O Globo
Para aprovar os R$ 545, governo cede mais no IR
Num esforço de última hora para tentar convencer o Congresso Nacional a aprovar um salário mínimo de R$545 para 2011, o governo decidiu dar um benefício adicional aos trabalhadores e definiu que a política de valorização da renda será acompanhada de uma correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda (IR) não só para 2011, mas pelos próximo quatro anos. Segundo técnicos da área econômica, a ideia é ter um projeto de prazo mais longo para evitar que ao final de cada ano do mandato de Dilma Rousseff, o governo seja pressionado a reajustar a tabela das pessoas físicas.
- Uma correção de quatro anos tira o assunto do caminho - disse um técnico.
A proposta para o IR, no entanto, está diretamente condicionada ao valor do salário mínimo defendido pelo governo. Uma correção de 4,5% na tabela representa, por ano, uma renúncia fiscal de R$2,2 bilhões. Ou seja, ao final do mandato, o governo abriria mão de quase R$9 bilhões.
Mantega: reajuste maior custará R$16,5 bi
Na véspera do primeiro teste no Congresso da presidente Dilma Rousseff, o governo usou ontem todos os instrumentos de pressão para garantir uma vitória hoje na votação do projeto que fixa em R$545 o valor do salário mínimo em 2011 e mantém a atual regra de reajuste do benefício até 2015. Como porta-voz do governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, enfrentou o bombardeio na Comissão Geral do plenário da Câmara e disse a parlamentares e sindicalistas que não há espaço fiscal para conceder um reajuste maior do que R$545.
Aécio negocia para atrair centrais
Numa ação articulada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), as bancadas tucanas da Câmara e do Senado decidiram ontem apoiar a proposta das centrais sindicais, que reivindicam um salário mínimo de R$560, caso o partido não consiga aprovar o valor de R$600 defendido durante a campanha passada por seu candidato à Presidência, José Serra. Para Aécio, mais do que um plano B, essa aliança com as centrais poderá garantir uma reaproximação estratégica da oposição com o movimento sindical, aproveitando o primeiro embate público dele com o governo da petista Dilma Rousseff.
Na distribuição de cargos, Dilma vai tratar 'dissidentes como dissidentes'
Na véspera da votação do salário mínimo, o Palácio do Planalto decidiu jogar pesado com os aliados para demarcar a base governista na Câmara dos Deputados. O objetivo é mapear o tamanho real dos votos dos deputados que será usado como critério no loteamento político dos cargos de 2º e 3º escalões.
Ontem, deputados da base receberam o recado de que a presidente Dilma Rousseff passaria a tratar "os dissidentes como dissidentes". Ou seja, haveria nomes de afilhados políticos vetados para cargos no governo. No Palácio do Planalto, a postura "vacilante" do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que se negou a defender a posição do governo, pegou muito mal. O governo queria um enquadramento do PDT, o que não aconteceu.
O vaivém de Lupi pelos R$ 545
Apesar do apelo ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, feito pela presidente Dilma, em reunião com a bancada ele não se empenhou para enquadrar o PDT para aderir ao mínimo de R$545. A bancada lutará pelos R$560. Lupi não pediu voto nos R$545, disse o líder da bancada, deputado Giovanni Queiroz (PA):
- Em nenhum momento (ele pediu que votassem os R$545). Foi inteligente o ministro em querer ouvir a bancada e o fez com uma postura extraordinária, é o que esperávamos dele.
Lupi avisou que a decisão era tentar convencer o governo a dar aumento maior:
- Vamos conversar e trabalhar para unir a bancada. Resolvemos esperar os acontecimentos.
Ex-vice-presidente Alencar vai da UTI para quarto
O ex-vice-presidente da República José Alencar foi transferido ontem à tarde da UTI cardiológica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde está internado desde a semana passada com perfuração intestinal, para um quarto. O boletim médico informou: "O paciente evolui satisfatoriamente, embora seu quadro clínico continue delicado, permitindo uma transferência na data de hoje para o quarto."
