Jussara Soares e Karla GambaO Globo
O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, confirmou nesta segunda-feira a demissão do ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno. Em um pronunciamento à imprensa, o porta-voz leu uma nota na qual comunicou oficialmente que Bolsonaro decidiu pela exoneração de Bebianno. Perguntado sobre a razão da demissão, o porta-voz explicou que foi uma questão de “foro íntimo” do presidente. O general Floriano Peixoto Vieira Neto assumirá o cargo Ele será o oitavo militar no primeiro escalão do governo.
Em nome do presidente Jair Bolsonaro, Rêgo Barros agradeceu ao ministro Bebianno: “O presidente agradece sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso na nova caminhada” — afirmou o porta-voz.
NA ADVOCACIA – Agora, fora do governo, Bebianno diz que voltará a advogar. Segundo o empresário Paulo Marinho, um dos mais próximos aliados do ex-ministro, ele não descarta seguir na política.
A demissão ocorre após uma crise ao longo de toda a última semana. O ex-ministro foi chamado de mentiroso pelo vereador Carlos Bolsonaro, na última quarta-feira. No Twitter, o filho mais próximo do presidente disse que Bebianno mentiu ao falar ao Globo que havia conversado três vezes com o presidente no dia anterior.
A declaração foi dada para negar que ele estava protagonizando a crise. Na ocasião, Bebianno disse que só havia tratado de assuntos institucionais e não sobre uma possível instabilidade no governo.
ACUSAÇÕES – Carlos chegou a compartilhar um áudio do presidente para Bebianno como forma de comprovar que não o houve uma conversa entre os dois. As mensagens foram posteriormente compartilhadas pelo próprio Bolsonaro.
O processo de desgaste de Bebianno começou com denúncias envolvendo supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL, partido dele e de Bolsonaro, publicadas na “Folha de S. Paulo”. Bolsonaro e os filhos, no entanto, acusam o ex-coordenador da campanha de vazar informações para a imprensa.
A “fritura” do ministro ocorria desde a transição, quando o presidente esvaziou a Secretaria-Geral da Presidência para tirar poderes do desafeto do filho. Durante todo o período de mudança de governo, Bebianno evitou declarações à imprensa e se cercou de militares em seu gabinete como modo de se blindar no Planalto.
Bebianno nega as acusações e promete, fora do poder, comprovar com textos e áudios que não mentiu e que não é responsável pelos casos de candidaturas laranjas nos estados. Ele também está disposto a rebater os ataques de Carlos Bolsonaro.
Na semana passada, políticos e militares atuaram para tentar debelar a crise e evitar a demissão. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chegou a ligar para o ministro da Economia, Paulo Guedes, para dizer que a demissão poderia atrapalhar a aprovação da reforma da Previdência.
Na sexta-feira, durante uma reunião no Palácio do Planalto, Onyx disse a Bebianno que ele ficaria no governo, mas foi alertado a permanecer em silêncio.
No fim da tarde do mesmo dia, Bolsonaro e Bebianno se encontraram pessoalmente. O presidente chegou a oferecer a ele um cargo na diretoria da hidrelétrica de Itapu, mas Bebianno recusou. Após uma conversa ríspida, com ataques de ambos os lados, Bolsonaro saiu decidido a demiti-lo e integrantes do governo vazaram para a imprensa que o ato de exoneração do ministro já havia sido assinado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em relação simultânea, “razões de foro íntimo” podem ser substituídas por “pedidos dos filhos”. Bebianno não aceitava a interferência dos filhos de Bolsonaro em assuntos do governo nem o fato de manterem um “olheiro” dentro do Planalto, o primo Léo Índio, muito ligado a Carlos Bolsonaro, que por ele é chamado de Carluxo. O afastamento de Bebianno, por motivo de foro íntimo, é a demissão mais esquisita da História Republicana. E foi um parto prolongado. Resta saber se Bebianno, que recusou a diretoria de Itaipu e a Embaixada na Itália, vai ficar calado ou reagir. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em relação simultânea, “razões de foro íntimo” podem ser substituídas por “pedidos dos filhos”. Bebianno não aceitava a interferência dos filhos de Bolsonaro em assuntos do governo nem o fato de manterem um “olheiro” dentro do Planalto, o primo Léo Índio, muito ligado a Carlos Bolsonaro, que por ele é chamado de Carluxo. O afastamento de Bebianno, por motivo de foro íntimo, é a demissão mais esquisita da História Republicana. E foi um parto prolongado. Resta saber se Bebianno, que recusou a diretoria de Itaipu e a Embaixada na Itália, vai ficar calado ou reagir. (C.N.)