte e uma na Paraíba. Investigadores que atuaram no caso monitoraram os passos dos suspeitos e dizem que o filho da governadora Wilma de Faria (PSB), o assessor parlamentar Lauro Maia, teria recebido, em março de 2008, R$ 35,9 mil do secretário-adjunto de Esportes e Lazer do estado, João Henrique Lins Bahia, dentro da residência oficial. O secretário-adjunto teria viajado até a sede da empresa Líder, em João Pessoa (PB) para pegar o dinheiro. A quantia chegou a ser apreendida por agentes, mas foi devolvida para, na época, não atrapalhar o rumo das investigações. O dinheiro seria a primeira parte do pagamento de propina para agilizar a prorrogação de um contrato firmado entre o governo e a Líder. Igual quantia teria sido entregue a Lauro em abril, dentro da casa do secretário-adjunto, também em Natal (RN). A PF descarta, até o momento, o envolvimento da governadora e do pai de Lauro Maia, o deputado estadual Lavoisier Maia (PSB-RN), no episódio.
Fonte: Tribuna da Bahia
Faltando menos de quatro meses para as eleições municipais, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e mais 40 entidades da sociedade civil querem evitar que políticos com antecedentes criminais concorram em outubro. Em busca de apoio a um projeto de lei de iniciativa popular, o presidente da conferência, dom Geraldo Lyrio Rocha, e representantes de organizações não-governamentais vão apelar ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, na próxima segunda-feira (16). “O objetivo é coibir o abuso. O que nós visamos é que candidatos condenados em primeira instância se tornem inelegíveis”, afirmou dom Lyrio Rocha. “O princípio é purificar o processo eleitoral.” A iniciativa da CNBB e das demais entidades ocorre três dias depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) autorizar que os políticos que são réus em processos criminais, ação de improbidade administrativa ou ação civil pública, sem condenação definitiva, possam se candidatar nas eleições 2008. Mas os bispos têm esperanças que seja possível interferir no processo eleitoral por meio da divulgação da iniciativa. Eles querem reunir 1,5 milhão de assinaturas em apoio ao projeto que veta a participação de políticos já condenados em eleições. Em abril, foi lançada a idéia e agora após a reunião do Conselho Permanente da CNBB, os bispos retomaram a proposta. Pelo texto, fica proibida também a candidatura de quem renunciou ao mandato para escapar de punições legais. Segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a proposta pretende afastar mesmo aqueles candidatos cuja sentença definitiva ainda não tenha sido proferida. Durante a reunião do conselho, a CNBB reiterou a proibição de padres na disputa eleitoral. Segundo dom Lyrio Rocha, a missão religiosa é incompatível com as ações político-partidárias. Para o bispo, a palavra “partidária” não permite a “comunhão” que orienta as ações de um religioso. “Nós achamos que o engajamento político-eleitoral [de um religioso] condiciona o debate [de uma forma incompatível] com a missão religiosa”, afirmou o presidente da CNBB. “Os padres não devem se envolver na política partidária”.
Vídeo mostra prefeito recebendo dinheiro de empresário em MG
Um vídeo divulgado no site da revista “Época” ontem mostra o prefeito de Juiz de Fora (MG), Carlos Alberto Bejani (PTB), recebendo dinheiro do empresário Francisco José Carapinha, o Bolão. Segundo a revista, a gravação teria sido feita em 10 de maio de 2006, no escritório do empresário e teria sido divulgada pela Polícia Federal. No vídeo, Bejani estaria cobrando comissão do empresário sobre o aumento das passagens de ônibus no município. No início do vídeo, o empresário dá ao prefeito um pacote onde dentro teria R$ 100 mil que ele diz que devia ao prefeito. O delegado Alessandro Moretti, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, negou que a Polícia Federal tenha divulgado o vídeo. “Esse vídeo não foi divulgado pela PF”, afirmou. Bejani foi preso ontem pela Polícia Federal durante operação contra desvio de dinheiro público. Foi a segunda vez que o prefeito foi preso pela PF pelo mesmo motivo. Além de Bejani, outros 13 foram presos na Operação De volta para Pasargada, desdobramento da Pasargada 1, deflagrada em abril. Em um outro momento do vídeo, o prefeito pergunta ao empresário sobre um outro pacote. “E aqui o restante do... fechando o dinheiro. Aqui tem quatro e quinhentos e aqui três e quinhentos. Tá certo”, teria dito o empresário, segundo transcrição mostrada no vídeo. “Mas eu posso ir assim... Arruma um saco para eu sair”, teria respondido o prefeito. “Eu só tirei pra você contar”, conclui o empresário. O prefeito também fala no vídeo sobre uma suposta reunião com o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) em Belo Horizonte onde tratariam de um empréstimo de R$ 70 milhões do governo federal para obras de saneamento em Juiz de Fora. Desse valor, o prefeito receberia uma comissão de 10%: R$ 7 milhões. “Eu tenho uma reunião com o José Dirceu três horas em Belo Horizonte. Tô liberando 70 milhões”, teria dito Bejani. Em seu blog, Dirceu critica a divulgação do vídeo e afirma que o encontro com Bejani não aconteceu. “Quero repelir e repudiar a acusação infame e vil de que possa ter participado de qualquer trato para liberar recursos em troca de propina”, diz o ex-ministro. Dirceu afirma ainda no blog que não teme investigações e que está à disposição da Justiça e da Polícia Federal. “Aliás, já fui investigado outras vezes, e sempre que tentam ligar meu nome a escândalos [...] minha inocência tem sido provada. As denúncias infundadas e feitas de má-fé têm um custo pessoal alto, mas os resultados das investigações atestam minha inocência.
Lula sanciona projeto que institui a guarda compartilhada dos filhos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem o projeto de lei que institui a guarda compartilhada dos filhos de pais separados. Pelo texto, esse tipo de tutela pode ser concedida quando não há acordo ou de forma negociada entre os pais. Segundo os defensores da proposta, a guarda compartilhada leva ao equilíbrio de papéis entre pai e mãe, favorecendo o bem-estar dos filhos. Na guarda compartilhada, tanto o pai como a mãe assumem direitos e deveres em relação aos filhos com responsabilização conjunta. As atribuições de cada um e os períodos de convivência sob guarda compartilhada são definidos pelo juiz. Pelo projeto, tanto a guarda unilateral como a compartilhada podem ser temporárias (por período específico). Segundo o texto, o juiz decreta uma das formas (de guarda) em decorrência das necessidades do filho e também considerando a distribuição do tempo de convívio necessário com o pai ou com a mãe. Se for descumprido o acordo firmado, quem tem a guarda poderá ter seus direitos reduzidos, inclusive em relação ao número de horas de convivência com o filho. Em relação à guarda unilateral, o texto determina que ela seja atribuída ao pai ou à mãe que tiver melhores condições de exercê-la. Na cerimônia realizada ontem no Palácio do Planalto estiveram presentes pais e mães que já vivem a realidade da guarda compartilhada. Um dos responsáveis pelo esforço de mudança no Código Civil, instituindo a guarda compartilhada, Rodrigo Dias criou a ONG (Organização Não-governamental) Pais para Sempre. “O que une um pai e mãe é o amor do filho”, afirmou Dias, que estava ao lado do filho José Lucas Dias, 12, que disse comemorar a forma como convive com os pais. “Foi muito bom passar a conviver com os dois [pai e mãe]. Acho que essa lei vai ajudar a outras crianças”, afirmou Lucas.
Operação da PF prende filho de governadora do RN
A Polícia Federal (PF) prendeu, ontem, 13 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que fazia desvio de verbas públicas, por meio de fraude a processos licitatórios. Entre os detidos está o filho da governadora do Rio Grande do Norte, Vilma de Faria, o assessor parlamentar Lauro Maia. As investigações que levaram à suposta quadrilha que teria fraudado contratos públicos no Rio Grande do Norte mostram que a residência oficial do governo estadual teria sido usada para pelo menos um pagamento de propina do esquema. Ao todo, agentes da Polícia Federal prenderam 13 pessoas na operação desencadeada ontem e chamada Hígia (deusa da saúde e de limpeza na mitologia grega). Doze prisões ocorreram no Rio Grande do Norte e uma na Paraíba. Investigadores que atuaram no caso monitoraram os passos dos suspeitos e dizem que o filho da governadora Wilma de Faria (PSB), o assessor parlamentar Lauro Maia, teria recebido, em março de 2008, R$ 35,9 mil do secretário-adjunto de Esportes e Lazer do estado, João Henrique Lins Bahia, dentro da residência oficial. O secretário-adjunto teria viajado até a sede da empresa Líder, em João Pessoa (PB) para pegar o dinheiro. A quantia chegou a ser apreendida por agentes, mas foi devolvida para, na época, não atrapalhar o rumo das investigações. O dinheiro seria a primeira parte do pagamento de propina para agilizar a prorrogação de um contrato firmado entre o governo e a Líder. Igual quantia teria sido entregue a Lauro em abril, dentro da casa do secretário-adjunto, também em Natal (RN). A PF descarta, até o momento, o envolvimento da governadora e do pai de Lauro Maia, o deputado estadual Lavoisier Maia (PSB-RN), no episódio.
Fonte: Tribuna da Bahia
Deputados estaduais lutam para virar prefeito
Rita Conrado, do A TARDE
Leia também:
>> Parlamentares cobram verba para emenda >> Assembléia Legislativa deve ficar esvaziada
Com a maioria dos projetos aprovados no primeiro semestre, que será encerrado no dia 30, o desafio do governo agora é manter a harmonia na Assembléia Legislativa no período em que a disputa política estará acirrada nos municípios onde os deputados mantêm as suas bases. Dos parlamentares eleitos em 2008, oito são candidatos a prefeito. Mas não é só isso.
Mesmo os que não vão entrar diretamente na disputa estarão envolvidos em campanhas eleitorais de familiares. E os que não se encaixam em um ou outro caso emprestam o seu apoio a candidatos a prefeitos e vereadores que participam das eleições 2008. “O importante é que a disputa municipal não contamine a boa relação existente na Casa”, alerta o líder do governo, Waldenor Pereira (PT).
Habilidade – Será um belo exercício de habilidade para o líder Waldenor, na opinião do deputado Fábio Santana – Capitão Fábio (PMDB) –, que disputa a cadeira de prefeito na cidade de Itabuna. “Vamos atender às convocações, mas o líder terá que tornar viável tanto a votação de projetos quanto a nossa presença junto às nossas bases”, avaliou.
Mas a habilidade do líder Waldenor terá que ir além da capacidade de garantir a presença de candidatos em plenário. Terá que ser capaz de impedir ameaças à aliança de partidos no âmbito estadual e obstáculos à aprovação de projetos. Para isso, diz contar tanto com o esforço do secretário de Relações Institucionais, Rui Costa, quanto do próprio governador Jaques Wagner. “Sabemos que não é possível reeditar a coalizão do Estado nos municípios. Mas a disputa não pode repercutir nas votações”, analisa o líder.
Os interesses partidários que contribuíram para formar a coalizão estadual naturalmente permanecem durante as eleições nos municípios, mas Waldenor Pereira terá que ter jogo de cintura para conter ânimos. Já teve exemplo disso na última quarta-feira, quando sentiu o que a disputa no município pode provocar na AL. O deputado Elmar Nascimento (PR), da base governista, mas sentindo-se desprestigiado pelo Executivo depois que o seu partido deu apoio ao DEM na sucessão municipal em Salvador, surpreendeu o líder do governo com o seu voto contrário ao projeto de criação da Controladoria-Geral do Estado (CGE). A votação foi adiada.
São situações que o líder governista pode enfrentar quando os deputados se encontrarem em plenário, o que deve acontecer a cada 15 dias, quando projetos serão levados a votação. Atualmente, as votações acontecem terças e quartas-feiras. “Criaremos uma força-tarefa para garantir a presença de 32 deputados da situação, como exige o regimento. Isso já ficou definido entre líderes e vice-líderes da bancada”, afirmou. Mas Waldenor tem que contar com as surpresas: segundo ele próprio, também havia um acordo, definido em reunião, que garantia o voto favorável de Elmar Nascimento ao projeto da CGE. Apenas uma das muitas turbulências para as quais deverá estar preparado. Por enquanto, os parlamentares-candidatos garantem que saberão dividir o tempo entre a campanha eleitoral e o trabalho legislativo.
Do PT, são candidatos os deputados Zé das Virgens, em Irecê, e Isaac Cunha, em Jequié. Zé das Virgens já dá sinais de que os discursos podem esquentar. “Apesar do apoio do PT ao PMDB, a direção estadual do PMDB desautoriza o apoio do partido onde o PT encabeça a chapa”, queixou-se, exemplificando com situação em sua cidade.
Fonte: A TARDE
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>> Parlamentares cobram verba para emenda >> Assembléia Legislativa deve ficar esvaziada
Com a maioria dos projetos aprovados no primeiro semestre, que será encerrado no dia 30, o desafio do governo agora é manter a harmonia na Assembléia Legislativa no período em que a disputa política estará acirrada nos municípios onde os deputados mantêm as suas bases. Dos parlamentares eleitos em 2008, oito são candidatos a prefeito. Mas não é só isso.
Mesmo os que não vão entrar diretamente na disputa estarão envolvidos em campanhas eleitorais de familiares. E os que não se encaixam em um ou outro caso emprestam o seu apoio a candidatos a prefeitos e vereadores que participam das eleições 2008. “O importante é que a disputa municipal não contamine a boa relação existente na Casa”, alerta o líder do governo, Waldenor Pereira (PT).
Habilidade – Será um belo exercício de habilidade para o líder Waldenor, na opinião do deputado Fábio Santana – Capitão Fábio (PMDB) –, que disputa a cadeira de prefeito na cidade de Itabuna. “Vamos atender às convocações, mas o líder terá que tornar viável tanto a votação de projetos quanto a nossa presença junto às nossas bases”, avaliou.
Mas a habilidade do líder Waldenor terá que ir além da capacidade de garantir a presença de candidatos em plenário. Terá que ser capaz de impedir ameaças à aliança de partidos no âmbito estadual e obstáculos à aprovação de projetos. Para isso, diz contar tanto com o esforço do secretário de Relações Institucionais, Rui Costa, quanto do próprio governador Jaques Wagner. “Sabemos que não é possível reeditar a coalizão do Estado nos municípios. Mas a disputa não pode repercutir nas votações”, analisa o líder.
Os interesses partidários que contribuíram para formar a coalizão estadual naturalmente permanecem durante as eleições nos municípios, mas Waldenor Pereira terá que ter jogo de cintura para conter ânimos. Já teve exemplo disso na última quarta-feira, quando sentiu o que a disputa no município pode provocar na AL. O deputado Elmar Nascimento (PR), da base governista, mas sentindo-se desprestigiado pelo Executivo depois que o seu partido deu apoio ao DEM na sucessão municipal em Salvador, surpreendeu o líder do governo com o seu voto contrário ao projeto de criação da Controladoria-Geral do Estado (CGE). A votação foi adiada.
São situações que o líder governista pode enfrentar quando os deputados se encontrarem em plenário, o que deve acontecer a cada 15 dias, quando projetos serão levados a votação. Atualmente, as votações acontecem terças e quartas-feiras. “Criaremos uma força-tarefa para garantir a presença de 32 deputados da situação, como exige o regimento. Isso já ficou definido entre líderes e vice-líderes da bancada”, afirmou. Mas Waldenor tem que contar com as surpresas: segundo ele próprio, também havia um acordo, definido em reunião, que garantia o voto favorável de Elmar Nascimento ao projeto da CGE. Apenas uma das muitas turbulências para as quais deverá estar preparado. Por enquanto, os parlamentares-candidatos garantem que saberão dividir o tempo entre a campanha eleitoral e o trabalho legislativo.
Do PT, são candidatos os deputados Zé das Virgens, em Irecê, e Isaac Cunha, em Jequié. Zé das Virgens já dá sinais de que os discursos podem esquentar. “Apesar do apoio do PT ao PMDB, a direção estadual do PMDB desautoriza o apoio do partido onde o PT encabeça a chapa”, queixou-se, exemplificando com situação em sua cidade.
