Publicado em 6 de março de 2022 por Tribuna da Internet
Carlos Alexandre de Souza
Correio Braziliense
Temos, por um lado, uma empresa do porte da Petrobras, um gigante avaliado em aproximadamente US$ 70 bilhões, capaz de produzir 2,8 milhões de barris por dia, com autossuficiência em petróleo. Por outro lado, somos conhecidos como o celeiro do mundo, em razão da nossa extraordinária produtividade no campo.
Esses predicados, no entanto, escondem precariedades da nossa economia e, por extensão, da nossa política. Mais uma vez, um evento de proporção global evidencia as deficiências do Brasil no campo econômico e político. A guerra na Ucrânia escancarou a fragilidade da posição brasileira no mercado mundial de petróleo e de fertilizantes.
ANTES DA GUERRA – Como sabemos, o Brasil já enfrentava uma alta de combustíveis antes da crise na Ucrânia. Parte do problema são as falhas no processo de refino de petróleo, o que obriga o Brasil a importar derivados.
Há, ainda, o impasse tributário, que se arrasta há meses sem entendimento entre os entes da Federação, particularmente no Congresso Nacional.
Problema semelhante ocorre em relação a fertilizantes. Existe, no Brasil, uma lacuna na fabricação desses itens. Falta investimento em infraestrutura para evitar, ou ao menos diminuir, a dependência do mercado externo. Somos campeões da exportação de commodities, mas precisamos importar produtos agregados para viabilizar nossa produção.
SEM INVESTIMENTOS – Houvesse uma política de investimento nas cadeias produtivas essenciais para nossa economia, o Brasil não estaria em posição tão vulnerável. E quem mais sofre com essas carências é a população de baixa renda, que sente com mais força a carestia provocada pela crise internacional.
A fragilidade brasileira ante choques externos também ocorreu em 2020, com a pandemia de covid-19. Surpreendido pelo novo coronavírus, o Brasil viu-se na angustiante situação de não contar com insumos próprios para a produção de uma vacina. Dependia da boa vontade de países que investiram na indústria farmacêutica.
A essa dificuldade estrutural somou-se o negacionismo do governo federal, recalcitrante na aquisição de imunizantes.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Portanto, é hora de um plano para substituição de importações estratégicas, como se fez no regime militar. Mas acontece que os militares de pijama que hoje infestam o Planalto são medíocres e só se interessam pelo poder. Trata-se de um governo paramilitar sem planejamento, que representa uma vergonha para a Escola Superior de Guerra, digamos assim. (C.N.)