Publicado em 7 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet
Carlos Newton
Como diria o genial jornalista e compositor Miguel Gustavo, o suspense é de matar o Hitchcock… Ninguém sabe o que vai acontecer neste Sete de Setembro, em que as Forças Armadas, as Polícias Civil e Militar e até o Corpo de Bombeiros estão de prontidão. É o Dia D e a Hora H do presidente Jair Bolsonaro, que mandou organizar manifestações em todo o país, na expectativa de alavancar sua candidatura.
Embora seja considerado um novo “Messias” pela dedicada primeira-dama, na verdade Bolsonaro não tem o dom da onipresença e terá de discursar remotamente para apoiadores que estarão na Avenida Paulista, em São Paulo, neste 7 de Setembro, cuja comemoração é encarada por oposicionistas como um pré-golpe, embora na realidade possa não representar nada de novo na frente ocidental, no dizer do escritor alemão Erich Maria Remarque.
GOLPE ESVAZIADO – De toda forma, as expectativas de que este Sete de Setembro se torne um pré-golpe realmente existem e até ganharam força com a decisão tomada pelas autoridades civis, que resolveram boicotar o desfile cívico-militar em Brasilia. Detalhe inquietante: é a primeira vez que isso acontece na História do Brasil, embora poucos percebam a devida importância do fato.
Em meio à tensão, hoje é o dia da verdade. O desenrolar dos acontecimentos revelará aos brasileiros a verdadeira intenção do presidente Bolsonaro quanto à preparação de um assustador golpe de estado, que só acontece se tiver o apoio irrestrito do Alto Comando das Forças Armadas.
Mas não há o menor motivo para esse tipo de desvio na comemoração dos 200 anos da Independência. Embora dois poderes da República – o Executivo e o Judiciário – tenham assumido uma postura prenhe de autoritarismo e estejam claramente “costeando o alambrado”, como diria Leonel Brizola, o país vive em regime plenamente democrático e tem de permanecer assim.
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P.S. – Os chefes militares não toleram a possibilidade de o poder ser retomado por um ex-presidiário como Lula da Silva, enriquecido ilicitamente no exercício da política. Mas sabem que também não deu certo o governo paramilitar de Bolsonaro, apoiado entusiasticamente pelas Forças Armadas, que têm sido privilegiadas durante todo o mandato. Mas o pior é que seria absurdo, ridículo e patético haver um golpe de estado para manter no governo um desequilibrado como Jair Bolsonaro. O Brasil não merece tamanha desmoralização. (C.N.)