O objetivo do nazifascista bolsonarista é de produzir o caos no processo eleitoral. Os extremistas não conseguem conviver com a pluralidade de ideias
Por Marco Antonio Villa (foto)
A campanha presidencial deste ano caminha, ao menos até o momento, a privilegiar temas que são instrumentais para obter a vitória eleitoral, mas não são os que realmente importam para o futuro do País. Os candidatos escolhem o terreno que preferem palmilhar, porém é fundamental redirecionar o debate eleitoral para os grandes problemas nacionais. O privilegiamento da pauta de costumes por parte de Jair Bolsonaro faz parte de uma estratégia de campanha que busca ocultar o desastre do combate à pandemia, os casos de corrupção e a falta de vitrine de realizações – afinal, o governo foi o pior da história republicana. Desviando para a pauta de costumes – e Lula já caiu recentemente nesta armadilha –, Bolsonaro reforça seus laços com sua base evangélica, legitima o discurso dos pastores e sinaliza para os bolsonaristas-raíz que ele continuará realizando o que eles chamam de “guerra ideológica.”
É importante destacar que a pauta de costumes tem sua relevância. Contudo, Bolsonaro rebaixa a discussão da questão com palavras vulgares e conclusões pueris. Demonstra uma ira pré-fabricada e constrói um passado que nunca existiu. A negação do presente e das novas contradições do mundo contemporâneo é um meio de buscar a polarização para fidelizar seus fanáticos seguidores. A eleição, portanto, é um mero pretexto para envenenar a sociedade brasileira com novos e velhos preconceitos distribuídos a esmo e sem nenhuma base científica.
Ao invés de tratar de milhões de crianças que passam fome, não têm acesso à escola, vivem em condições miseráveis e sem perspectivas de um futuro melhor, Bolsonaro vai, por exemplo, direcionar seu discurso para a proibição do aborto e a tentativa da “esquerda” de editar uma Bíblia gay – que deverá ser um dos motes da campanha desse ano substituindo o “kit gay” de 2018. Tudo sempre com muita mentira e temperado com teorias conspirativas e tendo no “gabinete do ódio” o instrumento para espalhar rapidamente as fakes news.
O objetivo central do nazifascista bolsonarista é de produzir o caos no processo eleitoral. Os extremistas não conseguem conviver com a pluralidade de ideias, com o debate democrático, com a divergência. Seu mundo é o do confronto, do ódio, da ignorância, do ressentimento, da vulgaridade. Teremos a eleição mais importante desde a redemocratização. O desafio aos democratas é de não cair na armadilha bolsonarista, que fará de tudo para transformar o processo eleitoral em uma guerra do Brasil consigo mesmo.
Revista IstoÉ