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quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Depois de mais de um mês de susto e sobressalto, o candidato oficial, Marco Maia, foi eleito presidente da Câmara. Apoiado por um bloco de 20 dos 22 partidos com representantes, por que o susto?
Helio Fernandes

De ontem, terça, para hoje, quarta, pouco se sabia sobre o que aconteceria na eleição do presidente da Câmara. O candidato oficial e favorito, continuava sendo Marco Maia, PT, mas existia muita conversa “por fora”. E amanheceu terça-feira, com o PR dando espetáculo, fingindo de PMDB ou de PT. Mas defendendo bandeiras e objetivos.

Às 9 da manhã de ontem, em reunião tumultuada, Sandro Mabel, do PR de Goiás, ameaçado de expulsão, “se fosse candidato contra Marco Maia”, da base, reafirmou: “Sou candidato e não retiro meu nome”. Aí tentaram consolidar o que eu revelei há semanas. A luta era pelo segundo turno.

Então começaram a surgir dúvidas sobre números. Por volta das 13 horas, o candidato oficial desaparecera, numa versão ainda mais pitoresca do filme “Apertem os cintos, o piloto sumiu”. Marco Maia não estava em lugar nenhum, e na Câmara também não havia liderança alguma. Mas as conversas continuavam.

Ninguém sabia onde estava Marco Maia, e a razão de ter sumido. Muitos cercavam Aldo Rebelo, que se mantinha em silêncio, mas inteiramente convencido (não disse, deixou entrever) “de que ainda dá”. A eleição estava marcada para 18 horas, ninguém acreditava que começasse a essa hora, esperavam.

Às 13,43, surpresa, malabarismo, contradição, como explicar? Foi lançada a candidatura de Jair Bolsanaro, ele mesmo apareceu no plenário, e confirmou. Era o máximo, que ninguém explicava. Bolsonaro não esconde, é de extrema direita, posição que ele transforma com as seguintes palavras: “Não tenho ideologia, defendo o Exército, atacado e injustiçado”.

Agora vejam e se espantem. Bolsanaro é combatido, mas é também combatente. Aguerrido, sem medo de nada, tem voto dentro e fora do plenário. Elegeu e reelegeu um filho deputado estadual e outro vereador. Em relação à sua posição eleitoral, quem pode ostentar essas vitórias?

Precisamente faltando 15 minutos para as 16 horas, surgiu o quarto candidato, mais do que natural. Do PSOL e logicamente o deputado mais antigo, Chico Alencar. E continuaram a conversar.

Mas tudo isso acabou publicamente às 18 horas em ponto, quando começou a eleição. Acabaram as conversas de bastidores, com os candidatos se manifestando, mostrando o objetivo de suas candidaturas, o que pretendiam, e indicando pontos fracos e frágeis da Câmara.

Antes de se iniciar a votação, os candidatos tiveram 15 minutos cada um para usar da palavra. Surpreendentemente, Jair Bolsanaro e Sandro Mabel fizeram excelentes discursos, reivindicaram para os 513 deputados e não por eles ou para eles, pessoalmente.

Bolsonaro comparou e não teve medo, o que é uma característica sua: “Esta Câmara ficou 5 anos fechada pela ditadura e os presidentes da República governavam por decretos-leis. Agora, esta Câmara está aberta, mas os presidentes da República governam por medidas provisórias”. É verdade, e mostrou outros fatos que não podem ser desmentidos.

Sandro Mabel foi excelente. Falou com coragem, afirmou: “Jamais sofri tanta pressão em toda a vida, queriam que RENUNCIASSE, que não concorresse”. E perguntou afirmando: “Tenho três filhos, me pediram, pai não importa quantos votos você tenha, o que não pode é desistir”. Quem trairia um pedido como esse?

Aí começou a falar da divisão do plenário em deputados de primeira e segunda categoria (minha restrição é porque são de primeira e de QUINTA categoria). E aí, Sandro Mabel tocou num assunto que é proibido para todos, não permitido, mas que é revelado por este repórter há muito tempo. Trata-se do fato de a TV Câmara, a TV Senado e a TV Justiça, apesar de representarem Poderes importantes, não conseguirem transformar o canal fechado em canal aberto.

