Laryssa Borges e Hugo Marques
Veja
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve bater às portas do Supremo Tribunal Federal (STF) mais uma vez para tentar enterrar um caso que, depois da Lava-Jato, o tem atormentado: a cobrança de uma bolada milionária em impostos. A contenda existe desde os tempos da Lava-Jato, quando policiais federais fizeram buscas e apreenderam documentos no Instituto Lula, em março de 2016.
Na ocasião, após analisarem a papelada, investigadores concluíram que a LILS, empresa de palestras do ex-presidente – e, segundo a acusação, duto pelo qual ele drenava recursos recebidos ilegalmente de empreiteiras investigadas no petróleo – teve sua função desvirtuada e não poderia mais ser tratada como uma entidade sem fins lucrativos.
COBRAR IMPOSTOS – Sem o benefício fiscal, a Receita Federal partiu para cobrar todos os impostos não recolhidos pela entidade.
Em valores corrigidos, a cobrança contra a LILS e o ex-presidente hoje ultrapassa a casa dos 18 milhões de reais. Na última semana, o petista não conseguiu reverter a obrigatoriedade de pagamento no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo.
A tese da defesa, disse a Veja o advogado Cristiano Zanin, é a de que como a ação cautelar fiscal de cobrança é derivada da Lava-Jato, operação sobre a qual o STF já se debruçou e, no caso específico de Lula, anulou suas condenações após considerar o ex-juiz Sergio Moro parcial, qualquer desdobramento de investigações do petrolão seriam automaticamente imprestáveis. Segundo o defensor, o Supremo deverá dar razão a Lula e o isentar de pagar os impostos.
NO ENTANTO… – Para o tributarista Pedro Lameirão, no entanto, o fato de processos criminais terem sido anulados não invalida a ofensiva tributária contra o ex-presidente.
“A análise de possíveis delitos na esfera penal é realizada de forma independente de eventuais processos para apuração e cobrança de tributos. Assim, os vícios identificados no processo penal, a princípio, não afetam o processo tributário, principalmente se a anulação for por um vício na condução do processo penal, como suspeição do juiz ou vício de competência”, diz.
O ex-presidente faturou 27 milhões de reais com as palestras. E essa acusação analisada pelo TRF3, às vésperas do primeiro turno, engrossa a extensa lista de passivos judiciais relacionados à Lava-Jato, quando o PT, o MDB e o Progressistas foram acusados de lotear a Petrobras para fraudar contratos públicos e recolher percentuais de propina, e deve servir de munição para apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para desgastar o petista perante a opinião pública.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Sensacional a reportagem de Laryssa Borges e Hugo Marques, enviada à Tribuna pelo sempre atento José Carlos Werneck, jornalista e advogado que atua nos tribunais de Brasília. Já era esperado que, cedo ou tarde, o enriquecimento ilícito de Lula acabasse vindo a furo. Ele banca o “inocente”, mas toda vez que se olha ao espelho percebe que está envelhecido e envilecido, como diria o genial Rubem Braga. (C.N.)