Publicado em 4 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Reportagem de Ricardo Balthazar, Folha de S. Paulo deste sábado, revela, com base no Datafolha, que o ex-presidente Lula mantém a mesma vantagem de 56% a 28% sobre Bolsonaro nos grupos de menor renda, especialmente em relação aos que já receberam duas parcelas do Auxílio Brasil na escala de R$ 600. Ficou, portanto, claro que o Auxílio Brasil, pelo menos até agora, não influiu no voto dos beneficiários.
Entre os segmentos de menor renda, incluindo os que não estão no Auxílio Brasil, Lula alcançou 44% contra 42% de Jair Bolsonaro. Mas, no quadro geral, comparando esta última pesquisa do Datafolha com a que a antecedeu, verifica-se que Lula desce de 47 para 44 pontos, enquanto Bolsonaro fica estagnado com 32% das intenções de voto.
VANTAGEM – Reduz-se assim a vantagem de Lula sobre Bolsonaro e a explicação está na subida de Ciro Gomes de 7% para 9% e de Simone Tebet de 2 para 5 pontos. Parte desses votos era de Lula e a outra parte provém daqueles que estavam dispostos a votar em branco ou anular o voto.
A comparação deixa bastante claro esse panorama. Inclusive escrevi recentemente que os votos em Ciro e Simone são sufrágios que indiretamente favorecem Bolsonaro na medida em que torna mais difícil a vitória de Lula no primeiro turno. Por outro lado, os que votam em branco ou anulam somam para Lula, uma vez que contribuem para que o limite de maioria absoluta seja atingido mais facilmente, já que este é calculado sobre os votos válidos.
AVANÇO – As candidaturas de Ciro Gomes e Simone Tebet subiram mais entre os de grau mais alto de instrução, portanto, entre os segmentos de renda média, e junto a mulheres, caso especialmente de Simone Tebet.
Conquistaram cinco importantes pontos. Tanto assim, que Tebet avançou de 2% para 5% e Ciro Gomes de 7 para 9 pontos. Esta oscilação está bem focalizada por Nicolas Iory, O Globo, e é praticamente confirmada por Joelmir Tavares e Carolina Linhares, edição da Folha de S. Paulo deste sábado.
Também com base nos dados do Datafolha, numa hipótese de segundo turno, 48% dos votos de Ciro Gomes vão para Lula e 27% para Bolsonaro. Entre os eleitores de Simone Tebet, 32% vão para Lula e 28% para Bolsonaro.
DESLOCAMENTOS – Mas ainda há candidatos com índices menores que ambos. No conjunto, 53% vão se deslocar para Lula e 38% para Bolsonaro, o que representa uma consolidação de Lula no segundo turno se as eleições fossem hoje.
Enquanto isso, o Ipec apresentou uma nova pesquisa – reportagem de Marlen Couto e Leonardo Nogueira, O Globo, acentuando que Lula lidera em 13 estados, Bolsonaro tem vantagem em cinco e em Brasília. Nos oito restantes, a situação é considerada de equilíbrio.
ATENTADO – A tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina Cristina Kirchner por um neonazista por pouco não mudou a história da Argentina e da atmosfera política da América do Sul, detalhe bem observado por Cristina Serra, Folha de S. Paulo,uma vez que o reflexo do atentado , cuja repercussão foi enorme, poderia gerar ter muito maiores.
Em O Globo, a reportagem foi de Ivan Martínez-Vargas, Alfredo Mergulhão e Marina Gonçalves. O neonazismo, como se verifica, ressurge na extrema-direita, aliás não poderia ser em outra faixa ideológica, uma vez que os neonazistas e fascistas acham que a violência pode resolver todos os problemas do mundo.
Na edição também de sábado do Estado de S. Paulo, Iander Porcella focaliza a declaração do presidente Jair Bolsonaro dizendo apenas lamentar o ocorrido, aproveitando para lembrar que não se atina bem o motivo, o fato de quando ele foi esfaqueado em Juiz de Fora, pessoas até terem festejado. A declaração evidentemente repercutiu mal de forma generalizada como é natural. Bolsonaro não somou para si próprio.