Ataque à maior torre de TV da capital ucraniana.
Cinco pessoas morreram em um ataque das forças militares da Rússia a uma torre de TV em Kiev na terça-feira (1/3), sexto dia da invasão russa no país.
A estrutura fica próxima de um memorial do Holocausto em homenagem às vítimas do Babi Yar, um dos maiores massacres de judeus na Segunda Guerra.
"Qual é a razão de escrever 'nunca de novo' por 80 anos se o mundo permanece em silêncio quando uma bomba cai no mesmo lugar de Babi Yar? Ao menos cinco mortos. A história se repete", escreveu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Twitter.
A capital permanece nas mãos da Ucrânia, mas segue sendo duramente atacada, enquanto um enorme comboio militar russo, de 64 km de extensão, avança lentamente em direção à cidade.
O comboio está neste momento a cerca de 30 km de distância.
Na tarde de terça-feira, a Rússia alertou que realizará ataques a sedes dos serviços de segurança em Kiev para "evitar ataques de informação contra a Rússia" e disse que civis devem evacuar esses locais.
Confira a seguir os acontecimentos mais recentes e importantes da guerra.
'O centro de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, foi alvo de ataque a míssil na manhã de terça-feira. Um prédio do governo regional, localizado no coração da Praça da Liberdade, foi atingido pela explosão'.
Ao menos 10 pessoas morreram e 35 ficaram feridas, segundo as autoridades locais.
Na foto abaixo, é possível ver os socorristas removendo os destroços do edifício atingido. Ppessoas foram retiradas dos escombros, de acordo com o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia.
'Equipes de resgate fazem buscas nos escombros dos prédiso após o ataque'
Um teatro e uma sala de concertos, ambos localizados na Praça da Liberdade de Kharkiv, também foram atingidos por mísseis e foguetes russos.
A Praça da Liberdade é a segunda maior localizada no centro de uma cidade na Europa e é considerada um marco da cidade.
Kharkiv tem sido fortemente bombardeada há dias, e 16 pessoas foram mortas antes do ataque de terça-feira, disse Zelensky.
O presidente da Ucrânia classificou os ataques à cidade como "terrorismo de Estado".
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia tuitou um vídeo da explosão na Praça da Liberdade (veja abaixo) e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de crimes de guerra.
Moradores da cidade disseram à BBC que estão com muito medo de saírem de seus bunkers ou casas.Os trens de evacuação estão circulando, mas as informações são escassas, e nem todos podem chegar à estação com segurança.
Ataques a outras cidades ucranianas
O Pentágono disse que os russos ainda não tomaram a cidade portuária de Mariupol, considerada estratégica. No entanto, conquistaram o controle da cidade portuária de Berdyansk e Melitopol mais a oeste.
Nas redes sociais, vídeos que foram checados pela BBC mostram prédios residenciais destruídos na cidade de Borodyanka, a noroeste de Kiev.
Em um trecho, um homem fala: "Não há tropas aqui, apenas moradores comuns de Borodyanka - avós, avôs, crianças. As pessoas estão se abrigando nos sótãos".
O vídeo abaixo mostra um parquinho para crianças enquanto uma testemunha diz que de três a quatro bombas foram lançadas de um avião.
Há relatos ainda de que o centro regional de Kherson, no sul da Ucrânia, está cercado por tropas russas.
A cidade, localizada perto da Crimeia, controlada por Moscou, foi alvo de um ataque terrestre no início da terça-feira, de acordo com testemunhas.
"A cidade está realmente cercada, há muitos soldados russos e equipamentos militares por todos os lados, eles montaram postos de controle nas saídas", disse a jornalista Alena Panina, de Kherson, à emissora nacional Ukraine 24.
As autoridades ucranianas confirmaram também que pelo menos 70 soldados foram mortos no domingo (27/2) em um ataque russo à base militar de Okhtyrka, na região de Sumy, que está atualmente sob cerco das tropas russas.
A foto abaixo foi compartilhada pela autoridade local da região de Sumy, Dmytro Zhyvytskyi. E mostra os esforços dos socorristas tentando encontrar sobreviventes em meio aos escombros.