Fonte: A TARDE
Ricos e pobres têm em comum o medo de ser a próxima vítima
Eder Luis Santana e Vítor Carmezim, do A TARDE
Os funcionários foram proibidos de fazer compras no mercado que fica no Alto das Pombas. As empregadas domésticas tiveram os horários de trabalho alterado para não retornarem à noite para suas casas. Essas foram algumas medidas tomadas pela advogada Beatriz*, 38 anos, moradora há oito anos de um prédio de classe média alta na Rua Professor Aristides Novis, na Estrada de São Lázaro. Pelo imóvel, avaliado em R$ 650 mil, ela paga R$ 1.100 de condomínio
Da janela de casa, Beatriz consegue ver as favelas do Calabar e do Alto das Pombas. Somente este ano foram quatro tiroteios. Esta semana, depois de novos assaltos terem acontecido na região, até os porteiros foram convocados para uma reunião sobre como se deve encarar a violência no bairro.
“Temos uma unidade da Polícia Militar próxima. Os porteiros ficam com o número dela na mão, caso percebam alguma movimentação suspeita e precisem avisar”, comenta a advogada, após lembrar que nos últimos três anos foram investidos pelo menos R$ 3 mil em portões eletrônicos.
Até moradores que fazem reforma no apartamento são obrigados a colocar uma lista na portaria com o nome dos operários. Caso contrário, não entram no prédio. Beatriz conta que nem as equipes da PM têm trazido segurança. “Diante dos novos crimes, percebemos que a presença da polícia não resolveu o problema”, pontua. E não apenas as balas perdidas trazem medo à região. Empregadas domésticas e estudantes são os principais alvos de ladrões e eventualmente são assaltados.
Apipema – Precavida e tentando evitar ser mais uma vítima da violência, Beatriz mantém o máximo de segurança possível para sua família. E, quando tem de ir à rua, prefere colocar a bolsa e outros pertences no porta-mala do carro. “Ou vivemos blindados ou nos arriscamos na rua. A solução é correr o mínimo de risco possível”, completa. O receio típico de quem vive próximo à fronteira cada vez mais avançada do tráfico de droga também faz parte do cotidiano dos moradores do Jardim Apipema. Formado basicamente por edifícios altos, habitados por famílias de classe média, o bairro, que tem quase uma relação simbiótica com o Calabar, acumula histórias de crimes.
Letícia*, moradora de um dos prédios mais próximos à invasão, vive no local há um ano e meio e se diz impressionada com os acontecimentos que presenciou em tão pouco tempo na região. “Da minha janela vejo, todos os dias à noite, o comércio de drogas funcionando abertamente. Será que a polícia não sabe disso?”, questiona a moradora.
E os crimes não param na venda de drogas. “Escuto sempre barulho de tiros. Recentemente teve um tiroteio e eu fiquei extremamente apavorada porque durou uns cinco minutos”, disse. Letícia não sabia, mas se tratava do confronto que resultou na morte de quatro pessoas na localidade do Alto das Pombas, na última quarta-feira. E o que fazer numa hora dessas? “Se esconder dentro de casa e não aparecer na janela. Nenhum vizinho aparece nessa hora”, afirma.
Qualquer hora – Do alto do prédio para a rua, o receio continua. “Tive meu carro furtado aqui na frente do prédio, e um amigo meu, uma arma apontada para a cabeça quando roubaram o carro dele”, afirma um rapaz cuja namorada mora no bairro. E ela, que vive há seis anos ali, reforça. “Tem sido cada vez mais freqüente este tipo de situação. E acontece a qualquer hora.”
Porém, não só quem está do lado mais abonado sofre com os tentáculos do crime organizado e do tráfico. As próprias comunidades são atingidas e também têm suas opiniões sobre a escalada de assaltos e mortes trazidas pelo tráfico.
“A violência lá em cima (nos prédios nobres) não é muito diferente daqui. Está generalizada. Um dia desses, a Polícia Federal fez uma abordagem neste prédio aí da frente (edifício próximo ao Shopping Barra). Esse tipo de coisa tem em todo lugar”, afirma Tereza Souza, 39 anos, nascida e criada na comunidade de Roça da Sabina, encravada no meio da Barra.
Sobre o tratamento dispensado pela polícia nas localidades mais pobres e as mais ricas, Tereza não tem dúvidas quanto às disparidades: “Lá, os policiais chegam com cuidado. Aqui, não. Chegam colocando as armas na cabeça dos meninos, ameaçando, mandando deitar no chão”, diz indignada. E complementa: “Outro problema também é que muitas vezes os ladrões não são daqui, mas na hora de fugir vêm pra se esconder. E nós, que não temos nada a ver com a história, levamos a fama”, finaliza.
Com experiência de quem já mora há 63 anos na comunidade, “Seu Zé” diz que o problema maior mesmo é o tráfico de drogas. “Vi todos estes prédios ao redor daqui serem construídos. E acho que o problema maior é a questão do tráfico, que atinge tanto eles como nós”, diz.
Política da boa vizinhança é saída
A casa de dois andares, muro alto e cerca elétrica divide a rua com outra mais simples, pintura gasta e portão baixo. Enquanto um automóvel Renault Clio atravessa a pista, há por ali quem sequer tenha carro. O bairro é Itapuã, mas as distinções sociais que dividem comunidades de uma mesma região estão em qualquer lugar.
É essa mesma desigualdade que faz a estudante Andreza Andrade, 19 anos, ter medo cada vez que caminha sozinha nas ruas do bairro. Do segundo andar de casa, ela tem uma vista para a Baixa da Soronha e se sente insegura: “Faço faculdade à noite e todo dia tem que ter alguém me esperando no ponto de ônibus”.
Para o aposentado Antônio Mattos, 68, tem havido uma piora em Itapuã. “O tráfico que ficava lá embaixo (Baixa da Soronha e Baixa da Água Suja) agora está passando pra cima”, diz. Ele, que vive em uma casa de classe média, acredita que a aproximação com pessoas de baixa renda reduz distâncias sociais. “Falo normal com alguns do tráfico. Por isso, não mexem comigo”.
Artesão e lavador de carro, Afonso Pascoal, 40, acredita que saber se misturar é preciso: “Procuro me envolver com todos. O rico depende do pobre e o pobre depende do rico. Eu dependo da classe alta para arranjar serviço”. Ele diz também transitar bem pelo que chama de “gueto”: “Ando na Baixa da Soronha, é um lugar legal. Não tenho o que falar. Pessoas más tem até na Igreja”, exemplifica. Antônio Mattos, por exemplo, mora numa rua onde um traficante foi assassinado há uma semana. Ainda assim, a calmaria do lugar é eleita como um ponto forte. “O que falta aqui é união. Talvez um líder para aproximar as famílias”, sugere.
*nomes fictícios
Fonte: A TARDE
Os funcionários foram proibidos de fazer compras no mercado que fica no Alto das Pombas. As empregadas domésticas tiveram os horários de trabalho alterado para não retornarem à noite para suas casas. Essas foram algumas medidas tomadas pela advogada Beatriz*, 38 anos, moradora há oito anos de um prédio de classe média alta na Rua Professor Aristides Novis, na Estrada de São Lázaro. Pelo imóvel, avaliado em R$ 650 mil, ela paga R$ 1.100 de condomínio
Da janela de casa, Beatriz consegue ver as favelas do Calabar e do Alto das Pombas. Somente este ano foram quatro tiroteios. Esta semana, depois de novos assaltos terem acontecido na região, até os porteiros foram convocados para uma reunião sobre como se deve encarar a violência no bairro.
“Temos uma unidade da Polícia Militar próxima. Os porteiros ficam com o número dela na mão, caso percebam alguma movimentação suspeita e precisem avisar”, comenta a advogada, após lembrar que nos últimos três anos foram investidos pelo menos R$ 3 mil em portões eletrônicos.
Até moradores que fazem reforma no apartamento são obrigados a colocar uma lista na portaria com o nome dos operários. Caso contrário, não entram no prédio. Beatriz conta que nem as equipes da PM têm trazido segurança. “Diante dos novos crimes, percebemos que a presença da polícia não resolveu o problema”, pontua. E não apenas as balas perdidas trazem medo à região. Empregadas domésticas e estudantes são os principais alvos de ladrões e eventualmente são assaltados.
Apipema – Precavida e tentando evitar ser mais uma vítima da violência, Beatriz mantém o máximo de segurança possível para sua família. E, quando tem de ir à rua, prefere colocar a bolsa e outros pertences no porta-mala do carro. “Ou vivemos blindados ou nos arriscamos na rua. A solução é correr o mínimo de risco possível”, completa. O receio típico de quem vive próximo à fronteira cada vez mais avançada do tráfico de droga também faz parte do cotidiano dos moradores do Jardim Apipema. Formado basicamente por edifícios altos, habitados por famílias de classe média, o bairro, que tem quase uma relação simbiótica com o Calabar, acumula histórias de crimes.
Letícia*, moradora de um dos prédios mais próximos à invasão, vive no local há um ano e meio e se diz impressionada com os acontecimentos que presenciou em tão pouco tempo na região. “Da minha janela vejo, todos os dias à noite, o comércio de drogas funcionando abertamente. Será que a polícia não sabe disso?”, questiona a moradora.
E os crimes não param na venda de drogas. “Escuto sempre barulho de tiros. Recentemente teve um tiroteio e eu fiquei extremamente apavorada porque durou uns cinco minutos”, disse. Letícia não sabia, mas se tratava do confronto que resultou na morte de quatro pessoas na localidade do Alto das Pombas, na última quarta-feira. E o que fazer numa hora dessas? “Se esconder dentro de casa e não aparecer na janela. Nenhum vizinho aparece nessa hora”, afirma.
Qualquer hora – Do alto do prédio para a rua, o receio continua. “Tive meu carro furtado aqui na frente do prédio, e um amigo meu, uma arma apontada para a cabeça quando roubaram o carro dele”, afirma um rapaz cuja namorada mora no bairro. E ela, que vive há seis anos ali, reforça. “Tem sido cada vez mais freqüente este tipo de situação. E acontece a qualquer hora.”
Porém, não só quem está do lado mais abonado sofre com os tentáculos do crime organizado e do tráfico. As próprias comunidades são atingidas e também têm suas opiniões sobre a escalada de assaltos e mortes trazidas pelo tráfico.
“A violência lá em cima (nos prédios nobres) não é muito diferente daqui. Está generalizada. Um dia desses, a Polícia Federal fez uma abordagem neste prédio aí da frente (edifício próximo ao Shopping Barra). Esse tipo de coisa tem em todo lugar”, afirma Tereza Souza, 39 anos, nascida e criada na comunidade de Roça da Sabina, encravada no meio da Barra.
Sobre o tratamento dispensado pela polícia nas localidades mais pobres e as mais ricas, Tereza não tem dúvidas quanto às disparidades: “Lá, os policiais chegam com cuidado. Aqui, não. Chegam colocando as armas na cabeça dos meninos, ameaçando, mandando deitar no chão”, diz indignada. E complementa: “Outro problema também é que muitas vezes os ladrões não são daqui, mas na hora de fugir vêm pra se esconder. E nós, que não temos nada a ver com a história, levamos a fama”, finaliza.
Com experiência de quem já mora há 63 anos na comunidade, “Seu Zé” diz que o problema maior mesmo é o tráfico de drogas. “Vi todos estes prédios ao redor daqui serem construídos. E acho que o problema maior é a questão do tráfico, que atinge tanto eles como nós”, diz.
Política da boa vizinhança é saída
A casa de dois andares, muro alto e cerca elétrica divide a rua com outra mais simples, pintura gasta e portão baixo. Enquanto um automóvel Renault Clio atravessa a pista, há por ali quem sequer tenha carro. O bairro é Itapuã, mas as distinções sociais que dividem comunidades de uma mesma região estão em qualquer lugar.
É essa mesma desigualdade que faz a estudante Andreza Andrade, 19 anos, ter medo cada vez que caminha sozinha nas ruas do bairro. Do segundo andar de casa, ela tem uma vista para a Baixa da Soronha e se sente insegura: “Faço faculdade à noite e todo dia tem que ter alguém me esperando no ponto de ônibus”.
Para o aposentado Antônio Mattos, 68, tem havido uma piora em Itapuã. “O tráfico que ficava lá embaixo (Baixa da Soronha e Baixa da Água Suja) agora está passando pra cima”, diz. Ele, que vive em uma casa de classe média, acredita que a aproximação com pessoas de baixa renda reduz distâncias sociais. “Falo normal com alguns do tráfico. Por isso, não mexem comigo”.
Artesão e lavador de carro, Afonso Pascoal, 40, acredita que saber se misturar é preciso: “Procuro me envolver com todos. O rico depende do pobre e o pobre depende do rico. Eu dependo da classe alta para arranjar serviço”. Ele diz também transitar bem pelo que chama de “gueto”: “Ando na Baixa da Soronha, é um lugar legal. Não tenho o que falar. Pessoas más tem até na Igreja”, exemplifica. Antônio Mattos, por exemplo, mora numa rua onde um traficante foi assassinado há uma semana. Ainda assim, a calmaria do lugar é eleita como um ponto forte. “O que falta aqui é união. Talvez um líder para aproximar as famílias”, sugere.