- O estado de saúde dele ainda é delicado, mas permanece estável. É impressionante a recuperação dele em comparação a outros casos semelhantes - comentou o oncologista Paulo Hoff, que compõe a equipe médica no Sírio-Libanês.
Decat assume Furnas e promete transparência
Em cerimônia marcada pela ausência de políticos, o engenheiro Flávio Decat assumiu ontem a presidência de Furnas Centrais Elétricas. Nome com perfil técnico, escolhido pela presidente Dilma Rousseff para substituir Carlos Nadalutti Filho, que era indicado pelo PMDB fluminense, Decat toma posse na semana em que a estatal é visitada por auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU). Eles investigam denúncias de que empresas ligadas a políticos teriam sido favorecidas em negócios com Furnas.
STF julga hoje aposentadoria vitalícia no Pará
Está na pauta de hoje do Supremo Tribunal Federal (STF) a primeira das sete ações que pedem a revogação do pagamento de pensões vitalícias a ex-governadores. O primeiro caso será o do Pará. Como nos demais estados, a Assembleia Legislativa modificou a Constituição estadual para autorizar os pagamentos. Todas as ações foram ajuizadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Além do Pará, estão em jogo as aposentadorias de ex-governadores de Piauí, Sergipe, Paraná, Amazonas, Acre e Rio Grande do Sul.
Envolvido em quebra de sigilo trabalhará com Dilma
Jeter Ribeiro de Souza, ex-gerente da Caixa Econômica Federal (CEF) que acessou e imprimiu o extrato bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, em 2006, foi nomeado assessor do gabinete pessoal da presidente Dilma Rousseff. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União em 2 de fevereiro deste ano. A informação foi divulgada pela revista "IstoÉ". Ontem, a assessoria de imprensa da Presidência informou que não fará comentário sobre o assunto e que a nomeação será mantida.
Jeter acessou a conta de Francenildo a pedido de Jorge Mattoso, então presidente da CEF, que responde a ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) pela quebra de sigilo bancário. Francenildo teve seus dados vazados depois que disse, em entrevista, que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, atual chefe da Casa Civil, participava de festas em uma casa frequentada por garotas de programa e lobistas.
Em 2010, 44 jornalistas foram mortos no mundo
Em 2010, 44 jornalistas foram assassinados em todo o mundo, entre eles um no Brasil, segundo relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Só este ano, a violência já vitimou cinco profissionais, dois que cobriam os protestos no Egito e na Tunísia. Décimo quarto país no ranking da violência contra a imprensa, o Brasil registrou 17 mortes desde 1992, a maioria (72%) ligada a reportagens sobre corrupção.
No Brasil, a maior ameaça à liberdade de imprensa está nos meios judiciais, com centenas de processos que visam censurar ou punir reportagens. As denúncias dos ataques integram o relatório anual do CPJ, lançado ontem em São Paulo, com o apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Leia no Congresso em Foco: Cuidado, jornalista: criticar pode dar cadeia
EUA criticam racismo no Brasil
A reputação internacional do Brasil de país tolerante na questão racial é manchada pela discriminação contra negros, na opinião de diplomatas americanos que revelam, em telegramas passados ao GLOBO pelo WikiLeaks, a preocupação dos Estados Unidos com o racismo brasileiro. Um pacote de 25 telegramas da embaixada dos EUA em Brasília e do consulado em São Paulo, de 2004 a 2009, mostra que os americanos creem que os brasileiros não dão a devida atenção ao assunto. "Muitos alegam que o racismo não existe, apesar das evidências esmagadoras do contrário", diz um telegrama. "A discriminação contra afro-brasileiros mancha a reputação internacional do Brasil de país tolerante e lar acolhedor para centenas de grupos indígenas e imigrantes de todos os cantos do mundo", afirma outro.
