Carlos Newton
Anterior ao Cristianismo, o Budismo tem conceitos de ordem prática que devem ser conhecidos a avaliados, porque são adaptáveis a qualquer situação. Em suas reflexões, Sidarta Gautama, o Buda, sintetizou as Quatro Nobres Verdades (existência do sofrimento, causas do sofrimento, liberação do sofrimento e caminho para liberação), para que se entendam as coisas como elas realmente são, e com isso gerar uma motivação de querer se liberar e ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo.
Para liberação do sofrimento, Gautama sugeria o “caminho do meio”, porque baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos. E sugeria oito práticas: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta. E essas práticas, é claro, podem ser resumidas numa só – fazer a coisa certa.
CRISE BRASILEIRA – Adaptando ao Brasil os ensinamentos budistas, toda pessoa de bem, que deseja o melhor para o país, precisa torcer para o governo de Jair Bolsonaro ter êxito, não se pode continuar nesse poço sem fundo. É claro que esse sentimento não pode ser incondicional. Pelo contrário, é preciso apoiar as medidas certas do governo e criticar as que estiverem erradas, apenas isso. Seria uma maneira budista de encarar a realidade, sem arroubos ideológicos e outras posturas radicais que hoje não têm o menor sentido.
Aqui na “Tribuna da Internet” perseguimos esse comportamento budista, procurando apoiar todas as coisas certas do governo e criticar os erros e até infantilidades, como essa clara tentativa de escantear o vice-presidente Hamilton Mourão.
PALESTRA EXPLOSIVA – Conheci o general Mourão em 2013, quando fez uma impressionante palestra, de improviso, no Seminário de Sustentabilidade organizado em Brasília pela Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra).
Estávamos no terceiro ano da gestão de Dilma Rousseff, o país mergulhava na recessão, Mourão não economizou palavras. Perante cerca de 300 pessoas, incluindo empresários, profissionais liberais e oficiais superiores das três Armas, o general esculhambou o governo, disse que no Brasil não havia planejamento, o governo federal não tinha projeto, era tudo uma grande bagunça, a gestão de Dilma Rousseff não tinha a menor possibilidade de dar certo.
Quando acabou a palestra, Mourão foi entusiasticamente aplaudido e saiu para a varanda do Clube Naval. Fui até ele, me apresentei como jornalista para entrevistá-lo.
FORA DO REGULAMENTO – De início, eu lhe disse que era surpreendente que um general da ativa abordasse temas políticos em público (é proibido pelo Regulamento das Forças Armadas). Sua resposta foi surpreendente:
“Pode publicar o que você quiser, eu não disse nem metade do que penso” – e começou a criticar o PT e a classe política. Entendi que estava diante de um chefe militar de muita coragem e espírito público. Ao defender os interesses do Brasil, pouco se importava com a própria carreira.
É essa a impressão que ainda me passa o general Mourão. Jamais se comportará como político, porque procura sempre dizer a verdade, não fica na enrolação. É um erro o Planalto tentar neutralizá-lo. Na verdade, Mourão não é “rival” de Bolsonaro´. Pelo contrário, é um dos sustentáculos dele.
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P.S. 1 – Descrentes dos políticos, muitos eleitores votaram em Bolsonaro porque o candidato tinha o apoio dos militares e iria governar com eles. O general Mourão ajudou muito a eleger o novo presidente e precisa ser respeitado. Se Bolsonaro pensa que pode prescindir da participação dele, está totalmente equivocado, porque resolveu seguir o caminho de Buda na contramão.
P.S. 1 – Descrentes dos políticos, muitos eleitores votaram em Bolsonaro porque o candidato tinha o apoio dos militares e iria governar com eles. O general Mourão ajudou muito a eleger o novo presidente e precisa ser respeitado. Se Bolsonaro pensa que pode prescindir da participação dele, está totalmente equivocado, porque resolveu seguir o caminho de Buda na contramão.
P.S. 2 – Bolsonaro acertou ao cumprimentar Renan pela viabilização de sua candidatura. O presidente deve respeitar as decisões dos outros poderes, porque não tem como mudá-las. (C.N.)