Publicado em 5 de maio de 2022 por Tribuna da Internet
Augusto Tomazini
A vastidão da floresta amazônica é impressionante, suas riquezas abaixo e acima do solo, também. É perturbador imaginar a grandiosidade desse bioma espetacular, riquezas de sabedorias ancestrais, linguísticas, árvores seculares, uma profusão de plantas, animais e biodiversidade, tudo isso colocado à venda por 30 dinheiros.
Sim, é de uma irresponsabilidade medonha o que se faz hoje ao incentivar a mineração e o desflorestamento para exportação de matérias primas, ilegalmente ou até legalmente, não só no Brasil, mas em todos os países da Amazônia.
REALIDADE SINISTRA – Tomemos por exemplo esse mesmo modo de produção predatório que muito pouco fez pela população de nosso país: o pau-brasil, as minas gerais, a exploração de açúcar, a borracha etc. Tudo isso com mão de obra escrava ou semiescrava, que somente legou um país subdesenvolvido. Geração de empregos e riquezas são mentiras que só servem para tapar o sol com a peneira.
O custo humano desta colonização predatória está aí, estampado em nossa sociedade. Nesses últimos dias, em uma cidade satélite da capital, as pessoas saíram no tapa por causa de uma promoção de cebolas.
Este foi o legado deixado por uma forma de exploração dos recursos naturais dos últimos cinco séculos que beneficiou uma pequena parte das classes dirigentes e mais ainda os representantes do capital internacional. E esses irresponsáveis estão atiçando o complexo-militar internacional, ao dar motivos para uma intervenção em solo sul-americano.
TEMPESTADE PERFEITA – Os atuais dirigentes do país parecem não perceber as consequências do abandono e das matanças dos povos indígenas, em conjunto com o avanço do desmatamento de um bioma de importância mundial. É a tempestade perfeita para os “imperialistas humanitários” atualmente postos na Casa Branca se divertirem com suas guerras, e a indústria militar agradece.
Está no foco da mídia a denúncia de estupro e morte de uma criança yanomami. A Polícia Federal solta uma nota dizendo não haver indício de nenhum desses crimes. Trágico isso, ainda mais porque toda a comunidade que habitava o local simplesmente sumiu do lugar, deixando uma casa queimada em sinal de luto. Também foram encontrados equipamentos para garimpo. Tudo isso por um metal usado para adorno dos ricos.
O que se passa em Roraima não é uma exceção. Tenho recebido denúncias de abusos feitos também no Vale do Javari, na fronteira com o Peru, local onde vivem indígenas de diversas etnias e é inclusive lar da maior quantidade de índios isolados do mundo.
MALDADES SEM FIM – Assediam os indígenas, obrigam a ingestão de água misturada com gasolina para os embebedar, depois violentam suas mulheres e adolescentes, conforme recentes denúncias de invasões na aldeia Jarinal. Poluem os rios com mercúrio, dizimam os peixes, quelônios e outras espécies. Entram sempre armados.
O atual presidente da Funai ainda vem dizer que a solução é autorizar a mineração em terras indígenas. Como se sabe, em nada estes cinco séculos de mineração ajudaram nosso povo. O ouro brasileiro serviu muito bem para financiar a revolução industrial inglesa e adornar as joias da coroa britânica.
Querem agora repetir mais da mesma miséria, ao invés de deixarem esses povos nativos viverem em conformidade com o que eles decidirem em seus conselhos tribais e de maneira esclarecida.