O Estado de S. Paulo
Governo diz ter 300 votos para aprovar mínimo hoje
O governo montou operação na Câmara para garantir a aprovação hoje do salário mínimo de R$ 545 e reduzir as dissidências na base. O ministro Carlos Lupi (Trabalho) pode perder o cargo caso o PDT mantenha a disposição de votar por um mínimo de R$ 560. A lista de votação com os nomes dos deputadas fiéis ao governo será usada para distribuição dos cargos de segundo e terceiro escalões do Executivo e das estatais. Os líderes governistas estão confiantes na vitória dos R$ 545 com cerca de 300 votos e esperam 76 votos dissidentes na base aliada, segundo cruzamento realizado ontem. Na avaliação tanto de governistas quanta de oposicionistas, o mínimo de R$ 560 deverá contar com o apoio de 150 a 180 deputados. "A situação do governo é confortável", afirmou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). A base está preparada para fazer cobranças em troca da fidelidade ao Planalto.
Maia mantém contratos sem licitação nos aeroportos
Emenda do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), à Medida Provisória 503, que constitui a Autoridade Pública Olímpica, prorroga sem licitação 6,4 mil contratos de concessionárias comerciais dos 67 aeroportos administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Os contratos representam receita de R$ 948 milhões anuais, segundo a estatal. Na justificativa da emenda, apresentada quando Maia ainda era vice-presidente da Câmara, o deputado afirma que teve por objetivo fomentar a capacidade da infraestrutura aeroportuária para a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.
Governo agora quer uma só estatal olímpica
O governo decidiu fundir em um único órgão as duas instituições federais que seriam criadas para a Olimpíada de 2016 no Rio. A Casa Civil estuda um modelo que reúna a Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016 e a Autoridade Pública Olímpica (APO), com uma estrutura mais enxuta do que o previsto nos projetos originais - elaborados pelo Ministério do Esporte e enviados ao Congresso pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nova instituição deverá ser dirigida pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, convidado no mês passado pela presidente Dilma Rousseff para o comando da APO.
PF mira servidores por quebra de sigilo
Sete funcionários do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e um servidor administrativo da Procuradoria Regional da Fazenda Nacional terão de explicar na Polícia Federal os motivos pelos quais acessaram, em 2007, as declarações de renda do ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Vitor Martins, de seus familiares, incluindo seu irmão, o ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins, e de empresas ligadas à família.
Disputas políticas afetam ações da Polícia Federal
Travada pela demora na definição dos membros da cúpula e alvo de disputas internas entre grupos de delegados, agentes, peritos e servidores, a Polícia Federal estreou em marcha lenta no governo Dilma Rousseff. O número de investigações abertas caiu de 22 ao mês em 2010 para menos da metade em janeiro e fevereiro deste ano.
Há mais de um mês no cargo, o diretor-geral Leandro Daiello Coimbra ainda não definiu os titulares das principais diretorias e das superintendências estaduais, alvos de uma disputa "peemedebista". Ao contrário do antecessor, Luiz Fernando Corrêa, que promoveu expurgo geral logo nos primeiros dias, Coimbra veio para uma gestão de continuidade e cada mudança é cuidadosamente negociada com a base e com os cardeais da corporação.
Brasil bate recorde de censura ao Google
Só na primeira metade do ano passado, o Google foi obrigado por autoridades brasileiras a tirar do ar 398 textos jornalísticos. Foi recorde mundial do período. O dobro do segundo da lista, a Líbia. O dado está no relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgado ontem em São Paulo.
Além disso, nos dias finais da corrida eleitoral brasileira os juízes do País emitiram 21 ordens de censura, revela uma pesquisa do Centro Knight para o Jornalismo, do Texas (EUA). Muitas agências de notícias foram também multadas ou tiveram de remover conteúdos. "Esse quadro mostra que a censura e a autocensura, que vem junto, estão atingindo níveis muito sérios no Brasil", resumiu Carlos Lauria, coordenador do CPJ, que veio ao Brasil apresentar o levantamento Ataques à Imprensa em 2010. Ele distribuiu ainda outro texto menor sobre a situação na América Latina, em encontro promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). "Nossos levantamentos apontam 44 jornalistas mortos em serviço e 145 presos, em todo o mundo, no ano passado", resumiu.
