Carlos Newton
A internet e suas redes sociais mudaram muita coisa na sociedade contemporânea, parece um tsunami, mas há uma realidade imutável – a imprensa continua a representar os olhos e os ouvidos da nação, em suas diversas modalidades. Como fazem todo ano os blocos carnavalescos do Rio de Janeiro, é preciso saudar “a imprensa escrita, falada e televisada”. A novidade é que agora temos a internet, mas nada mudou na essência.
Em minha visão pessoal, acredito que o jornalista precisa atuar como clínico geral da sociedade, a apontar seus males, suas formas de recuperação e seus acertos. É assim que as coisas funcionam.
DIZIA MILLÔR – É famosa e comumente citada a frase de Millôr Fernandes – “Jornalismo é oposição, o resto é secos e molhados”. É uma bela afirmação, que tem muito de verdade, assim como outra frase muito interessante, que não ficou famosa e era usada por Carlos Imperial quando dirigia a revista “Fatos & Fotos” junto com Raul Giudicelli e os dois batiam recordes de vendagem: “Sem direito de elogiar, nenhuma crítica é válida”.
Prefiro pensar que a função do jornalista tem de ser independente, sem vinculações partidárias ou ideológicas que possam macular seu trabalho. Ou seja, deve criticar tudo que apresentar evidências de que está errado e elogiar as providências que pareçam estar corretas.
É claro que o jornalista pode errar na avaliação e deve ser criticado por isso, porque a regra é clara e vale para todos, como diria Arnaldo Cezar Coelho.
BOLSONARO NA MIRA – Na condição de novo presidente, Bolsonaro substitui Temer, Dilma e Lula no principal foco da imprensa. É normal que isso ocorra. Ele agora é a bola da vez, na sinuca política.
Aqui na TI, a rotina não mudará – o atual presidente terá o mesmo tratamento dos anteriores. Quando acertar, elogios; quando se equivocar, pancadas nele! Por exemplo, Bolsonaro acertou em cheio ao convidar Sérgio Moro e lhe dar carta branca. O novo ministro da Justiça está fazendo um trabalho extraordinário, conforme se constatou na blindagem do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que agora está livre de corrupção.
ERROS E ACERTOS – No entanto, Bolsonaro errou ao nomear Ernesto Araújo para chanceler, mas já cortou as asas dele, ao recuar na mudança da embaixada para Jerusalém e foi elogiado aqui na TI. Errou ainda mais ao nomear a pastora Damares Alves, que não tem vocação para o cargo ministerial, digamos assim. E também errou ao nomear Paulo Guedes, mas acaba de desautorizá-lo na reforma da Previdência, e merece elogios.
Bolsonaro tem essa grande qualidade – recua quando percebe que se equivocou. Se deixar de lado a ideologia e se preocupar no que é certo e no que é errado, estará se credenciando a fazer um governo para ficar na História. Aliás, poderia começar por convocar auditorias para a Previdência e a dívida pública. Seria uma iniciativa absolutamente consagradora.