*nomes fictícios
Fonte: A TARDE
Decisão do CNJ prejudica interior da Bahia
“Não é possível que os 50 juízes a serem nomeados fiquem esperando por causa das desavenças entre os magistrados e o interior sofra com isto”. Esta foi a afirmação do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-seção Bahia (OAB), Saul Quadros, em virtude da anulação da promoção por antiguidade (25) e merecimento (25) de juízes baianos que ainda se arrasta no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão fiscalizador e moderador das decisões do Judiciário no País, desde setembro do ano passado e o último parecer desta semana ainda favorece esta decisão. A decisão foi tomada pelo CNJ devido a uma ação movida por dois juízes baianos que se sentiram preteridos na nomeação ao classificar os outros candidatos com pontuações inferiores às suas. Com anulação da promoção, automaticamente os juízes nomeados para ocupar as vagas dos promovidos foram impedidos. O TJB contestou os queixosos, alegando que dentre os critérios adotados, além da pontuação estão o bom comportamento e número de sentenças proferidas. Inclusive dentre os nomeados por antiguidade se encontra a juíza Olga Regina Guimarães, acusada de envolvimento com o traficante colombiano Gustavo Duran. O presidente da OAB disse que a situação no interior do Estado está muito difícil e a população sofre as conseqüências da falta de juiz. “ A nossa expectativa é que se resolva logo este problema, a demora atrapalha as prerrogativas dos advogados e de várias comarcas que estão sem juiz”, destacou. Quadros deixou bem claro que não cabe à OAB interferir, mas aguarda que se resolva para tranqüilidade de todos. “O TJB já fez uma segunda lista, mas também foi anulada pelo CNJ. O problema não pode estar se arrastando, quem sofre com isto é a população. Não suportamos mais esta demora, não se pode continuar tanto tempo por causa do interesse de dois juízes”, lamentou. Ele argumentou que entende o direito dos reclamantes, mas o que não pode é o problema de duas pessoas ir de encontro a uma coletividade, pois a situação no interior “está uma verdadeira convulsão em comarcas como Irecê, Conquista, Itabuna, Bonfim, Juazeiro, Teixeira de Freitas e outras”, assinalou. Para o advogado a solução estaria em permanecer a nomeação dos 25 juízes por antiguidade (direito assegurado), que de uma certa forma amenizaria a falta de juízes nas localidades que estão sendo supridas por juízes substitutos que dão conta de várias comarcas ao mesmo tempo. (Por Noemi Flores)
PMDB abre as convenções em Salvador neste domingo
De acordo com a lei eleitoral, desde o último dia 10 está aberta a temporada das convenções partidárias em todo o País. Em Salvador o PMDB sai na frente, realizando a sua convenção municipal neste domingo, 15, na casa de shows Espetáculo, localizada na antiga sede de praia do Bahia, na Boca do Rio. O evento está previsto para ser iniciado às 8 horas, se estendendo até às 17 horas. Os peemedebistas vão homologar a chapa liderada pelo prefeito João Henrique (PMDB) e o professor Edvaldo Brito (PTB). A chapa receberá o apoio de uma aliança entre oito partidos, formada por PMDB, PTB, PDT, PSC, PHS, PRTB, PSL e PP. Além de homologar a chapa que vai concorrer à prefeitura municipal, a convenção também vai homologar a chapa para concorrer à Câmara de Vereadores. Ao todo, PMDB e PRTB lançam 82 candidatos, número máximo definido pelo TSE. O PMDB também atingiu a cota definida para as candidaturas femininas, que é de 30%. Para a convenção deste domingo estão sendo esperadas centenas de militantes que acompanharão os pronunciamentos dos líderes dos diversos partidos que vão prestigiar a convenção. Além do prefeito João Henrique e do vice Edvaldo Brito, outra presença aguardada com muita expectativa é a do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, a principal liderança peemedebista no Estado. “Vai ser uma grande festa, vamos iniciar a campanha de João Henrique com muita alegria”, disse Pedro Tavares, presidente do PMDB de Salvador. No final da tarde, o ministro Geddel e o presidente Lúcio Vieira Lima seguem para Feira de Santana, onde participam da convenção municipal que vai homologar o nome do deputado federal Colbert Martins Filho para disputar a prefeitura feirense. O evento acontece na sede da CDL, Praça da Matriz. Além do PMDB, o Democratas também já marcou a sua convenção para o próximo dia 19 para homologar a chapa formada pelos deputados federais ACM Neto (DEM) e o Bispo Márcio Marinho (PR). O evento está marcado para o Cais Dourado, no Comércio, e contará também com as presenças do apresentador e ex-prefeiturável Raimundo Varela, do ex-governador Paulo Souto, do senador César Borges, deputados federais, estaduais e dirigentes dos partidos aliados. Segundo a assessoria do candidato democrata informou, “Neto vai apresentar propostas novas para Salvador, com destaque para a segurança pública”. O PT também já escolheu o próximo dia 29 para realizar a sua convenção. Como o partido só conseguiu definir a chapa que vai disputar a eleição na semana passada, formada pelos deputados federais Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB), teve que aguardar mais um pouco a divulgação do evento por conta das discussões que ainda trava com o PCdoB. É provável que até o final desta semana as definições aconteçam e os comunistas definam se vão mesmo marchar com a candidatura da vereadora Olívia Santana ou fechar com o petista. (Por Evandro Matos)
Prefeitura divulga gastos com publicidade oficial
As despesas com publicidade na Prefeitura de Salvador estão enquadradas na determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal. A informação é da Secretaria Municipal de Comunicação Social (SMCS) após analisar a recomendação feita pela Controladoria Geral do Município, através da Coordenadoria de Normas, Planejamento e Informações Gerenciais (CNP). O órgão elaborou estudo e orientou os gestores sobre as restrições aos gastos com publicidade para o último ano de mandato. Segundo o CNP, os gestores não poderão realizar despesas com publicidade dos órgãos públicos que excedam a média dos gastos nos últimos três anos que antecedem o pleito. O coordenador administrativo da SMCS Jaime José da Silva diz que Salvador tem observado com rigor essas questões. Para exemplificar, ele informou que a despesa empenhada em 2005 foi de R$ 13.256.041,65. Para 2006 o montante ficou em R$ 21.725.061,73 e em 2007 o valor é de R$ 17.893.402,82. A média dos últimos três anos foi de R$ 17.624.835,40. De 1º de janeiro até 31 de maio de 2008 foram investidos em publicidade R$ 8.693.758,52, dos quais R$ 1.012.822,34 da administração direta. Estes números incluem publicações legais na mídia local e nacional. “Estamos pautados nas regras e seguimos à risca as determinações legais”, frisa Silva. Ele reforçou que os dados são oficiais e a divulgação cumpre a proposta de transparência da atual gestão de Salvador. A Controladoria é muito rígida na observação da Lei de Responsabilidade Fiscal, por se tratar de um instrumento de planejamento que veio para aperfeiçoar a gestão pública e exige o controle dos gastos e a manutenção do equilíbrio entre as receitas e as despesas.
Liminar atende Abam e suspende efeito de decreto
Uma liminar concedida ontem, pela desembargadora Vilma Veiga, a um mandado de segurança impetrado pela Associação Baiana dos Auditores Fiscais Municipais - Abam - suspendeu os efeitos do Decreto 18.277/2008, naquilo que implica nas irregularidades apontadas pela entidade e reconhecidas pela Procuradoria Geral do Município de Salvador. Conforme José Jorge Matos Teixeira, presidente da Abam, o Decreto de 07 de abril de 2008, publicado na edição do Diário Oficial do Município no dia seguinte, promoveu a regulamentação da gratificação de produção para a carreira de Analista Fazendário. “ Qualquer ato praticado por Analista Fazendário voltado para a efetivação do lançamento tributário constitui-se em usurpação de função pública e improbidade administrativa, passível de repreensão criminal, cível e administrativa, na forma do art. 328 do Código Penal c/c art. 11, inciso I da Lei 8.429/92”. O "decreto “encontra-se repleto de equívocos e permite que o Analista Fazendário, com vistas à obtenção da gratificação de produção, atue em setor diverso daquele de lotação, independentemente de designação expressa, a teor do seu artigo 6º”.
Fonte: Tribuna da Bahia
PMDB abre as convenções em Salvador neste domingo
De acordo com a lei eleitoral, desde o último dia 10 está aberta a temporada das convenções partidárias em todo o País. Em Salvador o PMDB sai na frente, realizando a sua convenção municipal neste domingo, 15, na casa de shows Espetáculo, localizada na antiga sede de praia do Bahia, na Boca do Rio. O evento está previsto para ser iniciado às 8 horas, se estendendo até às 17 horas. Os peemedebistas vão homologar a chapa liderada pelo prefeito João Henrique (PMDB) e o professor Edvaldo Brito (PTB). A chapa receberá o apoio de uma aliança entre oito partidos, formada por PMDB, PTB, PDT, PSC, PHS, PRTB, PSL e PP. Além de homologar a chapa que vai concorrer à prefeitura municipal, a convenção também vai homologar a chapa para concorrer à Câmara de Vereadores. Ao todo, PMDB e PRTB lançam 82 candidatos, número máximo definido pelo TSE. O PMDB também atingiu a cota definida para as candidaturas femininas, que é de 30%. Para a convenção deste domingo estão sendo esperadas centenas de militantes que acompanharão os pronunciamentos dos líderes dos diversos partidos que vão prestigiar a convenção. Além do prefeito João Henrique e do vice Edvaldo Brito, outra presença aguardada com muita expectativa é a do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, a principal liderança peemedebista no Estado. “Vai ser uma grande festa, vamos iniciar a campanha de João Henrique com muita alegria”, disse Pedro Tavares, presidente do PMDB de Salvador. No final da tarde, o ministro Geddel e o presidente Lúcio Vieira Lima seguem para Feira de Santana, onde participam da convenção municipal que vai homologar o nome do deputado federal Colbert Martins Filho para disputar a prefeitura feirense. O evento acontece na sede da CDL, Praça da Matriz. Além do PMDB, o Democratas também já marcou a sua convenção para o próximo dia 19 para homologar a chapa formada pelos deputados federais ACM Neto (DEM) e o Bispo Márcio Marinho (PR). O evento está marcado para o Cais Dourado, no Comércio, e contará também com as presenças do apresentador e ex-prefeiturável Raimundo Varela, do ex-governador Paulo Souto, do senador César Borges, deputados federais, estaduais e dirigentes dos partidos aliados. Segundo a assessoria do candidato democrata informou, “Neto vai apresentar propostas novas para Salvador, com destaque para a segurança pública”. O PT também já escolheu o próximo dia 29 para realizar a sua convenção. Como o partido só conseguiu definir a chapa que vai disputar a eleição na semana passada, formada pelos deputados federais Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB), teve que aguardar mais um pouco a divulgação do evento por conta das discussões que ainda trava com o PCdoB. É provável que até o final desta semana as definições aconteçam e os comunistas definam se vão mesmo marchar com a candidatura da vereadora Olívia Santana ou fechar com o petista. (Por Evandro Matos)
Prefeitura divulga gastos com publicidade oficial
As despesas com publicidade na Prefeitura de Salvador estão enquadradas na determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal. A informação é da Secretaria Municipal de Comunicação Social (SMCS) após analisar a recomendação feita pela Controladoria Geral do Município, através da Coordenadoria de Normas, Planejamento e Informações Gerenciais (CNP). O órgão elaborou estudo e orientou os gestores sobre as restrições aos gastos com publicidade para o último ano de mandato. Segundo o CNP, os gestores não poderão realizar despesas com publicidade dos órgãos públicos que excedam a média dos gastos nos últimos três anos que antecedem o pleito. O coordenador administrativo da SMCS Jaime José da Silva diz que Salvador tem observado com rigor essas questões. Para exemplificar, ele informou que a despesa empenhada em 2005 foi de R$ 13.256.041,65. Para 2006 o montante ficou em R$ 21.725.061,73 e em 2007 o valor é de R$ 17.893.402,82. A média dos últimos três anos foi de R$ 17.624.835,40. De 1º de janeiro até 31 de maio de 2008 foram investidos em publicidade R$ 8.693.758,52, dos quais R$ 1.012.822,34 da administração direta. Estes números incluem publicações legais na mídia local e nacional. “Estamos pautados nas regras e seguimos à risca as determinações legais”, frisa Silva. Ele reforçou que os dados são oficiais e a divulgação cumpre a proposta de transparência da atual gestão de Salvador. A Controladoria é muito rígida na observação da Lei de Responsabilidade Fiscal, por se tratar de um instrumento de planejamento que veio para aperfeiçoar a gestão pública e exige o controle dos gastos e a manutenção do equilíbrio entre as receitas e as despesas.
Liminar atende Abam e suspende efeito de decreto
Uma liminar concedida ontem, pela desembargadora Vilma Veiga, a um mandado de segurança impetrado pela Associação Baiana dos Auditores Fiscais Municipais - Abam - suspendeu os efeitos do Decreto 18.277/2008, naquilo que implica nas irregularidades apontadas pela entidade e reconhecidas pela Procuradoria Geral do Município de Salvador. Conforme José Jorge Matos Teixeira, presidente da Abam, o Decreto de 07 de abril de 2008, publicado na edição do Diário Oficial do Município no dia seguinte, promoveu a regulamentação da gratificação de produção para a carreira de Analista Fazendário. “ Qualquer ato praticado por Analista Fazendário voltado para a efetivação do lançamento tributário constitui-se em usurpação de função pública e improbidade administrativa, passível de repreensão criminal, cível e administrativa, na forma do art. 328 do Código Penal c/c art. 11, inciso I da Lei 8.429/92”. O "decreto “encontra-se repleto de equívocos e permite que o Analista Fazendário, com vistas à obtenção da gratificação de produção, atue em setor diverso daquele de lotação, independentemente de designação expressa, a teor do seu artigo 6º”.
Fonte: Tribuna da Bahia
CNBB quer veto a candidatos com antecedentes criminais
Conferência e mais 40 entidades querem evitar que políticos com ficha suja concorram nas próximas eleições
BRASÍLIA - Faltando menos de quatro meses para as eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e mais 40 entidades da sociedade civil organizada querem evitar que políticos com antecedentes criminais concorram às eleições de outubro. Em busca de apoio a um projeto de lei de iniciativa popular, o presidente da conferência, dom Geraldo Lyrio Rocha, e representantes de organizações não-governamentais vão apelar amanhã ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto. “O objetivo é coibir o abuso. O que nós visamos é que candidatos condenados em primeira instância se tornem inelegíveis”, afirmou dom Lyrio Rocha. “O princípio é purificar o processo eleitoral”.
A iniciativa da CNBB e das demais entidades ocorre quatro dias depois de o TSE autorizar que os políticos que são réus em processos criminais, ação de improbidade administrativa ou ação civil pública, sem condenação definitiva, possam se candidatar nas eleições 2008.
Mas os bispos têm esperanças que seja possível interferir no processo eleitoral por meio da divulgação da iniciativa. Eles querem reunir 1,5 milhão de assinaturas em apoio ao projeto que veta a participação de políticos já condenados em eleições. Em abril, foi lançada a idéia e agora após a reunião do Conselho Permanente da CNBB, os bispos retomaram a proposta. Pelo texto, fica proibida também a candidatura de quem renunciou ao mandato para escapar de punições legais.
Proibição - Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a proposta pretende afastar mesmo aqueles candidatos cuja sentença definitiva ainda não tenha sido proferida. Durante a reunião do conselho, a CNBB reiterou a proibição de padres na disputa eleitoral. Segundo dom Lyrio Rocha, a missão religiosa é incompatível com as ações político-partidárias.
Para o bispo, a palavra “partidária” não permite a “comunhão” que orienta as ações de um religioso. “Nós achamos que o engajamento político-eleitoral [de um religioso] condiciona o debate [de uma forma incompatível] com a missão religiosa”, afirmou o presidente da CNBB. “Os padres não devem se envolver na política partidária”. (Folhapress)
Fonte: Correio da Bahia
BRASÍLIA - Faltando menos de quatro meses para as eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e mais 40 entidades da sociedade civil organizada querem evitar que políticos com antecedentes criminais concorram às eleições de outubro. Em busca de apoio a um projeto de lei de iniciativa popular, o presidente da conferência, dom Geraldo Lyrio Rocha, e representantes de organizações não-governamentais vão apelar amanhã ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto. “O objetivo é coibir o abuso. O que nós visamos é que candidatos condenados em primeira instância se tornem inelegíveis”, afirmou dom Lyrio Rocha. “O princípio é purificar o processo eleitoral”.
A iniciativa da CNBB e das demais entidades ocorre quatro dias depois de o TSE autorizar que os políticos que são réus em processos criminais, ação de improbidade administrativa ou ação civil pública, sem condenação definitiva, possam se candidatar nas eleições 2008.
Mas os bispos têm esperanças que seja possível interferir no processo eleitoral por meio da divulgação da iniciativa. Eles querem reunir 1,5 milhão de assinaturas em apoio ao projeto que veta a participação de políticos já condenados em eleições. Em abril, foi lançada a idéia e agora após a reunião do Conselho Permanente da CNBB, os bispos retomaram a proposta. Pelo texto, fica proibida também a candidatura de quem renunciou ao mandato para escapar de punições legais.
Proibição - Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a proposta pretende afastar mesmo aqueles candidatos cuja sentença definitiva ainda não tenha sido proferida. Durante a reunião do conselho, a CNBB reiterou a proibição de padres na disputa eleitoral. Segundo dom Lyrio Rocha, a missão religiosa é incompatível com as ações político-partidárias.
Para o bispo, a palavra “partidária” não permite a “comunhão” que orienta as ações de um religioso. “Nós achamos que o engajamento político-eleitoral [de um religioso] condiciona o debate [de uma forma incompatível] com a missão religiosa”, afirmou o presidente da CNBB. “Os padres não devem se envolver na política partidária”. (Folhapress)
Fonte: Correio da Bahia
BB começa a financiar casa própria ainda este mês
Banco Central já autorizou a oferta de linhas com recursos do Sistema Financeiro da Habitação
BRASÍLIA - O Banco do Brasil (BB) recebeu a última autorização para entrar de vez no mercado de financiamento imobiliário utilizando recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), o que deve acontecer até o fim deste mês. O aval veio do Banco Central (BC) e corroborou a Resolução 3.549 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de março passado, que liberou o BB e outras instituições financeiras a atuarem no setor imobiliário com recursos da poupança.
O BB informou que, até o fim de junho, fornecerá as novas linhas de crédito imobiliário para clientes e não-clientes. Para tanto, a maior instituição financeira do país vai destinar cerca de R$1 bilhão. O banco já atuava no mercado de financiamento da casa própria desde dezembro de 2007, mas utilizando recursos próprios em parceria com a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex). Contudo, tinha uma participação pouco significativa no mercado.Agora, acredita o BB, com os recursos do SFH poderá fornecer linhas mais competitivas, com juros mais em conta. Com as novas linhas, o banco deverá ter uma carteira de R$2 bilhões para habitação até o fim deste ano.
A batalha do BB para entrar no mercado de crédito imobiliário com recursos da poupança durou anos e envolveu uma queda-de-braço com a Caixa Econômica Federal (CEF), principal agente deste tipo de crédito. Com a decisão do CMN em março, o BB ficou autorizado a destinar até 10% dos recursos da poupança à compra da casa própria, o que dá quase R$ 5 bilhões. Até então, o banco tinha de direcionar esses recursos para o crédito agrícola. (AG)
***
Caixa amplia crédito para microempresas
BRASÍLIA - A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, assinou Convênio de Cooperação Técnica com o Sebrae para expansão do crédito para micro e pequenas empresas. A parceria permitirá o fortalecimento da capacidade empresarial e da competitividade do mercado.