Cortes vão tirar R$ 4 bilhões da Defesa
Dos R$ 50 bilhões de cortes no Orçamento anunciados pelo governo na semana passada, o Ministério da Defesa será atingido com R$ 4,024 bilhões. O montante representa 38% do orçamento da pasta que poderia ser contingenciado (R$ 10,29 bilhões). A informação é do ministro Nelson Jobim, depois de reunião ontem no Ministério da Fazenda.
Ficarão fora dos cortes os recursos destinados ao controle do espaço aéreo, realização dos Jogos Mundiais Militares e convênios como o assinado com o Rio de Janeiro para ocupação e pacificação dos morros.
Por mínimo de R$ 545, governo ameaça barrar cargos e demitir ministro do PDT
Numa ofensiva para garantir a aprovação do salário mínimo de R$ 545 hoje na Câmara o governo mapeou os nomes dos dissidentes na base, cujas indicações políticas para cargos no segundo e terceiro escalões e nas estatais federais serão barradas, e também avisou ao PDT que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, poderá perder o cargo se o partido, que integra a coalizão governista, mantiver a disposição de votar a favor de R$ 560.
Os líderes aliados estão confiantes na vitória dos R$ 545 com cerca de 300 votos e esperam uma dissidência de 76 votos na base aliada, segundo cruzamento realizado ontem. Na avaliação tanto de governistas quanto de oposicionistas, o mínimo de R$ 560 deverá contar com o apoio de 150 a 180 deputados. "A situação é confortável", disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Na véspera da votação, Aécio e Alckmin evitam apoiar R$ 600
A pretexto de estabelecer pontes com o movimento sindical, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez um gesto público contra o mínimo de R$ 600 defendido pelo correligionário José Serra, candidato derrotado à Presidência e tentou, sem sucesso, negociar o apoio da bancada tucana à proposta de R$ 560. As bancada do PSDB da Câmara e do Senado rejeitaram a sugestão de Aécio. O argumento do PSDB é que isso estimularia um racha entre as correntes lideradas pelos dois líderes.
Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu um reajuste superior aos R$ 545 propostos pelo governo federal, mas também não encampou diretamente a proposta de Serra. "Na área federal, é preciso avaliar as contas da Previdência Social. Mas eu acho que poderia ser maior, levando-se em consideração a inflação de alimentos."
Folha de S. Paulo
Dilma e Obama assinarão tratados de cooperação
A presidente Dilma Rousseff e o presidente Barack Obama devem assinar um tratado de cooperação econômica e comercial (Teca, na sigla em inglês) durante a visita do líder americano ao Brasil, em 19 e 20 de março.
O Itamaraty e o Escritório de Comércio dos Estados Unidos, o USTr, estão finalizando os detalhes do acordo, nos moldes de tratados fechados pelo Brasil com a Suíça e pelos EUA com o Uruguai. Segundo uma fonte do governo brasileiro, o acordo já está nas mãos dos advogados, para os acertos finais. O acordo deve ser um dos principais anúncios da visita de Obama, ao lado de um tratado de previdência, semelhante ao assinado com o Japão. O tratado cria um mecanismo bilateral, em nível ministerial, para que as barreiras ao comércio e aos investimentos nos dois países sejam discutidas e resolvidas.
Itamaraty deu, em 5 anos, 328 superpassaportes
O Itamaraty concedeu 328 passaportes diplomáticos em caráter excepcional e por "interesse do país" de 2006 a 2010, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os beneficiados estão ex-vice-presidentes, ex-governadores, vice-governadores, 11 prefeitos de "grandes capitais", presidentes de partidos, ministros aposentados de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União, líderes religiosos, diretores e secretários-gerais do Congresso Nacional. O detalhamento consta da resposta assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e enviada ao Ministério Público Federal no Distrito Federal.
Dilma usa 2º escalão para aprovar R$ 545
A um dia da votação do projeto do novo salário mínimo na Câmara, o governo escalou ministros para pressionar suas bancadas a aprovar os R$ 545. Paralelamente, manteve as negociações com as legendas para preencher cargos do segundo escalão. Hoje, por exemplo, há previsão de reunião entre Antonio Palocci (Casa Civil) e a cúpula do PSB para discutir os pleitos da legenda para os cargos federais fora dos dois ministérios que controla: Integração Nacional e Portos. O vice-presidente da legenda, Roberto Amaral, disse ontem após reunião da bancada de 38 deputados federais, que "todos os parlamentares do PSB votarão com a proposta do governo".
