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sexta-feira, setembro 02, 2022

Ficou difícil para Bolsonaro explorar ponto fraco de Lula - Editorial




Denúncia de uso da Abin para blindar filho e transações com dinheiro vivo desgastam discurso contra corrupção

Passadas duas semanas do início da campanha eleitoral, já ficou clara a dificuldade do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, para explicar o inexplicável: a roubalheira na Petrobras durante os anos em que o partido esteve no poder. Na entrevista ao Jornal Nacional na semana passada, para escapar das perguntas disparadas pelos jornalistas, Lula ensaiou piruetas retóricas de cinema. No debate da Band, confrontado pelo presidente em busca de reeleição, Jair Bolsonaro (PL), foi ainda menos convincente, ao repetir a estratégia de ler num papel uma lista de leis e instituições anticorrupção criadas pelo PT — como se isso justificasse os desvios bilionários.

Não é surpresa que Bolsonaro tenha escolhido esse tema para atacar o líder nas pesquisas. Mas essa estratégia esbarra numa limitação óbvia: os eleitores estão cientes dos inúmeros rolos envolvendo o clã Bolsonaro. Para complicar a situação, o noticiário desta semana foi pródigo em novas denúncias contra o presidente e sua família.

De acordo com reportagem do GLOBO, a Polícia Federal (PF) afirmou em relatório que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) interferiu numa investigação envolvendo Jair Renan Bolsonaro, o filho Zero Quatro do presidente.

Um agente da Abin admitiu em depoimento à PF, depois de flagrado numa operação, ter recebido a missão de levantar informações sobre o caso. Jair Renan e seu preparador físico passaram a ser investigados por intermediar, com a ajuda do Palácio do Planalto, uma reunião entre um empresário do Espírito Santo e o então ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. Em troca, são acusados de ter recebido do empresário um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil. Depois da intervenção da Abin, o carro acabou sendo devolvido.

Outra reportagem, publicada pelo portal UOL, mostrou que, desde sua entrada na política no início de 1990, o patrimônio de Bolsonaro e de sua família multiplicou-se de modo incomum. Desde 1999, integrantes do clã — mulher, filhos e irmãos — participaram de 107 transações imobiliárias (eram donos de 12 imóveis valendo R$ 1,9 milhão em valores atualizados; hoje têm 56 valendo R$ 26 milhões). Em quase metade desses negócios foi usado dinheiro em espécie como forma de pagamento, prática cuja justificativa mais comum é a lavagem de dinheiro. “Qual é o problema?”, tentou se defender Bolsonaro.

Desde 2018, Flávio e Carlos Bolsonaro, além de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente e mãe de Jair Renan, são alvos de investigação por suspeita de apropriação de parte do salário de funcionários de gabinetes parlamentares, as famosas “rachadinhas”. Parte das provas foi anulada, mas a apuração segue adiante.

Na atual administração há indícios eloquentes de corrupção à espera de apuração. Pastores são acusados de pedir propina para auxiliar a liberação de recursos no MEC. Obras contratadas com verba do orçamento secreto acabaram, estranhamente, nas mãos de empresários sem experiência no ramo. Não é à toa que Bolsonaro tenha tanta dificuldade para explorar o ponto fraco de seu principal adversário na campanha eleitoral deste ano.

O Globo

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