Só neste ano, dentro das linhas destinadas a este setor, a Caixa já concedeu em sua carteira de crédito mais de R$9 bilhões. O número representa um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o banco atingiu R$7,8 bilhões. Em 2007, a Caixa contribuiu com R$24 bilhões para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas.
Com essa ampliação na concessão de crédito, a expectativa é ampliar a carteira de pessoa jurídica em percentuais superiores aos previstos pelo mercado, ou seja, mais de 20% em 2008. Segundo a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, a instituição tem vocação para conceder crédito às micro e pequenas empresas, pois acredita no crescimento e no desenvolvimento das ações e metas do mercado brasileiro. “Assim como o Sebrae, acreditamos que podemos fortalecer ainda mais a competitividade empresarial elevando o grau de confiabilidade do país no mercado”, disse.
Hoje, a rede é composta por 2.058 agências, 450 postos de atendimento bancário, 25 salas de auto-atendimento, 997 postos de atendimento eletrônico, nove mil casas lotéricas e 17.659 pontos de auto-atendimento. O Sebrae também está presente em todos os estados, com cerca de 800 pontos de atendimento.
Fonte: Correio da Bahia
BRASÍLIA - O Banco do Brasil (BB) recebeu a última autorização para entrar de vez no mercado de financiamento imobiliário utilizando recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), o que deve acontecer até o fim deste mês. O aval veio do Banco Central (BC) e corroborou a Resolução 3.549 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de março passado, que liberou o BB e outras instituições financeiras a atuarem no setor imobiliário com recursos da poupança.
O BB informou que, até o fim de junho, fornecerá as novas linhas de crédito imobiliário para clientes e não-clientes. Para tanto, a maior instituição financeira do país vai destinar cerca de R$1 bilhão. O banco já atuava no mercado de financiamento da casa própria desde dezembro de 2007, mas utilizando recursos próprios em parceria com a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex). Contudo, tinha uma participação pouco significativa no mercado.Agora, acredita o BB, com os recursos do SFH poderá fornecer linhas mais competitivas, com juros mais em conta. Com as novas linhas, o banco deverá ter uma carteira de R$2 bilhões para habitação até o fim deste ano.
A batalha do BB para entrar no mercado de crédito imobiliário com recursos da poupança durou anos e envolveu uma queda-de-braço com a Caixa Econômica Federal (CEF), principal agente deste tipo de crédito. Com a decisão do CMN em março, o BB ficou autorizado a destinar até 10% dos recursos da poupança à compra da casa própria, o que dá quase R$ 5 bilhões. Até então, o banco tinha de direcionar esses recursos para o crédito agrícola. (AG)
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Caixa amplia crédito para microempresas
BRASÍLIA - A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, assinou Convênio de Cooperação Técnica com o Sebrae para expansão do crédito para micro e pequenas empresas. A parceria permitirá o fortalecimento da capacidade empresarial e da competitividade do mercado.
Só neste ano, dentro das linhas destinadas a este setor, a Caixa já concedeu em sua carteira de crédito mais de R$9 bilhões. O número representa um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o banco atingiu R$7,8 bilhões. Em 2007, a Caixa contribuiu com R$24 bilhões para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas.
Com essa ampliação na concessão de crédito, a expectativa é ampliar a carteira de pessoa jurídica em percentuais superiores aos previstos pelo mercado, ou seja, mais de 20% em 2008. Segundo a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, a instituição tem vocação para conceder crédito às micro e pequenas empresas, pois acredita no crescimento e no desenvolvimento das ações e metas do mercado brasileiro. “Assim como o Sebrae, acreditamos que podemos fortalecer ainda mais a competitividade empresarial elevando o grau de confiabilidade do país no mercado”, disse.
Hoje, a rede é composta por 2.058 agências, 450 postos de atendimento bancário, 25 salas de auto-atendimento, 997 postos de atendimento eletrônico, nove mil casas lotéricas e 17.659 pontos de auto-atendimento. O Sebrae também está presente em todos os estados, com cerca de 800 pontos de atendimento.
Fonte: Correio da Bahia
João baiano movimenta milhões no interior
Em ano eleitoral, prefeituras investem pesado nos festejos para garantir retorno financeiro aos municípios
Jorge Velloso
Por trás daquele forrozinho gostoso e do calor da fogueira de São João, muitos milhões de reais irão aquecer, mais uma vez, as festas juninas nos municípios baianos. As prefeituras estão se esforçando, montando megaestruturas e trazendo atrações nacionais de peso, afinal, 2008 é ano de tentativa de reeleição ou mesmo de despedida para muitos prefeitos, que querem encerrar a gestão com chave de ouro. O lado positivo é que, quanto maior a festa, maior é o movimento econômico, que deve beirar os R$500 milhões, segundo estimativas do governo estadual.
Não são apenas as cidades que tradicionalmente realizam a festa que receberão grandes atrações. Em Piritiba, distante 320 quilômetros de Salvador, por exemplo, o público vai poder conferir gratuitamente o show da dupla Zezé di Camargo e Luciano – que cobra cachê de aproximadamente R$300 mil. Em São Francisco do Conde, além dos irmãos famosos, participarão também dos festejos o sertanejo Daniel, o deputado federal por São Paulo e cantor Frank Aguiar e bandas que arrastam grandes públicos, como Calcinha Preta e Calypso.
A tranqüila Mucugê não vai ficar atrás e, apesar de ter sido castigada pelas queimadas e decretado estado de emergência há apenas sete meses, vai esquecer os problemas durante a folia junina e terá 18 bandas – de pequeno e médio porte.
Em cidades com maior tradição, a exemplo de Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Cachoeira e Santo Antônio de Jesus, a previsão é que o comércio mais uma vez tenha forte incremento e muitas casas sejam alugadas. Em alguns deles, o movimento em negócios se aproxima dos R$10 milhões durante os dias de festa.
Capital - Salvador também promete ter um São João “arretado”, com shows de estrelas como Alceu Valença e as pratas da casa Daniela Mercury e Margareth Menezes. E a festança já começou, principalmente no Centro Histórico. A capital nunca teve fama de reduto junino, mas o governo do estado está tentando mudar esse perfil em 2008, assim como pretende aquecer o mercado hoteleiro de cidades como Ilhéus e Porto Seguro.
De acordo com o secretário de turismo, Domingos Leonelli, o investimento para este ano é de R$10 milhões (R$4 milhões só em mídia), um aumento de quase 79% com relação ao ano passado, quando R$5,6 milhões foram destinados à folia junina da Bahia. Leonelli admite que as eleições de outubro influenciam os prefeitos a fazerem festas ainda mais bonitas, mas considera que a valorização do São João no estado é a grande beneficiada com isso.
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Investimento chega a R$1 milhão em cada festa
O clima hoje frio na praça do Bosque, em Amargosa, promete esquentar no próximo final de semana. A cidade do Vale do Jiquiriçá espera 90 mil pessoas diariamente, forrozeiros que movimentarão a economia da cidade com a compra de bebida, comida e o aluguel de pelo menos 1,2 mil casas, já que a capacidade hoteleira no município não garante a demanda do período. Segundo o prefeito, Valmir Sampaio, o investimento feito este ano será de R$980 mil, sendo que boa parte dos recursos é garantida através de anunciantes como Coca-Cola, cerveja Sol, Petrobras, entre outros patrocinadores. O prefeito afirma que, nos sete dias do São João, Amargosa movimenta cerca de R$9 milhões. “ Fazemos uma festa bonita e muito boa tanto para a população quanto para os visitantes”, diz Sampaio, que contratou, entre as atrações, a dupla Bruno e Marrone.
Na mesma animação estão o secretário de Cultura de Santo Antônio de Jesus, José Ernani, e o organizador da festa, Paulo Leal. “Este ano, vamos ter o melhor São João de todos os tempos, mas tenho certeza absoluta que o prefeito (Euvaldo Rosa) não está fazendo isso só porque é ano de eleição”, garante Leal. De acordo com os organizadores, o investimento na festa é de aproximadamente R$900 mil e estima-se que o evento na cidade chegue a movimentar R$12 milhões.
Em São Francisco do Conde, Amarildo Guedes, ex-secretário de cultura e turismo, confirmou a presença de várias estrelas do forró. Guedes afirma que as contratações, feitas antecipadamente, possibilitaram o pagamento dividido em três parcelas. Segundo ele, o investimento na festa é estimado em R$1 milhão e teve incremento de 10% a 15%, em relação aos anos anteriores. “É importante ressaltar que não deixamos de lado importantes setores, como saúde e educação, para destinar verbas para a festa”, salienta.
Nas pequenas cidades, o mercado não chegar a ficar tão aquecido, mas também conta com um incremento considerável. Em Mucugê, distante 447 quilômetros da capital, a prefeitura destina pouco mais de R$300 mil às bandas de forró pé-de-serra. De acordo com o secretário do Turismo e Meio Ambiente, Orenildes Oliveira, o município movimenta R$1 milhão. “Sem dúvida, as queimadas em 2007, quando o governador Jaques Wagner decretou estado de emergência, prejudicaram nossa cidade, mas não fizemos altos gastos para a festa, e priorizamos a cultura local”, destaca o secretário.
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Presidente da UPB chama atenção para os gastos
“Não posso falar em exagero por problemas éticos, porém acho os valores extraordinários”. Esta é a opinião do presidente da União dos Municípios da Bahia(UPB) e prefeito da cidade de Santo Estêvão, Orlando Santiago. Segundo ele, durante os festejos juninos, alguns prefeitos acabam sacrificando outros segmentos importantes do município para realizar megaeventos. “Mas a UPB não entra nessa questão. Apenas aconselhamos os prefeitos a serem bons exemplos e a agirem da melhor forma possível”, disse Santiago.
O advogado da entidade, Marcelo Neves, explica que nenhuma lei proíbe ou limita o uso de dinheiro público para a festa de São João. Segundo Neves, os prefeitos só não podem realizar shows sem qualquer motivação ou pedir votos abertamente antes e durante as apresentações.
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Festejos geram trabalho e renda
O economista Carlos Augusto Franco Magalhães acredita que o São João seja de tanta importância para as cidades do interior como é o Carnaval em Salvador. “Com o mínimo de investimento, as prefeituras conseguem gerar grandes valores. Possibilita mais impostos, assim como trabalho e renda”, destaca o economista.
Para Magalhães, cidades como Amargosa, Senhor do Bonfim e Cruz das Almas poderiam competir com Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, para movimentar valores ainda maiores. “Sergipe já descobriu isso há alguns anos e a Bahia só começou a investir agora. Não concordo que a maioria do dinheiro do governo seja voltada mais para a capital e cidades litorâneas. São João é festa para o interior”, citou Magalhães.
Fonte: Correio da Bahia
Jorge Velloso
Por trás daquele forrozinho gostoso e do calor da fogueira de São João, muitos milhões de reais irão aquecer, mais uma vez, as festas juninas nos municípios baianos. As prefeituras estão se esforçando, montando megaestruturas e trazendo atrações nacionais de peso, afinal, 2008 é ano de tentativa de reeleição ou mesmo de despedida para muitos prefeitos, que querem encerrar a gestão com chave de ouro. O lado positivo é que, quanto maior a festa, maior é o movimento econômico, que deve beirar os R$500 milhões, segundo estimativas do governo estadual.
Não são apenas as cidades que tradicionalmente realizam a festa que receberão grandes atrações. Em Piritiba, distante 320 quilômetros de Salvador, por exemplo, o público vai poder conferir gratuitamente o show da dupla Zezé di Camargo e Luciano – que cobra cachê de aproximadamente R$300 mil. Em São Francisco do Conde, além dos irmãos famosos, participarão também dos festejos o sertanejo Daniel, o deputado federal por São Paulo e cantor Frank Aguiar e bandas que arrastam grandes públicos, como Calcinha Preta e Calypso.
A tranqüila Mucugê não vai ficar atrás e, apesar de ter sido castigada pelas queimadas e decretado estado de emergência há apenas sete meses, vai esquecer os problemas durante a folia junina e terá 18 bandas – de pequeno e médio porte.
Em cidades com maior tradição, a exemplo de Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Cachoeira e Santo Antônio de Jesus, a previsão é que o comércio mais uma vez tenha forte incremento e muitas casas sejam alugadas. Em alguns deles, o movimento em negócios se aproxima dos R$10 milhões durante os dias de festa.
Capital - Salvador também promete ter um São João “arretado”, com shows de estrelas como Alceu Valença e as pratas da casa Daniela Mercury e Margareth Menezes. E a festança já começou, principalmente no Centro Histórico. A capital nunca teve fama de reduto junino, mas o governo do estado está tentando mudar esse perfil em 2008, assim como pretende aquecer o mercado hoteleiro de cidades como Ilhéus e Porto Seguro.
De acordo com o secretário de turismo, Domingos Leonelli, o investimento para este ano é de R$10 milhões (R$4 milhões só em mídia), um aumento de quase 79% com relação ao ano passado, quando R$5,6 milhões foram destinados à folia junina da Bahia. Leonelli admite que as eleições de outubro influenciam os prefeitos a fazerem festas ainda mais bonitas, mas considera que a valorização do São João no estado é a grande beneficiada com isso.
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Investimento chega a R$1 milhão em cada festa
O clima hoje frio na praça do Bosque, em Amargosa, promete esquentar no próximo final de semana. A cidade do Vale do Jiquiriçá espera 90 mil pessoas diariamente, forrozeiros que movimentarão a economia da cidade com a compra de bebida, comida e o aluguel de pelo menos 1,2 mil casas, já que a capacidade hoteleira no município não garante a demanda do período. Segundo o prefeito, Valmir Sampaio, o investimento feito este ano será de R$980 mil, sendo que boa parte dos recursos é garantida através de anunciantes como Coca-Cola, cerveja Sol, Petrobras, entre outros patrocinadores. O prefeito afirma que, nos sete dias do São João, Amargosa movimenta cerca de R$9 milhões. “ Fazemos uma festa bonita e muito boa tanto para a população quanto para os visitantes”, diz Sampaio, que contratou, entre as atrações, a dupla Bruno e Marrone.
Na mesma animação estão o secretário de Cultura de Santo Antônio de Jesus, José Ernani, e o organizador da festa, Paulo Leal. “Este ano, vamos ter o melhor São João de todos os tempos, mas tenho certeza absoluta que o prefeito (Euvaldo Rosa) não está fazendo isso só porque é ano de eleição”, garante Leal. De acordo com os organizadores, o investimento na festa é de aproximadamente R$900 mil e estima-se que o evento na cidade chegue a movimentar R$12 milhões.
Em São Francisco do Conde, Amarildo Guedes, ex-secretário de cultura e turismo, confirmou a presença de várias estrelas do forró. Guedes afirma que as contratações, feitas antecipadamente, possibilitaram o pagamento dividido em três parcelas. Segundo ele, o investimento na festa é estimado em R$1 milhão e teve incremento de 10% a 15%, em relação aos anos anteriores. “É importante ressaltar que não deixamos de lado importantes setores, como saúde e educação, para destinar verbas para a festa”, salienta.
Nas pequenas cidades, o mercado não chegar a ficar tão aquecido, mas também conta com um incremento considerável. Em Mucugê, distante 447 quilômetros da capital, a prefeitura destina pouco mais de R$300 mil às bandas de forró pé-de-serra. De acordo com o secretário do Turismo e Meio Ambiente, Orenildes Oliveira, o município movimenta R$1 milhão. “Sem dúvida, as queimadas em 2007, quando o governador Jaques Wagner decretou estado de emergência, prejudicaram nossa cidade, mas não fizemos altos gastos para a festa, e priorizamos a cultura local”, destaca o secretário.
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Presidente da UPB chama atenção para os gastos
“Não posso falar em exagero por problemas éticos, porém acho os valores extraordinários”. Esta é a opinião do presidente da União dos Municípios da Bahia(UPB) e prefeito da cidade de Santo Estêvão, Orlando Santiago. Segundo ele, durante os festejos juninos, alguns prefeitos acabam sacrificando outros segmentos importantes do município para realizar megaeventos. “Mas a UPB não entra nessa questão. Apenas aconselhamos os prefeitos a serem bons exemplos e a agirem da melhor forma possível”, disse Santiago.
