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segunda-feira, março 21, 2022

Mercado perde confiança na política monetária por causa da atuação do Banco Central

Publicado em 21 de março de 2022 por Tribuna da Internet

Arte de Maurenilson Freire (Correio Braziliense)

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

Para o mercado financeiro, a principal âncora da economia, a política de juros, virou uma biruta de aeroporto na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), que aumentou a taxa básica de juros de 10,75% ao ano para 11,75% ao ano, mas sinalizou que a Selic vai a 12,75% em maio. A expectativa gerada é de que o arrocho monetário não vai parar por aí e a economia pode mergulhar numa nova “grande depressão”.

Essas preocupações decorrem do papel cada vez mais subalterno do ministro da Economia, Paulo Guedes, nas decisões econômicas do governo, o que se reflete, inclusive, na demora para aprovação de dois diretores do Banco Central (BC) pelo Senado.

SEM DIRETORES – O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa, senador Otto Alencar (PSD-BA), engavetou as duas indicações para os cargos de diretor de política econômica e diretor do sistema financeiro, com o argumento de que o governo está sem líder no Senado, desde a saída do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) do cargo.

Um trecho da ata da reunião do Copom acendeu a luz vermelha no mercado, quando afirma que “políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país”.

A adoção desse “cenário alternativo” para as projeções de inflação do Banco Central (BC) gerou inquietação entre os analistas.

COTAÇÃO DO PETRÓLEO – O BC trabalha com a hipótese de o preço do barril do petróleo estar em US$ 100 ao final de 2022. Com base nessa avaliação, acredita que a inflação, neste ano, chegará a 6,3%. Entretanto, essa avaliação está em contradição com o boletim Focus do próprio BC, que estima a inflação em 7,1% em 2022, com uma desaceleração para 3,4% em 2023.

Quando fala em “impulso de demanda agregada”, o BC está se referindo às medidas que estão sendo tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro para estimular o consumo e reduzir o impacto da alta dos combustíveis no custo de vida.

Depois da pandemia, que jogou a economia no chão e provocou a desorganização dos pequenos negócios, além de desemprego em massa, o governo se depara com uma nova variável que foge ao seu controle: a guerra da Ucrânia.

OUTRA REALIDADE – As expectativas de que seria um conflito que duraria, no máximo, 10 dias não se confirmaram; as duríssimas sanções contra a Rússia também surpreenderam. Além disso, os juros nos Estados Unidos estão subindo, o que amplia o peso do cenário externo na economia brasileira.

A ausência de um diretor de política econômica no Banco Central (BC) está sendo apontada como a principal causa da incoerência e da inconsistência das análises do Copom.

A implicância maior é com o fato de as projeções estarem baseadas no preço dos combustíveis, que são muito voláteis, e não levarem em conta que Federal Reserve (Fed), pelo mesmo motivo, possa ter que alterar a projeção de seis reajustes mensais da ordem de 0,25% nas taxas de juros dos Estados Unidos.

BRASIL E EUA – Há uma diferença fundamental entre os dois países: o Brasil está estagnado, enquanto os EUA crescem. Um dos motivos alegados pelo presidente do Fed, Jerome Powell, para elevar os juros, foi justamente o aquecimento da economia norte-americana. Nós, aqui, estamos elevando os juros numa situação de baixíssimo crescimento. Lá, a taxa estava próxima de zero, e aqui já subiu para 11,75%.

Essas pressões inflacionárias atrapalham os planos de reeleição de Bolsonaro, que imaginava entrar no processo eleitoral de vento em popa, com a economia em recuperação, gerando novos empregos, em decorrência da injeção de recursos federais no orçamento das famílias, como o Auxílio Brasil, no valor de R$ 400 mensais. O impacto direto do programa nos bolsões de pobreza das grandes cidades e do interior totalizará R$ 90 bilhões em transferências de renda.

Bolsonaro pretende gastar muito na eleição: R$ 30 bilhões em saques antecipados do FGTS; R$ 56 bilhões do décimo terceiro adiantado para pensionistas e aposentados do INSS; R$ 120 bilhões de subsídios para combustíveis; R$ 230 bilhões de renúncias fiscais. Os cortes de impostos e subsídios fiscais poderão chegar a R$ 230 bilhões. Essas medidas, porém, são consideradas inflacionárias pelos agentes econômicos.


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