Por que isso? É que a televisão aberta tem mais de 50 milhões (no mínimo) de audiência, enquanto as redes de TV por canais fechados não passam de 13 milhões. Mudando isso, e permitindo que todo o povo brasileiro assista os trabalhos dos deputados, senadores e juízes, e possam julgá-los.

Essas televisões não podem se dirigir mais acentuadamente à população, porque as televisões particulares não permitem. E apesar de representarem milhões de cidadãos, não podem se dirigir a eles, diretamente.

O petista Marco Maia disse em seu discurso que a Câmara tem um grande desafio nas questões administrativas e defendeu uma agenda positiva de grandes mudanças: “Precisamos, companheiros e companheiras, olhar para o futuro e discutir temas que são fundamentais para a vida do povo”, afirmou, apontando a reforma tributária como um instrumento para garantia de mais repasses de recursos para estados e municípios.

No meio do discurso, o deputado gaúcho se empolgou e chegou a cortar os lábios. Retomando a fala, Maia não se comprometeu contra as medidas provisórias, esqueceu o assunto para prometer que irá se empenhar para a valorização das emendas parlamentares. “Vamos lutar e nos comprometer, fazer com que nossas emendas tenham efetividade e continuem sendo instrumento de defesa do trabalhador e não apenas por uma visão corporativa”, salientou.

“Vamos construir uma gestão de transparência e de consenso, conto com os votos de vocês, muito obrigado”, concluiu Maia.

Chico Alencar foi o último dos candidatos a discursar e, como habitualmente, emocionou o plenário. Enquanto falava, silêncio absoluto. Defendeu a liberdade do Legislativo, que não pode ficar subserviente ao Executivo. Excelente discurso.

Acabou às 19,20, começaram as questões de ordem, respondidas pelo deputado que presidia a sessão, Henrique Eduardo Alves. Abandonaram a tradição da eleição ser presidida pelo deputado mais velho, inovaram, com a mesa presidida pelo deputado com mais mandatos.

Realmente ninguém tem mais mandatos do que o representante do Rio Grande do Norte. São 10 mandatos inúteis e inexpressivos. Menos os dois últimos anos, quando assumiu a condição de “cobrador” dos interesses do PMDB, e principalmente dele mesmo. Foi uma decisão extravagante dos “líderes” ocultos.

Às 21,14 as filas ainda eram grandes, mas muitos que votaram vão para casa, esperar o resultado pela televisão. Enquanto isso, televisões poderosas (GloboNews) e não tão poderosas (TV Câmara), particulares e estatais, dizem bobagens e mais bobagens.

A mais repetida, muitas e muitas vezes: “O deputado Marco Maia não pode presidir a sessão por questão de ética, ele é presidente da Câmara”. Quanta besteira, Manuel Bandeira. A Câmara não tem presidente pela razão muito simples de que a Legislatura acabou anteontem, dia 31. Ontem estava começando outra, com todos os 513 deputados tomando posse. (Aliás, dos 513, 288 se reelegeram, 225 não conseguiram. Por isso é que Henrique Eduardo Alves, o mais antigo, estava presidindo.

Exatamente às 22 horas, a expectativa era de que o presidente da Câmara não fosse anunciado antes da meia noite. Esclarecimento: os deputados votam na chapa completa; presidente, dois vices, quatro secretários e quatro suplentes. Mas a apuração para presidente é feita isoladamente, anunciada, e depois então, continua com a dos outros cargos.

Finalmente, irritadíssimo, Henrique Eduardo Alves, às 22,35, dizia, “esta eleição demorou mais do que devia, dou mais 5 minutos, improrrogáveis”. Faltavam votar 4 deputados, 508 já haviam colocado o voto. Acabam votando 509.

Às 20,40, foi anunciada a eleição de Marco Maia, com 375 votos. O segundo foi Sandro Mabel, com 106 votos.

***

PS – Portanto, a base partidária obteve a vitória tão necessária para o governo. Mas perfeitamente dispensável para a coletividade.

PS2 – A grande reforma, que possibilitará, perdão, possibilitaria todas as outras, a política-partidária-eleitoral, não será feita.

PS3 – E mais assustador é que os “líderes” que dominam as “cúpulas”, acabem por liquidar o restinho de esperança do povo. Se não houver a renovação pelo voto, terá que haver a RENOVOLUÇÃO.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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