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Bolsonaro usa Guedes, que aceita humilhações e não se demite
Roberto Nascimento
Após o presidente Jair Bolsonaro ter feito fortes críticas ao novo aumento de preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, chegou a ser cogitad0 que os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Bento Albuquerque, de Minas e Energia, e o general Silva e Luna, presidente da Petrobras, deveriam ter apresentado seus pedidos de demissão, por terem sido desautorizados pelo próprio presidente da República.
É delírio. Nenhum dos três ministros citados abandonarão seus cargos de livre e espontânea vontade. Bolsonaro vai criticar, atacar, fritar em banho Maria, e ficar bem com a galera de apoiadores caminhoneiros, dizendo ser contra o aumento do diesel, mas tudo isso para inglês ver, é claro.
MEDO DA GREVE – O fato concreto é que o presidente morre de medo dos caminhoneiros, pois sabe a força da categoria, que ele usou junto com o então amigo Gustavo Bebiano, insuflando a classe para afundar o governo Temer e se cadastrar para vencer as eleições de 2018.
Bolsonaro já mostrou que não tem disposição para mudar a despropositada política de preços da Petrobrás, adotada pelo tucano Pedro Parente no governo Temer. Diante dos sucessivos aumentos dos combustíveis, agora ele teme uma nova paralisação dos caminhoneiros, o que parece ser inevitável. Por isso, está lutando desesperadamente para subsidiar os transportadores usando recursos do Tesouro, via redução de impostos.
O general Silva e Luna, presidente da Petrobrás, está sob fogo cruzado de Bolsonaro, mas tem o maior salário da República, está prestes a receber um bônus extra de R$ 1,45 milhão e demonstra que não se demite em hipótese alguma.
HÁ PRECEDENTE – O mais curioso é que, exatamente pelo mesmo motivo da política de preços, Bolsonaro acabou demitindo Roberto Castelo Branco da presidência da Petrobras. Com o general Silva e Luna, porém, o chefe do governo se mostra relutante, talvez porque tenha tirado o militar da confortável posição de presidente da Itaipu Binacional, mas ninguém sabe ao certo que passa pela cabeça de Bolsonaro.
O ex-banqueiro Paulo Guedes, tantas vezes humilhado pelo presidente, faz cara de paisagem para continuar ministro. Está agarrado ao cargo público, como nunca se viu antes. Quase todos os seus amigos e comandados, que ele trouxe para o governo, já foram demitidos diretamente por Bolsonaro, mas o Guedes não deu uma palavra em defesa de seu time de supostos craques. Um biquinho aqui, outro ali, e vamos em frente.
Nunca vi um ministério com tantas nulidades. Não sobra um, meu irmão, como até hoje cantam “Os Originais do Samba”, grupo de pagode que tinha o inesquecível Mussum como um de seus membros.