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sexta-feira, março 04, 2022

Neonazismo não tem condições de prosperar na Ucrânia, um país que elegeu um presidente judeu


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Zelensky errou ao tentar ocidentalizar rapidamente a Ucrânia

Augusto Tomazini

Existem encruzilhadas no espaço ou no tempo, assim como nas trilhas e todos os desenvolvimentos, não é à toa que tantos caminhos levam até Kiev. É irônico e trágico haver uma guerra e um dos pretextos é a desnazificação de um país cujo presidente é judeu.

É notório que existem células neonazistas militantes na Ucrânia, como também existem grupos em outros lugares da Europa e do mundo (inclusive aqui no Brasil e nos Estados Unidos), e o que se torna mais preocupante é a circulação de armas entre essas células.

BATALHÃO AZNOV – Na Ucrânia se destaca o Batalhão Azov, antes uma milícia paramilitar que erroneamente foi assimilada pelo exército ucraniano como uma força especial e seu líder ganhou a patente de coronel.

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Batalhão Aznov usa a bandeira e assume ser neonazista

Essa e outras facções de tendência neonazista têm sido acusadas de cometer crimes já faz alguns anos, tais como expulsão de negros de áreas perto dos centros das cidades, e até mesmo de queimar vivas pessoas nativas das áreas separatistas.

Para não deixar dúvidas de seu caráter neonazi, seu líder, Andrey Biletsky, escreveu o livro de cabeceira da organização (“As palavras do líder branco”) em que defende a supremacia branca e a necessidade de preservar uma pretensa superioridade genética e evitar a mistura com genes de outros povos. Esses neonazistas são extremistas violentos, possuem representação política, mas não são detentores do apoio da ampla maioria da população ucraniana.

COMEDIANTE – O simpático presidente da Ucrânia, o judeu Volodymyr Zelensky, é dono de um talento surpreendente para fazer rir os ucranianos. O ator interpretou o papel de presidente da república na série de comédia “Servo do Povo” – o mesmo nome do partido fundado por ele em 2018, que o levou ao poder em 2019, sem ligação direta com os neonazistas, mas com o apoio deles.

Num país como a Ucrânia, essa militância da pureza racial é uma bobagem ameaçadora, é claro, completamente fora de época. Nós, seres humanos, não somos cavalos ou cachorros para sermos racializados. Essas tentativas são inúteis, num mundo cada vez mais miscigenado.

Curiosamente, um dos financiadores do Batalhão Azov é um dos donos do canal de televisão em que o atual presidente do país trabalha. Zelenski reconhece sua proximidade com o antigo chefe, mas nega que haja alguma interferência dele em sua gestão.

ERRO DA OTAN – Sem vivência política, Zelensky aceitou a influência ocidental para acelerar a libertação da influência de Moscou e dominar as regiões separatistas que preferem preservar as ligações com a Rússia.

Se mantivesse a neutralidade do país e não tentasse se filiar à OTAN, poderia ir conduzindo mais seguramente o processo de modernização da Ucrânia, que já estava até discutindo a liberação da maconha.

O resultado foi trágico, porque o país está invadido e manietado pelas tropas soviéticas, os aliados ocidentais nada fizeram e a Ucrânia ficou combatendo sozinha, sem esperança de vitória.  

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