Pedro do Coutto
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro sustentava que a democracia brasileira nunca esteve tão forte, o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, filhos do presidente da República, apoiavam o ataque desfechado pelo general Augusto Heleno ao Poder Legislativo e na sequência criticavam o deputado Rodrigo Maia e o senador Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara e do Senado Federal.
Matéria publicada no Estado de São Paulo, destaca o episódio e as contradições que podem ser extraídas dele. A ministra Damares Alves e o ministro da Educação Weintraub também se manifestaram a favor do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
DIZ CARLOS – O Estado de São Paulo não incluiu o senador Flávio Bolsonaro entre os que se posicionaram ao lado de Augusto Heleno. Entretanto chama atenção o texto divulgado por Carlos Bolsonaro que afirmou “ninguém viu a democracia ameaçada quando os poderes Executivos e Legislativos mantinham uma relação promíscua antes do atual governo, o que resultou no mais ecocatastrófico escândalo de corrupção de nossa história”.
A impressão que se tem é que ainda não terminou o episódio, coincidentemente quando a polícia militar do Ceará desencadeia uma rebelião por aumento de salário. O quadro político, como acentuei em artigos anteriores é preocupante. Dá a impressão que Jair Bolsonaro torce para o fechamento dos espaços capazes de unir o Executivo à maioria parlamentar.
GOVERNO VITORIOSO – Não têm razão, nem ele nem o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, pois até hoje o governo saiu-se vitorioso em todas as votações nos projetos de seu interesse, principalmente a reforma da Previdência.
O que se estranha é que a reforma da Previdência Social, considerada peça base para a recuperação econômica do país , não tenha ainda produzido os efeitos projetados pelo ministro Paulo Guedes.
Por falar em Paulo Guedes, o presidente da República (reportagem de Gustavo Uribe e Fábio Pupo) cobrou do ministro o crescimento de 2% do Produto Interno Bruto já em 2020. Não será tarefa fácil, pois é preciso não esquecer que o reforço na equipe do INSS para zerar o atraso de 1 milhão e 500 mil processos de aposentadoria ainda sequer foi escalada.
OUTRA VERDADE – Projeta-se no ar uma outra verdade no caso, podendo o atraso ser consequência também da escassez de recursos financeiros. A matéria de Uribe e Pupo foi publicada pela Folha de São Paulo.
Voltando a falar em recursos financeiros, Gustavo Paul e Renato Andrade, O Globo, destacaram a decisão do governo de reduzir em 135 bilhões de reais o depósito compulsório que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central para garantir seu funcionamento. A medida é vista como uma decisão de estímulo à economia do país.
Sem dúvida, mas o estímulo será uma decorrência do aumento do crédito bancário a disposição do público, uma vez que não existe outra forma de impulsionar o consumo sem que a rede bancária amplie suas linhas de crédito àqueles que irão encontrar no pagamento de juros uma forma de ampliar momentaneamente seu poder aquisitivo.