Tucanos abandonam a defesa dos R$ 600
Cotados para disputar a Presidência pelo PSDB em 2014, o senador Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não chancelaram o salário mínimo de R$ 600, prometido pelo candidato derrotado ao Palácio do Planalto na última eleição José Serra. Os dois defenderam, no entanto, um reajuste maior do que os R$ 545 propostos pelo governo Dilma. No Senado, Aécio disse ontem que o partido deverá bancar o valor de R$ 600 "até quando for possível", e que deve estudar outras alternativas para o impasse. "O PSDB tem compromisso com o salário de R$ 600. Mas o realismo da política nos orienta a ter alternativas. Vamos ficar com os R$ 600 até quando possível", afirmou o senador, após receber representantes das centrais sindicais no Congresso.
Contas atrasadas do governo Lula inflam despesas
Compromissos remanescentes do governo Lula, de investimentos prioritários a verbas do varejo político, elevaram as despesas do Tesouro Nacional neste ano e dificultaram o ajuste fiscal da nova administração petista. Mesmo sem ter iniciado nenhuma obra nova em janeiro, o Executivo teve de começar a honrar pagamentos que haviam sido represados em dezembro para o cumprimento, ao menos no papel, da meta fiscal fixada para a União em 2010. Ao todo, Dilma Rousseff herdou R$ 11,5 bilhões em contas pendentes de seu antecessor, considerando, entre outras modalidades, contratos de prestação de serviços, compra de materiais e construção assinados entre a União e seus fornecedores.
DEM ameaça ir ao TSE contra dissidentes
O comando do DEM tem em mãos um parecer jurídico segundo o qual, em caso de fundação de um novo partido pelos dissidentes da legenda, a nova sigla não teria direito à partilha do quinhão do partido no fundo partidário e do tempo no horário eleitoral gratuito. A tese jurídica será usada para desencorajar filiados do partido a seguir o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, cuja saída do DEM é dada como certa, a despeito das últimas tentativas de acordo. A aliados Kassab praticamente descartou sua filiação ao PMDB e manifestou preferência pelo PSB como seu destino final.
STF afasta servidora que mandou Sarney pendurar chuteira
O STF (Supremo Tribunal Federal) afastou a funcionária terceirizada que publicou um comentário na página oficial do tribunal no Twitter sobre José Sarney (PMDB-AP). A mensagem, que já foi apagada, questionava quando o presidente do Senado "penduraria as chuteiras". "Ouvi por aí: "agora que o Ronaldo se aposentou, quando será que o Sarney vai resolver pendurar as chuteiras?"" Sarney havia pedido que não fosse tomada nenhuma medida contra a funcionária. O senador reagiu com bom humor ao episódio. Gravou um vídeo dizendo que não se incomoda em ser confundido com o jogador Ronaldo, que se aposentou anteontem.
Procuradoria vai apurar uso de avião por governador
A Procuradoria-Geral de Justiça vai analisar a informação, divulgada pela revista "Veja", de que o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), teria usado o jato particular do empresário Alexandre Grendene para ir aos EUA e ao Caribe em janeiro com a família. Grendene é um dos fundadores da fabricante de calçados de mesmo nome, que tem benefícios fiscais no Estado. A oposição também protocolou ontem na Assembleia cearense pedido de explicações sobre a suposta viagem. O requerimento deve ser votado amanhã e o governador tem maioria na Casa.
Correio Braziliense
Pressão máxima no salário mínimo
Ministros e deputados governistas foram a campo no Congresso para cumprir uma estrita missão repassada pelo Planalto: assegurar a aprovação do salário mínimo de R$ 545, hoje, na Câmara. Em explanação aos parlamentares, Guido Mantega (foto), da Fazenda, deixou claro que o governo não tem condições de arcar com um piso acima desse valor e alertou para a ameaça da inflação. As centrais sindicais e a oposição, por sua vez, pretendem emplacar as propostas de R$ 560 e R$ 600 no plenário. O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), estima conseguir 300 votos favoráveis na batalha do mínimo, mas a posição dúbia de parte dos aliados pode atrapalhar os planos da presidente Dilma Rousseff.
