Afanasio Jazadji
A Rede Globo de Televisão, uma das maiores do planeta, está em festas, para comemorar 60 anos de existência e de inegável sucesso. Já o jornal “O Globo”, criado em 1925 por Irineu Marinho, pai de Roberto Marinho, e hoje administrado pelos três netos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, está completando 100 anos.
Seu maior concorrente, no Rio de Janeiro, o conceituado “Jornal do Brasil”, não resistiu às crises econômico-financeiras e fechou suas portas há alguns anos.
ANTES DA GLOBO – O que o público não sabe é que a TV Globo do Rio, concessão obtida por Roberto Marinho, em 1957, na administração do então presidente Juscelino Kubitschek, iniciou suas atividades em abril de 1965, dois meses depois de o jornalista e empresário Roberto Marinho, com apoio da ditadura militar (1964-1985), ter se apossado do controle e da outorga da concessão da Rádio Televisão Paulista S/A.
Esse negócio nebuloso efetivou-se em decorrência da instalação de uma inexplicável Assembleia Geral Extraordinária, em 10 de fevereiro de 1965, presidida pelo empresário Victor Costa Júnior, que nem era acionista da empresa, e com a presença de apenas um acionista, seu empregado e titular de apenas duas ações de um total de de 30 mil, chamado Armando Piovesan.
ROBERTO MARINHO – Além deles dois, estava presente apenas Roberto Marinho, supostamente interessado em comprar a TV Paulista, mas que já tinha adquirido a emissora dois meses antes, por meio de um estranho contrato de gaveta, por valor equivalente a reles 35 dólares.
Para instalar o ato assemblear, ignorado pela maioria absoluta dos acionistas, a reunião teria ocorrido num prédio velho e sujo da Rua das Palmeiras, em São Paulo, e que em 1969 foi destruído por um incêndio, com autoria desconhecida e que rendeu a Roberto Marinho uma bela soma a título de lucros cessantes.
Em ata registrada na Junta Comercial de São Paulo, três anos depois, consta que teriam sido representados na AGE os acionistas controladores de 52% do capital social inicial, Hernani Junqueira Ortiz Monteiro, Manoel Vicente, Manoel Bento da Costa e Oswaldo Junqueira, por meio de procurações nunca exibidas, mesmo porque os dois primeiros já tinham falecido, quando houve a assembleia. E foi assim que Roberto Marinho tornou-se “dono” da TV Paulista.