Pedro do Coutto
Foi exatamente isso o que ocorreu na quinta-feira quando o presidente Jair Bolsonaro foi entrevistado pelo SBT. Ontem a entrevista foi objeto de excelente reportagem de Geralda Doca publicada em O Globo. O presidente da República afirmou que no seu projeto de reforma propõe idade mínima de 62 anos para homens e 57 para mulheres. Ficou no ar uma dúvida: se ele se referia somente ao funcionalismo federal ou de forma simultânea incluindo os trabalhadores regidos pela CLT. Mas isso não muda o impacto da entrevista.
O projeto enviado ao Congresso pelo ex-presidente Michel Temer estabelece o limite de idade bem maior do que esse. Com isso, Bolsonaro desarmou a oposição parlamentar.
UM ALÍVIO – O presidente aceitou modificações que efetivamente representam um alívio sobretudo para aqueles que se encontram próximos a requerer aposentadorias. E o próprio Jair Bolsonaro criticou, de outro lado, a ideia de aumentar a alíquota da contribuição previdenciária de 11 para 14%.
Dessa forma, encampou indiretamente a reivindicação dos funcionários da cidade de São Paulo, cuja contribuição tinha sido elevada de 11 para 14%. E funciona como uma sinalização para que o governador João Dória não siga o mesmo caminho adotado pelo prefeito Bruno Covas. A declaração do presidente da República deverá repercutir no Estado do Rio de Janeiro, já que o ex-governador Luiz Fernando Pezão aprovou a contribuição dos funcionários na mesma escala condenada pelo Presidente da República.
A propósito do assunto ele disse o seguinte: “Acho que é injusto aumentar alíquota previdenciária dos servidores. Os 11% estão de bom tamanho”.
REFORMA BOA – A investida de Bolsonaro na área em que estava sendo elaborado o projeto de reforma levará inevitavelmente a que a equipe chefiada pelo ministro Paulo Guedes reveja suas colocações. Bolsonaro ainda acrescentou: reforma boa não é a que está na cabeça da equipe econômica, mas sim no projeto para passar na Câmara e no Senado Federal.
Ressaltou também que deverá ser diminuída a alíquota do Imposto de Renda na fonte, hoje na escala de 27,5% para os salários acima de 4 mil reais.
A oposição perdeu a maioria dos argumentos que possuía para combater a reforma da Previdência Social. E a equipe econômica foi ultrapassada pela vontade do Presidente Jair Bolsonaro.