O advogado da entidade, Marcelo Neves, explica que nenhuma lei proíbe ou limita o uso de dinheiro público para a festa de São João. Segundo Neves, os prefeitos só não podem realizar shows sem qualquer motivação ou pedir votos abertamente antes e durante as apresentações.
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Festejos geram trabalho e renda
O economista Carlos Augusto Franco Magalhães acredita que o São João seja de tanta importância para as cidades do interior como é o Carnaval em Salvador. “Com o mínimo de investimento, as prefeituras conseguem gerar grandes valores. Possibilita mais impostos, assim como trabalho e renda”, destaca o economista.
Para Magalhães, cidades como Amargosa, Senhor do Bonfim e Cruz das Almas poderiam competir com Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, para movimentar valores ainda maiores. “Sergipe já descobriu isso há alguns anos e a Bahia só começou a investir agora. Não concordo que a maioria do dinheiro do governo seja voltada mais para a capital e cidades litorâneas. São João é festa para o interior”, citou Magalhães.
Fonte: Correio da Bahia
Grupo de 31 turistas assaltado em restaurante de Itaparica
Três homens armados levaram dinheiro e pertences dos visitantes
Alexandre Lyrio
O que deveria ser uma tranqüila e aprazível tarde de sol na Baía de Todos os Santos terminou em momentos de pânico para 31 turistas, entre eles, nove estrangeiros. O grupo foi saqueado ontem, por três homens armados, enquanto almoçavam em um restaurante na localidade de Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica. Usando de violência, armados com dois revólveres e uma faca, os bandidos levaram dinheiro, celulares, filmadoras, câmeras fotográficas, cartões de crédito e até objetos pessoais como correntes e alianças. O caso está sendo investigado pela Delegacia do Turista (Deltur), em Salvador, mas a polícia ainda não tem pistas dos assaltantes.
Depois de um passeio pela baía, os turistas tinham acabado de desembarcar da escuna Maria Morena para almoçar no Restaurante e Pousada Recanto da Praia. Por volta das 14h, os bandidos entraram no estabelecimento e anunciaram o assalto. Segundo depoimento das vítimas, enquanto dois assaltantes fizeram reféns o dono do restaurante e mais uma pessoa não identificada, o terceiro saqueava as mesas com a faca em punho. Ainda não se sabe o valor total do que foi levado, mas alguns turistas declararam à polícia prejuízos que chegam a R$5 mil.
No grupo, havia turistas ingleses, belgas e americanos. Durante o assalto, parte deles foi obrigada a deitar no chão. Alguns chegaram a ser agredidos. “Eles foram muito violentos. Não havia necessidade disso. Tem 28 anos que faço esse mesmo passeio e nunca vi nada parecido na Ilha de Itaparica”, atesta o guia responsável pelo grupo, Ciro Leal. Somente os funcionários do restaurante teriam sido poupados pelos bandidos. “Disseram que só queriam os barões”, conta o gerente, que preferiu não se identificar. Do caixa do estabelecimento levaram somente R$70. “Eram os nossos primeiros clientes do dia”.
De acordo com um turista alagoano, o único segurança do restaurante fugiu durante a ação. Uma viatura da polícia só chegou ao local meia hora depois. “Eles foram omissos. Disseram que a responsabilidade pela nossa segurança era da Pousada. Isso aqui é terra de ninguém”, reclamou o visitante de Maceió. O grupo foi orientado a prestar queixa na capital. Os policiais que atenderam a ocorrência teriam informado que a unidade da Ilha estava sem delegado.
Ainda tensos, os turistas foram trazidos de volta para Salvador na mesma embarcação. Depois de chegar ao Terminal Náutico da Bahia, na cidade baixa, seguiram direto para a Deltur, no Pelourinho. A maioria dizia estar revoltada com a facilidade com que os bandidos agiram. Prometiam nunca mais retornar à Bahia. “Eles não tiveram pressa para nada. Pareciam ter certeza de que não seriam pegos. Aqui eu não volto mais, não”, disse o casal de mineiros Cláudia Queiroz e Marcos Borges.
Ainda com roupas de banho, os turistas prestaram depoimento à delegada plantonista, Maria Aparecida Guedes Martins. Ela disse que não são comuns os casos de assaltos a grupos de visitantes na Ilha de Itaparica. “Foi um caso isolado. Estamos fazendo uma lista dos pertences roubados e amanhã mesmo daremos início às investigações”, garantiu. Numa tarde que deveria ser de sombra e água fresca, sobraram recordações de violência para levar pra casa. “As pessoas vêm gastar dinheiro na Bahia e são recebidas dessa forma. As autoridades não vão fazer nada?”, questiona o guia responsável pelo grupo.
***
Ameaças e agressões dos bandidos
“Eu quero ir embora desse lugar hoje mesmo. Não quero ficar mais um minuto nessa cidade”. O depoimento é de um casal de turistas paulistas, agredido pelos assaltantes. Nilton e Yêda Melo planejavam ficar em Salvador até a próxima terça-feira, mas resolveram abortar a viagem. Ambos narram momentos de verdadeiro terror. Mesmo sem esboçar qualquer reação, Yêda levou um soco nas costas. O marido chegou a sentir a lâmina de uma faca na garganta. “Eles ameaçavam nos matar a todo o instante. Foi o momento mais terrível de minha vida”, conta Yêda, que, além dos danos emocionais, calcula um prejuízo financeiro de R$4 mil, entre dinheiro, câmera fotográfica e celulares. Uma outra turista também teve a faca apontada para o seu pescoço. A terapeuta Ângela Maria Santos Masuco mora em Londres, na Inglaterra, e veio para a Bahia acompanhada do marido, o inglês Michael Wesh. “Vim aqui mostrar a ele as maravilhas do meu país. Infelizmente, não vamos levar boas recordações”, lamentou.
Fonte: Correio da Bahia
Alexandre Lyrio
O que deveria ser uma tranqüila e aprazível tarde de sol na Baía de Todos os Santos terminou em momentos de pânico para 31 turistas, entre eles, nove estrangeiros. O grupo foi saqueado ontem, por três homens armados, enquanto almoçavam em um restaurante na localidade de Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica. Usando de violência, armados com dois revólveres e uma faca, os bandidos levaram dinheiro, celulares, filmadoras, câmeras fotográficas, cartões de crédito e até objetos pessoais como correntes e alianças. O caso está sendo investigado pela Delegacia do Turista (Deltur), em Salvador, mas a polícia ainda não tem pistas dos assaltantes.
Depois de um passeio pela baía, os turistas tinham acabado de desembarcar da escuna Maria Morena para almoçar no Restaurante e Pousada Recanto da Praia. Por volta das 14h, os bandidos entraram no estabelecimento e anunciaram o assalto. Segundo depoimento das vítimas, enquanto dois assaltantes fizeram reféns o dono do restaurante e mais uma pessoa não identificada, o terceiro saqueava as mesas com a faca em punho. Ainda não se sabe o valor total do que foi levado, mas alguns turistas declararam à polícia prejuízos que chegam a R$5 mil.
No grupo, havia turistas ingleses, belgas e americanos. Durante o assalto, parte deles foi obrigada a deitar no chão. Alguns chegaram a ser agredidos. “Eles foram muito violentos. Não havia necessidade disso. Tem 28 anos que faço esse mesmo passeio e nunca vi nada parecido na Ilha de Itaparica”, atesta o guia responsável pelo grupo, Ciro Leal. Somente os funcionários do restaurante teriam sido poupados pelos bandidos. “Disseram que só queriam os barões”, conta o gerente, que preferiu não se identificar. Do caixa do estabelecimento levaram somente R$70. “Eram os nossos primeiros clientes do dia”.
De acordo com um turista alagoano, o único segurança do restaurante fugiu durante a ação. Uma viatura da polícia só chegou ao local meia hora depois. “Eles foram omissos. Disseram que a responsabilidade pela nossa segurança era da Pousada. Isso aqui é terra de ninguém”, reclamou o visitante de Maceió. O grupo foi orientado a prestar queixa na capital. Os policiais que atenderam a ocorrência teriam informado que a unidade da Ilha estava sem delegado.
Ainda tensos, os turistas foram trazidos de volta para Salvador na mesma embarcação. Depois de chegar ao Terminal Náutico da Bahia, na cidade baixa, seguiram direto para a Deltur, no Pelourinho. A maioria dizia estar revoltada com a facilidade com que os bandidos agiram. Prometiam nunca mais retornar à Bahia. “Eles não tiveram pressa para nada. Pareciam ter certeza de que não seriam pegos. Aqui eu não volto mais, não”, disse o casal de mineiros Cláudia Queiroz e Marcos Borges.
Ainda com roupas de banho, os turistas prestaram depoimento à delegada plantonista, Maria Aparecida Guedes Martins. Ela disse que não são comuns os casos de assaltos a grupos de visitantes na Ilha de Itaparica. “Foi um caso isolado. Estamos fazendo uma lista dos pertences roubados e amanhã mesmo daremos início às investigações”, garantiu. Numa tarde que deveria ser de sombra e água fresca, sobraram recordações de violência para levar pra casa. “As pessoas vêm gastar dinheiro na Bahia e são recebidas dessa forma. As autoridades não vão fazer nada?”, questiona o guia responsável pelo grupo.
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Ameaças e agressões dos bandidos
“Eu quero ir embora desse lugar hoje mesmo. Não quero ficar mais um minuto nessa cidade”. O depoimento é de um casal de turistas paulistas, agredido pelos assaltantes. Nilton e Yêda Melo planejavam ficar em Salvador até a próxima terça-feira, mas resolveram abortar a viagem. Ambos narram momentos de verdadeiro terror. Mesmo sem esboçar qualquer reação, Yêda levou um soco nas costas. O marido chegou a sentir a lâmina de uma faca na garganta. “Eles ameaçavam nos matar a todo o instante. Foi o momento mais terrível de minha vida”, conta Yêda, que, além dos danos emocionais, calcula um prejuízo financeiro de R$4 mil, entre dinheiro, câmera fotográfica e celulares. Uma outra turista também teve a faca apontada para o seu pescoço. A terapeuta Ângela Maria Santos Masuco mora em Londres, na Inglaterra, e veio para a Bahia acompanhada do marido, o inglês Michael Wesh. “Vim aqui mostrar a ele as maravilhas do meu país. Infelizmente, não vamos levar boas recordações”, lamentou.
Fonte: Correio da Bahia
"Governo não assume CSS"
Resultado de uma descontraída conversa de quase duas horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva:– Cumprirá o mandato até o último dia, e jura que não sonha em voltar à Presidência;– Entregará ao sucessor documento registrado em cartório com todas as suas realizações;– Mal consegue disfarçar a torcida pela vitória de Barack Obama nos EUA; – Diz que não tem candidato escolhido à sua sucessão. Mas também mal-disfarça a preferência por Dilma Roussef; – O governo não assumirá que tem interesse na aprovação no imposto do cheque pelo Senado, mesmo que isso resulte na sua derrota; – Criará um fundo para a educação com o dinheiro dos royalties do petróleo; – Promete neutralidade em relação aos diversos candidatos dos partidos aliados nas próximas eleições municipais; – Cobrará aumento da produtividade nos assentamentos dos sem-terra.
Clique aqui para ouvir a entrevista
Marcos TroyjoTales FariaMauro SantayanaMarcello D’Ângelo
BRASÍLIA
– O JB teve uma importância grande na minha atividade sindical. Fui muito ligado ao diretor da Sucursal em São Paulo na época em que começaram as greves do ABC. Era o João Batista Lemos, grande jornalista. O JB tinha cobertura quase privilegiada. Não só pela minha amizade com o Lemos, como também porque o jornal tinha uma sucursal muito forte. Tem até uma história curiosa. Quando estive preso, algumas pessoas me procuraram na delegacia dizendo que “o chefe” queria falar comigo. “O chefe, o chefe, o chefe”. Aí criaram essa história de que era o ministro Golbery do Couto e Silva, o governo. Nada disso. “O chefe” era o Lemos. O pessoal dele que havia levado o recado de que ele, “o chefe”, queria falar comigo. Só isso. Aquele momento era de muita ebulição. Para distribuir um jornalzinho do sindicato você tinha que enfrentar a ira de um coronel, a segurança da Volkswagen cercava o pátio. Para o trabalhador entrar com o boletim do sindicato ele tinha que guardar por dentro da camisa, na barriga, com medo da segurança ver. Hoje, você vai na Volkswagen, você vai na linha de montagem, vai passando jornalzinho para qualquer trabalhador pegar o seu.
O movimento sindical ficou muito mais pragmático?– Em São Bernardo do Campo as comissões de fábrica funcionam para caramba – 90% dos processos são resolvidos dentro da fábrica. Teve um tempo desses aí que eles tiraram 600 processos da Justiça, fizeram acordo pela fábrica, foram na Justiça com a empresa para retirar o processo.
O aço é brasileiro, as siderúrgicas são brasileiras, os salários são em reais, então não há por que acompanhar o preço internacional. É preciso alertar quem aumenta
O senhor diria que o sindicalismo se adaptou aos novos tempos?– Acho que o sindicalismo teve uma evolução em suas conquistas. Os sindicatos podem transitar nas suas relações com o capital ou mesmo com o governo com mais facilidade. Para fazer uma greve, eu precisava passar uma semana gritando na porta de fábrica. Agora, convoca-se a comissão de fábrica no mesmo dia: “quarta-feira, 8h vamos estar lá”. O sindicalismo atualmente vem ao Congresso Nacional brigar por Imposto de Renda, os funcionários públicos estão aprendendo a brigar por aumento na hora de fazer o Orçamento da União. No meu tempo, qual era a nossa marca registrada? Contestação. Não tinha compromisso com propostas. Só o de protestar. Hoje, e eu participei muito disso na década de 90, o movimento sindical tem que ser propositivo. Na medida em que as fábricas não vão ter mais a quantidade de trabalhadores que tinham – a Volkswagen tinha 44 mil trabalhadores e hoje tem 13 mil – os sindicatos têm que apresentar propostas. Esse negócio de carro flex, por exemplo, tem muito a ver. O sindicato passou oito anos fazendo proposta de renovação da frota.
O movimento social não evoluiu da mesma maneira. O MST lembra muito isso que o senhor está dizendo, que é de se tornar uma máquina de protesto.– É muito difícil você fazer movimento social, e até sindical, na época em que as coisas estão indo bem. Quando o Fernando Henrique Cardoso fez o Plano Real, fiz uma reunião com os sindicalistas, e disse: não estamos acostumados a trabalhar em época de inflação baixa. Na medida que você tem inflação baixa e que o salário não é o primeiro item da pauta de reivindicações, pode diminuir a força do sindicato. Voltando à questão do movimento social. Na medida em que você tem um governo que atende às reivindicações, que faz as coisas que têm que ser feitas, que decide as políticas em conjunto, o movimento social também precisa avançar. No caso dos sem-terra, na hora que você tem geração de emprego, há menos gente para os assentamentos. Em cinco anos e meio nós desapropriamos 35 milhões de hectares de terras e o governo passado, em oito anos desapropriou 18 milhões de hectares. Chega um momento, quando você assenta 501 mil famílias, que o problema não é mais assentar. Nós tomamos na semana passada a decisão de fazer os assentamentos produzirem mais alimentos. Chegou a hora de dobrar ou triplicar a produtividade das pessoas que estão no campo. Não podemos permitir que fiquem apenas naquela agricultura de subsistência. Precisamos dar condições para produzirem e ganharem dinheiro. As pessoas têm que saber que ganhar dinheiro é bom. E eu acho que isso é que tentaremos fazer daqui para a frente. Obviamente que vamos continuar com os assentamentos, mas eu quero carrear mais recursos para assistência técnica, e para levar tecnologia aos agricultores, financiar mais tratores. Cabe ao governo aumentar o preço mínimo para incentivar a produção. Podemos também aumentar a compra de alimentos da agricultura familiar e distribuir para a merenda escolar e para as pessoas mais pobres. Essa é uma decisão tomada no governo e que vamos implementar. Se você pegar a agricultura familiar, verá que nós temos uma margem de crescimento de produtividade extraordinária.