União dos opositores em xeque no Congresso
A votação do salário mínimo dividiu o PSDB. A ala do partido mais ligada ao candidato à Presidência derrotado em 2010, José Serra, prega que os tucanos lutem “até o fim” por um piso de R$ 600. Apesar de terem a consciência de que a aprovação de qualquer valor acima dos R$ 545 propostos pelo governo representará a primeira vitória da oposição no Congresso, parte do PSDB assumiu como coerência partidária bater na tecla dos R$ 600 e se recusa a engrossar as fileiras dos parlamentares rebeldes da base que apoiam os R$ 560 — há ainda uma terceira proposta, de R$ 580.
A missão espinhosa de Lupi
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tentou convencer o PDT a votar a proposta do governo para o reajuste do salário mínimo. Ontem, ele dedicou o dia à tarefa de dissuadir os parlamentares da sigla a retroceder na intenção de aprovar o valor de R$ 560, articulado pelos sindicatos e por parte da oposição — e que chegou a ser defendido pelo próprio Lupi antes de ser enquadrado pelo Palácio do Planalto. A tendência, no entanto, é que os pedetistas liberem a bancada. A movimentação de Lupi teve início já na segunda-feira. Pela primeira vez desde o início do governo Dilma Rousseff, o ministro e presidente licenciado do PDT recebeu uma ligação direta da presidente, convocando-o para uma reunião, ocorrida na manhã de ontem. Prevendo o teor da conversa, o ministro agendou um encontro com os 26 deputados e quatro senadores do partido para logo depois da conversa com Dilma. Na reunião, a presidente cobrou fidelidade do ministro e ainda passou uma tarefa complicada a ele: convencer ao menos parte da bancada pedetista a não trair o governo na votação de hoje.
Vale falar com "Deus e o diabo"
Os representantes das principais forças sindicais do país uniram-se e foram ontem à Câmara dos Deputados para fortalecer as propostas de aumento do salário mínimo acima do valor apresentado pelo governo. Eles ser reuniram com o PSDB e o DEM, se encontraram com o senador Aécio Neves (PSDB) e participaram do debate no plenário da Casa. Centenas de militantes dos sindicatos acompanharam os líderes no corpo a corpo com os parlamentares. Presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, recuou no valor inicialmente pleiteado — de R$ 580 — e apresentou a proposta de R$ 560.
Recorde em repasse a programas sociais
As maiores despesas do governo da presidente Dilma Rousseff nos primeiros 45 dias de mandato estão relacionadas a pagamento de juros, dívida, benefícios previdenciários, salários e repasses constitucionais para áreas como educação e saúde — todas obrigatórias. Fora isso, porém, neste começo de 2011, os programas sociais, principal mote de Dilma, ganharam força. Tanto o Bolsa Família, principal vitrine do governo do ex-presidente Lula, quanto programas que distribuem renda — como o Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o de recursos pesqueiros sustentáveis, que concede o seguro-desemprego ao pescador artesanal — foram os mais contemplados. Os três dispararam em relação ao primeiro bimestre de 2010, com um volume de recursos já desembolsados superior a R$ 3,2 bilhões, o que representa uma diferença de quase R$ 500 milhões ao registrado em janeiro e fevereiro do ano passado.
Não cabe chiadeira
O terceiro andar do Palácio do Planalto tornou-se alvo da romaria de ministros insatisfeitos com o tamanho do corte no orçamento deste ano. Os titulares das pastas batem na porta do gabinete da presidente Dilma Rousseff pedindo economia na tesourada. A resposta que recebem é a mesma (corte é necessário para colocar ordem na casa) e vem acompanhada de uma recomendação: não há espaço para reclamação, insatisfação e chiadeira.
Fonte: Congressoemfoco