Carlos Newton
Todos os jornais, rádios e televisões anunciam que o líder da al-Qaeda, Osama Bin Laden, mentor dos atentados de 11 de Setembro, foi morto ontem no Paquistão, com um tiro na cabeça, em operação que teria sido comandada diretamente pela Casa Branca, com apoio do governo paquistanês. É notícia a ser comemorada, não há dúvida.
Mas por que não foram exibidas imagens do corpo do terrorista? Em que circunstâncias foi morto? Resistiu ou foi executado? Até agora, ninguém sabe. Vamos aguardar, então.
Segundo o “New York Times”, o corpo do terrorista foi levado para o Afeganistão e depois sepultado no mar, seguindo as tradições muçulmanas. De acordo com o NYT e a agência de notícias Associated Press, o funeral seguiu o preceito americano de enterrar o corpo no mesmo dia da morte. Ao mesmo tempo, divulgou a agência AP, as autoridades americanas justificaram o enterro no mar afirmando que seria difícil encontrar um país que aceitasse receber o corpo de um dos mais procurados líderes extremistas do mundo.
O governo americano está fazendo testes de DNA com os restos mortais de Osama Bin Laden e usou técnicas de reconhecimento facial para ajudar em sua identificação, disse um porta-voz dos Estados Unidos nesta segunda-feira. Mas os resultados só devem estar disponíveis nos próximos dias.
Por que só nos próximos dias? Era Bin Laden ou não? Por que ainda não exibiram as imagens do terrorista morto? Por que esse sepultamento no mar, tão rapidamente, “seguindo o preceito americano de enterrar o corpo no mesmo dia da morte”? Michael Jackson e Liz Taylor demoraram dias e dias para serem resultados. O tal “preceito americano” não foi seguido?
A morte de Bin Laden é para ser comemorada por todas as pessoas do bem, mas os americanos, à primeira vista, parecem não estarem conduzindo adequadamente esse assunto, que é muito delicado. Por isso, ao anunciar a morte do terrorista, o presidente americano Barack Obama já frisou que que sua guerra é contra o terror, e não contra o islamismo. E o governo dos Estados Unidos advertiu no domingo a seus cidadãos em todo o mundo de que existe um risco maior de violência contra americanos após a morte de Osama Bin Laden.
“Dada a incerteza e a volatibilidade da atual situação, pedimos aos cidadãos americanos em áreas em que eventos poderiam causar violência contra os Estados Unidos para limitar os movimentos fora de suas casas ou hotéis e também evitar multidões ou protestos”, disse o Departamento de Estado dos EUA em um comunicado.
Este é o mundo em que vivemos.
Fonte: Tribuna da Imprensa