Se baixassem um pouquinho os juros, isso não ajudaria a aumentar a produtividade?– Hoje aproximadamente 60% do custo do dinheiro que vai para a produção no Brasil não têm nada a ver com a taxa básica do Banco Central, a taxa Selic. Você tem dinheiro tomado por empresários no exterior com outras taxas de juros, tem todo o dinheiro do BNDES – R$ 90 bilhões este ano – financiado com taxas menores. O grande prejudicado com a Selic é o próprio Estado, porque aumenta a dívida pública. O problema é a inflação. E por que há inflação? Porque algum setor está aumentando o preço. Se ninguém aumentasse o preço, não teríamos inflação. Há setores que estão aumentando porque dependem de matéria-prima internacional, mas isso não explica o caso do feijão, do arroz, que são coisas nossas. No caso do aço, o minério é brasileiro, as siderúrgicas são brasileiras, os salários são em reais, então não há por que acompanhar o preço internacional. Tenho dito tanto para empresários como para agricultores: está na hora de vocês alertarem os setores que estão elevando os preços. E qual é a alegação para aumentar preços? Aumenta a demanda na construção civil, aumentam os preços. Os empresários deveriam ter um procedimento diferente. Na medida em que aumenta a demanda, não precisa aumentar o preço. Vocês vão ganhar mais pelo aumento do volume de vendas.
O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5% a 5% durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso, nós entraremos no rol dos países ricos
Qual a certeza com que eu trabalho? Primeiro, acho que resolveremos a questão dos preços dos alimentos. Segundo, a questão da oferta. Precisamos aumentar a produtividade. Temos terra, temos água. Por isso vamos melhorar a produtividade, qualificar melhor nossos agricultores. A segunda coisa importante é que temos mais investimentos sendo aplicados. Nesse primeiro momento o investimento se transforma em consumo. Está sendo construída a usina da ThyssenKrupp no Rio de Janeiro. Ali estão comprando telhas, cimento, ferro, tudo o mais, que aumenta a demanda. Mas se está construindo o pólo petroquímico no Rio de Janeiro. Daqui a algum tempo esse consumo vai virar oferta. E aí é que eu acho que a coisa encontra o equilíbrio, a fim de garantir o desenvolvimento sustentado do país. Trabalho sempre com a idéia de que o Brasil não precisa ficar com o trauma de que não pode crescer mais de 3% e nem o trauma de que precisa crescer 10%. O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5% a 5% durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso nós entraremos no rol dos países ricos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, propõe a criação do Fundo Soberano para segurar a inflação. Os economistas falam em controlar gastos públicos.– Por que criamos o Fundo Soberano? Porque dá margem de manobra para você ter dinheiro para facilitar investimentos do Brasil no exterior e ao mesmo tempo dá uma margem de manobra com a arrecadação a mais, a fim de não colocá-la no custeio e ter um dinheiro à parte, que pode ser contado até como superávit primário. Fiz questão de elogiar o Mantega e a equipe dele, porque foi uma medida extremamente inteligente. Então, quando as pessoas falam que a máquina gasta muito, eu queria dizer o seguinte: quanto o Franklin Martins (ministro-chefe da Secretaria de Comunicação) ganhava na Rede Globo, ou quanto ele ganhava na TV Bandeirantes? E quanto ele ganha aqui? R$ 10 mil, para trabalhar certamente o triplo do que trabalhava. Ontem recebi o Ricardo Kotscho (ex-secretário de imprensa do Palácio). Está trabalhando num blog. Ele disse que nunca ganhou tanto dinheiro. Ficou três anos aqui ganhando R$ 7 mil. Eu tinha um cidadão da Petrobras, que saiu da Petrobras, chorou aqui nesta sala, grande companheiro. Eu achei que ele ganhava demais – R$ 26 mil por mês. Achei que era um baita de um salário. Ele saiu para ganhar R$ 200 mil por mês com dois anos de pagamento adiantado. E agora já saiu para ganhar R$ 400 mil. Você tem um grau de funcionários de alta qualidade neste país que ganha porcamente. O Estado precisa ter funcionários qualificados, bem remunerados, para dar o retorno para a sociedade. As pessoas perguntam, por que o Hospital Sarah Kubitschek funciona e as pessoas são felizes lá? Porque ganham bem, têm jornada de trabalho integral, não podem trabalhar em outro serviço.
Desde a primeira escola técnica criada por Nilo Peçanha, em 1909, até 2003, o Brasil construiu 140. Em 93 anos. Nós, em oito anos, vamos construir 214
Até 2010, nós estaremos inaugurando e colocando para funcionar 214 novas escolas técnicas no Brasil. É importante lembrar que desde a primeira escola técnica criada por Nilo Peçanha em Campos, em 1909, até 2003, o Brasil construiu 140. Em 93 anos. Nós, em oito anos, vamos construir 214 escolas técnicas. Para construir, eu preciso ter técnicos, preciso ter funcionários. Nós estamos fazendo 12 universidades integradas com outros povos. Estamos fazendo uma latino-americana, estamos fazendo uma para a África (Brasil–África), destinada aos países de língua portuguesa. Se Deus quiser, vamos instalá-la no Ceará, que foi a primeira província do Império a libertar seus escravos. Nós vamos ter um total de 15 novas universidades e por volta de 88 novos campi universitários. Tudo isso precisa de professores e técnicos. Então, não tem remédio.
A aprovação da Contribuição Social para a Saúde (CSS) ajuda a colocar dinheiro em caixa. O governo assumirá que tem interesse no imposto?– Não. Isso será uma decisão do Congresso. Os senadores votarão com sua consciência. Graças a Deus as instituições no Brasil funcionam exageradamente bem.
Como o senhor vê as eleições nos EUA. Torce para alguém?– Não, não posso dizer. O Monteiro Lobato escreveu que um dia haveria uma disputa entre uma mulher e um candidato negro nos Estados Unidos. É o que está acontecendo com o Barack Obama. Eu acho que é uma revolução na cabeça do eleitorado americano. Se Obama ganhar será mostra de grande evolução. Essa é a grande novidade desses últimos 100 anos da História. E Deus queira que, ganhando as eleições, ele possa ter uma política dos Estados Unidos diferente para América Latina.
O senhor o conheceu pessoalmente?– Não. Mas tem a vantagem que o Mangabeira Unger (ministro de Assuntos Estratégicos) foi professor dele em Harvard. É um companheiro, indiretamente... (risos)
Os EUA deveriam ter um olhar para a América Latina, que não fosse o olhar conspirador. Não existe mais ninguém querendo fazer revolução na América Latina. O novo presidente deveria ter um olhar positivo
O senhor o congratulou pela vitória nas primárias?– Não. Até conversei com o Mangabeira, o ideal é esperar pelo final da campanha, para saber qual será a política dele para a América Latina. O que ele já fez com relação ao Brasil, quanto aos combustíveis de fontes renováveis é um passo importante. A meu ver os Estados Unidos deveriam ter um olhar para a América Latina, que não fosse o olhar conspirador. Hoje não existe mais ninguém querendo fazer revolução na América Latina. Hoje todos os países estão participando de programas democráticos. Agora o que acontece é que os Estados Unidos, de um lado, têm a responsabilidade, o Brasil, de outro, tem a mesma responsabilidade, assim como o México, de contribuir para que essa região se desenvolva e possa evoluir em paz. Acho que o novo presidente deveria ter um olhar positivo para a América Latina e espero que tenha. O McCain também fez muitos elogios ao Brasil.
Aqui no Brasil, o senhor acha que vai conseguir eleger a ministra Dilma Rousseff em 2010?– Eu não tenho candidato.
Mas o senhor declarou há poucos dias que a Dilma está sendo atacada por ser a favorita.– Não declarei isso. Mas começaram a atacá-la quando disse no Rio de Janeiro que Dilma era a mãe do PAC. Ela trabalha nesse PAC 24 horas por dia, controla todos os investimentos do PAC, fica sabendo se é preto, se é roxo. Ela é quem chama os ministros, que presta contas para mim a cada mês, que presta contas para a imprensa. Depois que eu disse isso, talvez os adversários entenderam que era uma senha. E começaram a atacar.
A Dilma tem competência? Eu digo, tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico
Estão atacando-a por ser a favorita para ganhar as eleições?– A minha idéia é construir uma candidatura única da base do governo. Quero juntar todos os partidos. Acho que é plenamente possível. Temos 27 candidatos a governador, 54 candidatos a senadores, vices, cargo não falta para quem quiser disputar. Basta que as pessoas decidam claramente se querem disputar a eleição para ganhar ou se querem fazer aventura de ser candidato a qualquer preço. Eu, particularmente, trabalho com a hipótese de fazer a minha sucessão. Estou convencido que tudo o que estamos fazendo precisa continuar. Eu ainda não tenho candidato, não quero discutir isso. Agora, se você perguntar: “A Dilma tem competência?” Eu digo, tem, sim. Acho que tem pouca gente no Brasil hoje com a capacidade gerencial que a ministra Dilma tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico.
Qual seria o seu legado para o sucessor?– Vamos esperar 2010. Eu pretendo fazer uma inovação no final do meu mandato. Quero pegar todas as coisas que foram feitas. Cada ministério vai ter que me entregar tudo o que foi feito nesses últimos anos, registrar em cartório e me entregar, que eu quero entregar para o meu sucessor, quero entregar para a imprensa, registrado em cartório. Cada coisa que nós fizemos, cada obra, cada projeto, cada investimento, que é para não apagar a memória. Tudo isso está no computador. Se você entrar no computador hoje, isso aqui, que é um documento especial do presidente da República, se vocês entrarem no site, vocês terão todo dia, renovado todo mês, vocês entrarão no site do governo e terão tudo o que o governo está fazendo. E aí, sim, eu vou ter o legado. Eu vou ter o legado da recuperação da memória brasileira, quero ter isso na minha conta, quero ser o presidente que mais fez escolas técnicas neste país. Quero ser o presidente que no seu mandato fez mais universidades. Tudo isso, que mais melhorou a vida dos trabalhadores brasileiros, que mais estabeleceu relações com a sociedade. Acredito piamente que nós precisamos consolidar a mudança do padrão da relação entre o Estado e a sociedade. Veja uma coisa: na semana passada se criou uma celeuma se eu iria ou não à Conferência Nacional do Movimento GLBT (Gays, lésbicas, bissexuais e travestis). É um absurdo. Você imagina que o preconceito perpassa na cabeça de cada jornalista, a cabeça de cada integrante do governo, a cabeça de cada pessoa, porque o preconceito é generalizado. Você imagina... Eu sou, na história do mundo, o primeiro presidente a ir a uma conferência em que você tem lésbicas, travestis, homossexuais. E eu fui lá e se não tivesse escrito nos cartazes que era GLBT, eu sairia como se estivesse em qualquer outro encontro que não fosse desse movimento. Agora, nós criamos o preconceito. E eu dizia para eles: ninguém tem preconceito quando vocês vão votar. Ninguém tem preconceito quando vocês vão pagar Imposto de Renda. Eu acho o preconceito a pior doença na cabeça do ser humano.
O PT, como os outros partidos políticos, tem os seus defeitos. Todo partido gostaria de ter o seu candidato a prefeito, o candidato a vice, a chapa de vereador puro sangue
Por falar em preconceito, no Rio de Janeiro o PMDB e o PT romperam a aliança em torno da candidatura do petista Alessandro Molon. Motivo: existia uma grande dificuldade de acordo com o PT no interior do Estado. O senhor não aha que existe um certo preconceito do PT com os partidos aliados?– Não vamos misturar divergências politico-ideológicas com preconceito. São duas coisas distintas. O PT, como os outros partidos políticos tem os seus defeitos. Todo partido político, do A ao Z, todos gostariam de ter o seu candidato a prefeito, o candidato a vice ser seu, a chapa de vereador ser puro sangue e eleger todo mundo. É bom que isso não seja sempre possível, para que nós possamos ter a cabeça arejada. Mas , infelizmente, não deu certo no Rio de Janeiro entre o PT e o PMDB, embora tenha dado certo em vários outros lugares.
Mas como o senhor vê o caso de Belo Horizonte?– Sou um crítico do comportamento do PT em relação a Belo Horizonte. Você tem um problema local, que a direção municipal aprovou, a direção estadual aprovou, e a direção nacional parte para cima de uma briga que não é nossa. Ora, o candidato é do PSB, o vice é do PT, não vai ter coligação na chapa de vereadores, onde é que está o Aécio Neves a essa altura, senão apenas apoiando? Qual é o estigma, se nós temos em outros lugares aliança com o PFL e com o PSDB? Na política também quando você cria estigmas contra as pessoas, você começa a perder. Eu ainda acredito que o PT vai voltar atrás no caso de Belo Horizonte.
No Rio, o PMDB decidiu ter candidatura própria. Eu não posso dizer que não, porque o PMDB tem o governador. Mas o PT também terá candidato
E no caso do Rio?– No caso do Rio, o PMDB decidiu ter candidatura própria. Não posso dizer que não deva ter porque o partido tem o governador do Estado, é forte, pode ter. Agora, o que eles têm que admitir é que o PT também tem que ter candidato. O que eu acho é que se todos tivessem juízo a base do PT se uniria com o candidato a vice e a prefeito, ganharia as eleições e ajudaria a transformar o Rio de Janeiro na Cidade Maravilhosa.
Isso vai fazer com que o senhor tenha que ficar neutro na disputa do Rio?– Já tomei a minha decisão antes. Eu participarei muito pouco das eleições municipais em todo o país. O presidente da República não vai se meter nas eleições municipais, porque tem muitos deputados concorrendo às eleições. E a glória de quem ganhar vai ser dele, na cidade dele. Vai ter festa, não vou ficar nem sabendo. Mas os que perderem voltarão para cá azedos. E aí eu tenho que conviver com eles mais dois anos. Então eu preciso saber que caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Eu preciso governar este país até 2010, com a tranqüilidade que estamos governando agora. Por isso não farei das eleições municipais um cavalo de batalha.
Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo. Nós precisamos usar essa potencialidade e criar uma indústria petroleira no país
E essa descoberta de petróleo?– Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo. O Brasil não pode se conformar a ser um país exportador de petróleo bruto. Nós precisamos usar essa potencialidade em petróleo e criar uma verdadeira indústria petroleira neste país. Um estaleiro para construir sonda, um estaleiro para construir plataforma, um estaleiro para construir embarcações. Hoje, se a gente tivesse que completar todas as sondas que a Petrobras precisa para começar a trabalhar, a gente não teria condições só com a produção brasileira. Será preciso a gente trazer de fora para que dê tempo de o nosso parque industrial se preparar. Mas essa é uma oportunidade excepcional para a gente desenvolver a indústria naval brasileira. E eu acho que nós precisamos aproveitar esse petróleo, eu não discuti ainda com ninguém o que nós vamos fazer com o petróleo, que pertence à União. As áreas que não foram leiloadas ainda são da União.
O Brasil deveria criar uma nova empresa com monopólio total sobre as novas jazidas?– Eu na verdade estou pensando seriamente nos investimentos que podemos fazer. Eu sonho com a criação de um fundo para investir na educação neste país. Outra coisa que penso é que o Brasil vive um momento tão excepcional que eu acho que a nossa oposição deveria ser mais construtiva. Achei bom o programa de TV do PSDB. Eles deveriam fazer na prática o que falaram na televisão. Fizeram até em branco e preto para parecer uma coisa antiga. Gostei muito. Mas eu queria que eles assistissem ao programa todo dia quando levantassem de manhã para ir ao Congresso.
O que o senhor achou do depoimento da diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu?– É como se alguém levantasse pela manhã, fosse fazer um suco de laranja e a laranja não tivesse suco. Ou seja, como é que podem alguns senadores passarem 9 horas naquela conversa com ela, sem nada. Espremiam, espremiam e, nada. O que deu? Qual é o resultado daquilo? Esse caso da Varig foi inteiramente cuidado por um juiz, começou e terminou. Não houve participação do governo, porque o governo não podia fazer nada. Estava na mão do Judiciário. Agora vêm as pessoas e dizem: mas o governo tinha pressa. Lógico que nós tínhamos pressa. A Varig estava quebrada. Todo dia a manchete era sobre o caos aéreo. Vejam o caso do avião de Congonhas. Foi o pior inferno que eu já vivi. De repente, estou sentado na minha mesa e jogam nas minhas costas 200 mortos. E eu acompanhei tudo que se escreveu, acompanhei televisão, mudava de canal toda hora. Era como se o governo fosse o responsável por aquele avião ter caído. Nós não parávamos nem para pensar. E no dia seguinte saiu o vídeo da Infraero mostrando o que realmente aconteceu. As pessoas simplesmente apagam da memória, sem um pedido de desculpas. Ou um "erramos!". Apagam, esquecem. Eu penso que, no Brasil, a imprensa trabalha com traumas. Não tem coisa que magoe mais um jornalista do que ser chamado de chapa-branca. E às vezes o medo de ser chapa-branca faz ele extrapolar os limites do que pode fazer. O telespectador é mais inteligente do que a gente pensa. Ele saca. Tem um apresentador de televisão, que falava mal do governo todo dia. O pessoal ficava incomodado. Eu disse: gente, antes de ser presidente eu fui telespectador a vida inteira. E o telespectador não acredita nem em uma pessoa que só fale bem, nem em uma pessoa que só fale mal. Não acredita. Se você aparecer 20 vezes falando bem do governo, ninguém acredita. Se você aparecer 20 vezes só falando mal, também ninguém acredita.
