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domingo, setembro 25, 2022

Lula ainda deve ao eleitor um plano econômico coerente - Editorial




Ele acena ao mercado financeiro e distribui agrados aos petistas fanáticos. Se vencer, ninguém sabe como governará

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, ainda deve ao país um plano econômico que faça sentido e justifique sua larga vantagem nas pesquisas de intenção de voto. Ao mesmo tempo que faz acenos ao centro e envia emissários ao mercado financeiro e ao setor produtivo, Lula continua a discursar como se falasse apenas a um grupo de petistas fanáticos. Que Lula governará? Aquele que escolheu Geraldo Alckmin como vice-presidente e posou para foto ao lado de Henrique Meirelles? Ou o que volta e meia torpedeia as reformas e privatizações? A oito dias da eleição, ninguém sabe.

As contradições dele na economia ficaram evidentes na última semana. No evento em que recebeu apoio de Meirelles, aplaudido pelo mercado, Lula soltou o seguinte absurdo sobre as agências reguladoras: “Na verdade, as agências foram criadas para que o empresariado tomasse conta do governo. Porque a indicação passa pelo Senado, e todo mundo sabe como é difícil uma indicação passar no Senado, se não tiver interesses que não são os nossos”. Num país que precisa da independência técnica das agências para regular mercados em benefício de todos, esse tipo de visão é um total contrassenso.

Dois dias depois, em entrevista ao Canal Rural, questionado sobre o que pensava da reforma administrativa — essencial e urgente para aumentar a eficiência dos serviços prestados pelo Estado à população —, respondeu que “essas coisas não me preocupam”. Em seguida engatou num raciocínio tortuoso, argumentando que gasto é investimento e desvirtuou a conversa. Para não desagradar sua base no funcionalismo, negou-se a debater o tema de forma honesta. Na mesma entrevista, voltou a defender o investimento em refinarias de petróleo, uma das decisões mais desastradas dos governos petistas, que resultou em obras-fantasmas e numa roubalheira bilionária.

Em encontro com associações de aposentados e idosos, prometeu recriar o Ministério da Previdência. Em comícios recentes, já garantira pastas para mulheres, pesca, cultura e igualdade racial. É pura ilusão a ideia de que problemas são resolvidos com a indicação de um ministro para tratar do assunto. Novos ministérios significam em geral apenas mais gastos e mais burocracia, portanto mais cargos e mais dinheiro para os apaniguados.

Na área econômica, a crença renitente no Estado como motor do desenvolvimento se traduz noutra quimera. Lula defendeu o crescimento baseado na concessão de crédito por bancos públicos. Citou nominalmente BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, focos históricos de patrimonialismo e corrupção. Se fosse fácil, o Brasil já seria um país rico há décadas.

Na entrevista que concedeu ao apresentador Ratinho, do SBT, Lula voltou a aventar a inadmissível regulação dos meios de comunicação “de acordo com os interesses da sociedade”. É o conhecido eufemismo para o controle da imprensa que volta e meia surge nos devaneios petistas.

Lula pode muito bem proferir todas essas barbaridades na campanha e, se vitorioso, voltar a governar com o bom senso que demonstrou na primeira metade de seu primeiro mandato. Mas nada garante. A uma semana da eleição, os eleitores ainda aguardam dele um compromisso explícito com os pilares da sensatez econômica e uma avaliação honesta dos erros que as gestões petistas cometeram nesse campo.

O Globo

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Publicado em 24 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do Baggi (Jornal de Brasília) William Waac...

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