Bloomberg News
A Vale já é alvo de uma ação pública coletiva (class action, em inglês) iniciada na noite desta segunda-feira numa corte distrital de Nova York, nos Estados Unidos. O processo acusa a mineradora brasileira de mentir para os investidores sobre seu comprometimento em garantir a segurança de seus trabalhadores, diante do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. Além da Vale, o presidente da empresa, Fábio Schvartsman, e o diretor financeiro, Luciano Siani, são arrolados individualmente na ação.
O acidente já contabiliza mais de 60 mortos e cerca de 300 pessoas desaparecidas. A maioria das vítimas é de trabalhadores da mineradora. Nesta segunda-feira, a Vale perdeu R$ 72,7 bilhões em valor de mercado, num tombo histórico de 24,52%. A queda dos papéis da companhia afetou o Ibovespa, que recuou 2,29%.
PERDAS ACIONÁRIAS – A ação protocolada por Bryan Rauch acusa a Vale e dois de seus executivos por decisões equivocadas e omissões que causaram perdas significativas a ele e a outros investidores da companhia, já que a mineradora vem sendo alertada sobre o risco de outros acidentes desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos.
Em 2017, a Vale declarou a Securities and Exchange Comission (SEC), o órgão que regula o mercado de ações nos EUA, que estava comprometida em garantir um ambiente de trabalho seguro e em minimizar o impacto ao meio ambiente após o acidente de Mariana. Segundo a ação, essas afirmações eram falsas, uma vez que a Vale falhou em avaliar os riscos e o potencial de danos da barreira em Brumadinho, e seus programas de segurança eram inadequados.
AÇÕES EM QUEDA – Ao apresentar informações falsas sobre suas operações, a Vale causou prejuízo aos investidores, alegam os advogados, já que as ações foram afetadas quando a situação verdadeira da companhia veio à tona.
A empresa tem ADRs, que são recibos de ações, negociados na Bolsa de Nova York e, por isso, pode ser alvo de ações nos Estados Unidos.
Neste tipo de ação, escritórios de advocacia convocam investidores a aderirem ao processo. A ação iniciada na segunda-feira é de autoria da Rosen Law, uma das maiores bancas de advocacia dos EUA especializada em ações de investidores. O escritório está convocando quem comprou ações da Vale negociadas na Bolsa de Nova York no período entre 13 de abril de 2018 e 28 de janeiro de 2019 a aderir à ação.
IGUAL À PETROBRAS – Ações coletivas de investidores podem resultar em perdas bilionárias para empresas com ações negociadas no mercado americano.
Em 2018, a Petrobras pagou US$ 2,95 bilhões para encerrar uma ação coletiva de investidores que acusavam a empresa de prejuízos pelo escândalo de corrupção revelado na Operação Lava-Jato.