O senhor ainda se julga de esquerda?– Eu cada vez sou mais torneiro mecânico. (risos) Nunca gostei de andar com rótulo na testa, que sou isso ou aquilo. Obviamente que todo mundo sabe da minha origem, da minha vida pública, e que eu me considero um homem de esquerda.
E corinthiano...– Sofri muito quarta-feira à noite.
Mas o senhor não pode falar mal do Sport, porque se quiser ser candidato ao Senado por Pernambuco...– Só um ato de insanidade me faria deixar sete meses a Presidência da República para ser candidato ao Senado. Este aqui é o cargo mais importante da Federação. Eu levei 12 anos para chegar aqui, por que vou deixar isso aqui para ser candidato ao Senado?
Vou deixar a Presidência com 64 anos. Para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy e o Oscar Niemeyer
O senhor ainda é jovem... – Vou deixar a Presidência com 64 anos de idade. Obviamente que para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy Gonçalves e o Oscar Niemeyer. Quero chegar a essa idade, com o prestígio do Oscar Niemeyer e com a peraltice da Dercy Gonçalves. Eu a vi um dia desses na televisão, ela fala todas as bobagens que um ser humano tem direito. Obviamente que vou deixar a presidência aos 64 anos de idade e que nunca vou desistir da política. Também não quero voltar ao poder, não quero voltar a dirigir o partido, não está mais na minha cabeça. Vou viajar pelo Brasil, gosto deste país, vou conhecer cada vez mais por dentro este país. E não tenho pretensões de dar palpites, quem quer que seja que esteja aqui, não ouvirá da minha boca nenhum palpite sobre qualquer que seja sua decisão. Na minha filosofia, rei morto, rei posto.
Dia 1º de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República e vou para casa. Não tenho tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada
Mas nada impede que o senhor volte. O senhor vai ser uma pessoa forte no país, de qualquer maneira.– Não trabalho com a hipótese de volta. Se eu puder fazer um juramento: pela felicidade do meu filho caçula. Por que eu não trabalho com a possibilidade de voltar? Eu trabalho com a possibilidade de fazer a minha sucessão. Se eu eleger meu sucessor e ficar do lado de fora dando palpite, com poucos meses terei a pessoa que elegi como minha adversária. Como acontece em alguns países e como já aconteceu aqui. Se eu elegi uma pessoa, eu tenho a obrigação moral de ajudar essa pessoa a governar bem. E uma forma de ajudar a governar bem é não dar palpite. Se for consultado, ainda assim, falar em off. Qual é a hipótese de voltar? Se você estiver vivo ainda, se for um adversário que seja eleito. Trabalhar com essa hipótese é no mínimo mesquinharia elevada à quinta potência. Quando você passa por aqui, você tem que ser tão humilde e começar a imaginar que quem sentar aqui tem que fazer o máximo e o melhor que puder fazer, porque só assim o povo brasileiro vai ganhar. Então a gente não pode nunca torcer contra. O meu lema é o seguinte: dia primeiro de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República para alguém e vou para a minha casa conviver com a minha família. Não tenho tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada.
Fonte: JB Online
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Marcos TroyjoTales FariaMauro SantayanaMarcello D’Ângelo
BRASÍLIA
– O JB teve uma importância grande na minha atividade sindical. Fui muito ligado ao diretor da Sucursal em São Paulo na época em que começaram as greves do ABC. Era o João Batista Lemos, grande jornalista. O JB tinha cobertura quase privilegiada. Não só pela minha amizade com o Lemos, como também porque o jornal tinha uma sucursal muito forte. Tem até uma história curiosa. Quando estive preso, algumas pessoas me procuraram na delegacia dizendo que “o chefe” queria falar comigo. “O chefe, o chefe, o chefe”. Aí criaram essa história de que era o ministro Golbery do Couto e Silva, o governo. Nada disso. “O chefe” era o Lemos. O pessoal dele que havia levado o recado de que ele, “o chefe”, queria falar comigo. Só isso. Aquele momento era de muita ebulição. Para distribuir um jornalzinho do sindicato você tinha que enfrentar a ira de um coronel, a segurança da Volkswagen cercava o pátio. Para o trabalhador entrar com o boletim do sindicato ele tinha que guardar por dentro da camisa, na barriga, com medo da segurança ver. Hoje, você vai na Volkswagen, você vai na linha de montagem, vai passando jornalzinho para qualquer trabalhador pegar o seu.
O movimento sindical ficou muito mais pragmático?– Em São Bernardo do Campo as comissões de fábrica funcionam para caramba – 90% dos processos são resolvidos dentro da fábrica. Teve um tempo desses aí que eles tiraram 600 processos da Justiça, fizeram acordo pela fábrica, foram na Justiça com a empresa para retirar o processo.
O aço é brasileiro, as siderúrgicas são brasileiras, os salários são em reais, então não há por que acompanhar o preço internacional. É preciso alertar quem aumenta
O senhor diria que o sindicalismo se adaptou aos novos tempos?– Acho que o sindicalismo teve uma evolução em suas conquistas. Os sindicatos podem transitar nas suas relações com o capital ou mesmo com o governo com mais facilidade. Para fazer uma greve, eu precisava passar uma semana gritando na porta de fábrica. Agora, convoca-se a comissão de fábrica no mesmo dia: “quarta-feira, 8h vamos estar lá”. O sindicalismo atualmente vem ao Congresso Nacional brigar por Imposto de Renda, os funcionários públicos estão aprendendo a brigar por aumento na hora de fazer o Orçamento da União. No meu tempo, qual era a nossa marca registrada? Contestação. Não tinha compromisso com propostas. Só o de protestar. Hoje, e eu participei muito disso na década de 90, o movimento sindical tem que ser propositivo. Na medida em que as fábricas não vão ter mais a quantidade de trabalhadores que tinham – a Volkswagen tinha 44 mil trabalhadores e hoje tem 13 mil – os sindicatos têm que apresentar propostas. Esse negócio de carro flex, por exemplo, tem muito a ver. O sindicato passou oito anos fazendo proposta de renovação da frota.
O movimento social não evoluiu da mesma maneira. O MST lembra muito isso que o senhor está dizendo, que é de se tornar uma máquina de protesto.– É muito difícil você fazer movimento social, e até sindical, na época em que as coisas estão indo bem. Quando o Fernando Henrique Cardoso fez o Plano Real, fiz uma reunião com os sindicalistas, e disse: não estamos acostumados a trabalhar em época de inflação baixa. Na medida que você tem inflação baixa e que o salário não é o primeiro item da pauta de reivindicações, pode diminuir a força do sindicato. Voltando à questão do movimento social. Na medida em que você tem um governo que atende às reivindicações, que faz as coisas que têm que ser feitas, que decide as políticas em conjunto, o movimento social também precisa avançar. No caso dos sem-terra, na hora que você tem geração de emprego, há menos gente para os assentamentos. Em cinco anos e meio nós desapropriamos 35 milhões de hectares de terras e o governo passado, em oito anos desapropriou 18 milhões de hectares. Chega um momento, quando você assenta 501 mil famílias, que o problema não é mais assentar. Nós tomamos na semana passada a decisão de fazer os assentamentos produzirem mais alimentos. Chegou a hora de dobrar ou triplicar a produtividade das pessoas que estão no campo. Não podemos permitir que fiquem apenas naquela agricultura de subsistência. Precisamos dar condições para produzirem e ganharem dinheiro. As pessoas têm que saber que ganhar dinheiro é bom. E eu acho que isso é que tentaremos fazer daqui para a frente. Obviamente que vamos continuar com os assentamentos, mas eu quero carrear mais recursos para assistência técnica, e para levar tecnologia aos agricultores, financiar mais tratores. Cabe ao governo aumentar o preço mínimo para incentivar a produção. Podemos também aumentar a compra de alimentos da agricultura familiar e distribuir para a merenda escolar e para as pessoas mais pobres. Essa é uma decisão tomada no governo e que vamos implementar. Se você pegar a agricultura familiar, verá que nós temos uma margem de crescimento de produtividade extraordinária.
Se baixassem um pouquinho os juros, isso não ajudaria a aumentar a produtividade?– Hoje aproximadamente 60% do custo do dinheiro que vai para a produção no Brasil não têm nada a ver com a taxa básica do Banco Central, a taxa Selic. Você tem dinheiro tomado por empresários no exterior com outras taxas de juros, tem todo o dinheiro do BNDES – R$ 90 bilhões este ano – financiado com taxas menores. O grande prejudicado com a Selic é o próprio Estado, porque aumenta a dívida pública. O problema é a inflação. E por que há inflação? Porque algum setor está aumentando o preço. Se ninguém aumentasse o preço, não teríamos inflação. Há setores que estão aumentando porque dependem de matéria-prima internacional, mas isso não explica o caso do feijão, do arroz, que são coisas nossas. No caso do aço, o minério é brasileiro, as siderúrgicas são brasileiras, os salários são em reais, então não há por que acompanhar o preço internacional. Tenho dito tanto para empresários como para agricultores: está na hora de vocês alertarem os setores que estão elevando os preços. E qual é a alegação para aumentar preços? Aumenta a demanda na construção civil, aumentam os preços. Os empresários deveriam ter um procedimento diferente. Na medida em que aumenta a demanda, não precisa aumentar o preço. Vocês vão ganhar mais pelo aumento do volume de vendas.
O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5% a 5% durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso, nós entraremos no rol dos países ricos
Qual a certeza com que eu trabalho? Primeiro, acho que resolveremos a questão dos preços dos alimentos. Segundo, a questão da oferta. Precisamos aumentar a produtividade. Temos terra, temos água. Por isso vamos melhorar a produtividade, qualificar melhor nossos agricultores. A segunda coisa importante é que temos mais investimentos sendo aplicados. Nesse primeiro momento o investimento se transforma em consumo. Está sendo construída a usina da ThyssenKrupp no Rio de Janeiro. Ali estão comprando telhas, cimento, ferro, tudo o mais, que aumenta a demanda. Mas se está construindo o pólo petroquímico no Rio de Janeiro. Daqui a algum tempo esse consumo vai virar oferta. E aí é que eu acho que a coisa encontra o equilíbrio, a fim de garantir o desenvolvimento sustentado do país. Trabalho sempre com a idéia de que o Brasil não precisa ficar com o trauma de que não pode crescer mais de 3% e nem o trauma de que precisa crescer 10%. O Brasil precisa ter um crescimento sustentado de 4,5% a 5% durante 10 ou 15 anos consecutivos. Se o Brasil fizer isso nós entraremos no rol dos países ricos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, propõe a criação do Fundo Soberano para segurar a inflação. Os economistas falam em controlar gastos públicos.– Por que criamos o Fundo Soberano? Porque dá margem de manobra para você ter dinheiro para facilitar investimentos do Brasil no exterior e ao mesmo tempo dá uma margem de manobra com a arrecadação a mais, a fim de não colocá-la no custeio e ter um dinheiro à parte, que pode ser contado até como superávit primário. Fiz questão de elogiar o Mantega e a equipe dele, porque foi uma medida extremamente inteligente. Então, quando as pessoas falam que a máquina gasta muito, eu queria dizer o seguinte: quanto o Franklin Martins (ministro-chefe da Secretaria de Comunicação) ganhava na Rede Globo, ou quanto ele ganhava na TV Bandeirantes? E quanto ele ganha aqui? R$ 10 mil, para trabalhar certamente o triplo do que trabalhava. Ontem recebi o Ricardo Kotscho (ex-secretário de imprensa do Palácio). Está trabalhando num blog. Ele disse que nunca ganhou tanto dinheiro. Ficou três anos aqui ganhando R$ 7 mil. Eu tinha um cidadão da Petrobras, que saiu da Petrobras, chorou aqui nesta sala, grande companheiro. Eu achei que ele ganhava demais – R$ 26 mil por mês. Achei que era um baita de um salário. Ele saiu para ganhar R$ 200 mil por mês com dois anos de pagamento adiantado. E agora já saiu para ganhar R$ 400 mil. Você tem um grau de funcionários de alta qualidade neste país que ganha porcamente. O Estado precisa ter funcionários qualificados, bem remunerados, para dar o retorno para a sociedade. As pessoas perguntam, por que o Hospital Sarah Kubitschek funciona e as pessoas são felizes lá? Porque ganham bem, têm jornada de trabalho integral, não podem trabalhar em outro serviço.
Desde a primeira escola técnica criada por Nilo Peçanha, em 1909, até 2003, o Brasil construiu 140. Em 93 anos. Nós, em oito anos, vamos construir 214
Até 2010, nós estaremos inaugurando e colocando para funcionar 214 novas escolas técnicas no Brasil. É importante lembrar que desde a primeira escola técnica criada por Nilo Peçanha em Campos, em 1909, até 2003, o Brasil construiu 140. Em 93 anos. Nós, em oito anos, vamos construir 214 escolas técnicas. Para construir, eu preciso ter técnicos, preciso ter funcionários. Nós estamos fazendo 12 universidades integradas com outros povos. Estamos fazendo uma latino-americana, estamos fazendo uma para a África (Brasil–África), destinada aos países de língua portuguesa. Se Deus quiser, vamos instalá-la no Ceará, que foi a primeira província do Império a libertar seus escravos. Nós vamos ter um total de 15 novas universidades e por volta de 88 novos campi universitários. Tudo isso precisa de professores e técnicos. Então, não tem remédio.
A aprovação da Contribuição Social para a Saúde (CSS) ajuda a colocar dinheiro em caixa. O governo assumirá que tem interesse no imposto?– Não. Isso será uma decisão do Congresso. Os senadores votarão com sua consciência. Graças a Deus as instituições no Brasil funcionam exageradamente bem.
Como o senhor vê as eleições nos EUA. Torce para alguém?– Não, não posso dizer. O Monteiro Lobato escreveu que um dia haveria uma disputa entre uma mulher e um candidato negro nos Estados Unidos. É o que está acontecendo com o Barack Obama. Eu acho que é uma revolução na cabeça do eleitorado americano. Se Obama ganhar será mostra de grande evolução. Essa é a grande novidade desses últimos 100 anos da História. E Deus queira que, ganhando as eleições, ele possa ter uma política dos Estados Unidos diferente para América Latina.
O senhor o conheceu pessoalmente?– Não. Mas tem a vantagem que o Mangabeira Unger (ministro de Assuntos Estratégicos) foi professor dele em Harvard. É um companheiro, indiretamente... (risos)
Os EUA deveriam ter um olhar para a América Latina, que não fosse o olhar conspirador. Não existe mais ninguém querendo fazer revolução na América Latina. O novo presidente deveria ter um olhar positivo
O senhor o congratulou pela vitória nas primárias?– Não. Até conversei com o Mangabeira, o ideal é esperar pelo final da campanha, para saber qual será a política dele para a América Latina. O que ele já fez com relação ao Brasil, quanto aos combustíveis de fontes renováveis é um passo importante. A meu ver os Estados Unidos deveriam ter um olhar para a América Latina, que não fosse o olhar conspirador. Hoje não existe mais ninguém querendo fazer revolução na América Latina. Hoje todos os países estão participando de programas democráticos. Agora o que acontece é que os Estados Unidos, de um lado, têm a responsabilidade, o Brasil, de outro, tem a mesma responsabilidade, assim como o México, de contribuir para que essa região se desenvolva e possa evoluir em paz. Acho que o novo presidente deveria ter um olhar positivo para a América Latina e espero que tenha. O McCain também fez muitos elogios ao Brasil.