'Equipes de resgate procuram sobreviventes em meio aos escombros na base militar de Okhtyrka'
Zelensky: 'Não podemos lidar com isso sozinhos'
A partir de um bunker na capital, Volodymyr Zelensky deu entrevistas à rede de televisão americana CNN e à agência de notícias Reuters.
Ele afirmou ser preciso que os ataques russos sejam interrompidos para que as negociações de cessar-fogo avancem de fato.
Zelensky disse que "a Ucrânia lutará mais forte do que qualquer um", mas que não pode administrar a guerra contra a Rússia por conta própria.
O presidente ucraniano, que emergiu como uma figura símbolo da defesa do país, disse que as negociações de cessar-fogo só poderiam ser levadas a sério se os combates parassem primeiro.
"Se você fizer isso, e ambos os lados fizerem isso, significa que eles [Rússia] estão prontos para a paz", disse ele.
"Se eles não estiverem prontos [sic], significa que você está apenas perdendo tempo. Vamos ver [se eles estão prontos]."
'Volodymyr Zelensky falou a veículos de mídia ocidentais'
Presidente ucraniano é ovacionado no Parlamento europeu
Zelensky falou ao Parlamento europeu por teleconferência e reforçou o pedido para que a Ucrânia se torne membro da União Europeia (UE).
"Nestes últimos dias, não sei mais como cumprimentar as pessoas. Não posso dizer bom dia ou boa noite, porque para alguns este é o último dia", disse ele.
"Estamos tendo que enfrentar a dura realidade, as pessoas estão morrendo todos os dias. Acho que hoje essas vidas estão sendo sacrificadas por valores, direitos, liberdade e igualdade dos quais você se beneficia."
"A opção europeia da Ucrânia é o caminho em que estamos nos empenhando hoje. Eu gostaria de ouvir de vocês que a escolha da Ucrânia também é sua."
"A UE será muito mais forte conosco. Mostramos nossa força e que somos iguais. Vocês podem nos provar que estão do nosso lado, que não vão desistir de nós."
O presidente ucraniano foi aplaudido de pé pelos presentes.
'Zelensky falou ao Parlamento europeu por teleconferência'
Pentágono: 'Forças russas avançam mais lentamente do que planejado'
Autoridades de Defesa dos Estados Unidos disseram que a operação da Rússia avançou muito mais lentamente do que o planejado e, agora, enfrenta escassez de suprimentos.
"Eles estão ficando literalmente sem combustível e começando a ficar sem comida para suas tropas", disse um funcionário à agência de notícias AFP.
O funcionário também disse que há sinais de problemas na moral da força russa, que conta com um grande número de soldados recrutados.
"Nem todos eles estavam aparentemente totalmente treinados e preparados, ou mesmo cientes de que seriam enviados para uma operação de combate."
O Pentágono disse que as forças russas ainda não assumiram o controle dos céus da Ucrânia depois de seis dias, nem atingiram alvos importantes, como Kharkiv ou Mariupol.
O Pentágono acrescentou que:
A Rússia lançou cerca de 400 mísseis, mas o sistema de defesa antimísseis ucraniano continua funcionando;
Lançadores que poderiam ser usados para armas termobáricas foram vistos dentro da Ucrânia, mas a inteligência dos EUA não pode confirmar se alguma arma termobárica está no país;
Cerca de 80% das tropas russas que cercaram a Ucrânia estão agora dentro do país.
Presidentes da Ucrânia e EUA conversam por telefone
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou por meia hora com Zelensky por telefone sobre a invasão russa.
Os dois discutiram sanções contra a Rússia e assistência militar à Ucrânia, disse Zelensky em um tuíte.
O presidente americano também tuitou sobre a ligação.
Diplomatas boicotam ministro russo na ONU
Durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mais de cem diplomatas de 40 países abandonaram a sessão quando o chanceler russo, Sergei Lavrov, discursava por teleconferência.
O boicote foi um protesto contra a guerra travada por Moscou. O representante do Brasil permaneceu no plenário.
Na mesma reunião, o secretário norte-americano de Estado, Antony Blinken, questionou a participação russa no conselho.
