Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

domingo, março 06, 2022

Ameaça nuclear de Putin não deve ser desprezada pelo Ocidente - Editorial

 




Vladimir Putin tem feito esforço para espalhar o medo. Com uma regularidade quase cronometrada, alimenta o temor do perigo atômico. Ontem tropas russas assumiram o controle da maior usina nuclear da Europa, no sudeste da Ucrânia, depois de provocar incêndio no prédio. Submarinos nucleares russos fazem exercícios militares no norte do país. No último domingo, Putin ordenou que as forças nucleares russas entrassem em alerta máximo. No discurso veiculado no primeiro dia da invasão, prometeu “consequências nunca vistas antes” a quem tentasse impedir o avanço de suas tropas. Teria ele coragem para fazer o impensável?

É inegável que o risco nuclear aumentou. As tropas russas nem tinham cruzado a fronteira com a Ucrânia, e os integrantes do Boletim de Cientistas Atômicos, que criou o Relógio do Apocalipse para avaliar o risco de um cataclismo nuclear, já começavam a mexer nos ponteiros. É verdade que Putin pode estar blefando, mas a própria invasão da Ucrânia comprova que ele é imprevisível. Putin tenta culpar os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas está claro quem começou a agressão.

Essa imprevisibilidade impõe um dilema ao Ocidente. De um lado, qualquer reação mais forte aumenta o risco de um revide nuclear. De outro, quanto mais Putin insiste em suas ameaças, mais claro fica que deve ser confrontado. Ceder agora só adiará o problema. Na ausência de freios, ele certamente será encorajado a atacar com mais força.

Por isso, ao mesmo tempo que mantém a pressão, o Ocidente deve evitar que o conflito saia de controle. Os russos não precisam de seu arsenal atômico para derrotar os ucranianos. O risco é se sentirem ameaçados e decidirem pelo emprego de armas nucleares de uso tático, bombas construídas para uso em campos de batalha. Dependendo da força de explosão, elas podem destruir uma grande aglomeração de soldados e até uma cidade.

Líderes ocidentais precisam ser claros na comunicação para evitar confusões. “Intervenção” para os paranoicos militares russos tem vários significados. Voluntários vindos da Europa Ocidental para lutar na Ucrânia podem ser vistos como soldados disfarçados. Movimento de tropas em países da Otan pode ser interpretado como preparo ao combate. Nessa hora, canais diretos de comunicação são cruciais.

Mesmo que restrito, o uso de bombas nucleares jamais deve ser tolerado. A última vez em que isso ocorreu foi em 1945. Os desdobramentos, sabe-se desde então, são apocalípticos. O momento em que a humanidade esteve mais próxima da extinção foram duas semanas em 1962, durante a crise dos mísseis em Cuba. Hoje, um confronto nuclear ainda é improvável. Mas é preciso garantir que continue assim.

O Globo

Em destaque

Meta diz à AGU que fim da checagem só vale nos Estados Unidos

Publicado em 14 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do Genildo (Arquivo Google) Deu na IstoÉ N...

Mais visitadas