Fernanda Trisotto e Natália Portinari
Folha
O presidente do MDB, Baleia Rossi, afirmou que irá consultar lideranças do partido para saber se a sigla integrará o governo de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, uma definição deverá ocorrer até esta quarta-feira.
— Começamos um diálogo sobre a questão da transição e a possível participação do MDB para que possa colaborar principalmente com assuntos que sejam relevantes e desafiadores no próximo governo — afirmou Baleia, após reunião com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
CONVITE FORMAL – Gleisi esteve na Câmara nesta terça-feira para convidar formalmente o MDB a participar do governo de transição indicando um nome para compor o conselho político.
— Vim aqui fazer um convite formal para que o MDB integre conosco o processo de transição. Nós achamos muito importante ter os partidos formalmente nesse processo — afirmou Gleisi.
Segundo a deputada, já há definição de nomes de nove partidos que apoiaram o partido no primeiro ou segundo turno, incluindo o PDT. Agora a expectativa é pela indicação do MDB. Durante o segundo turno, o MDB optou por ficar neutro na disputa presidencial. A medida foi adotada para liberar os filiados a fazerem campanha para Lula ou Jair Bolsonaro.
NOME CERTO – Um dos nomes certos para o Ministério é o de Simone Tebet, que acabou a corrida no terceiro lugar, decidiu apoiar o petista e foi peça importante para consolidar a vitória de Lula no segundo turno. Tebet emplacou temas para serem tratados na campanha de Lula, em que teve participação ativa, e está cotada para assumir um ministério no novo governo.
Além da discussão sobre a participação do MDB, que elegeu 42 deputados e terá a quinta maior bancada na Câmara, Gleisi disse que conversou com Baleia sobre as manifestações antidemocráticas que estão ocorrendo pelo país após a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas. Ela cobrou vigilância das autoridades para dar uma resposta clara aos protestos que classificou de golpistas.
— Tivemos uma eleição que teve um vitorioso. O perdedor tem direito de espernear e fazer oposição, mas não tem direito de chamar para um golpe, de querer fazer é a desestabilização do país — afirmou.
DIANTE DOS QUARTÉIS – Para a deputada, não pode ser considerado normal a quantidade de pessoas em frente a quartéis elevando o tom e pedindo intervenção militar, bem como os pontos de bloqueio em estradas, que foram sendo desmobilizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao longo da semana.
— As instituições têm que olhar de maneira firme para isso, não deixar esse movimento se alastrar e a gente ter uma resposta política à altura — afirmou, dizendo que conversará sobre o tema com outras lideranças políticas.
Questionado sobre qual será a participação do MDB durante as tratativas para avanço da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, Baleia Rossi disse que ainda quer ter acesso ao texto e definições sobre como a medida tramitará, o que depende de Lula.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Com a maior facilidade, Lula caminha para ter maioria na Câmara e no Senado. Para tanto, terá de pagar caro, mas é investimento com retorno certo. (C.N.)