"Alguém pode razoavelmente questionar se um Estado-membro da ONU que tenta invadir outro Estado-membro - enquanto comete abusos de direitos humanos e causa grande sofrimento humanitário - deve ter direito de permanecer nesses conselho."
Belarus não vai se juntar à invasão, diz Lushenko
O presidente da Belarus, Alexander Lukashenko, disse à mídia estatal que suas forças não se juntarão às tropas russas na invasão da Ucrânia.
Lukashenko, que é um aliado do presidente russo, disse que o "Exército bielorrusso não está participando de uma ação militar, e nunca o fez".
"Podemos provar isso para qualquer um. Mais do que isso, a liderança russa nunca levantou essa questão conosco - nosso envolvimento no conflito armado. E não pretendemos participar dessa operação especial na Ucrânia no futuro. Não há necessidade disso."
Na segunda-feira (28/2), surgiram temores de que Lukashenko estava se preparando para enviar uma força militar para se juntar ao ataque.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, disse que a Rússia "zombou" da soberania da Belarus ao lançar sua invasão da Ucrânia a partir do território bielorrusso.
Reino Unido anuncia sanções contra Belarus
O Reino Unido está impondo sanções à Belarus, anunciou o governo britânico.
A secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, disse que as sanções estão sendo lançadas contra indivíduos e organizações por causa do papel que o país está desempenhando na invasão da Ucrânia.
"O regime de Lukashenko ajuda ativamente e é cúmplice da invasão ilegal da Rússia e sentirá as consequências econômicas de seu apoio a Putin", disse Truss.
Mais de 660 mil ucranianos já fugiram do país
A agência de refugiados da ONU diz que mais de 660 mil pessoas - a maioria delas mulheres e crianças - deixaram a Ucrânia desde o início da guerra.
Shabia Mantoo, porta-voz da agência, disse que há relatos de pessoas esperando até 60 horas para entrar na Polônia, enquanto as filas na fronteira romena chegam a 20 km.
FIA decide que pilotos russos continuarão a competir
O órgão regulador do automobilismo, a FIA, decidiu que os pilotos russos podem continuar a competir em eventos globais, embora não sob a bandeira russa.
O mesmo se aplica aos pilotos bielorrussos devido ao apoio de Minsk à invasão da Ucrânia.
A decisão permitirá que o piloto russo Nikita Mazepin corra na F1 nesta temporada com a equipe Haas.
Os competidores dos dois países hastearão uma bandeira neutra e devem assumir "compromisso específico e adesão aos princípios de paz e neutralidade política da FIA, até novo aviso", disse o órgão.
A FIA também anunciou que cancelaria o próximo evento da Intercontinental Drifting Cup que seria realizado em Sochi, na Rússia, neste verão.
Ucrânia vai vender 'títulos de guerra' para financiar Forças Armadas
O governo da Ucrânia disse que planeja vender títulos para financiar suas Forças Armadas, enquanto elas defendem o país da invasão russa.
Pelo Twitter, o Ministério das Finanças da Ucrânia informou que cada título de um ano teria um valor nominal de 1.000 hryvnias, moeda local (cerca de R$ 172) e que a taxa de juros oferecida aos investidores seria "determinada no leilão".
"Os rendimentos dos títulos serão usados para atender às necessidades das Forças Armadas da Ucrânia", acrescentou.
ONU deve votar resolução em reunião de emergência
Diplomatas esperam para a quarta-feira uma votação de um projeto de resolução das Nações Unidas a respeito da guerra.
As negociações ocorrem meio a uma reunião de emergência da Assembleia Geral que foi convocada pelo Conselho de Segurança da ONU.
'ONU deve votar resolução sobre guerra na Ucrânia'
O encontro, que começou na segunda-feira (28/2), reúne seus 193 países-membros.
Esta é apenas a 11ª sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU desde a primeira, em 1956. A natureza rara desta reunião ressalta a enorme preocupação em torno desta crise.
A expectativa é que a resolução seja aprovada, embora ela tenha um valor mais simbólico porque as medidas previstas por ela não serão vinculativas.
BBC Brasil