quinta-feira, maio 05, 2011

Barack Obama igual a Ernesto Geisel?

Carlos Chagas

Os episódios recentes no Paquistão e na Líbia lembram com clareza aquilo que o jornalista Elio Gaspari publicou em livro, a respeito da reação do general Ernesto Geisel ao ser informado de que um grupo de subversivos chilenos havia sido morto pelas forças de segurança, ao tentar entrar no Brasil: “Tem que matar mesmo, não é?”

No caso, matar sem julgamento, em especial nos países onde não há pena de morte. Qual a diferença entre o tonitruante general-presidente e o ameno Barack Obama, para quem justiça foi feita com o assassinato de Osama Bin Laden?

Ambos justificaram as mortes sem sentença judicial por conta do execrável comportamento de subversivos e terroristas, uns explodindo as Torres Gêmeas, quartéis, navios e embaixadas, outros sequestrando, assaltando bancos e matando.

Abre-se o século sob discussão que vem de tempos imemoriais: deve o poder público adotar as mesmas táticas dos adversários postados à margem da lei? Prevalece na Humanidade o Talião, aquele do “olho por olho e dente por dente”?

Torna-se difícil explicar às famílias de centenas de milhares de vítimas que o Estado tem limites, quando constituído para gerir a sociedade organizada segundo princípios justos e democráticos. Não sendo assim, prevalecerão a barbárie, a vontade e os interesses do mais forte.

Assistimos, na mesma semana, a execução sem julgamento de Bin Laden e, não muito longe, na Líbia, o bombardeio dos palácios de Kadaffi, onde morreram um filho e netos do ditador. E pela ação dos mesmos, afastado o eufemismo de que foram aviões da OTAN a atacar Trípoli. Eram americanos, da mesma forma como os helicópteros utilizados no Paquistão.

Seria bom meditar na evidência de que Barack Obama e Ernesto Geisel possuem muito mais semelhanças do que diferenças.

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ALIANÇA CONTRA SERRA

Consolida-se a aliança entre Geraldo Alckmin e Aécio Neves, ambos sustentando a incorporação do DEM ao PSDB e, mais ainda, favoráveis à permanência de Sérgio Guerra no comando dos tucanos. Ainda que precária, trata-se de uma frente única contra José Serra, que pretendem afastar das hipóteses sucessórias para 2014. Ao contrário do que sustenta o candidato derrotado ano passado, a crise no PSDB não é apenas paulista. É nacional, apesar dele ter lembrado os 44 milhões de votos recebidos em todo o país, na recente sucessão.

Resta saber como reagirá José Serra, mas se abrir luta em duas frentes correrá o risco de acabar como acabou o III Reich. Está sendo aconselhado a escolher um adversário e celebrar pacto de não agressão com o outro, mas como Aécio não é Stalin, muito menos Alckmin será Churchill, fica difícil selecionar quem receberá o primeiro ataque…

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MICHEL ABENÇOADO

De novo no Brasil, depois de representar o país nas cerimônias de beatificação de João Paulo II, no Vaticano, Michel Temer desembarcou retemperado e até abençoado por Bento XVI. Mostra-se disposto a seguir adiante na missão de abrir espaços para o PMDB no segundo escalão do governo, agora que a nova direção do PT entrou em rota de colisão com a presidente Dilma Rousseff.
Sua primeira iniciativa foi acalmar os ânimos de Henrique Eduardo Alves, o mais decepcionado de seus companheiros diante da parcimônia com que o palácio do Planalto contempla os pleitos do partido. Parece que conseguiu.

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MURALHA INTRANSPONÍVEL?

Apesar de durante a campanha, Dilma Rousseff haver-se pronunciado favorável ao financiamento público das campanhas, a equipe econômica erigiu forte muralha diante da proposta defendida pelo PT e adjacências. A presidente parece sensibilizada pelos argumentos de Mantega, Palocci e companhia, a respeito de numa hora de contenção como a atual, ficar difícil encontrar dinheiro para dar a partidos e candidatos gastarem em campanhas eleitorais.

Até porque, não haverá como a Justiça Eleitoral fiscalizar o uso do chamado caixa dois, ou o emprego de recursos particulares na conquista de votos. Seria necessário, primeiro, aparelhar o Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais para essa tarefa, mas como os concursos e nomeações encontram-se proibidos, onde buscar montes de fiscais?

Fonte: Tribuna da Imprensa

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