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terça-feira, fevereiro 12, 2019

Uma bela recordação do trabalho de um jornalista chamado Ricardo Boechat


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Ricardo Boechat sabia como travar o chamado bom combate
Jorge Béja
Teve um final de dia na década de 80, que bateu lá no meu escritório de advocacia, por volta das 18 horas, um empresário desesperado. O homem e sua família sobreviviam de duas ou três balanças que pesavam os caminhões que saiam do porto do Rio carregados de mercadoria. Os veículos, para começar a viagem até seu destino, geralmente longe do Rio e para outros Estados, eram obrigados a levar o certificado oficial do peso do caminhão e da carga. Para isso, a firma do empresário era a única credenciada. Não havia concorrente.
O homem estava aflito e desesperado. Isto porque a Companhia Docas do Rio havia alugado, por 15 anos, 10 balanças para serem colocadas dentro do terminal do porto do Rio. O negócio entre a empresa Docas e o locador das 10 balanças acabava com o pequeno empreendimento do empresário, que veio buscar uma solução jurídica.
AÇÃO POPULAR – A princípio não vi saída para defender o empresário. Mas quando este me apresentou a documentação, eu disse que cabia uma Ação Popular com pedido de liminar na Justiça Federal, para suspender preventivamente o tal contrato e, por fim, na sentença, anular a contratação.
Isto porque o preço do aluguel das 10 balanças por 15 anos dava para a Docas comprar 20 balanças com a garantia de 10 anos de conservação pelo vendedor. Tudo isso estava comprovado documentalmente.
Então, disse ao pequeno empresário que eu daria entrada com uma Ação Popular para o desfazimento do negócio altamente prejudicial ao erário.
OUTRA SOLUÇÃO – Foi quando tive a inspiração de dizer ao empresário que talvez o problema pudesse ser resolvido de outra forma. “Qual é?”, me perguntou ele. “Vou ligar para o Ricardo Boechat do O Globo e contar tudo a ele”, respondi.
Foi o que fiz. Peguei o telefone, Boechat atendeu, contei-lhe tudo e o jornalista que eu passasse o telefone para o empresário. Os dois se falaram. Tudo que Boechat perguntava, o empresário respondia com a documentação na mão. Terminado o diálogo, Boechat voltou a falar comigo e perguntou se aquela história era “quente”, ou seja, verdadeira. Respondi que sim. E que no dia seguinte eu começaria a redigir a Ação Popular denunciando à Justiça a “negociata” que a Docas estava concluindo.
EFEITO IMEDIATO – Foi o suficiente. No dia seguinte Boechat publicou na sua coluna de O Globo toda a história. E no mesmo dia seguinte, no final do dia, o então ministro dos Transportes anulou a locação e nem foi preciso ingressar na Justiça com a Ação Popular.
Esse era o prestígio, a força, a independência, a credibilidade de Ricardo Boechat. Assim, a “negociata” foi para o lixo e o pequeno empresário continuou com o seu pequeno antigo empreendimento.
Neste 11 de fevereiro de 2019, inesperadamente,  o jornalismo, o povo brasileiro e o Brasil perderam, para sempre, um sábio profissional.  Não ouviremos mais sua autorizada voz. Nem veremos mais a sua simpática e destemida pessoa. Só resta saudade. Descanse em paz, Ricardo. E no Reino da Eternidade, rogue a Deus por nós, brasileiros, pelo Brasil, por toda a Humanidade e pelo Mundo inteiro.

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