Aqui no Brasil, o senhor acha que vai conseguir eleger a ministra Dilma Rousseff em 2010?– Eu não tenho candidato.
Mas o senhor declarou há poucos dias que a Dilma está sendo atacada por ser a favorita.– Não declarei isso. Mas começaram a atacá-la quando disse no Rio de Janeiro que Dilma era a mãe do PAC. Ela trabalha nesse PAC 24 horas por dia, controla todos os investimentos do PAC, fica sabendo se é preto, se é roxo. Ela é quem chama os ministros, que presta contas para mim a cada mês, que presta contas para a imprensa. Depois que eu disse isso, talvez os adversários entenderam que era uma senha. E começaram a atacar.
A Dilma tem competência? Eu digo, tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico
Estão atacando-a por ser a favorita para ganhar as eleições?– A minha idéia é construir uma candidatura única da base do governo. Quero juntar todos os partidos. Acho que é plenamente possível. Temos 27 candidatos a governador, 54 candidatos a senadores, vices, cargo não falta para quem quiser disputar. Basta que as pessoas decidam claramente se querem disputar a eleição para ganhar ou se querem fazer aventura de ser candidato a qualquer preço. Eu, particularmente, trabalho com a hipótese de fazer a minha sucessão. Estou convencido que tudo o que estamos fazendo precisa continuar. Eu ainda não tenho candidato, não quero discutir isso. Agora, se você perguntar: “A Dilma tem competência?” Eu digo, tem, sim. Acho que tem pouca gente no Brasil hoje com a capacidade gerencial que a ministra Dilma tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico.
Qual seria o seu legado para o sucessor?– Vamos esperar 2010. Eu pretendo fazer uma inovação no final do meu mandato. Quero pegar todas as coisas que foram feitas. Cada ministério vai ter que me entregar tudo o que foi feito nesses últimos anos, registrar em cartório e me entregar, que eu quero entregar para o meu sucessor, quero entregar para a imprensa, registrado em cartório. Cada coisa que nós fizemos, cada obra, cada projeto, cada investimento, que é para não apagar a memória. Tudo isso está no computador. Se você entrar no computador hoje, isso aqui, que é um documento especial do presidente da República, se vocês entrarem no site, vocês terão todo dia, renovado todo mês, vocês entrarão no site do governo e terão tudo o que o governo está fazendo. E aí, sim, eu vou ter o legado. Eu vou ter o legado da recuperação da memória brasileira, quero ter isso na minha conta, quero ser o presidente que mais fez escolas técnicas neste país. Quero ser o presidente que no seu mandato fez mais universidades. Tudo isso, que mais melhorou a vida dos trabalhadores brasileiros, que mais estabeleceu relações com a sociedade. Acredito piamente que nós precisamos consolidar a mudança do padrão da relação entre o Estado e a sociedade. Veja uma coisa: na semana passada se criou uma celeuma se eu iria ou não à Conferência Nacional do Movimento GLBT (Gays, lésbicas, bissexuais e travestis). É um absurdo. Você imagina que o preconceito perpassa na cabeça de cada jornalista, a cabeça de cada integrante do governo, a cabeça de cada pessoa, porque o preconceito é generalizado. Você imagina... Eu sou, na história do mundo, o primeiro presidente a ir a uma conferência em que você tem lésbicas, travestis, homossexuais. E eu fui lá e se não tivesse escrito nos cartazes que era GLBT, eu sairia como se estivesse em qualquer outro encontro que não fosse desse movimento. Agora, nós criamos o preconceito. E eu dizia para eles: ninguém tem preconceito quando vocês vão votar. Ninguém tem preconceito quando vocês vão pagar Imposto de Renda. Eu acho o preconceito a pior doença na cabeça do ser humano.
O PT, como os outros partidos políticos, tem os seus defeitos. Todo partido gostaria de ter o seu candidato a prefeito, o candidato a vice, a chapa de vereador puro sangue
Por falar em preconceito, no Rio de Janeiro o PMDB e o PT romperam a aliança em torno da candidatura do petista Alessandro Molon. Motivo: existia uma grande dificuldade de acordo com o PT no interior do Estado. O senhor não aha que existe um certo preconceito do PT com os partidos aliados?– Não vamos misturar divergências politico-ideológicas com preconceito. São duas coisas distintas. O PT, como os outros partidos políticos tem os seus defeitos. Todo partido político, do A ao Z, todos gostariam de ter o seu candidato a prefeito, o candidato a vice ser seu, a chapa de vereador ser puro sangue e eleger todo mundo. É bom que isso não seja sempre possível, para que nós possamos ter a cabeça arejada. Mas , infelizmente, não deu certo no Rio de Janeiro entre o PT e o PMDB, embora tenha dado certo em vários outros lugares.
Mas como o senhor vê o caso de Belo Horizonte?– Sou um crítico do comportamento do PT em relação a Belo Horizonte. Você tem um problema local, que a direção municipal aprovou, a direção estadual aprovou, e a direção nacional parte para cima de uma briga que não é nossa. Ora, o candidato é do PSB, o vice é do PT, não vai ter coligação na chapa de vereadores, onde é que está o Aécio Neves a essa altura, senão apenas apoiando? Qual é o estigma, se nós temos em outros lugares aliança com o PFL e com o PSDB? Na política também quando você cria estigmas contra as pessoas, você começa a perder. Eu ainda acredito que o PT vai voltar atrás no caso de Belo Horizonte.
No Rio, o PMDB decidiu ter candidatura própria. Eu não posso dizer que não, porque o PMDB tem o governador. Mas o PT também terá candidato
E no caso do Rio?– No caso do Rio, o PMDB decidiu ter candidatura própria. Não posso dizer que não deva ter porque o partido tem o governador do Estado, é forte, pode ter. Agora, o que eles têm que admitir é que o PT também tem que ter candidato. O que eu acho é que se todos tivessem juízo a base do PT se uniria com o candidato a vice e a prefeito, ganharia as eleições e ajudaria a transformar o Rio de Janeiro na Cidade Maravilhosa.
Isso vai fazer com que o senhor tenha que ficar neutro na disputa do Rio?– Já tomei a minha decisão antes. Eu participarei muito pouco das eleições municipais em todo o país. O presidente da República não vai se meter nas eleições municipais, porque tem muitos deputados concorrendo às eleições. E a glória de quem ganhar vai ser dele, na cidade dele. Vai ter festa, não vou ficar nem sabendo. Mas os que perderem voltarão para cá azedos. E aí eu tenho que conviver com eles mais dois anos. Então eu preciso saber que caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Eu preciso governar este país até 2010, com a tranqüilidade que estamos governando agora. Por isso não farei das eleições municipais um cavalo de batalha.
Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo. Nós precisamos usar essa potencialidade e criar uma indústria petroleira no país
E essa descoberta de petróleo?– Eu trabalho com o cenário de que o Brasil será o terceiro ou quarto produtor mundial de petróleo. O Brasil não pode se conformar a ser um país exportador de petróleo bruto. Nós precisamos usar essa potencialidade em petróleo e criar uma verdadeira indústria petroleira neste país. Um estaleiro para construir sonda, um estaleiro para construir plataforma, um estaleiro para construir embarcações. Hoje, se a gente tivesse que completar todas as sondas que a Petrobras precisa para começar a trabalhar, a gente não teria condições só com a produção brasileira. Será preciso a gente trazer de fora para que dê tempo de o nosso parque industrial se preparar. Mas essa é uma oportunidade excepcional para a gente desenvolver a indústria naval brasileira. E eu acho que nós precisamos aproveitar esse petróleo, eu não discuti ainda com ninguém o que nós vamos fazer com o petróleo, que pertence à União. As áreas que não foram leiloadas ainda são da União.
O Brasil deveria criar uma nova empresa com monopólio total sobre as novas jazidas?– Eu na verdade estou pensando seriamente nos investimentos que podemos fazer. Eu sonho com a criação de um fundo para investir na educação neste país. Outra coisa que penso é que o Brasil vive um momento tão excepcional que eu acho que a nossa oposição deveria ser mais construtiva. Achei bom o programa de TV do PSDB. Eles deveriam fazer na prática o que falaram na televisão. Fizeram até em branco e preto para parecer uma coisa antiga. Gostei muito. Mas eu queria que eles assistissem ao programa todo dia quando levantassem de manhã para ir ao Congresso.
O que o senhor achou do depoimento da diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu?– É como se alguém levantasse pela manhã, fosse fazer um suco de laranja e a laranja não tivesse suco. Ou seja, como é que podem alguns senadores passarem 9 horas naquela conversa com ela, sem nada. Espremiam, espremiam e, nada. O que deu? Qual é o resultado daquilo? Esse caso da Varig foi inteiramente cuidado por um juiz, começou e terminou. Não houve participação do governo, porque o governo não podia fazer nada. Estava na mão do Judiciário. Agora vêm as pessoas e dizem: mas o governo tinha pressa. Lógico que nós tínhamos pressa. A Varig estava quebrada. Todo dia a manchete era sobre o caos aéreo. Vejam o caso do avião de Congonhas. Foi o pior inferno que eu já vivi. De repente, estou sentado na minha mesa e jogam nas minhas costas 200 mortos. E eu acompanhei tudo que se escreveu, acompanhei televisão, mudava de canal toda hora. Era como se o governo fosse o responsável por aquele avião ter caído. Nós não parávamos nem para pensar. E no dia seguinte saiu o vídeo da Infraero mostrando o que realmente aconteceu. As pessoas simplesmente apagam da memória, sem um pedido de desculpas. Ou um "erramos!". Apagam, esquecem. Eu penso que, no Brasil, a imprensa trabalha com traumas. Não tem coisa que magoe mais um jornalista do que ser chamado de chapa-branca. E às vezes o medo de ser chapa-branca faz ele extrapolar os limites do que pode fazer. O telespectador é mais inteligente do que a gente pensa. Ele saca. Tem um apresentador de televisão, que falava mal do governo todo dia. O pessoal ficava incomodado. Eu disse: gente, antes de ser presidente eu fui telespectador a vida inteira. E o telespectador não acredita nem em uma pessoa que só fale bem, nem em uma pessoa que só fale mal. Não acredita. Se você aparecer 20 vezes falando bem do governo, ninguém acredita. Se você aparecer 20 vezes só falando mal, também ninguém acredita.
O senhor ainda se julga de esquerda?– Eu cada vez sou mais torneiro mecânico. (risos) Nunca gostei de andar com rótulo na testa, que sou isso ou aquilo. Obviamente que todo mundo sabe da minha origem, da minha vida pública, e que eu me considero um homem de esquerda.
E corinthiano...– Sofri muito quarta-feira à noite.
Mas o senhor não pode falar mal do Sport, porque se quiser ser candidato ao Senado por Pernambuco...– Só um ato de insanidade me faria deixar sete meses a Presidência da República para ser candidato ao Senado. Este aqui é o cargo mais importante da Federação. Eu levei 12 anos para chegar aqui, por que vou deixar isso aqui para ser candidato ao Senado?
Vou deixar a Presidência com 64 anos. Para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy e o Oscar Niemeyer
O senhor ainda é jovem... – Vou deixar a Presidência com 64 anos de idade. Obviamente que para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy Gonçalves e o Oscar Niemeyer. Quero chegar a essa idade, com o prestígio do Oscar Niemeyer e com a peraltice da Dercy Gonçalves. Eu a vi um dia desses na televisão, ela fala todas as bobagens que um ser humano tem direito. Obviamente que vou deixar a presidência aos 64 anos de idade e que nunca vou desistir da política. Também não quero voltar ao poder, não quero voltar a dirigir o partido, não está mais na minha cabeça. Vou viajar pelo Brasil, gosto deste país, vou conhecer cada vez mais por dentro este país. E não tenho pretensões de dar palpites, quem quer que seja que esteja aqui, não ouvirá da minha boca nenhum palpite sobre qualquer que seja sua decisão. Na minha filosofia, rei morto, rei posto.
Dia 1º de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República e vou para casa. Não tenho tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada
Mas nada impede que o senhor volte. O senhor vai ser uma pessoa forte no país, de qualquer maneira.– Não trabalho com a hipótese de volta. Se eu puder fazer um juramento: pela felicidade do meu filho caçula. Por que eu não trabalho com a possibilidade de voltar? Eu trabalho com a possibilidade de fazer a minha sucessão. Se eu eleger meu sucessor e ficar do lado de fora dando palpite, com poucos meses terei a pessoa que elegi como minha adversária. Como acontece em alguns países e como já aconteceu aqui. Se eu elegi uma pessoa, eu tenho a obrigação moral de ajudar essa pessoa a governar bem. E uma forma de ajudar a governar bem é não dar palpite. Se for consultado, ainda assim, falar em off. Qual é a hipótese de voltar? Se você estiver vivo ainda, se for um adversário que seja eleito. Trabalhar com essa hipótese é no mínimo mesquinharia elevada à quinta potência. Quando você passa por aqui, você tem que ser tão humilde e começar a imaginar que quem sentar aqui tem que fazer o máximo e o melhor que puder fazer, porque só assim o povo brasileiro vai ganhar. Então a gente não pode nunca torcer contra. O meu lema é o seguinte: dia primeiro de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República para alguém e vou para a minha casa conviver com a minha família. Não tenho tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada.
Fonte: JB Online
sábado, junho 14, 2008
Entre tapas e beijos
Lei Maria da Penha também serve para namorados
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), que trata de violência doméstica contra a mulher, também pode ser aplicada para namorados que não moram na mesma casa. A conclusão é da 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Depois de definir a violência doméstica e familiar como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero”, o inciso III do artigo 5º afirma ser aplicável “em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação”. Os desembargadores entenderam que o artigo abrange os relacionamentos entre namorados.
Por isso, a 2ª Turma Criminal mandou prosseguir na Vara de Violência contra a Mulher a representação de uma mulher contra seu ex-namorado. Enquanto não há decisão de primeira instância, o TJ mandou também que o ex mantenha pelo menos 30 metros de distância da vítima e da família dela. Ele fica proibido também de se comunicar com a ex-namorada por qualquer meio.
De acordo com os autos, depois de xingada e ameaçada de morte pessoalmente e por telefone pelo ex-namorado, a jovem registrou ocorrência na Polícia. Na primeira instância, o juiz entendeu que a Lei Maria da Penha só se aplicaria a casais que moram juntos. Mas o Ministério Público recorreu.
O processo corre em segredo de Justiça para preservar a identidade dos envolvidos.
Outro caso
Em outro recurso julgado pela 1ª Turma Criminal do TJ-DF, foi extinta a pena de um acusado de violência contra a companheira. Na época da agressão, a mulher foi socorrida por policiais e o boletim de ocorrência foi feito.
O agressor chegou a ser denunciado pelo Ministério Público à Justiça. No entanto, a mulher não quis representar contra o companheiro e retomou o relacionamento.
Fonte: Revista Consultor Jurídico,
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), que trata de violência doméstica contra a mulher, também pode ser aplicada para namorados que não moram na mesma casa. A conclusão é da 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Depois de definir a violência doméstica e familiar como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero”, o inciso III do artigo 5º afirma ser aplicável “em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação”. Os desembargadores entenderam que o artigo abrange os relacionamentos entre namorados.
Por isso, a 2ª Turma Criminal mandou prosseguir na Vara de Violência contra a Mulher a representação de uma mulher contra seu ex-namorado. Enquanto não há decisão de primeira instância, o TJ mandou também que o ex mantenha pelo menos 30 metros de distância da vítima e da família dela. Ele fica proibido também de se comunicar com a ex-namorada por qualquer meio.
De acordo com os autos, depois de xingada e ameaçada de morte pessoalmente e por telefone pelo ex-namorado, a jovem registrou ocorrência na Polícia. Na primeira instância, o juiz entendeu que a Lei Maria da Penha só se aplicaria a casais que moram juntos. Mas o Ministério Público recorreu.
O processo corre em segredo de Justiça para preservar a identidade dos envolvidos.
Outro caso
Em outro recurso julgado pela 1ª Turma Criminal do TJ-DF, foi extinta a pena de um acusado de violência contra a companheira. Na época da agressão, a mulher foi socorrida por policiais e o boletim de ocorrência foi feito.
O agressor chegou a ser denunciado pelo Ministério Público à Justiça. No entanto, a mulher não quis representar contra o companheiro e retomou o relacionamento.
Fonte: Revista Consultor Jurídico,
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