Logística para a entrega de armas é um desafio em meio à invasão
Por Pedro do Coutto
Numa excelente reportagem que foi ao ar na noite de terça-feira no Jornal Nacional da TV Globo e no Em Pauta da GloboNews, o jornalista Felipe Saldaña destacou o problema do transporte de armamentos prometidos por 16 países para o governo de Kiev resistir à brutal invasão da Rússia, violando todos os direitos humanos e a autodeterminação do mundo.
Com a invasão, Putin garante o seu lugar ao lado de Hitler no esgoto da história universal. Mas a questão essencial no momento, afirmou muito bem o jornalista, é o transporte de armas que só pode ser feito através da Polônia ou da Romênia.
GARANTIAS – O enigma que paira sobre o transporte destinado à resistência e até mesmo à expulsão das forças russas tem que ser garantidos por tropas dos países envolvidos porque caso contrário os suprimentos ficarão expostos à uma ação russa para impedi-los de chegar ao seu destino e com isso anular os efeitos de uma apoio indispensável para o presidente Zelenski.
Está assim colocada uma perceptiva sensível na questão do apoio militar. Ele não pode ser por parcelas, sendo uma delas, os armamentos em si, mas sobretudo uma garantia de que chegarão ao governo de Kiev. Tem que ter proteção de forças terrestres no percurso, sobretudo nas proximidades da fronteira com a Polônia.
A invasão russa perdeu grande parte de suas forças nas últimas horas. O Kremlin não parece disposto a recuar, pelo contrário. O lance de dados marca uma etapa do possível destino do conflito e do confronto, tornando impossível o recuo dos 16 países em apoiar a Ucrânia e dificultando o recuo de Moscou após as ameaças feitas. Nas duas hipóteses, Putin está derrotado.
SUBSTITUIÇÃO – Há certamente nos bastidores uma movimentação russa para a hipótese da sua substituição. O poder tem sempre personagens à espreita aguardando uma queda. De qualquer forma, a posição russa é das mais conflitadas e vulneráveis aos acontecimentos que se seguem.
Reportagem de Igor Gielow, Folha de S.Paulo, focaliza o fantasma de uma Terceira Guerra que ameaça a própria existência da humanidade. Se detonado, o conflito terá proporções gigantescas. É um enfrentamento terrível entre a Rússia e os Estados Unidos, acrescidos dos países europeus que já se manifestaram contra Putin.
ITAMARATY E PLANALTO – Bernardo Mello Franco na edição de ontem de O Globo, focalizou a posição do Itamaraty de condenar a violação da autodeterminação dos povos. Já Bolsonaro não avaliou todos os aspectos da Ucrânia. É incrível a posição do presidente da República que não está sendo seguida pela Chancelaria.
O próprio embaixador Rodrigo Costa Filho votou a favor da condenação da Rússia. O confronto entre o Itamaraty e o Planalto deixa o último muito mal perante a população brasileira.
LIBERAÇÃO – Reportagem De Geralda Doca, O Globo de ontem, revela que o ministro Paulo Guedes está propondo ao governo isentar os investidores estrangeiros do pagamento de 15% do Imposto de Renda resultante de aplicação de título em empresas brasileiras.
É incrível que isso possa ser proposto por um ministro do Brasil. Quer dizer que os estrangeiros que comprarem ações da Petrobras, Banco do Brasil, assumirem títulos públicos, ficam isentos do Imposto de Renda. E os brasileiros não atingem a mesma oferta tributária. Inacreditável.
CHAPLIN – Muito bom o editorial de O Globo de ontem condenando a posição do presidente Jair Bolsonaro em relação à brutal invasão de Putin à Ucrânia. No texto, o editorial focaliza uma frase irônica e pejorativa de Bolsonaro em relação ao presidente Zelinsk, por ter sido um ator de comédia. Aproveito a oportunidade para lembrar que um dos maiores gênios do século XX, Charles Chaplin, também foi um comediante, o maior de todos os tempos.
Além disso, Chaplin em 1941 nos primeiro tempos da guerra, produziu o filme “O Grande Ditador” em que ridicularizava Hitler e Mussolini. Expôs-se à fúria dos fanáticos e dos apoiadores do nazismo. Mas foi em frente. Se não tivesse realizado a obra colossal que realizou, bastaria “O Grande Ditador” para garantir o seu lugar na luta pela liberdade. Tornou-se um artista imortal .
Tribuna da Internet