João Paulo Saconi
O Globo
O advogado Paulo Faria, que representa Daniel Silveira nas ações a que o deputado responde no STF, protocolou na segunda-feira uma petição em que desfere uma série de ataques a Alexandre de Moraes, relator do caso.
No documento, o advogado diz que o ministro deixou um “rastro de destruição” na condução do processo, acusa o magistrado de fazer “perseguições penais” contra Silveira e o ironiza por “morrer na praia”.
DEVOLUÇÃO DA FIANÇA – O tom de desafio de Faria escala ainda mais quando cita o indulto concedido por Jair Bolsonaro a Silveira. O benefício é mencionado à exaustão por Faria, que chama a ação em questão de “vergonhosa” e “trágica”.
Faria pede que a ação seja arquivada e que o Judiciário devolva os R$ 100 mil pagos em fiança pelo político, bem como os celulares apreendidos.
Também quer o restabelecimento das redes sociais do parlamentar, removidas por decisão de Moraes após terem sido utilizá-las para disseminar ataques ao STF e seus ministros.
SEM RECORRER – O advogado afirma também que não recorrerá da condenação de Silveira: “Recorrer de que, se houve PERDÃO absoluto? Tudo é questão de bom senso, por mais dolorido que seja olhar para trás e ver o rastro de destruição das linhas constitucionais por este relator (…). No jargão popular: ‘Após o naufrágio, nadar… nadar… nadar… e morrer na praia’. Essa é a história trágica da ação penal 1044 (…).”.
Em resumo, Faria usou a petição para, no estilo bolsonarista do seu cliente, provocar um ministro do Supremo Tribunal Federal. Tem-se aqui um advogado que emula o linguajar inapropriado do seu cliente que, por sua vez, imita as diatribes de Bolsonaro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma esculhambação completa, com a procuradora Lindôra Araújo se manifestando a favor da manutenção das medidas cautelares contra Daniel Silveira, como se o decreto presidencial não estivesse em vigor. O ato pode ser considerado até amoral (ou imoral), porém não é ilegal e nenhum ministro do Supremo ou membro da Procuradoria pode fingir que o decreto não existe. O caso é sinistro e perigosíssimo, Vamos voltar ao assunto. (C.N.)