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sexta-feira, março 04, 2022

China se tornou decisiva para a paz na Europa - Editorial

 




Contra os mísseis e tanques russos na Ucrânia, o Ocidente montou uma contraofensiva econômica sem precedentes. Nunca antes uma economia do porte da russa tinha sido alvo de sanções tão duras. Com a Rússia virtualmente sem acesso ao sistema financeiro internacional, assistindo à saída e ao boicote de multinacionais, sua sustentação econômica dependerá cada vez mais da China. Por isso todos os olhos estão voltados para Pequim. Faz um mês que Xi Jinping trocou juras de “amizade sem limites” com Vladimir Putin. É improvável que tenha se arrependido, embora algo tenha mudado na atitude chinesa.

Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em conversa com o colega ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou que seu país está pronto para ajudar a acabar com a guerra. Um eventual esforço chinês para fazer deslanchar as negociações de paz será bem-vindo. Um país simpático a Putin, que se absteve nas duas últimas votações contrárias à Rússia nas Nações Unidas, teria papel especialmente relevante neste momento.

A conversa entre os dois diplomatas foi interpretada como mudança. A China, de acordo com essa versão, percebeu o custo de ser vista como cúmplice de Putin, formando uma dupla autoritária que age em sintonia. Debate-se também se Xi foi informado dos planos de invasão por Putin ou se pediu para que fosse adiada até depois da Olimpíada de Inverno em Pequim. Caso tenha sido ludibriado, teria motivos para rever a relação com a Rússia. Mas é um debate irrelevante.

Tradicionalmente, a diplomacia chinesa fica em cima do muro nos conflitos em que não tem envolvimento direto. Desta vez, como mostram as votações na ONU, escolheu um lado. Na conversa com Kuleba, Wang disse que “a segurança de um país não pode ser alcançada em detrimento da segurança de outros ou pela expansão de blocos militares”. Tradução: a culpa pela guerra não é de Putin, mas do Ocidente ao querer expandir a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para a Europa Oriental.

De que a China corre o risco de perder com essa postura, não há dúvida. Seus maiores parceiros comerciais são os Estados Unidos e a União Europeia, agora mais coesa do que nunca. Mas os chineses também ganham com essa posição. Quem cogita um dia retomar Taiwan não pode ser muito crítico à decisão de Putin. Fora isso, a ameaça russa na Europa desvia a atenção americana da Ásia — e, em Pequim, existe a convicção de que os Estados Unidos são uma superpotência em decadência, decidida a barrar a ascensão chinesa. Essa leitura não mudou.

Em busca de aliados, Xi investiu num relacionamento estreito com Putin. Desde que assumiu o poder, há uma década, encontrou-o 38 vezes. O dois festejaram aniversários juntos e se chamam de “melhores amigos”. Na abertura da Olimpíada em fevereiro, boicotada por autoridades americanas, Putin foi um dos poucos líderes mundiais a viajar para Pequim. Até o momento, não há sinais de que a química entre o chinês e o russo tenha se alterado. Também não há evidência de que a China tenha mudado sua visão do mundo. Ao mesmo tempo, o resgate da paz na Europa nunca dependeu tanto da disposição dos chineses em impor limites a Putin.

O Globo

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